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Já vá se acostumando a ver a cara do John Wall por aqui
Nada mais de Lakers e Celtics. A final rendeu muitos jogos, muitos textos, muita discussão (muita reclamação da arbitragem!) mas ficou para trás, é passado. O momento agora é do Draft, que acontece já nessa semana, na quinta-feira à noite. Demos tanta atenção para a final e ela foi tão longe que acabou em cima da hora, precisamos falar logo disso aí!
Percebemos pelos comentários e perguntas no formspring que tem muita gente novata em NBA que fica meio perdida em diversos acontecimentos da liga. Por isso resolvemos explicar mais ou menos como funciona o Draft da NBA. Um pequeno “Draft for dummies“, explicar para os novatos como entram os novatos na liga.
O Draft da NBA é um evento anual que acontece sempre no final do junho e, eventualmente, no mesmo dia da morte de grandes ícones da música pop. Nele os times da NBA tem o direito de selecionar jogadores de basquete que atuaram no basquete universitário norte americano ou na gringolândia desde que tenham se inscrito no draft. A ordem de escolha é feita em um sorteio maluco e complicado que tem como participantes os 14 times que não se classificaram para os playoffs da temporada anterior. Existem alguns times que foram para os playoffs que estão no Top 14, é verdade, mas é só porque conseguiram essas escolhas via troca. Envolve-se escolhas de draft nas trocas de jogadores.
Também vale a pena dizer que o dia do Draft é um dos dias mais felizes de qualquer fã de NBA. Depois de dois meses de playoffs a gente fica vendo tanto resultado que esquece um pouco do divertdo mundo da especulação e da futurologia. É na escolha de novos jogadores que o futuro da liga se define. Ou você não acha que o cenário da NBA seria diferente se, no draft de 2006, ao invés de draftar o Adam Morrison o Bobcats estivesse escolhido o Rajon Rondo? Sobrou para o Boston na 17ª escolha e isso definiu os playoffs de 2010!
E tem o Hawks deixando Chris Paul e Deron Williams passar, isso mudou coisas demais no andamento de todo o Oeste! Tem também algumas apostas acertadas, como o Bulls aguentar a pressão e manter sua escolha de Derrick Rose ao invés de pegar Michael Beasley. Além disso o draft é o dia usado por vários times para trocar outros jogadores. Algum time quer draftar um jogador mas não tem a escolha para isso, para consegui-la faz trocas envolvendo outros jogadores, alguns renomados, que já estão na liga. Caras como Zach Randolph, Ray Allen, Richard Jefferson e mais uma dezena já mudaram de time no dia do draft.
Mas aí você, novato, deve se perguntar: Mas como eu vou acompanhar o draft se nem conheço os jogadores que vão participar? Essa é uma boa questão. Por isso é que você tem que estudar! Você pode, por exemplo, entrar no site NBADraft.net e clicar nos jogadores um por um, ler suas descrições e depois ver os seus vídeos. Outro bom site com o perfil de cada jogador é o Draft Express. Claro que ajuda também ter acompanhado, mesmo que de longe, a temporada do basquete universitário. Mas tudo bem, avisar isso agora é falar de camisinha quando o bebê já está chutando. Por fim tem o YouTube, com uma renca de vídeos sobre cada um dos jogadores. Você vai ver, quando você conhecer um pouco melhor os jogadores tudo vai ficar mais legal e você vai torcer muito no dia do draft para que o seu time escolha o jogador certo.
Mas tome cuidado! Esses sites são escritos por pessoas que tem o talento para observar jovens talentos do basquete, não exatamente o talento do texto, da criatividade. Eles usam sempre os mesmos termos e só com o tempo você consegue sacar o que eles querem dizer de verdade.
Potencial: Essa é a palavra que você mais vai ler, disparado! Estamos falando de pivetes que demonstram algum talento mas que não conseguiram ainda provar o que vão ser de verdade no futuro, portanto eles só tem uma coisa, o bendito e maldito potencial. Mas no fundo, lá no fundo, o que essa palavra quer dizer é “eu não tenho idéia do que vai acontecer”. Se o cara dá certo no futuro você diz que sabia que lá tinha potencial, se não dá em nada, você diz que ele tinha potencial, mas ele não soube trabalhar direito. É uma ótima saída. Não quero ser chato e falar que a palavra não vale nada nunca, afinal às vezes você realmente vê um pirralho e diz “esse tem potencial” porque vê que ele é diferente dos outros. Mas perde completamente o sentido quando é usada tantas vezes, em tantas situações e com tantos jogadores.
Undersized: É o termo gringo para dizer que o jogador é muito baixo para alguma posição. É sempre assim “Fulano Johnson tem ótimo arremesso e bom drible, mas é muito baixo para jogar na posição 2”. Ou “Fulano tem um ótimo jogo de garrafão mas é muito baixo para ser pivô”. Não tem bobagem maior! Ano após ano após ano entram jogadores que mostram que mais importante que tudo é ter talento. Não ter tamanho para atuar em certa posição não ajuda, mas eles levam isso como se fosse uma condenação. Fica parecendo que ser baixo demais é como ter o joelho do Andrew Bynum somado com as costas do Tracy McGrady. Glen Davis era baixo e gordo para jogar na NBA, assim como Jason Maxiell, Leon Powe, Chuck Hayes e Carl Landry. Se você ler uma ficha que só tem elogios e a ressalva está na altura, ignore e torça pro cara ir para o seu time.
Best Athlete in the country: Traduzindo, “o melhor atleta no país”. O “atleta” é usado no sentido de preparo e poder físico. E são, por ano, uns 10 ou 15 melhores atletas no draft. O pessoal exagera demais nisso. Pode colocar na lista também o “best shooter”, “best passer” e etc. Quando você ler essas fichas troque “best”, que quer dizer melhor, por “é um bom”. Aí o cara é “um bom atleta”, “um bom passador”, “um bom arremessador” e você não vai ser mais enganado.
The next…: Você sabe como odiamos comparar um jogador a outro e se tem uma coisa tão idiota quanto é chamar um cara de “o próximo fulano”. Um branquelo alto que chuta de três vira o novo Nowitzki, um cara que enterra bem é o novo Vince Carter, um cara gordo que baba é o novo Glen Davis. Esquecem que para ser o próximo Dirk tem muitas outra características envolvidas do que só ser alto e arremessar. Quem foi comparado com o alemão, por exemplo, foi o Andrea Bargnani. Eles não tem nada a ver além do fato de serem europeus altos que chutam de longe. O (a) Andrea nem cria o próprio arremesso, nem tem jogo de costas pra cesta! Que pelo menos errassem comparando com o Okur.
“Dúvidas sobre a ética profissional” ou “problemas de personalidade”: Significa apenas que ele já foi pego com drogas no colegial e uma vez brigou com o técnico na faculdade.
Comentários de tendências homessexuais: Se você é homófobo esse não é seu lugar. Você vai se deparar com comentários do tipo “esse jogador tem mãos enormes”, “um corpo pronto para jogar com os profissionais”, “excelente preparo físico e muita força na parte superior do corpo” e “fica ótimo besuntado em óleo”.
Também esteja pronto para encontrar quase sempre os mesmos personagens em todos os anos de draft. Como disse um professor de astronomia sobre eclipses uma vez, “É legal, mas viu um, viu todos”. Parece que todo draft já tem um roteiro, é só definir quem interpretará cada personagem.
O gênio – É o cara que todo mundo sabia que era gênio antes de entrar e o cara confirmou isso logo de cara. É a escolha que era tão óbvia que o time nem recebe os parabéns por tê-la feito.
Nesse ano pode ser: John Wall
No passado: Derrick Rose, LeBron James
O gênio não anunciado – O jogador que todo mundo sabia que era bom e por isso estava nas primeiras escolhas. Só que ninguém esperava que fosse ser tão bom assim. O time até recebe parabéns pela escolha, mas com um tom de “puta cagada, seu safado”.
Nesse ano pode ser: Derrick Favors
No passado: Tyreke Evans, Russell Westbrook, Brandon Roy
O “bust” no Top 5 – É de lei. Sempre tem um cara nas primeiras 5 (tá, pode ser entre as 7) escolhas que é um bosta desde o primeiro dia na liga e ninguém nunca vai saber porque diabos o cara foi escolhido. É daqueles que mesmo no dia do draft ninguém dá muita atenção porque já não passa confiança.
Nesse ano pode ser: Luke Babbitt
No passado: Shelden Williams, Jordan Hill
O pivô enganador – Todo time precisa de um garrafão forte pra ser campeão. Fato. Existem poucos pivôs dominantes na NBA. Outro fato. Zilhares de times estão babando pela chance de ter um bom jogador de garrafão. Fato. A necessidade faz a gente tomar más decisões. Infelizmente, outro fato.
Nesse ano pode ser: Greg Monroe
No passado: Tyrus Thomas, Michael Olowokandi, Robert Swift
O garoto do problema misterioso – Esse é um dos grandes mistérios do sub-mundo do draft. É o jogador que eu, você e todo mundo (até o cara do Jota Quest) sabe que joga bem. Mas todo time deixa pra escolher depois e o cara sobra. Ao questionarem os times depois do draft sempre aparecem aqueles papos de “ficamos sabendo que ele tinha um problema crônico no joelho” ou “ele fez uns treinos ruins por aí”. Tá, acredito. É burrice e ninguém quer admitir.
Nesse ano pode ser: Jordan Crawford
No passado: Chris Douglas-Roberts, Carlos Boozer, Dejuan Blair
O ruim com o tal potencial – Pra falar bonito dizem que o cara apenas ainda não está pronto para a NBA, mas a verdade é que ele é claramente pior que os outros mas vão escolher ele antes mesmo assim. Por algum motivo misterioso parece que um dia vai melhorar, aí pegam o jogador para prepará-lo. Essa não era a função do basquete universitário? De qualquer forma times gastam escolhas top de linha por pontos de interrogação assim. É tiro no escuro!
Nesse ano pode ser: Al-Farouq Aminu, DeMarcus Cousins
No passado (dando exemplos de bom, médio e ruim): Sebastian Telfair, Marvin Williams, Andrew Bynum
A descoberta do 2º round – Outro clássico dos drafts! Todo ano tem um zé qualquer escolhido na posição 45 que surpreende todo mundo e vira destaque. Questão de probabilidade, a segunda rodada tem 30 negos, um pelo menos tem que ser uma surpresa e se tornar um grande jogador. Geralmente é um cara escolhido pelo Spurs, vão draftar bem assim na casa do chapéu!
Nesse ano pode ser: Qualquer um escolhido pelo Spurs ou Lance Stephenson
No passado: Manu Ginobili, Gilbert Arenas, Michael Redd, Omri Casspi (e mais um zilhão de outros)