>Banco de talentos

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O banco do Pistons é uma prisão

Há alguns posts atrás, o Charles comentou sobre o Jarvis Hayes, que em seus 15, 16 minutos por jogo sempre marca muitos pontos e se destaca no Pistons. Logo depois, o Sbub comentou sobre o Mohammed, recém trocado pelo Pistons para o Bobcats, que virou uma máquina de rebotes em Charlotte. E associando as duas coisas resolvi falar sobre o banco de reservas do Detroit Pistons, o maior desperdiçador de talentos de toda NBA.

Talvez usar o termos “desperdiçar” possa parecer forte demais, vamos apenas dizer que eles são tão bons que não se dão ao trabalho de usar o banco. A base titular com Billups, Hamilton e cia. é tão bem entrosada e funciona tão bem que eles jogam muitos e muitos minutos sem dar muita chance aos reservas. E a estratégia (em grego ‘strateegia’, em latim ‘strategi’…) tem dado muito certo. O Detroit é um time vencedor, chegou em duas finais da NBA, seu estilo de jogo não cansa em excesso os jogadores (por isso o Suns PRECISA de um banco de reservas melhor) e com isso os jogadores não ficam com a língua no chão depois de jogar muito. Mas acontece também deles muitas vezes não precisarem jogar muito já que o Pistons é o segundo, apenas atrás do Celtics, na margem de pontos em relação aos adversários, ou seja, é muito garbage time pra gente ver Amir Johnson e Arron Afflalo enfrentando os reservas dos outros times.

Mas pera aí! Então os reservas têm pouco ou muito tempo? Eles têm um bom tempo. Mas nunca quando a coisa interessa! O ponto é esse, quando o jogo é importante, quando o jogo tá pau a pau, os reservas nem encostam na bola. Entram um por vez pra dar descanso rápido a um dos titulares e já era. Jogar mesmo, pegar ritmo, só quando o jogo tá decidido.

Com essa forma de pensar, o time tem ido longe na NBA, não se pode criticar, mas ao mesmo tempo eles assistiram incríveis talentos sair do time em busca de mais espaço, e viram muitos jogadores desconhecidos por lá virarem grandes jogadores. Vamos conhecer alguns:

Mike James: Alguém lembra dele no Pistons? Eu demorei muito pra lembrar. Ele jogou metade da temporada 2003-04 por lá e teve média de apenas 19 minutos por jogo. Não sou grande fã do Mike James, ele mesmo já disse ser obcecado por suas estatísticas e parece se importar mais com elas do que com o time, mas o cara tem talento e o Pistons poderia tê-lo usado melhor para descansar o Billups.

Nazr Mohammed: Esse foi bem recente. Chegou como o substituto de Ben Wallace e meia temporada depois estava atochado no banco de reservas brincando de Darko. Entrava só para mostrar pro outro time que o jogo tava ganho. Foi trocado há algumas semanas para Charlotte Bobcats e em pouco mais de 24 minutos de jogo já está com média de quase 9 rebotes por jogo e fez vários double-doubles. Ele não é um all-star mas já mostrou no Atlanta e até no Knicks que tem talento, acho que ele tem o perfil do Pistons e poderia ter médias incríveis de rebotes por lá se dada a chance, mas não deram, colocaram o Webber no lugar dele e ele afundou.

Carlos Arroyo: Se o Mike James não teve muita chance de ser reserva do Billups por meia temporada, o Arroyo não teve por duas. Acho que o Billups tem no seu contrato algo que diz que só o Lindsay Hunter pode entrar no lugar dele e mais ninguém. O Arroyo, o mesmo que destruiu os americanos nas Olimpíadas de 2004 e que é titular merecido do Orlando agora, teve uma incrível média de 12 minutos por jogo na sua última temporada em Detroit.

Darko Milicic: Se Mohammed era usado para mostrar para os adversários que o jogo estava ganho, Darko era usado para mostrar que o jogo havia sido ganho, tinha sido uma lavada, tinha sido bem fácil e eles estavam rindo da sua cara. Nas finais de 2004 eu me revoltava, já que sou torcedor do Lakers, quando o Darko entrava. Aquilo era humilhação demais! Mas o fato é que muitas vezes o Darko tinha um bom garbage time, dava seus tocos, pegava uns rebotes, acertava umas cestas e… ué, é isso o que ele ainda faz hoje, não é? Ele nunca vai justificar ser uma segunda escolha, mas é bom jogador e quando tem seus minutos no Grizz (e quando tinha em Orlando) sempre se mostrou útil, com boa média de tocos e rebotes. No Pistons acho que nunca jogou um jogo com diferença menor de 10 pontos entre os dois times em disputa.

Carlos Delfino:
Eu não gostava muito do Delfino. Quando ele chegou na NBA eu vi gente dizendo que ele ia ser melhor que o Ginobili e isso me faz lembrar de quando o Arinélson era o próximo grande jogador do Santos. O Delfino nunca chegou perto das expectativas mas ao mesmo tempo você via que ele era mal aproveitado no Pistons, o coitado entrava, dava dois arremessos e saia, parecia que ele tinha pressa em jogar porque sabia que ia sair logo e isso atrapalhava muito. Nesse ano, no Raptors, ele é outro cara. Muito mais calmo e se sentindo parte do time ele até jogou vários minutos como armador principal do time quando o Calderon senta e o TJ Ford vê o jogo do hospital. E ele arma bem, até! Com vários jogos muito bons já na temporada, ele é peça importante no Raptors e você fica imaginando como ele seria útil dando um tempo de descanso para Hamilton e Prince.

Mehmet Okur: Provavelmente o melhor jogador a não jogar pelo Pistons. Ele estava lá, ficava no banco e volta e meia tinha um jogo em que ele acabava sendo mais bem utilizado. Lembro de um jogo em que ele simplesmente matou o Lakers só porque o Shaq se recusava a sair do garrafão para marcar as bolas de 3 pontos dele. Mesmo assim, o máximo de média que teve foi de 22 minutos por jogo, e muito por causa dos 33 jogos em que foi titular ainda na era pré-Sheed. Depois que o Sheed chegou, ele afundou no banco e de lá foi para o Utah, onde, de repente, estava com médias de quase 20 pontos por jogo.

Com o Jarvis Hayes, que nosso amigo Charles citou, a situação é igual mas é diferente. É igual porque ele é um cara de talento e que tem poucas oportunidades, mas é diferente porque ele que era free agent e topou ir para lá mesmo sabendo desse histórico todo do banco do Pistons. Não quero chamar o Hayes de burro com isso também, ele não estava numa situação fácil, nos seus anos de Wizards, além de provar que tinha certo talento para marcar pontos, mostrou mais ainda que tinha talento para se machucar, e fez uma fama de ser de vidro. Muitos times não ofereceram coisas boas pra ele e quando o Pistons apareceu com uma proposta ele abraçou, mas não dúvido que no fim do contrato ele busque uma vaga em um time em que seja mais participativo. Outro que tem talento, embora seja meio Mike James no fato de só querer fazer pontos e nada mais, é o Flip Murray. Esse tá encostadão no Pistons e dizem que uma troca deve acontecer em breve para tirá-lo de Detroit.

Agora é a hora que o espertalhão aparece e diz: “Ei, Denis, seu torcedor do Lakers cabeçudo! E o Maxiell? Ele é reserva e joga, seu bundão!”. Pois é, o Maxiell é um caso que deu certo, assim como o McDyess. Ano passado o McDyess era reserva do Webber e mesmo assim jogava sempre no quarto período só porque o Webber é mais amarelão que o Stojakovic e o Dirk juntos. Com isso ele tinha minutos, e minutos importantes. Nesse ano o McDyess é titular, tem seu tempo em quadra, mas em vários dias o Maxiell entra, entra bem e fica no jogo. Não vou dizer que ele é a exceção que confirma a regra porque isso é brega. Mas é verdade, ele é a exceção que confirma a regra, pronto, falei!

Notas:

– A relação entre os titulares e os reservas do Pistons, apesar da briga por minutos, é boa, como vemos na bela canção interpretada pelo titular Sheed e os reservas Jason Maxiell, Amir Johson e Will Blalock. Ouça e veja AQUI.

– A prorrogação do jogo de ontem do Suns foi feia. De um lado, o Suns parecia bem perdido sem o Nash doente, o Leandrinho provou mais uma vez que ao mesmo tempo em que faz pontos com a mesma facilidade com que corre quando fez 16 pontos só no terceiro quarto, também tem muita dificuldade em ser o armador principal, com alguns turnovers feios. Mas pior que ele de armador foi o Tinsley, que durante a prorrogação não passou a bola uma vez sequer. E não é jeito de falar! Ele partiu pra cima e arremessou todas as bolas, podem até conferir o play-by-play se vocês quiserem. A única cesta que não foi dele na prorrogação foi um rebote ofensivo que o Mike Dunleavy Jr. pegou. Rebote de um chute do Tinsley, claro. Vitória merecida do Suns.

– Ontem o Lakers detruiu o Hornets e Kobe depois do jogo disse que o papel dele no time não é mais o de fazer 35 pontos por jogo, é apenas de estar lá para quando o time estiver em dificuldade e precisar de um empurrão. Quem diria que um dia ele falaria isso? E pior que não é da boca pra fora, vendo o jogo é o que acontece mesmo!

– Lembra do post com a foto da mina firmeza do Garnett? Que tal a mina do Okur? Eu pegava fáaaacil.

– Bem no dia em que o Danilo falou que o Yao Ming deixou de ser “soft” para enterrar na cabeça das pessoas, o china fez isso aqui com o Malik Rose. Uau!

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