>Antes caro do que nunca

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Rondo homenageia os Panteras Negras

Todos os jogadores que foram draftados na primeira rodada de um draft podem ganhar uma saborosa extensão de contrato para encher as orelhas de grana três anos depois do ano em que foram escolhidos. Isso quer dizer que esse ano era o ano dos caras do draft de 2006 brincarem de mocinha esperando o convite do baile.

Aos poucos, caras draftados naquele ano foram ganhando suas extensões, como Brandon Roy, Andrea Bargnani e LaMarcus Aldridge, mas os dias iam passando e nada do Rajon Rondo receber seu dinheiro. Durante toda a offseason esse foi o maior assunto do Celtics, mais até do que a recuperação do Garnett e da contratação do Rasheed Wallace. Por mais que essas duas coisas fossem mais importantes para essa temporada, eram certas, ao contrário do futuro do Rondo em Boston.

O negócio é que o Celtics não queria pagar toda a grana que o Rondo pedia (quase um contrato máximo, diziam na época) porque não acreditavam que o armador era pra tudo isso e porque sua relação com o Doc Rivers não andava nada boa. No nada seguro mundo da boataria até chegaram a comentar que o Celtics estava testando o mercado para ver se conseguia uma boa troca envolvendo o Rondo (chegaram a cotar o Kings, coitado!), mas não conseguiu nada que valesse a pena.

Não é difícil entender porque a situação era complicada pro Celtics. A relação técnico-jogador não era a ideal, o Rondo vinha de um playoff com trocentos triple-doubles e portanto com moral para pedir muita grana e o Celtics já paga uma grana preta (preta mesmo, tipo KG) pelo trio Garnett-PierceAllen.

Na dúvida o Celtics foi adiando, adiando e por fim não chegaram a um acordo na data-limite. Quando todo mundo achava que o Rondo iria virar um Free Agent restrito na próxima temporada e estaria bravo com o Celtics, sem motivação para jogar nessa temporada, surgiu uma luz divina: a burocracia. Como a data-limite caiu em um feriado americano, ela foi extendida até o dia útil seguinte, uma segunda-feira. E nesse meio tempo os dois lados finalmente chegaram em um acordo, um contrato de 5 anos no valor total de 55 milhões de verdinhas.

O empresário do Rondo disse que queria tudo isso porque queria um salário condizente com a posição do seu protegido. “um dos 5 melhores armadores da liga”, mas, claro, ele é suspeito. O Rondo é mesmo um dos cinco melhores armadores da NBA? E se não é hoje, será nos próximos anos?

A discussão é gigantesca e desnecessária. Envolve caras como Chris Paul, Deron Williams, Steve Nash, Jason Kidd, Derrick Rose, Baron Davis, Andre Miller e mais um monte de gente boa. Mas definir exatamente quem são os 5 é bobagem pra quem gosta de fazer lista, eu acho que a mensagem enviada e a discussão verdadeira é se o Rondo pode ou não carregar um time nas costas, ser o tal franchise player.

Carregar sozinho ninguém carrega, mas se você ganha mais de 10 milhões e não é um espécime raro como um pivô com talento, é porque deve ser bom o bastante para, mesmo em um time com boas peças, ainda ser o destaque, um cara que vai chamar a responsa no momento mais difícil.

Hoje o Rondo não é esse cara. Tirem do Celtics Garnett, Pierce e Allen e substituam por Francisco Garcia, Martell Webster e Kevin Love e o Rondo não fará nenhum milagre. O time seria mediano, o Rondo faria vários triple-doubles mas não sairia vencedor. Em uma última bola o Rondo não arremessaria porque ainda não tem arremesso confiável, em um dia que nada desse certo ele não teria condições de arranjar uma partida de 35 pontos para tirar seu time de uma fria.

Pelo menos não por enquanto. O Celtics está comprando o apartamento na planta, uma planta promissora. Quando entrou na liga o Rondo era um cara que ninguém entendia. Seu perfil no NBADraft.net dizia que ele era um bom arremessador, um pontuador nato e que tinha como ponto fraco o fato de não saber controlar o ritmo de jogo da equipe, era muito individualista.

Não precisamos de muito tempo para perceber que era o oposto. Ele controlava o time como um veterano desde seu primeiro ano mas não conseguia seus pontos porque seu arremesso era tão patético que os times o deixavam livre para arremessar na cara dura, chegava a ser humilhante às vezes.

Mas ano após ano o Rondo foi melhorando. Se tornou um melhor defensor, ótimo ladrão de bola, mortal nos contra-ataques, melhor finalizando bandejas, se tornou um dos melhores reboteiros ofensivos da NBA inteira e hoje volta e meia tem aqueles jogos à lá Jason Kidd com 10 rebotes, 10 assistências e 2 pontos. Até seus arremessos, que ainda estão longe de assustar, pelo menos já saíram do nível do patético, ele tem acertado com certa regularidade nesse começo de temporada. Isso sem falar da sua marca registrada, uma jogada que ele elevou à perfeição, que é quando ele engana o marcador fingindo que vai passar a bola por trás das costas e depois faz a bandeja. Em uma entrevista à Dime, ele disse que às vezes tem vontade de rir quando uns pivozões caem na jogada mas que se segura. Como exemplo de drible engraçado ele citou a jogada abaixo, pobre Nick Collison.

O histórico de evolução a cada temporada e o ambiente vencedor onde cresceu na NBA fazem o Celtics, com razão, pensar que fez um bom negócio. Lembra um pouco o que o Lakers fez pagando um dinheirão para o Andrew Bynum só para não deixá-lo escapar como Free Agent. A diferença no caso do Lakers é que o Bynum tinha provado muito menos coisas do que o Rondo quando ganhou seu contrato, além do amendontrador histórico de contusões.

Nos dois casos são jogadores jovens, promissores e peças fundamentais não só no futuro como no presente das equipes. E o presente é que foi o fator chave dos dois acordos. É um contrato 2-em-1. Se o Celtics fosse um time sem nenhuma chance de título talvez pensasse 10 vezes antes de apostar no Rondo como o seu cara para o futuro. Mesmo com o futuro promissor não é uma escolha certa, mas a parte de dúvida é compensada pelo o que ele pode trazer agora. Paul Pierce, Ray Allen, Kevin Garnett e Rasheed Wallace não terão mais 10 anos de NBA pela frente e estão sedentos por títulos agora, só que não vão conseguir isso com o Eddie House de armador titular. Eles precisam do Rondo como 4º melhor jogador e para isso até pagam ele como se fosse o melhor, exatamente a mesma coisa que o Lakers fez com o Bynum.

Com o Lakers deu resultado. O Bynum foi discreto nos playoffs, ruim em muitos momentos, mas ajudou no título e não impediu o Lakers de continuar com o time forte. Para o Celtics imagino um futuro parecido, o Rondo mantém o nível do time nas alturas até os veteranos começarem a cair de nível técnico. Só aí então, sem a sombra dos gigantes, é que a discussão de onde o Rondo está entre os melhores armadores da NBA será mais relevante.

A jogada da rodada de terça-feira foi do Rajon Rondo, uma jogada bisonha que lembrou muito um lance clássico de outro Celtic, Larry Bird.

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