>Descanso sem paz

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Kobe tem problemas nas costas por andar no seu pequeno Delorean

Kobe Bryant precisa descansar. Ele é insano, workaholic, nerd e bitolado e por isso não vai tirar uns dias de folga, mas era disso que o Lakers mais precisava.

Foi até bom que o Kobe não jogasse mal contra o Cavs antes de eu escrever esse post, senão iria parecer apenas um comentário reagindo imediatamente a uma atuação ruim, mas não é o caso, ontem o Kobe fez um curativo novo no seu dedo quebrado, descansou as costas entre segunda e quinta-feira e conseguiu atuar bem e fazer um jogo disputado com o melhor time do momento na NBA.

O dedo do Kobe não me preocupa, ele já foi MVP da temporada com um dedo deslocado e campeão da NBA com um outro dedo estragado, ele não precisa de dedos. Se os Simpsons vivem bem com oito dedos e o Lula é presidente com nove, por que o Kobe não pode jogar com um a menos? Ele jogaria bem com 6 dedos e uma luva de goleiro. O que me preocupa mesmo é a dor nas costas que tem atingido nas últimas semanas. Existem contusões que exigem que um jogador mude um pouco como jogar, mas a dor nas costas incomoda até para viver, não dá pra jogar com ela. Alguém lembra do Larry Bird deitando no chão no fim da sua carreira por causa das dores nas costas? É uma dor cruel, um chute no saco por segundo.

Com a dor nas costas o Kobe teve aquela atuação horrível contra o San Antonio Spurs em que até teve que sair no meio do jogo, depois jogou muito mal contra o Orlando Magic, em que parecia mais lento não só para correr mas até nos seus já tradicionais movimentos de costas para a cesta. Não estava atrapalhando o time, isso seria demais, mas era óbvio que não era o melhor jogador em quadra.

No jogo contra o Orlando, com o Kobe não conseguindo marcar seus pontos (acabou com 11), o Lakers foi obrigado a apelar para todo o resto do elenco. O Bynum tentou atacar o Dwight Howard, o Gasol recebeu mais a bola, o Odom foi mais agressivo nas infiltrações e a dupla Jordan Farmar e Shannon Brown resolveu que a partir de agora o Lakers vai ter um banco de reservas decente. Todos eles juntos sofreram um bocado durante a sequência de pontos do Magic no terceiro quarto mas foram os mesmos jogadores que colocaram a cabeça no lugar e lideraram o time para a virada. Foi até bem divertido para a torcida ver, pela primeira vez em muito tempo, o banco de reservas garantindo uma vitória importante para o Lakers.

O que quero dizer com tudo isso é que o Kobe precisa descansar e ele tem dois momentos para isso. O primeiro é agora, o mais rápido possível antes que qualquer coisa mais grave aconteça. Ou no começo de fevereiro, logo depois que o Lakers acabar essa difícil e longa viagem com 8 jogos fora de casa que começou na última quinta contra o Cavs (e acaba num jogo amendontrador contra o Grizzlies, em Memphis. Nos últimos dois anos a combinação Bynum + Grizzlies-no-começo-do-ano resultou em um joelho estourado!).

Colocar o Kobe para descansar agora seria uma boa para a sua saúde. Durante essa sequência de jogos fora de casa acontecem 3 jogos back-to-back, que são aqueles jogos em dias consecutivos como o de ontem contra o Cavs e o de daqui a pouco (pelo menos na hora que estou escrevendo) contra o Knicks. Jogos em dias seguidos em cidades diferentes são terríveis para físico dos jogadores e as costas do Kobe podem sentir o tranco em algum momento. O risco de colocá-lo para descansar agora é a fria em que seus companheiros vão entrar. Eles vêm de derrota, de viagem desgastante, e vão ter que aprender a jogar sem o Kobe assim do nada, sem nem ter tempo para treinar. Isso poderia resultar em algumas derrotas embaraçosas e faria a confiança do time despencar.

O lado bom de um descanso para o Kobe seria justamente o contrário, uma injeção de confiança em alguns jogadores que andam meio apagados ofensivamente como o Ron Artest, Lamar Odom e Sasha Vujacic. Seria legal eles participarem mais, ganharem confiança ofensiva e continuarem rendendo assim quando o Kobe voltasse. É bem comum na NBA a contusão de algum jogador servir para revelar outros, é o que está acontecendo agora com o Blazers e o Jerryd Bayless, por exemplo, e foi o que aconteceu ano passado com o Paul Millsap aparecendo na contusão do Carlos Boozer.

A atual vantagem do Lakers para Denver Nuggets e Dallas Mavericks, empatados em segundo, é de quatro jogos, acho que o bastante para o time até perder alguns jogos e mesmo assim continuar na liderança da conferência. Perderia um pouco de terreno em relação aos líderes do Leste com quem o Lakers briga pelo mando de quadra nas finais, mas é o preço a se pagar para ter um Kobe 100% nos playoffs. Porque se tem uma coisa que ficou clara no jogo de ontem contra o Cavs e em tantos outros durante essa temporada é que o elenco do Lakers é muito bom e pode enfrentar qualquer um, mas precisam do Kobe para decidir. A grande diferença entre Lakers e Cavs no jogo de ontem foi que o Cleveland conseguiu ter a bola na mão do LeBron do jeito que ele queria quando o jogo estava para ser decidido, aí ele foi lá e fez o que sabe. O Lakers não conseguiu deixar o Kobe resolver, a bola caiu nas mãos do Gasol e ele falhou. Com o Kobe descansando, os outros jogadores seriam obrigados a decidir e poderiam, eventualmente, errar tudo também, mas é melhor correr esse risco agora do que ter um Kobe destruído nos playoffs e jogar a temporada inteira no lixo.

Já que o assunto são times que brigam pelo título e sofrem com contusão, temos que falar do Boston Celtics. Talvez eles estejam passando justamente pelo o que eu estou recomendando ao Lakers. O Kevin Garnett não tem condição de jogo e está fora há mais de 10 jogos (talvez volte hoje já!), nesse tempo o Celtics perdeu jogos fáceis, perdeu até em casa e a sua defesa caiu de produção. Mas se olharmos por outro lado, nesse tempo todo conseguiram manter o segundo lugar do Leste, fizeram o Rasheed Wallace ganhar minutos e ritmo de jogo, jogando algumas de suas melhores partidas como um Celtic e, principalmente, forçaram o Kendrick Perkins a mostrar que finalmente aprendeu a ser um jogador que é útil também no ataque. Desde que o Nemesis do Dwight Howard se tornou a única arma do Boston Celtics no garrafão (o Rasheed está com mais alergia ao garrafão do que a Andrea Bargnani), ele assumiu a responsa e agora distribui ganchos, arremessos curtos e enterradas como se fosse um Chris Kaman preto que engoliu um trator e uma lua pequena.

Agora quando o Kevin Garnett voltar ele terá ao seu lado, além dos sempre espetaculares Rondo, Pierce e Allen, o Rasheed Wallace com ritmo de jogo, o Perkins com confiança no ataque e, claro, o seu próprio joelho descansado e curado. Foram ou não foram algumas derrotas que valeram a pena? Mesmo com o Cavs jogando muita bola há mais de um mês, o Celtics ainda é, pra mim, o melhor time do Leste quando está com todo mundo em forma, assim como o Lakers é o melhor time da NBA quando tem o Kobe jogando sem dores.

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