>Astros requentados

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Kevin Garnett, depois do bingo, tira um cochilo em sua cadeira de balanço
Amanhã, quinta-feira, finalmente saberemos quem são os reservas para o All-Star Game, o tão aguardado “jogo das estrelas”. Os reservas são eleitos pelos técnicos da NBA, ou seja, gente que acompanha os jogos de perto, e tendem a levar em conta o merecimento de cada jogador. Ser reserva no All-Star é, em geral, um prêmio por uma boa temporada, é o reconhecimento por estar jogando em alto nível, é ser aceito entre os grandes de acordo com o olhar dos técnicos que te enfrentam diariamente. É por isso que todo mundo dá palpite em quem deveriam ser os reservas, quem anda merecendo a vaga, quem deveria ser All-Star pela primeira vez, quem vai ser ignorado de novo pela milésima vez.
Mas quando falamos dos titulares do All-Star Game, não adianta dar palpite. Escolhidos por fãs ao redor do mundo, os titulares não estarão no jogo das estrelas por mérito, campanha impressionante ou números de alto nível. São eleitos porque são famosos, porque conseguem mais fãs, porque são de uma nacionalidade munida de bilhões de membros. Não há critério ou debate, os escolhidos são aqueles que o povo quer ver, seja lá qual for o motivo.
No começo desse blog, quase três anos atrás, escrevi sobre o absurdo que eram essas campanhas para votar no Nenê e no Leandrinho simplesmente por eles serem brasileiros, como se ter nascido dentro de uma estranha linha imaginária traçada no chão fizesse deles mais merecedores de ir ao All-Star Game do que outros jogadores, muito melhores. Mas ser titular não está relacionado com mérito, está relacionado com preferências muitas vezes idiotas, guiadas por patriotismo, bairrismo e um tanto enorme de desinformação.
Para os chineses, é legal ver o Yao Ming por lá como titular não importa o que aconteça. Se um monstro gigante atacar o Oriente, o Jaspion não conseguir derrotá-lo e o Yao Ming tiver as pernas arrancadas no processo, ele mesmo assim será eleito titular. Mas para o Yao e o resto do mundo, que estão vendo esses votos cegos e despropositados, é bastante vergonhoso. Imagino a cara de bunda do Yao se arrastando pra dentro da quadra sabendo que não deveria estar ali, mas está porque tem olhos puxados e o apoio de bilhões de chineses que não necessariamente assistem basquete.
São esses chineses quase levaram o Tracy McGrady para o All-Star Game esse ano. Apesar de jogar sete minutos por jogo num par de partidas até o técnico Rick Adelman deixar ele de castigo para sempre, quase foi titular porque os chineses são malucos pelo Houston Rockets. Se o T-Mac fosse deixar o All-Star mais legal, se ele fosse um jogador essencial, os votos até seriam justificados, mas a verdade é que provavelmente votaram nele porque não conheciam outro armador pra colocar no lugar. Eu entendo gente votando no Rafer Alston como titular pra ver se ele dá uns dribles de seus tempos de And 1, eu entendo gente votando no Shaq porque ele vai fazer quarenta piadas por minuto durante o jogo. Mas me entristece ver jogadores que estão ficando velhos receberem milhões de votos de torcedores que não sabem que os tempos mudaram e outras caras surgiram. Tem gente que vai votar no Vince Carter pelo resto da vida, nem lembrando que ele não enterra mais, passa os jogos inteiros do Orlando arremessando de três pontos (em geral uns três passos atrás da linha de três, como aconteceu na última partida da equipe contra o Grizzlies) e que outros jogadores, muito mais espetaculares, surgiram e estão cheirando a talco de nenê.
O Tracy McGrady não joga há praticamente dois anos, seu corpo está tão danificado que ele deveria começar a considerar um ritual de magia negra para transferir seu espírito para dentro de um boneco, no maior estilo “Brinquedo Assassino“. Quando perguntado sobre sua vaga de titular no All-Star Game que se aproximava, T-Mac riu, disse que era culpa dos chineses e afirmou que não apareceria, que teria vergonha de jogar. Por sorte, Steve Nash acabou passando T-Mac nas votações finais, provavelmente graças à sua sensacional campanha:

O Nash vai para o All-Star depois de ter mostrado que consegue rir da própria cara, e o T-Mac vai ficar em casa (ou na enfermaria, o que é mais provável), por sorte. No entanto, Allen Iverson será titular porque as pessoas ainda acham que ele é o mesmo jogador de uma década atrás. Infelizmente preferiram requentar um ídolo velho e caindo pelas beiradas do que conhecer Joe Johnson, Rajon Rondo ou Derrick Rose. Pessoalmente sou um fã incondicional do Kevin Garnett, mas diabos, tenho a camiseta dele no Wolves aqui em casa, o que significa que já faz uns anos desde que ele era o melhor jogador dessa budega. Agora ele está mais velho, limitado por lesões, com pouco tempo de quadra e um estilo de jogo muito mais modesto, é hora de eu seguir com a minha vida e escolher outra pessoa para votar no All-Star Game. Que tal o Chris Bosh, que chuta traseiros (e tem um pescoço de dinossauro), ao invés de ficar insistindo num jogador que mal participou dessa temporada? Parece gente que passa uma década sem esquecer do ex-namorado e fica seguindo o sujeito pela rua. A vida continua, pessoal! Tá legal, o Duncan é o melhor ala de força de todos os tempos, mas não é hora da gente deixar de ver ele dando ganchinhos no All-Star Game quando sua produção tem caído com o passar dos anos?

Allen Iverson está envergonhado de ser titular esse ano. Ele tem que olhar para jogadores no vestiário que sabem que ele não deveria estar ali. Os torcedores que não fazem ideia de que ele não pertence à elite botaram o coitado numa situação constrangedora, uma última constatação de que ele está se arrastando na NBA graças a seu nome e sua fama, não seu jogo. É por isso que bato tanto na tecla de deixar para lá essa mania de ficar babando nos astros do passado. O Jordan foi fodão, legal, legal, mas o que os pirralhos estão fazendo agora? Ficar chorando que só Michael Jordan era realmente bom é perder a chance de acompanhar as novidades, é gerar comparações desnecessárias, é impor aos novatos um padrão a ser seguido. Quanto mais fácil for se desvencilhar do passado (lembremos com carinho, mas não fiquemos agarrados a ele!), mais jogadores terão a oportunidade de trilhar seus próprios caminhos, jogar com originalidade e criatividade, e jogar All-Star Games com gosto e vontade. O Allen Iverson nem tem mais tesão de jogar essa brincadeira, pra que levar ele pelos próximos 20 anos enquanto algum pirralho está doido pela oportunidade de fazer piada e se sentir reconhecido? Nós já entendemos que o All-Star é uma grande brincadeira e que quem leva a sério não tem senso de humor nem coração, então que as novas estrelas com o senso de humor necessário para tornar a brincadeira divertida participem. É hora de deixar os velhinhos dormindo em casa, eles são chatos e preferem tricô mesmo.
Mas amanhã pelo menos teremos os reservas para debater os critérios e os méritos de seleção, ao invés de uma votação aleatória de fãs vivendo no passado. Quem serão os reservas de cada conferência? Hora de arriscar os palpites, porque amanhã analisaremos a lista oficial assim que sair. Até lá!

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