>As opções de Nenê

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Pré-temporada também é época de fotos bregas! YES!

Uma das declarações mais legais dadas durante o locaute foi uma do Nenê ao Denver Post. Enquanto muitos jogadores pareciam apavorados com a ideia de perder salários da próxima temporada ou que cortes no BRI poderiam significar grandes perdas econômicas, Nenê deixou claro que bufunfa não era problema. “Não tem a ver com dinheiro. Eu guardei o meu todos esses anos, poderia me aposentar hoje se fosse preciso”. Claro que não é por isso que eles iriam entregar tudo de bandeja para os donos, mas não fez como Kenny Anderson no locaute de 1999 dizendo que teria que vender sua Mercedes para pagar as contas.

O assunto de Nenê naquela conversa era sua opção por se tornar um Free Agent. Enquanto muitos jogadores quiseram garantir contratos antes da paralisação, com medo que as novas regras pudessem limitar o dinheiro, Nenê optou por sair do seu último ano de contrato e testar o mercado como um Free Agent irrestrito, podendo ir para onde bem entendesse: “É uma grande oportunidade, a única na minha vida de ser um dos melhores Free Agents”. 

Nenê tem toda a razão do mundo. Ele já fez sua história no Nuggets, foi parte de bons times e chegou até a disputar uma final de conferência com eles. Mas o momento da franquia mudou. Carmelo Anthony foi trocado e boa parte das peças que formaram um dos times mais divertidos da última temporada já saíram, como Wilson Chandler, JR Smith e Kenyon Martin. Todos os três acertaram contratos na China sem cláusula de volta ao fim do locaute. A troca ainda valeu a pena, acho, já que eles tem o contrato expirante do Andre Miller (conseguido na troca do Raymond Felton, esse sim vindo do Knicks na troca do Melo), várias escolhas de Draft e, claro e mais importante, Danilo Gallinari. Não teriam nada disso se só tivessem deixado o Melo ir embora por nada como Free Agent. Mas mesmo assim o time claramente não tem potencial para ir muito longe no futuro próximo.

Será que valeria a pena para o Nenê continuar por lá? O salário que dizem que vão oferecer para ele é enorme, mas sendo que dinheiro não é problema, vale ficar aguentando derrota atrás de derrota só em nome de um suposto amor à franquia ou à cidade? Acho exagero. Melhor coisa que ele faz é agradecer a preferência, desejar boa sorte e examinar as opções. Segundo o Yahoo!Sports e seu repórter Adrian Wojnarowksi, um dos que melhor cobriu o locaute, nada menos do que sete times já demonstraram interesse claro em ter o pivô brasileiro. Analisaremos aqui os prós e contras de ir para cada um deles.

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Denver Nuggets – É, um dos sete times é o próprio Denver. Mas deles acho que acabei de falar, né? Financeiramente pode ser o melhor de todos. Com a história dos Bird Rights, o Denver pode oferecer uma fortuna por ele, mesmo que não coubesse no salary cap. Daria para ganhar uma bolada. Mas pararia por aí, Nenê seria um zilionário em um time perdedor e teria que ficar torcendo para que nos próximos anos eles conseguissem um ou outro jogador de destaque para pensar em voltar para os playoffs. A essa altura da carreira não parece algo excitante.

New Jersey Nets – A primeira coisa que vem à cabeça é que Nenê poderia se consagrar recebendo passes do Deron Williams e fazer bons estragos ao lado de Brook Lopez como um dos melhores garrafões ofensivos do Leste. Mas por quanto tempo?

O Deron Williams só tem mais um ano de contrato e já deu a entender que não está totalmente convencido a assinar uma extensão com o Nets. Talvez o Nenê tenha um ano ótimo e depois acabe com um contrato longo e preso a jogadores como o asqueroso Travis Outlaw. E tem outra coisa, o Nets mesmo com Deron Williams, Nenê e Lopez não é time para se candidatar ao título logo de cara. Quando Nenê naquela entrevista ao Denver Post diz que “eu quero conquistar algo” ele está falando de títulos ou basta estar em um time competitivo? Imagino que queira ser campeão. Talvez muitas interrogações para ser uma primeira opção, o Nets provavelmente terá que oferecer mais para convencer o brasileiro.

Golden State Warriors – Ir para o Warriors seria uma aposta do próprio Nenê, uma maneira de testar o seu talento e o quanto ele pode influenciar uma franquia. Ele chegaria a um elenco certamente talentoso, versátil, mas que sente falta de presença de garrafão e defesa. O Nenê é um dos poucos pivôs que poderia entrar no Warriors e não obrigar o time a diminuir muito sua velocidade, o brazuca é ágil, não precisa necessariamente ficar embaixo da cesta o tempo todo, pode sair para bloqueios e até corre no contra-ataque.

Mas será que ele é esse líder defensivo de que eles precisam? O Nuggets nunca teve uma defesa ótima, o melhor ano foi quando chegaram na final do Oeste contra o Lakers e tinham a 8ª melhor da liga. E mesmo assim o crédito por essa melhora está bem mais com Chauncey Billups, Chris Andersen e principalmente Kenyon Martin do que com Nenê. A principal formação de garrafão defensiva usada pelo técnico George Karl, aliás, tinha sempre o Birdman ao lado de K-Mart, com o brazuca no banco. Não é que ele seja um mané na defesa, mas está longe de ser um cara que chega em um time e muda tudo por lá, como fizeram Kevin Garnett em Boston ou Tyson Chandler em Dallas.

Ir para o Warriors também teria esse risco de morrer em um time médio. Claro que terá o desafio de ser importante para a franquia e elevar ela de patamar, mas mesmo que ele jogue muito bem não parece que o time tem elenco profundo o bastante para disputar campeonatos. Aqui, mais uma vez, temos que ver o quanto o Nenê é obcecado por títulos ou se só quer um time bom.

Houston Rockets – Imagino que por mais sucesso inesperado que se faça, uma hora deve cansar ver o Chuck Hayes como o seu pivô titular. E é um bocado animador imaginar a versatilidade de um garrafão com Nenê e Luís Scola, dá pra imaginar perfeitamente porque o Rockets é um dos times dispostos a abrir os cofres e encher a conta do Senhor Hilário de dólares.

O elenco do Rockets é intrigante: Tem o ótimo Kyle Lowry na armação, que brilhou na temporada passada. Tem um dos melhores pontuadores da NBA no Kevin Martin, o já citado Luis Scola e outros ótimos role players como Courtney Lee, Goran Dragic e Chase Budinger. Todos esses comandados pelo ótimo técnico Rick Adelman. Por que diabos eles não foram melhores? Difícil de entender. Mas vai melhorar agora que tem o Kevin McHale como treinador, que foi bem mal nos seus anos de Wolves? Isso pode afugentar o Nenê.

Por outro lado, desde a troca do Tracy McGrady, o Rockets tem se estabelecido como um time que gosta de jogar em equipe e sem estrelismos. Ter Kevin Martin e Luis Scola como suas ‘estrelas’ mostra bem o espírito dessa filosofia. O Nenê já afirmou se identificar com esse estilo de time e foi um dos muitos que pareceu aliviado quando o Carmelo Anthony finalmente deixou o Nuggets na última temporada.

Indiana Pacers – Nos últimos anos o Pacers se contentou em remontar o seu time em velocidade de Yao Ming correndo embaixo d’água. Foram deixando pouco a pouco alguns contratos acabarem, foram trabalhando jovens jogadores e o máximo de risco que correram foi a troca pelo armador Darren Collison. Agora, com o time que foi bem na temporada passada (acabaram o Leste em 8º e deram um cansaço no Bulls nos playoffs), parece que é hora de tentar uma arrancada.

Mas não é bem assim. O Larry Bird, presidente de operações de basquete do Pacers, já disse que a hora é de ter mais paciência. Não devemos esperar movimentos arriscados deles, mas uma proposta formal e razoável pelo Nenê eles devem fazer. O que atrairia o pivô a Indianápolis seria o fato de jogar no Leste, que apesar da recente adição de Amar’e Stoudemire e Carlos Boozer ainda não é uma conferência conhecida por ter muitos times de garrafão forte, e também a chance de voltar a jogar na posição 4, de ala de força.

Sim, porque uma das principais apostas do Pacers é o jovem e bom pivô Roy Hibbert. Ele é irregular, alternou momentos espetaculares e patéticos na mesma temporada, mas em geral é bom e deve ter futuro. Assim como Collison é bom armador e Danny Granger e Paul George são bons nas posições 2 e 3. Sobra esse buraco na posição de ala de força que nunca foi muito bem completado seja por Tyler Hansbrough ou nos experimentos com Mike Dunleavy Jr. Nenê poderia voltar à sua velha posição no time titular, jogar alguns minutos como pivô e certamente elevaria o nível do time.

O problema é que o Leste não tem pivôs, mas tem super-times. Bem entrosados, com Nenê e sem nenhuma contusão, o Pacers poderia se candidatar a crescer na conferência. Poderia ultrapassar o Orlando Magic, o New York Knicks (caso eles não consigam o Chris Paul como desejam) e até o sólido Atlanta Hawks. Mas como encarar Miami Heat, Chicago Bulls e até o velho Boston Celtics? Nenê poderia acabar ficando em um time de eterno-quase como foi em todos esses anos de Denver Nuggets onde sempre morria no começo dos playoffs.

Portland Trail Blazers – Portland fica longe de tudo, só chove e todo pivô que tenta jogar lá é amaldiçoado e se machuca todo. Marcus Camby, Joel Pryzbilla e Greg Oden devem concordar comigo. Para que ir para lá, não é mesmo? Até o Brandon Roy que não é pivô está todo bichado, a maldição só cresce!

Por outro lado, o Oeste é uma conferência de potências velhas. Dos quatro principais candidatos ao título desse lado da liga, três são de elencos envelhecidos: Lakers, Spurs e Mavs. Quem se destaca nisso é o Thunder, o único time jovem da briga, com o Grizzlies até correndo por fora depois de bons playoffs no ano passado. O que quero dizer com isso é que em pouco tempo o Oeste estará aberto a times mais jovens tomarem esse posto de destaque, e o Blazers tem potencial para brigar por isso. Mesmo com Roy e Oden machucados, o time conseguiu se montar ao redor de LaMarcus Aldridge e tem um elenco talentosíssimo com Nicolas Batum (que jogou demais no Eurobasket e na Euroliga), Gerald Wallace, Raymond Felton e Wesley Matthews. É muita gente boa no mesmo time.

Talvez o Blazers não tenha resultado de tanto destaque logo na primeira temporada, talvez o Nenê tenha medo de maldições e não goste do tempo ruim da cidade. Mas vai ser difícil encontrar time com tanto talento e que possa oferecer bastante dinheiro ao mesmo tempo. Lembrando que provavelmente o Blazers só poderá dar um contrato gordo ao Nenê se usar a nova regra de anistia (explicada nesse post sob o nome de “Allan Houston Rule”) no Brandon Roy. Será?

Los Angeles Clippers – Se a maldição do Blazers assustar o Nenê é melhor nem ouvir a proposta do Clippers! Mas a campanha promissora do ano passado, a presença do Blake Griffin e o já citado envelhecimento do Oeste podem fazer o Nenê pensar duas vezes.

Eu achei esse interesse do Clippers estranho porque eles já tem o DeAndre Jordan como promissor pivô defensivo e um bom (e caro) reserva no Chris Kaman, mesmo que esse tenha problemas de contusão. Faz mais sentido o Clippers gastar seu dinheiro procurando um ala melhor do que o Al-Farouq Aminu ou um armador que seja mais confiável que o Mo Williams. Não seria uma boa guardar o espaço no salary cap para ir atrás de Deron Williams ou Chris Paul no ano que vem? E outra coisa, o DeAndre Jordan é bom porque complementa os defeitos do Blake Griffin com tocos e rebotes defensivos, o Nenê não faria isso tão bem. Não vejo Griffin e Nenê como parceiros complementares.

Mas de qualquer maneira a notícia é que o Clippers já está sondando o pivô brasileiro. Dinheiro eles tem, elenco promissor também e um clima melhor que o de Portland. Tem tudo para atrair o brasileiro, mas não vejo como uma combinação ideal.

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Os jornais americanos citam essas sete equipes, mas sempre podem aparecer novas. Ninguém descarta, por exemplo, que o Miami Heat deva pelo menos tentar oferecer algo para o Nenê, embora seja mixaria financeira em comparação com o que as equipes citadas podem dar. Por outro lado, se isso realmente acontecer, pode ser a maior chance de título que o Nenê terá na vida. Se o pessoal em Miami leu a declaração dele dizendo que quer conquistar algo e não precisa de dinheiro, pode mandar a notícia em anexo junto com a proposta de salário reduzido e um aviso dizendo “TEMOS LEBRON JAMES, DWYANE WADE E CHRIS BOSH NO NOSSO TIME”. O lado ruim para o Nenê seria encontrar uma tonelada de brasileiros nas ruas de Miami cobrando ele na seleção brasileira. Nem tudo pode ser perfeito.

Outro nome que corre bem por fora é do San Antonio Spurs. Pouco se fala deles na briga pelo Nenê, mas conheci umas pessoas mais próximas do Nenê e de gente do Spurs dizendo que é uma possibilidade. Sentido faz, já que o time de San Antonio está doido atrás de um pivô para jogar ao lado do Tim Duncan e não sabe se pode confiar tanto em DeJuan Blair e Tiago Splitter. E para Nenê faria sentido porque, afinal, estão lá Duncan, Ginóbili, Parker e Popovich. Não sei o quanto disso é verdade, mas é mais do que plausível, ainda mais se o Spurs usar a nova regra de anistia com o Richard Jefferson, liberando 9 milhões do seu salary cap.

Esse post foi uma comemoração ao basquete ter voltado a ser assunto ao invés do locaute. Claro que voltaremos ao locaute assim que os últimos detalhes do novo acordo forem divulgados e confirmados, mas não custa falar um pouco de coisas divertidas antes! Nada de concreto, eu sei. Mas tentei me ater às propostas que parecem mais concretas e que fazem sentido. E, ao contrário dos boatos envolvendo Chris Paul, algo tem que acontecer com Nenê, ele tem que escolher um time. Com o CP3 é um monte de boataria e a chance de acontecer algo de verdade só lá pro meio da temporada é enorme, por enquanto é só gente matando a saudade da boataria.

E você, para onde iria se fosse Nenê? (Não vale responder que iria para a Seleção Brasileira defender seu país e honrar sua pátria, por favor!)

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