>Confrontos das semi-finais

>Na noite de ontem, iniciaram-se os primeiros confrontos das semi-finais das duas Conferências. Pelo Leste, o Pistons enfrentou o Magic, enquanto pelo Oeste o Spurs enfrentou o Hornets. Os times mais-ou-menos que chegaram aos playoffs já são coisa do passado (até o Hawks, mas disso a gente fala depois) e agora só as grandes potências se pegam. Ou seja, se você perder, é um baita de um mané, com feriado ou não, frio ou não, namorada ou não. As séries de ontem e a de hoje (entre Lakers e Jazz) são completamente imperdíveis e, como fizemos na primeira rodada, vamos dar uma olhada no que cada uma das equipes precisa fazer para chegar à final de suas Conferências.

Pistons vs Magic

por Denis

O que o Pistons precisa fazer para vencer a série: Para vencer, o Pistons precisa ser regular. O Orlando vai ter jogos em que vai acertar suas bolas de 3 e vai ter dia em que não vai, tem dia em que o Dwight Howard vai jogar muito e vai ter dias em que nem tanto, nos dias mais ou menos o Pistons tem que ir lá e acabar com a raça do Orlando, simples assim. Nos dias em que as coisas estiverem melhores para o Magic, o jogo certamente ficará mais difícil, mas mesmo assim o Pistons ainda pode vencer, a marcação de Tayshaun Prince sobre Turkoglu poderá ser decisiva nesse dias, com Turkoglu pouco criativo, Howard e Lewis sempre produzem menos.

Outro duelo individual que pode ajudar o Pistons é entre Billups e Jameer Nelson. Se Prince minimizar o poder ofensivo de Turkoglu e Billups o de Nelson, o Magic não é mais um time criativo. Dwight Howard se aproveita de rebotes ofensivos criados por seus companheiros ou de passes dados por um desses dois, assim como Rashard Lewis se aproveita dos arremessos que outros conseguem criar para ele. Além disso, é importante para o Pistons sempre manter a calma no ataque, marcar bem é essencial mas sem marcar pontos eles sempre dão chance ao contra-ataque, que os machucou muito contra o Sixers.

O que o Magic precisa fazer para vencer a série: Para vencer a série, o Magic precisa antes de tudo jogar uma pressão pra cima do Pistons. Como um time com um dos melhores recordes da liga fora de casa, seria importante para o Magic roubar um jogo em Detroit no jogo 2. A pressão pela derrota no jogo 1 contra o Sixers claramente incomodou o time de Detroit, que teve forças para reagir mas não gostou de se ver contra a parede. Essa pressão psicológica pode ser importante para derrotar o forte Pistons, no ano passado o poder ofensivo de LeBron James intimidou o time de Detroit e bastou uma vitória fora de casa para o Cavs levar a série, a lição tem que ser aprendida pelo Magic.

No campo ofensivo, o Magic tem que fazer de tudo para não parecer previsível. Todo mundo sabe que o time vai chutar muitas bolas de 3 mas eles não podem simplesmente ir lá e chutar, a bola tem que ser trabalhada e Dwight Howard tem que ser usado desde o começo do jogo para abrir espaços do lado de fora do garrafão. Mas talvez o segredo mesmo para a vitória esteja em outra lição que LeBron ensinou ano passado ao vencer o Pistons: atacar a cesta. Quando você ataca a cesta, passa por seu marcador. Só assim uma boa defesa pode ser machucada, alguém terá que deixar livre para o passe um arremessador fora ou um pivô, o que nos leva a outro problema, os coadjuvantes. Se Turkoglu bater pra dentro e Maurice Evans ou Keith Bogans ficarem livres, eles terão que fazer a parte deles.

Spurs vs Hornets

por Danilo

O que o Spurs precisa fazer para vencer a série: O Spurs precisa fazer uma porção de coisas que já está acostumado a fazer. A primeira delas é marcar Chris Paul. O armador do Hornets estripou Jason Kidd e o resto do Mavs e provou que, quando bate para a cesta, é praticamente imarcável. Contê-lo será, mais ou menos, como conter Steve Nash – ou seja, mais uma rodada de trabalho sujo para Bruce Bowen. Impedir que o Chris Paul tenha um caminho livre para dentro do garrafão é o primeiro passo para desestabilizar o poder ofensivo do Hornets.

O segundo passo do Spurs, também defensivo, é anular o “pick and roll”, ou seja, todo e qualquer corta-luz que o Chris Paul recebe e que lhe permite ficar livre ou então passar a bola para um David West livre. O jogo do Hornets é muito focado nessa jogada em especial, exatamente do mesmo modo que uma certa equipe lá de Phoenix que teve a mesma jogada anulada anos e anos a fio pela equipe do Spurs. Ou seja, complicar a vida de Chris Paul e David West deve ser o foco do Spurs e não é nada que eles não façam todos os dias antes do café-da-manhã.

Para finalizar, o Spurs precisa diminuir o ritmo de jogo. Forçar o Hornets e jogar um basquete de meia-quadra vai tornar Chris Paul mais previsível e limitado, além de evidenciar o maior número de armas ofensivas do Spurs, com Parker, Duncan, Finley e Ginobili. Outra coisa, que faço constar aqui mesmo que me dê vontade de vomitar, é a possibilidade de fazer hack-a-Chandler quando as coisas apertarem. O pivô do Hornets acerta menos de 60% de seus lances livres, o bastante para que ele possa receber a mesma punição que deu tão certo com Shaq no confronto da primeira rodada.

O que o Hornets precisa fazer para vencer a série: Punir Tony Parker. Seja quem ele marcar deve se tornar o foco do ataque do Hornets. Se Bowen marcar Chris Paul, então que Tony Parker seja obrigado a marcar Jannero Pargo, Bonzi Wells ou até quem sabe Stojakovic. Já que o francês vai fazer pontos pra burro de qualquer jeito, a solução é punir o Spurs por ele estar em quadra tornando-o um problema defensivo, um caminho livre para atacar a cesta loucamente e cavar faltas. Atacar Tony Parker aumentará o ritmo de jogo, o que será favorável para o Hornets nessa série, e ajudará a deixar Duncan e os demais jogadores do garrafão do Spurs com problemas de faltas, essencial para que o Hornets não seja engolido pelo Duncan.

Para se manter vivo no jogo, o Hornets precisa de uma marcação espetacular de Tyson Chandler. Ele já provou que é um dos pivôs que mais complica a vida de Tim Duncan e pode ser fundamental na série. O fundamental é que ele utilize do melhor modo o tempo que tiver disponível, já que pode sair com problemas de faltas e também caso o Spurs faça um hack-a-Chandler, com faltas propositais para que ele cobre lances livres com todo o gingado maroto do Gilberto Barros no cio.

É essencial, e nunca é demais repetir, não dobrar a marcação no Duncan. Por mais complexa que seja essa questão, prefiro os times que arriscam a não dobrar nunca e tentar lidar com Duncan no mano a mano. Sei que é assustador, mas Duncan passa ainda melhor a bola do que ataca a cesta, então vale mais a pena esperar dele um jogo ruim ofensivamente do que lhe permitir passar para um companheiro livre o tempo inteiro. Deixe que Duncan lide com Chandler, David West, Melvin Ely e qualquer outro corpo grande e foque a marcação nos outros jogadores. Tentar impedir as bolas de 3 pontos do Spurs, ou as penetrações de Ginobili, em geral é uma tática que surte mais efeito do que tentar parar Tim Duncan em especial.

O final dos jogos deve ser um ponto crítico para o Hornets. O “pick and roll” tradicional pode não funcionar e outras opções ofensivas devem surgir. O já tradicional amarelão Stojakovic e o porra-louca Jannero Pargo terão muita responsabilidade nas mãos atrás da linha de 3 pontos no fim de jogos disputados e podem acabar decidindo a série em uma ou duas bolas de sorte. Outro coadjuvante importante poderá ser Bonzi Wells, ja que o David West é um pouco alérgico a rebotes e Wells se sai bem tanto nos rebotes quanto em atacar a cesta.

Lakers vs Jazz

por Denis

O que o Lakers precisa fazer para vencer a série: Um bom começo para vencer o Jazz é focar bastante na marcação. Nos quatro jogos da série entre Lakers e Jazz na temporda regular, apesar das três vitórias do time de LA, as vitórias vieram com o time sofrendo 108 pontos por jogo, o que é demais. Marcar o Jazz significa marcar os “pick and rolls” entre Deron Williams e Carlos Boozer, atrapalhando os passes e forçando Boozer a só arrmessar, não deixar ele fazer bandejas e enterradas. Claro que com “não deixar” não acho que isso seja fácil, mas é preciso uma atenção especial para que aconteça poucas vezes. O Lakers também precisa se aproveitar da mobilidade e velocidade de seus homens de garrafão para perseguir Memo Okur e não deixá-lo arremessar livre dos três pontos.

Mas o Jazz não vive apenas do “pick and roll”, eles são um dos times que mais sabem se movimentar sem a bola e quando você menos espera Ronnie Brewer está embaixo da cesta ou Kyle Korver está livre para o arremesso, não se marca isso sem um jogador conversar com o outro, pedir ajuda, avisar o que está acontecendo, mais do que bons jogadores na defesa o Lakers precisa de um bom time defensivo.

Com o Jazz controlado, é hora de atacar e pra isso o Lakers não teve dificuldade alguma durante o ano todo, é só continuar o que estava fazendo. Não concentrar o jogo em Kobe quando não for necessário, rodar muito a bola, usar Pau Gasol desde o ínicio do jogo e acertar os arremessos quando sobrar sem marcação. Quem viu os jogos contra o Denver sabe que o ataque do Lakers está funcionando à perfeição e é só continuar assim.

O que o Jazz precisa fazer para vencer a série:Apesar das duas vitórias em Houston na série passada, o Jazz não foi um time convincente fora de casa durante toda a temporada, com um recorde de 17 vitórias e 24 derrotas, além disso o Lakers foi um dos únicos 4 times que conseguiu vencer o Jazz em Salt Lake City (em um jogo em que não tinha Bynum nem Gasol), então o time de Deron e Boozer precisa colocar na cabeça que precisam vencer um jogo fora de casa e de preferência no jogo 1 ou 2, para colocar pressão em cima do Lakers.

Será difícil fazer o Lakers marcar poucos pontos, mas isso não quer dizer que não dá pra jogar na defesa. Andrei Kirilenko fez um ótimo trabalho marcando T-Mac na série contra o Houston e vai precisar incomodar Kobe para o Jazz ter chances de vencer a série. Mas Kirilenko em cima de Kobe significa que ou Ronnie Brewer, ou Boozer ou Okur, terão que marcar Lamar Odom, e nenhum deles tem o perfil ideal pra isso devido à versatilidade do ala do Lakers. Odom terá que saber usar sua velocidade se marcado por um dos caras mais altos ou sua altura se acabar sendo marcado por Brewer. Uma solução para os problemas de marcação homem a homem é usar de vez em quando a defesa por zona, que incomodou bastante o Lakers na série contra o Denver.

No ataque, o Jazz precisa movimentar bastante a bola, e com velocidade. A defesa do Lakers não é nenhuma maravilha e é pior quando é atacada diretamente. Com a falta de um bloqueador nato como deveria ser Andrew Bynum, o time acaba cometendo muitas faltas e dá muitos lances livres de presente para o adversário, ao mesmo tempo em que o Jazz é um time que cobra bastante arremessos da linha de lance livre. Por isso, para vencer, o Jazz não pode se contentar com os arremessos de meia e longa distância, deve atacar a cesta.

Celtics vs Cavs

por Danilo

O que o Celtics precisa fazer para vencer a série: O óbvio, que escrevo até durante o bocejo, é marcar LeBron James. A tarefa deve caber a Paul Pierce mas James Posey pode ser essencial e até mesmo Kevin Garnett pode tentar a sorte. É importante colocar defensores diferentes em LeBron, tanto mais altos quanto mais baixos, de modo a atrapalhar o máximo possível e encontrar o perfil de quem se sairá melhor nessa tarefa durante toda a série. Mas isso também não basta, defender LeBron é um trabalho coletivo que deve ser focado em mantê-lo o mais longe possível do garrafão. A defesa do Celtics é o ponto forte da equipe e basta que a equipe mantenha o foco. A equipe de Boston mostrou que às vezes “desliga” defensivamente do jogo mas que, quando concentrada na partida, é simplesmente mortal nessa área.

Vencer o Cavs também significa fazer um bom trabalho no garrafão no quesito rebotes. Como o ataque do Cavs é desorganizado e a defesa do Celtics deve tornar isso ainda mais evidente, cabe ao time verde evitar que o Cavs pegue rebotes ofensivos a todo custo. Se Perkins, Powe, Glen Davis e Garnett fizerem um bom trabalho nessa área, o time de LeBron terá poucas chances de conseguir pontuar na partida.

A parte ofensiva, que muitas vezes é o ponto fraco do Celtics, deve ser tratada com cuidado. Contra o Hawks, o time de Boston mostrou que entra em pânico com defesas mais fortes e pressionadas, então é preciso que mantenham a calma. Os jogos devem ter placar baixo e mais importante do que pontuar bastante é impedir que o Cavs possa partir no contra-ataque graças a erros bobos ou arremessos forçados de longa distância.

O que o Cavs precisa fazer para vencer a série: Além de LeBron manter o bom nível de jogo, os coadjuvantes devem aparecer para jogar mais do que nunca. A defesa do Celtics é opressora e cruel e LeBron deve ser caçado sem dó nem piedade em quadra. Contra o Wizards, LeBron foi perfeito em encontrar os companheiros livres, mas cabe a eles e à fase da Lua fazer com que os arremessos sejam certeiros. Quando os arremessos de fora estiverem caindo vindos das mãos de Delonte West, Daniel Gibson e Wally Szczczczczerbiak, a defesa do Celtics será obrigada a se ajustar e LeBron James terá mais espaço para jogar.

A briga no garrafão deve decidir a série. Quanto mais a defesa do Celtics for efetiva, mais importante será para o Cavs agarrar rebotes ofensivos. Ilgauskas, Big Ben e Varejão devem dominar os rebotes, dando novas chances ofensivas para o frágil ataque do Cavs.

Coletivamente, o Cavs precisa ter grandes jogos juntos. Se o LeBron tiver uma partida fora de série, é importante que toda a equipe entre psicologicamente no jogo de modo a garantir a vitória. Uma grande atuação do LeBron desperdiçada e a série pode ir para o buraco, especialmente se for uma partida em Boston. O time deve ter a sorte (ou capacidade, depende de você acredirar em horóscopo ou não) de jogar bem como um todo ao menos em algumas partidas.

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