>As diferenças

>

A principal diferença do Lakers de 2008 para o de 2010 é esse maluco

Começamos hoje a falar da final entre Lakers e Celtics. De hoje até o último jogo da série não vamos falar de especulações sobre o futuro de Amar’e Stoudemire no Suns, se Wizards vai ter John Wall do lado de Gilbert Arenas ou todas as atualizações do dia-a-dia do LeBron James enquanto ele pensa para onde vai. Isso fica pra depois, agora é a hora da decisão.

A final será entre os dois grandes times dos últimos 3 anos. Depois que o Spurs venceu o seu último título em 2007, pode-se dizer que nasceu uma nova era na NBA, a terceira era de Lakers/Celtics. Tivemos uma nos anos 60, quando o Lakers vencia o Oeste todo ano para perder para o Celtics na final, e outra nos anos 80, quando o time de Hollywood levou a melhor vencendo duas das três finais em que os times se enfrentaram.
Alguns devem estar se perguntando “Mas só se enfrentaram 3 vezes? Achei que tinham sido mais”. Pois é, é o que parece mesmo, de tão grande que é a rivalidade. Para se ter uma idéia, o famosíssimo grito de “Beat LA” (“derrote o Los Angeles”) que se canta em todos os ginásios em que o Lakers joga é uma criação da torcida de Boston, mas não em uma das finais, ela foi cantada pela primeira vez quando a torcida verde via o seu time ser eliminado na final do Leste pelo Philadelphia 76ers de Julius Erving. A torcida aceitava a derrota desde que o Lakers fosse derrotado na final.
Agora somos testemunhas de uma terceira fase dessa grande rivalidade. Essa que vivemos teve dois dias de nascimento, o primeiro em 31 de julho de 2007, o dia em que o Celtics se desmanchou mandando praticamente 10 jogadores em troca de Kevin Garnett pouco mais de um mês depois de ter conseguido Ray Allen do Sonics. A segunda data de nascimento foi 1º de fevereiro de 2008, quando o Lakers trocou Kwame Brown, os direitos de Marc Gasol e um abridor de latas por Pau Gasol. Esses dois dias definiram os rumos das duas conferências desde então.
A influência de Garnett no Celtics é evidente. Ele se tornou o símbolo da defesa em um time que ganhou o título de 2008 sendo considerada uma das melhores defesas de todos os tempos. O Celtics não chegava nem em final do Leste desde a saída de Larry Bird e com a aquisição de Garnett foram campeões em 2008 e estão na final de novo em 2010, no ano passado pararam na segunda rodada quando KG não jogou, machucado.
Pelo Lakers a influência de Gasol também é clara. Antes dele o time implorava por mais um talento ao lado do Kobe, de preferência alguém de garrafão. Os alguns bons jogos de Andrew Bynum mostravam como o Lakers poderia ser perigoso com um bom cara lá dentro e quando Gasol chegou foi a prova definitiva. 3 anos de espanhol, 3 títulos do Oeste, um título da NBA e uma final a ser disputada.
Uma pena que nunca saberemos se o Orlando Magic ou o Cleveland Cavaliers seriam capazes de bater o Celtics com Garnett em 2009, será que poderíamos estar vendo nesse ano uma terceira final consecutiva entre LA e Boston? É possível, mas só dá pra especular. O que dá pra saber com mais certeza são as diferenças entre as equipes que se enfrentaram nas finais de 2008 e as que vão se enfrentar em 2010. A era é a mesma, Garnett, Allen e Pierce estão de um lado, Gasol, Odom e Kobe do outro, mas o resto dos dois elencos mudou bastante desde então e isso pode significar grandes mudanças.
Andrew Bynum
Em 2008 o Lakers jogou com um garrafão de Lamar Odom e Pau Gasol, já que Andrew Bynum estava machucado. O pivô de porcelana do Lakers está com fortes dores no joelho de novo, mas dessa vez joga e com vontade. Em entrevista ainda no meio das finais de conferência ele disse que queria pegar o Celtics. Sem dúvida, pelo seu físico, ele é muito mais indicado que o Gasol ou o Odom para lidar com aquele bloco de concreto ambulante que é o Kendrick Perkins. O Bynum, mesmo que longe da sua forma ideal (ele vai estar totalmente saudável no dia em que o Ronaldo for magro e rápido de novo), deixa o Lakers mais alto, melhor nos rebotes, com mais proteção na defesa e com algum escape ofensivo além de Kobe e Gasol, especialmente nos primeiros quartos, quando o Lakers tenta usá-lo mais.
Rajon Rondo
O armador era o titular do Celtics em 2008, mas era outro jogador. Ainda inexperiente, tímido e com um arremesso pior do que o que tem hoje (sim, é possível), era um mero coadjuvante. Se hoje ele é com sobras o melhor jogador do time nos playoffs, na campanha do título ficava tranquilamente atrás de Paul Pierce, Kevin Garnett, Ray Allen, James Posey, Kendrick Perkins e, se duvidar, até do PJ Brown.
Sua evolução pode mudar a cara do jogo porque cria um problema de marcação para o Lakers. Como o Phil Jackson não queria deixar o Kobe exaustou correndo atrás do Ray Allen, que não para de se movimentar, ele o colocava marcando o Rondo. Era um jeito de poupá-lo. Mas como funciona isso agora? Colocar o Kobe no Rondo pode significar deixá-lo ainda mais sobrecarregado e com mais perigo de se complicar em faltas, já que o Rondo é quem passa mais tempo com a bola na mão dentro do Celtics.
E Fisher, que tomou uma sova do Westbrook e depois foi bem contra Deron Williams e Nash, como vai lidar com a velocidade e inteligência do Rondo caso esse seja o matchup? Rondo é um novo jogador e ao invés de ser ponto fraco, hoje é esperança do Celtics para o título.
Lamar Odom
Desde a final de 2008 até hoje a vida do Lamar Odom mudou muito. Hoje ele é casado com aquela delícia da Khloe Kardashian. Isso muda absolutamente tudo! Quem assiste o “Keep up with the Kardashians“, aquele reality show que passa na E! (confesso, assisto, qual o problema?), também sabe que além de linda, ela é também a Kardashian mais engraçada. Tão engraçada que nessa entrevista no programa do Jimmy Kimmel ela diz com todas as letras que não teria casado com o Lamar Odom se ele estivesse jogando pelo Clippers.
Mas além dessa parte mais interessante, mudaram algumas coisas em relação ao basquete. Em 2008 Odom foi obrigado a jogar como titular e devido ao confronto entre Pau Gasol e Kevin Garnett, ele passou a série inteira se batendo com o Perkins. Na defesa era horrível porque o Perk é muito mais forte e conseguia brigar pelos rebotes, no ataque o Odom só conseguia ter vantagem quando atraía o adversário para o perímetro, mas tudo o que o Celtics queria era ele mais gente longe do garrafão, então o confronto não surtia grande efeito.
Dessa vez, porém, Odom virá do banco e irá enfrentar os reservas do Celtics, podendo tirar vantagem na altura, velocidade e na técnica sobre Glen Davis e Rasheed Wallace. Odom é melhor nos rebotes que os dois, pode driblar ambos e jogar perto da cesta sem o medo dos tocos que ele sofreu em 2008.
Banco de reservas
Falar do Odom nos faz falar dos bancos. Em 2008 o Boston Celtics tinha um banco com Sam Cassell, PJ Brown, James Posey e Leon Powe (às vezes Eddie House). Já o Lakers tinha Sasha Vujacic, Luke Walton, Jordan Farmar e Ronny Turiaf (além de alguns pouquíssimos minutos de Trevor Ariza, que ainda voltava de uma grave contusão). Ou seja, o banco dos verdes era umas 70 vezes melhor e mais experiente, só não era mais bonito porque tinha o Cassell. Sério, não tem nem o que falar, a diferença de qualidade dos dois bancos era absurda. Só o Posey defendendo o Kobe e acertando meia dúzia de bolas de três já fez mais do que o banco do Lakers na série inteira.
Nesse ano o banco do Lakers não é nenhuma Brastemp, mas com a volta do Bynum pelo menos deixa o Odom lá dando uma força. E tem a presença do Shannon Brown, que não é regular mas é melhor que o esloveno maldito outrora chamado de The Machine. Em compensação, o banco do Celtics piorou muito. Não tem mais um grande armador reserva como Cassell e nem um especialista em defesa como Posey. O grande reserva do time de hoje é Rasheed Wallace, que corre sérios riscos de ter seus minutos na final limitados por fortíssimas dores nas costas. Além dele sobram o Glen Davis, que tem seu talento mas é limitado, e o Nate Robinson, o doido que te ganha um jogo e perde 3.
Quem vê os bancos de Lakers e Celtics não leva muito a sério aquela sabedoria milenar que diz que para ser campeão da NBA precisa ter um banco profundo e talentoso. Nem tanto, nem tanto.
Ron Artest/Vladmir Radmanovic
Essa pode ser a grande diferença que resulte numa troca de resultados. O MVP das finais de 2008 foi Paul Pierce, com toda razão. Em todos os jogos ele arrasou com a defesa do Lakers e fez os arremessos mais importantes do seu time. Mas convenhamos que não deve ter sido muito difícil para um cara do talento dele ter feito isso sendo constantemente marcado por Vlad “Slalom” Radmanovic e Luke Walton. O Lakers tinha um buraco na defesa individual e sobrava para esses dois tentarem parar o ala do Celtics. Quando colocavam o Kobe no Pierce, acontecia como no final do jogo 4, quando o Ray Allen fez a cesta da vitória sendo marcado pelo Sasha Vujacic. Não tinha jeito, sempre tinha alguém marcado por um mal defensor.
Hoje a defesa do Lakers é infinitamente melhor e em parte isso é por causa do Ron Artest, que tem sido muito útil para o LA na pós-temporada e agora tem o seu maior desafio: parar Paul Pierce. Se ele tiver sucesso nessa empreitada, é meio caminho andado para ele conseguir o seu primeiro anel de campeão. Simples no papel, difícil como o demônio na quadra.
Se alguém tem dúvida de que essa disputa vai ser legal é só ver o vídeo abaixo:
É isso mesmo que você viu, o Artest puxou o calção do Paul Pierce para tentar pará-lo. Na entrevista que aparece depois ele explica (depois de cantar uma música de perdão, claro) “Ele estava acabando comigo no começo do jogo, então eu tinha que fazer alguma coisa. Mas não deu certo porque ele acertou uma bola de 3 na minha cara. Acho que da próxima vez vou ter que arrancar tudo, o calção, tênis, as meias, tudo“. Demente!
Mando de quadra
Para terminar, outra mudança importante é o mando de quadra. Se isso já é importante em quase todas as séries de playoff, na final é ainda mais decisivo. Ao invés do formato 2-2-1-1-1 (dois jogos na casa de quem tem mando, dois fora e depois alternados), na final o formato é 2-3-2. Ou seja, o time que não tem mando é obrigado a vencer 3 jogos seguidos para não se ferrar ainda mais! Não precisa ser gênio pra saber que, independente da quadra onde o jogo está sendo jogado, é difícil demais vencer três jogos seguidos quando dois times de qualidade parecida se enfrentam.
Eu entendo que essa divisão de jogos seja feita por razões lógicas, é complicado, caro e cansativo ficar atravessando o país de Leste a Oeste o tempo inteiro, mas no fim das contas o time sem mando acaba tendo mais dificuldades em ganhar. Desde o fim da Era Jordan em 1998 o time sem mando de quadra nas finais só saiu com o título em 2004 (Pistons) e 2006 (Heat), não é coincidência que também foram as duas únicas vezes na história em que o time sem mando de quadra venceu as três partidas do miolo da série em seus domínios.
Em 2008 o Lakers não conseguiu vencer as três partidas em LA, perdeu aquele jogo 4 que foi uma virada antológica, e acabou perdendo o título no jogo 6 em Boston. Dessa vez o Lakers é que comanda a série. Se serve de consolo, embora o sistema de disputa fosse outro, menos extremo, o Celtics acaba de eliminar Cavs e Magic sem ter o mando de quadra também.
Não sei se vocês perceberam, mas a maioria das mudanças favoreceu o time do Lakers: Lamar Odom fortalecendo o banco, reservas do Celtics mais fracos, Andrew Bynum de volta, Artest marcando o Pierce e mais o mando de quadra. E só a evolução monstruosa do Rondo que favorece o Celtics. Mas isso não quer dizer que o Lakers seja claro favorito. Em final eu sempre acho que quem tem o mando de quadra tem mais chance, mas isso não é tudo. O Celtics foi muito superior há dois anos e essas mudanças fazem o Lakers ter mais chances, deixa o confronto mais igual.
Ao invés de cravar uma vitória do Lakers é mais sábio cravar que dessa vez provavelmente não teremos um time tão superior como em 2008. Cheirinho de 7 jogos no ar.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.