>De volta às origens

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Ele está mais velho e o uniforme mais bonito do que era em 94

Está confirmado. Chris Webber está de volta ao Golden State Warriors.

Pra quem acompanha NBA há pouco tempo e não gosta de ler histórias antigas da liga, ou só tem memória fraca (tipo o Muricy, que não lembra que o Carlos Alberto não joga nada!), eu explico. Em 1993, Chris Webber foi a primeira escolha do draft, pelo Orlando Magic. Mas o Magic não queria Webber jogando com Shaq, então no seu segundo ano eles queriam um armador e mandaram o recém-escolhido para o Golden State Warriors em troca de Penny Hardaway.

Webber então foi para a ensolarada California jogar sua primeira temporada na NBA no Warriors, sob o comando do técnico Don Nelson. Sim, o mesmo Don Nelson de agora. Contando a história até agora parece que a volta de Webber é uma história bonita, que ele quer apenas encerrar a carreira onde começou com o técnico que deu sua primeira oportunidade. Seria bonito mesmo, mas não é bem assim.

Naquela temporada de 93-94, Webber foi destruidor, teve médias de 17,5 pontos, 9,1 rebotes e algumas atuações monstruosas. Ele foi o novato do ano e o Warriors voltava aos playoffs. Mas as coisas andavam mal nos bastidores. Don Nelson queria porque queria que Webber fosse um jogador de garrafão, que jogasse lá embaixo da cesta e servisse para atrair a atenção dos marcadores e liberar o arremesso de fora. Também queria que Webber pegasse muitos rebotes e fizesse seus pontos lá embaixo. Webber, por sua vez, sabia do seu talento como passador, como ala, e queria jogar lá fora, participar da correria e tudo mais. Não rolou a temporada inteira e os dois não paravam de se bicar.

No fim da temporada parecia que tudo ia voltar ao normal já que o Warriors tinha contratado um pivô e isso naturalmente levaria Webber à posição de ala de força. Mas o relacionamento desgastado entre técnico e jogador levou Webber a ser trocado para Washington.

No ano passado, quando o Warriors estava na luta para finalmente voltar aos playoffs, coisa que não aconteceu desde a saída de Webber, já se falava sobre finalmente quebrar “A maldição de Webber” que assolava o pessoal de Oakland há mais de 10 anos. Como sabemos, a maldição foi quebrada e o Warriors, de brinde, ainda derrotou o Mavs.

Depois dessa história trágica, uma reconciliação 12 anos depois? Sei lá, é esquisito. É como alguém fugir de casa brigado com os pais, sofrer, ralar, passar fome e aí, 12 anos depois, quando já está bem de vida, com casa, emprego e bufunfa, querer voltar pra casa dos pais. A mesma casa, os mesmos pais com quem brigava. Mais uma vez, esquisito.

Outra coisa curiosa é que Chris Webber tinha dito que estava buscando um time que lutasse pelo título, já que ele queria encerrar sua carreira ganhando pelo menos um anel. Cogitou-se o sempre candidato Mavs, o Pistons, que está a uma série contra o Boston ou o Cavs de vencer a conferência, e até o Lakers que, com Bynum e Kobe, é um time que pode chegar longe. E tinha o Warriors. Ele foi contra a lógica e escolheu o time com o pior recorde dentre estes e o time que dizem que ele tem menos a ver, o que ele menos se encaixaria. E o único com um técnico com quem ele brigou.

Acho que a única resposta que eu entenderia é se ele falasse que é pelo desafio e pela emoção que é voltar a um lugar em que as coisas deram errado e fazer tentar dar certo. Meio como quando o Phil Jackson tinha dito que era impossível treinar o Kobe, que ia embora e depois voltou para o Lakers até para provar pra ele mesmo que era possível. Vai ver que Webber quer provar que pode jogar com Don Nelson, vai ver que ele se sente em dívida com o Warriors, vai ver que ele não queria ser uma peça de reposição de luxo em alguns times já montados. Não só talvez seja isso como eu espero que ele tenha pensado nisso tudo.

No lado prático, na quadra, sinceramente acho que pode dar certo. Webber não tem nem um terço do físico que tinha antes, não aguenta a correria. Mas a verdade é que ele não precisa ficar em quadra 40 minutos por jogo. O Webber pode ser importante em muitos aspectos: o mais óbivo é na liderança, muitos times contratam caras velhos porque eles ajudam nas horas difíceis e Webber pode fazer isso. Já dentro da quadra, ele pode ajudar pelo simples motivo de ser muito inteligente.

Para correr no esquema do Don Nelson nao é só saber chutar de 3 ou correr, isso ajuda, claro, isso vai colocá-lo pelo menos na rotação. Mas pode ver que quando o bicho pega, nos momentos decisivos, a bola é confiada a quem tem mais cabeça. Dificilmente o jogo não é decidido por Baron Davis e Stephen Jackson. Até quando um arremesso decisivo é dado por outro, geralmente é uma jogada de um dos dois que acaba nas mãos de um terceiro. Webber pode ser mais um desses caras que pode ter a bola na mão em momentos importantes do jogo (e momentos importantes existem desde o primeiro quarto até o último) para tomar as decisões corretas.

Outra coisa que Webber pode ajudar é no jogo de meia-quadra do Warriors. Sabemos que ele mal existe, mas em algumas posses de bola eles são obrigados a trabalhar mais um pouco e ter um cara que joga no garrafão, tem um bom passe e um bom arremesso de meia-distância faz muita diferença. O Suns que o diga com o Grant Hill.

Pra terminar, a pergunta que fica: tá, Webber está motivado a voltar, ele pode se encaixar no run and gun de Don Nelson. Mas e o técnico, o que pensa disso tudo?

“Meu medo é que nosso time não seja forte o bastante nos playoffs caso o Webber não venha. Se ele vier será melhor para o time, para a relação dele comigo e para os jogadores do time. Ele pode fazer muitos de nossos jogadores jogarem melhor e fazer esse time melhor.”

Se ele disse, quem somos nós pra discordar, né?

(esse post é em homenagem aos ZERO leitores que, segundo a enquete, torcem para o Warriors)

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