>Brilha brilha estrelinha

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Vince Carter é marcado por três mãos

O jogo da última sexta-feira entre Orlando Magic e Boston Celtics teve como personagem principal um dos poucos jogadores que não estavam presentes na emocionante série de 7 jogos que os dois times protagonizaram alguns meses atrás: Vince Carter. Ser o principal não quer dizer que ele foi o melhor naquele dia, nem que a torcida só tinha olhos pra ele, apenas quer dizer que tudo de mais importante passou pela sua mão e foi ele quem decidiu a parada.

Essa predominância de Carter num jogo com tanta gente boa, em uma situação normal, chamaria a atenção, mas não seria um absurdo. No Magic, porém, fica esquisito. O time nunca foi de concentrar arremesso na mão de ninguém, nem o Dwight Howard que domina os garrafões da NBA arremessa tanto! Não é muito incomum ver Dwight, Rashard Lewis e outros jogadores de nome acabarem um jogo com número de arremessos bem parecidos com coadjuvantes como Mickael Pietrus ou Ryan Anderson.
Fugindo completamente dessa distribuição democrática, no jogo contra o Celtics o Carter arremessou 29 bolas. Depois dele quem mais arremessou foi o Rashard Lewis, com 11 tentativas. O Dwight Howard tentou só 4 chutes! Tá bom que ele enfrentou o seu nemesis, o Kendrick Perkins, mas mesmo assim é pouco demais. Durante esse show pessoal do Carter, passei por três sensações: a primeira óbvia de estranhamento, a segunda de indignação e a terceira de admiração.
A primeira é óbvia, achei muito Nets o Carter arremessar tanto. Quem deveria mudar nesse casamento de Carter com Magic é o Carter, que deveria emular o Turkoglu, não é o Magic que deveria fingir que é o Nets. Depois veio a indignação de não ver ninguém no time tomando uma atitude a respeito. O Stan Van Gundy até pode ter tentado mudar algo, mas como ele perde a voz quando grita, ninguém percebeu. O Dwight foi apático e não ficou pulando desesperado pedindo a bola no estilo JR Smith de ser. Assim, depois de um tempo o resto do time inteiro aceitou e começou a assistir o Carter jogar. E jogar mal, diga-se de passagem. Chegou ao cúmulo do arremesso a uns 5 passos da linha dos três com o relógio ainda com mais de 10 segundos de posse bola. Dos 29 arremessos, o VC acertou apenas 10 e o seu terceiro quarto pareceu muito com eu e o Danilo jogando sexta passada no Parque Villa-Lobos, um lixo.
Mas aí veio a admiração. Veio a hora em que a gente vê porque o cara se acha tanto: porque ele é. No quarto período, em que o time do Magic inteiro só esperava que o Carter fizesse alguma coisa para parar a reação do Celtics, ele fez. Acertou uns arremessos absurdos mesmo sendo muito bem marcado pelo Paul Pierce e fechou o caixão. Saldo positivo, pose de herói, torcida apaixonada pelo seu novo craque.
Só acho que esse resultado acabou sendo péssimo para o Magic. Tudo o que eles não precisavam era acreditar que o Carter é o salvador da pátria. Um cara para assistir e ver levar o time nas costas. Eles foram longe na temporada passada por acreditar no jogo de equipe, por movimentar bem a bola e deixar sempre o jogador mais bem posicionado arremessar. Tudo bem que no final dos jogos a bola ficava mais na mão do Turkoglu (e do Jameer Nelson na temporada regular), mas era só isso, no fim dos jogos.
O que o Magic precisa fazer é parar de se deslumbrar com o talento exuberante do Carter e tratar ele como um jogador normal durante toda a partida. Quando chegar nos minutos finais, aí é bola na mão dele. É hora de confiar no talento individual do cara. Não é fácil fazer isso, porém. A NBA tem uma cultura de confiar demais e idolatrar demais os grandes jogadores. Até entre os próprios atletas e juízes existe uma aura criada em volta dos super jogadores e se espera que deles aconteça tudo.
Muito desse pensamento tem algum fundamento. Não é coincidência que os últimos 10 títulos estão basicamente divididos entre Shaq, Kobe, Duncan e Garnett. Não se ganha um título sem um cara desse nível. Mas embora pareça óbvio que não é só isso pra quem vê de longe, na hora é natural um jogador ficar inibido ao ter um cara talentoso do lado e deixar ele jogar ao invés dele próprio tomar alguma iniciativa. Acabam por fazê-lo apenas quando a estrela, por algum motivo, não joga.
Exemplos que provam isso são fartos nos últimos anos e até nessa temporada. O Wizards que se superou sem Arenas, o Rockets sem Yao Ming e Tracy McGrady e mais recentemente o Kings sem Kevin Martin. Em todos os casos os jogadores menos talentosos perceberam que pra vencer sem as estrelas teriam que correr mais, lutar mais, defender mais, jogar um basquete mais coletivo, ter mais raça e, surpresa, quando se faz tudo isso, aparecem mais vitórias.
Quando se acha o equilíbrio entre quando usar o talento individual e quando usar o basquete coletivo um time está pronto para ir longe nos playoffs. Só ver o Lakers, que volta e meia tem o Kobe caminhando pela quadra nos dois primeiros períodos, quando Gasol e Bynum tomam conta do jogo, para depois, no último período, deixar o Kobe fazer sua mágica. Não tenho dúvida que o Magic está a esse equilíbrio de distância de se consolidar como o melhor time do Leste.
Mini 8 ou 80
Querem saber a diferença do Turkoglu da temporada passada para o Carter dessa temporada?

Hedo Turkoglu 08-09
16,6 pontos por jogo
5,1 rebotes por jogo
4,9 assistências por jogo
0,8 roubos por jogo
2,7 turnovers por jogo
13,1 arremessos tentados por jogo
4,5 arremessos de 3 tentados por jogo
5 lances livres tentados por jogo
Vince Carter 09-10 (primeiro mês)
18,7 pontos por jogo
4,5 rebotes por jogo
2,2 assistências por jogo
0,6 roubos por jogo
1,7 turnovers por jogo
16,5 arremessos por jogo
6 arremessos de 3 por jogo
3 lances livres tentados por jogo

O resultado é que o Carter arremessa mais, faz mais pontos, mas distribui muito menos a bola e por incrível que pareça, infiltra menos do que o Turko, ficando mais nos jumpers de longe.

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