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Com o final da temporada regular se aproximando mais e mais, é hora da gente aqui dar nosso palpite sobre os ganhadores dos tradicionais prêmios da NBA. Como nossas opiniões nem sempre batem, é a ocasião perfeita de apresentarmos nossos favoritos para levar os prêmios aqui na coluna Bola Presa, em que cada um argumenta tentando vender seu peixe. Para começar, vamos responder à pergunta: quem será o Calouro do Ano dessa vez? E você também pode puxar para qualquer lado, basta deixar o seu comentário. Nos próximos dias, palpitaremos sobre os demais prêmios, como Melhor Jogador de Defesa, Sexto Homem, Jogador que Mais Evoluiu e então, para finalizar, o polêmico prêmio de MVP. Afinal, palpite é de graça!
Como diria aquele famoso filósofo, “tem dia que dá tudo errado”, e o Bola Presa tem ficado sem posts alguns dias. Para compensar, preparem-se para uma infinidade de colunas Bola Presa, novidades no visual e a melhor cobertura dos playoffs de todo o Universo conhecido, com dúzias de posts diários e comentários ao vivo. Preparem-se! Enquanto isso, vamos adoçando a boca com os novatos. Divirtam-se!
ROY – Kevin Durant
por Denis
Por boa parte da temporada, eu fiquei com um pé atrás sobre Kevin Durant. Assistia jogos e mais jogos dele e nada daquela atuação impressionante, sempre bom mas nunca fora do normal. A primeira vez em que ele jogou muito mesmo foi contra o Altanta Hawks, quando fez um dificílimo arremesso de 3 no último segundo da segunda prorrogação.
Depois disso achei que o garoto ia deslanchar, que ia ter atuações monstruosas e que não ia ter pra ninguém na disputa de novato do ano. Mas não foi bem assim. Enjoamos de ver, durante toda a temporada, o novato do Sonics fazendo seus 20 pontos de média com horrível aproveitamento de arremessos, com fraca defesa, bem menos rebotes do que vimos ele fazer na NCAA e sem mostrar grande habilidade com os passes.
Eu tinha na minha cabeça então que o novato do ano deveria ser Al Horford. O garoto do Atlanta era um monstro nos rebotes, mostrava bons fundamentos na defesa e, no ataque, se virava mesmo quando começou a jogar de pivô. Mas o que me fez mudar de idéia e dar o voto a Kevin Durant, então?
Foram três coisas. A primeira foi entender o lado de Kevin Durant. Ele foi colocado para jogar na posição dois com a desculpa de que seria um “mismatch” contra defensores mais baixos, mas no fim isso não fez diferença alguma. Na posição dois ele acabava sempre muito longe da cesta e a única coisa que ele podia fazer para tirar vantagem de sua altura era arremessar por cima do defensor, o que ele fazia, mas eram arremessos de aproveitamento baixo. Ele tinha mais sucesso quando atacava a cesta, mas isso não ocorria porque ele não era especialista em levar a marcação pelo drible, ainda mais quando seus marcadores eram em geral mais baixos e rápidos que ele. Além disso, a teórica vantagem que ele teria sobre outros novatos por ser o líder dos rookies em minutos por jogo, já que é a estrela do Sonics, é irreal, ele é a estrela de um time medíocre, um time sem esquema ofensivo e muito previsível. Marcar Kevin Durant não era desafio nenhum porque você podia fazer marcação tripla que o máximo que iria acontecer seria o Johan Petro ficar livre, isso sem contar a falta de um armador que o deixasse em boas condições de marcar pontos, que é o que ele sabe.
Entendida a situação horrível de Durant, a segunda coisa que me fez mudar de idéia foram as suas atuações desde a parada do All-Star Weekend. O maior exemplo disso foi o mês de março que acabou de acabar. Nesse período, Durant jogou 16 jogos e neles teve média de 22 pontos, maior média por mês na temporada e ao invés de ter os tradicionais 40% ou 41% de aproveitamento dos arremessos, teve 52% e com 90% nos lances livres. E isso quando ele se tornou mesmo a única opção ofensiva do Sonics, já que Delonte West e Wally Szczerbiak foram trocados e Chris Wilcox tem jogado pouco. E é só ver partidas que você percebe que a evolução nos números não é apenas um mês em que ele está com a mão boa ou que pegou adversários fracos, ele realmente mudou a forma de jogar. Está muito mais seletivo na hora de arremessar as bolas de longa distância e está atacando mais a cesta (cobrou 23 lances livres a mais do que no mês de dezembro, quando jogou o mesmo número de jogos).
A terceira e última coisa é bem simples e não dá pra ser medida: é o talento. Al Horford é muito, muito bom, Luis Scola, Al Thornton e Carl Landry, outros que receberiam votos meus se eu escolhesse os vencedores, também são ótimos, mas Durant mostra ser o com mais potencial. E em um ano em que nenhum dos novatos chegou perto de tudo o que pode fazer na liga ainda, fico com o cara que com o passar dos meses de sua primeira temporada tem mostrado os ajustes necessários para se tornar a estrela que prometia ser. Com pouquíssima vantagem sobre Al Horford, o meu novato do ano é Kevin Durant.
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ROY – Al Horford
por Danilo
O negócio é o seguinte: quando Greg Oden se contundiu ainda na pré-temporada e anunciou-se que ele não participaria de nenhum jogo dessa temporada, Kevin Durant automaticamente teve o prêmio de novato do ano enviado para sua casa por Sedex. A safra de calouros não era das melhores, os talentos eram muito crus, Durant chutava uns traseiros cheios de espinha na universidade, e então assumiu-se que só um milagre tiraria dele o prêmio de melhor novato. Por milagre, entenda atuações monstruosas de algum outro primeiro-anista, números incríveis, arremessos de último segundo decidindo partidas. No entanto, todos nós sabemos que, nessa temporada, não tivemos nada disso por parte dos novatos. A grande maioria das atuações realmente dignas de nota começou a acontecer agora no final, quando não dá mais tempo de ter chances de prêmio. O Al Thornton começou a ter uns números monstruosos mas só porque o Clippers fede, não tem mais chance de nada, então resolveram usar o calouro que até então estava com a bunda bem aconchegada no banco de reservas. Nick Young, o próximo Kobe Bryant segundo o Arenas, só começou a ser realmente importante em Washington há umas semanas, e olha que o time passou a maior parte da temporada com a enfermaria lotada. Thaddeous Young, a grande surpresa do Sixers, só começou a ser percebido quando o Sixers também passou a ser percebido, ou seja, ontem, afinal eles deveriam estar fedendo. Não dá mais tempo. O Navarro, que agora pelo menos não é “o outro espanhol do Grizzlies” (por não ter sido trocado por um pacote de Cream Crackers), teve algumas atuações impressionantes mas é difícil manter a animação quando no jogo seguinte ele não acerta sequer as pernas dentro das calças.
Enquanto isso, Kevin Durant se divertia em sua vida de “pistoleiro solitário”. Sua vida no Sonics foi como um bom rodízio de carne com uma plaquinha sempre no “verde”: tudo que ele puder comer, tudo que ele puder beber, todos os arremessos que ele puder dar. Os resultados às vezes eram positivos, às vezes muito negativos, mas como o Sonics não tinha nada a perder, o importante era dar carta branca ao jovem Durant. Obviamente que enquanto o Durant fazia assim seus 20 pontinhos por jogo, os outros novatos não tinham atuações impressionantes o bastante para ameaçá-lo. Então o Durant é o calouro do ano?
Não. Porque no que faltou de espetacular, de números altíssimos, de 20 pontos por jogo, sobrou em regularidade em dois outros casos. Estou falando de Luis Scola e Al Horford. O Scola eu acompanhei de muito perto, como torcedor do Houston, e desde o começo era evidente a melhora que ele trazia ao Houston quando entrava em quadra. Ainda assim, teve que batalhar duramente por seus minutos, ganhar na unha a posição de titular, e nunca poderia se dar ao luxo de arremessar 500 bolas por partida e nem de ter uma má atuação sequer. Na inteligência, esforço e nas atuações consistentemente boas, Scola se colocou, para mim, no mesmo nível de Durant. Mas nenhum dos dois é meu calouro do ano. Porque no Atlanta, um ala de força de 2,08m de altura ganhou espaço na rotação e virou titular mais rápido do que o Pelé tem filhos, se tornando um dos melhores pivôs da NBA. Estamos falando aqui de um modelo exemplar de consistência, alguém que sempre tem atuações sólidas, que nunca força arremessos, e que tem um talento natural para pegar rebotes que parece bug de videogame, quando a bola vai como que por mágica para as mãos do jogador que está mais perto. As médias de Al Horford dizem tudo: são próximas de 10 pontos, 1o rebotes, 1 roubo e 1 toco por partida. E por mais brucutu que ele tenha parecido quando deu aquela marretada de troglodita meio sem querer no TJ Ford, tem bastante visão de jogo e sabe sempre como contribuir quando as coisas não estão dando certo.
Se o Durant resolveu, no último mês, medir melhor seus arremessos e finalmente obteve um aproveitamento digno de uma futura estrela, Scola e Al Horford não deixaram barato. Scola se tornou titular e fundamental no Houston-sem-Yao, carregando o fardo ofensivo. Já Al Horford começou a se sentir mais livre no ataque, arremessando mais (sempre com bom aproveitamento) e dando cada vez mais assistências. Quando teve uma atuação incrível com 12 pontos, 15 rebotes, 6 assistências e 2 tocos, alguns cogitaram tratar-se de sorte. A resposta veio no jogo seguinte, em que Al Horford terminou com 20 pontos, 15 rebotes, 6 assistências e 1 toco. Sólido, meus amigos. Sólido como uma rocha. Nosso ala improvisado de pivô evoluiu como Durant, mas manteve-se constantemente bem durante toda a temporada, sem jamais forçar e feder como acontecia às vezes com o cara-de-bebê de Seattle. No futuro, o Durant vai ter seus recordes de pontos, vai ser capa de NBA Live e jogar All-Star Games todo ano até enjoar. Mas agora, a consistência de Al Horford leva o prêmio de novato pra casa. E também deve levar, quem diria, uma passagem de ida para os playoffs. O que, mesmo sendo no Leste, até conta uns pontinhos, vai.