>Chances nos playoffs

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Shaq treina assistido por um sósia de Jason Kidd

Desde que o Suns trocou Shawn Marion por Shaquille O’Neal, as coisas não andam lá muito bem das pernas em Phoenix. Ao contrário do que muitos críticos resmungaram, o ataque da equipe não sofreu graças a uma provável lentidão de Shaq, que para alguns já deveria estar se dedicando aos bingos, ao tricô e às caravanas de domingo para ir assistir ao vivo ao Sílvio Santos. Acontece que Shaq ficou repentinamente saudável, em forma como não ficava há anos, acompanhou o ritmo do Suns, correndo pra burro, e o ataque da equipe não sofreu. Estranhamente, foi a defesa que virou uma peneira. Se o plano era trazer Shaq para Phoenix justamente para melhorar a defesa no garrafão, o plano deu bastante errado. Se esse for o plano.

Afinal, quem estamos querendo enganar? O plano não é melhorar a defesa no garrafão, o plano não é ganhar mais partidas, o plano não é que Shaq volte a ser um grande jogador. O pivô está lá com apenas uma missão: barrar Tim Duncan. Porque não importa quão bom o Suns seja, eles podem ganhar 80 partidas na temporada, tanto faz. Todos nós sabemos que mesmo assim eles vão perder para o Spurs nos playoffs e voltar pra casa com as mãos abanando.

Se eu tivesse que apontar uma razão para isso (e não pudesse dizer que é a arbitragem, para evitar ameaças de morte e me enfiar numa teoria de conspiração internacional) seria o fato de que o Spurs é o melhor time da NBA quando se trata de defender pick and rolls. Veja bem, eu não tenho nenhuma estatística maluca para provar minha teoria, mas assisti jogos do Suns à exaustão e é o Spurs, apenas o Spurs, que minimiza essa jogada que é o carro-chefe da equipe de Phoenix. Nos momentos cruciais das partidas, o Spurs aperta a defesa, o pick and roll do Suns deixa de funcionar, e aí o ataque fica estático e não consegue decidir os jogos. Em geral é o Amaré quem assume a responsa nessas situações, sendo isolado perto do garrafão e batendo para dentro. O que às vezes dá certo, mas só às vezes. E definitivamente não compensa o fato de que ele é completamente incapaz de defender qualquer jogador. Então, enquanto na hora que mais interessa o Suns fica lá sem saber o que fazer, dependendo do jogo individual, o Spurs fica tranquilo podendo contar com o jogo chato-porém-consistente do Duncan. O mesmo, em graus diferentes, acontece quando o Suns enfrenta quase todos os grandes times da NBA.

Então, quem se importa com o que o Shaq fará nos outros jogos, se a defesa vai piorar, se o ataque vai se manter igual? Grandes merdas. As perguntas a serem respondidas são as seguintes: pode Shaq impedir que Duncan jogue com facilidade no garrafão nos minutos decisivos? Pode Shaq fazer pontos no garrafão quando o ataque do Suns estiver estático porque a principal jogada, o pick and roll, deixou de repente de funcionar?

Depois da partida de hoje entre Spurs e Suns, a resposta é sim. E, ao menos para mim, o Suns deixa de ser o time que fez merda, o time que estragou tudo com a troca, que começou a perder e caiu para o sexto lugar no Oeste. E passa a se tornar o time que pode vencer nos playoffs. Depois de assistir ao vivo à partida, estou convencido de que o Suns tem mais chances de vencer o Spurs numa série de 7 jogos agora do que jamais teve nessa década. Shaq estava tão motivado que se tacou no meio da torcida em busca de uma bola perdida, fez 12 pontos e pegou 11 rebotes só no primeiro tempo, marcou Duncan muito bem especialmente nos minutos finais, e recebeu a bola para jogar no 1-contra-1 no garrafão quando não havia outra coisa a se fazer. Depois de Shaq ter pedido para se adaptar ao Suns e não o contrário, parece que o Suns começa, aos poucos, a se adaptar ao Shaq, chamando jogadas para ele, criando movimentações para deixá-lo posicionado debaixo da cesta, e afunilando a defesa em sua direção.

“Está muito mais difícil pegar rebotes, eles não eram um time tão reboteiro antes da troca. E agora eles tem um corpo grande lá embaixo, o que é bom defensivamente”, foi o que disse Ginobili no intervalo da partida. Aliás, assim que o microfone raspou de leve em seu rosto, o argentino pulou para trás e fingiu ter sofrido uma falta da repórter. Quando a pobre moça tentou explicar que o jogo estava no intervalo, Ginobili ficou gritando que ela deveria receber uma falta técnica por ter lhe dirigido a palavra. E então foi embora para o vestiário, passando a mão na boca como se para ver se estava sangrando.

Para coroar sua atuação de 14 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, Shaq ainda se negou a aceitar a ajuda de Duncan para levantar depois de sofrer uma falta. A mão do Duncan ficou ali, estendida, e o Shaq continuou procurando a mão de um companheiro para agarrar. Quando a mão chegou, Shaq levantou e o Duncan se manteve ali, parado, com a mão estendida, indignado e com a mesma cara de bunda de sempre. Ali o Shaq mostrou para que veio: se tá lá pra anular o Senhor Cara de Bunda, não vai ficar dando a mãozinha pro sujeito. Eu ri por uns 10 minutos, pra mim tudo que o Shaq faz é engraçado.

No mesmo fôlego, vale comentar que outro time, além do Suns, passa a ter repentinamente grandes chances de vitória nos playoffs. Trata-se do meu Houston Rockets que, agora com 18 vitórias seguidas, está quase mais ou menos meio que tipo assim me fazendo acreditar que é possível ir para a segunda rodada dos playoffs. Sem Carl Landry o Houston enfrentou o Hornets sem David West, o que pra mim tá justo. Landry bateu o joelho e não deve jogar segunda-feira também. O West eu não sei o que tem e nem me interessa, talvez tenha sido fair play para deixar o jogo equilibrado.

O jogo foi uma das partidas mais divertidas da temporada e se você não assistiu, azar o seu. Eu fiquei o tempo todo me perguntando onde é que diabos o Houston aprendeu a defender desse jeito, sendo que nem na temporada passada com o Van Gundy, que é especialista no assunto, o time defendia com essa intensidade. Na falta de Yao e Scola, o zé-ninguém Chuck Hayes deu aula de defesa, o time inteiro deu aula de contra-ataque e o Tracy McGrady deu aula de MVP, acertando arremessos ridículos e passando a bola bem o bastante para deixar até o Chris Paul com inveja. Mas o genial da partida foi o campeonato de 3 pontos que rolou no meio. Na metade do segundo quarto, uma sequência de 12 arremessos viu 11 deles sendo de trás da linha de 3 pontos. Alguns arremessos foram bem planejadas, com Novak e Stojakovic matando bolas na zona morta, mas depois virou palhaçada e o Chris Paul corria e arremessava de 3, convertendo, apenas para o Rafer Alston correr para o outro lado e arremessar sem frescura, até porque sabemos que o Alston arremessa mais do que respira. Nada como bons duelos débeis mentais para alegrar uma noite. Se as bolas não caíssem, teria sido uma merda de jogo e eu teria amaldiçoado o Alston e tido um aneurisma, mas como as bolas caíram (14 bolas de 3 pontos para o Houston, 11 para o Hornets) o jogo foi incrível e divertido pacas. Só que o time da abelhinha não teve chance, perdeu por 10 pontos, e agora não vejo porque o Rockets não pode continuar vencendo esses times grandes na pós-temporada.

Por enquanto, o Houston está com a terceira colocação e o Suns, após vencer o Spurs, está em sexto lugar. Os dois times que parecem cada vez mais ter chances reais nos playoffs estariam se enfrentando se a temporada acabasse agora. Qual seria o resultado? Poderia Mutombo parar Shaq? Para a minha sorte, o Oeste é mais bagunçado que a cara da Preta Gil e as posições ainda vão mudar muito. Preferia que o Houston pegasse o Hornets, por razão óbvias. Eu tenho medo do Suns. E você?

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