>Aula de basquete do Magic, aula de história do Kobe

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– Depois do quarto farol é a segunda que dá mão pra esquerda do lado do posto. Percebe?

Eu não posso responder porque torço para o Lakers, mas vocês que estão torcendo para o Orlando ficaram se sentindo como, ontem depois do jogo?

Porque por um lado é sempre bom ver o seu time ter uma apresentação de gala como a de ontem, ainda mais quando o time mais precisa. A partida 3 era daquelas que você vende a mãe pra não perder e o Magic respondeu com o melhor aproveitamento ofensivo em um primeiro tempo na história das finais. Por outro lado esse é o tipo de atuação que geralmente aparece em uma vitória fácil, não em uma apertada que tinha o jogo empatado a menos de 2 minutos do fim.
As últimas atuações tão boas de um time em finais que eu lembro sempre acabaram em lavadas, o Lakers no jogo 1, o Celtics fechando a série no jogo 6 do ano passado, aquele jogo 4 do Pistons contra o Spurs que o Detroit só cometeu 4 turnovers e por aí vai, jogos assim fora de série geralmente trazem lavadas, ontem foi diferente.
É então motivo de satisfação ou de medo? Pensando só no jogo de ontem fica parecendo que o Magic só pode vencer quando for perfeito.
A verdade é que se o Magic jogou muito bem, o Lakers jogou também. Não vi nenhum dos times cometendo erros grosseiros na defesa. Alguns erros aqui, outros ali, como é de se esperar para qualquer atividade humana (ainda mais uma atividade onde a função de outros seres humanos é te atrapalhar) mas no geral os times fizeram o possível na defesa e não deu certo.
O Magic no ataque foi mais regular. Desde o primeiro quarto do jogo eles não concentraram a bola na mão de ninguém e tiveram paciência até achar os arremessos certos. O Magic é bom quando é o time mais paciente da NBA, eles não tem que se concentrar nas bolas de 3, nem no Dwight Howard e nem nas infiltrações, o segredo é saber quando fazer cada uma das coisas e variar bastante para deixar a defesa confusa. Precisam do pivô lá dentro, das infiltrações do Alston e do Turkoglu (e do Courtney Lee) e precisam da bola de 3. Uma coisa funcionando deixa as outras mais fáceis.
Paciência também teve o Dwight Howard, que finalmente foi um pouco mais inteligente na hora de selecionar os arremessos. Nos jogos anteriores ele estava querendo bater pra dentro mesmo quando recebia a bola longe da cesta, o que atraia a marcação dupla e os turnovers. Ontem ele arremessou pouco, 6 vezes, mas acertou 5 bolas e ao invés dos 7 turnovers do jogo 2, teve somente 1.
Ontem acabei assistindo ao jogo no computador e ouvi os comentários em inglês com o Mark Jackson e o Jeff Van Gundy, e inúmeras vezes eles fizeram referência ao Rafer Alston chamando-o de Skip to my Lou, dizendo que ele deveria ser mais do seu alter-ego do streetball. Mas essa é uma questão complicada. Quando ele acerta uma bandeja que ele pegou emprestada do Wade, é legal que ele seja o Skip, algumas posses de bola depois quando ele joga um passe arriscado na arquibancada, é péssimo. Deve dar medo para o técnico dar liberdade demais para o o Alston, ele não é tão confiável assim.
Acho que nessa série em especial, por enfrentar o lento Derek Fisher, o Alston deveria ser mais agressivo, como já foi ontem, mas ao mesmo tempo tem que pegar leve, o time funciona melhor quando ele não prende a bola e ele tem que ter cabeça pra tomar as decisões corretas de quando bater pra dentro e quando ser só coadjuvante. Não queria que meu time dependesse do bom senso do Alston, mas ontem deu certo.
Falando agora do Lakers, as coisas estão um bocado invertidas, não estão? Não era o Kobe quem finalizava os jogos e o Odom que sumia no quarto período? Tá tudo de ponta cabeça! Daqui a pouco o Souza começa a jogar bem, o Obinna vira artilheiro do brasileirão e o Fábio Costa vai parar de dar voadora.
Como no jogo 2, o Odom foi espetacular no quarto período. Depois de marcar apenas 3 pontos nos três primeiros períodos, fez 8 no quarto e sempre quando o Lakers mais precisava. Foi ele quem empatou o jogo e ele que não tocou na bola quando o Orlando abriu de novo a vantagem decisiva. Eu podia jurar que se tinha um amarelão no Lakers era o Odom, mas agora ele é o cara mais confiável do time. O Kobe é só uma estrela de primeiro período.
Como vocês devem saber, tem jogadores que são estrelas de primeiro período, que é quando o jogo tá mais fácil, a cesta parece maior, a defesa não quer pegar muitas faltas e as estrelas ainda estão esquentando, o Radmanovic era um bom jogador de primeiro período do Lakers.
Acho que o melhor jogador de primeiro período é o Josh Howard, ele acabou a temporada com 18 pontos por jogo, desses eram 8 no primeiro quarto! O Kobe ontem fez 17 no primeiro quarto, ou melhor, 17 pontos em um período de 5 minutos dentro do primeiro quarto, foi fora de série. Foi um arremesso atrás do outro na fuça do Mickael Pietrus. O mais legal deles foi um para calar a arquibancada, uma jogada de 4 pontos logo depois do Kobe ter tomado um toco do Tony Battie que levou a torcida à loucura.
Depois desses 17 de cara, o Kobe fez só mais 14 no resto do jogo inteiro, errando 13 dos seus últimos 15 arremessos e no caminho ainda errou 5 dos 10 lances livres que cobrou. Ele se disse desapontado depois do jogo, mas eu aposto que ele estava puto, inconformado, não conseguiu dormir e vai fazer de tudo pra dominar o jogo 4. Das duas uma, ou ele faz 50 pontos ou afunda o time.
Só que quem chamar ele de amarelão ou de fracassado não entende nada de basquete. Qualquer um que entende um pouco da história da NBA sabe que ontem o que ele fez foi uma referência hiper cult ao Michael Jordan. Fã do Jordan e apreciador da história deste belo esporte, o Kobe quis fazer uma homenagem à partida 1 do Jordan contra o Orlando Magic nos playoffs de 95.
Naquele jogo, ainda usando a camisa 45, o Jordan fechou o jogo com jogadas ridículas. Primeiro ele erra dois lances livres que empatariam o jogo, depois compensa com uma bandeja e um lance livre (depois de uma jogada muito Odomnesca do Pippen), mas depois o MJ tem a bola roubada quando o Bulls tinha a liderança de um ponto e na jogada para tentar vencer ele dá um passe horrível para fora da quadra.
As semelhanças com ontem são inacreditáveis. O adversário também era o Magic, o jogo em Orlando, o Kobe errou lances livres, teve a bola roubada em uma jogada a poucos segundos do fim e depois ferrou tudo na hora de tentar empatar. Até é igual a cena deles correndo para fazer uma falta inútil a menos de um segundo do fim. Um trabalho espetacular do Kobe em resgatar a memória dos playoffs da NBA. Obrigado, Kobe.
Coloquei ontem no nosso Tumblr um vídeo bem bacana com o Grant Hill, Amar’e Stoudemire, Danthay Jones e o Birdman participando de um game show para casais na TV americana. Assistam lá, é bem bacana.
ps. Um leitor chamado Laênio mandou um e-mail para a gente (bolapresa@gmail.com) há um tempo atrás mas não conseguimos responder, dá sempre uma mensagem de erro. Tente de novo, Laênio. Nós sempre respondemos nossos queridos e cheirosos leitores!

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