>Desconhecido do Mês

>

Royale with Cheese nos tempos de Hawks

Alguém aqui já assistiu Pulp Fiction? Lembram do “Royale with Cheese”? Se não pegaram a referência, precisam ver esse filme urgentemente, é um dos melhores que eu já vi e vocês simplesmente não podem não ter visto um filme que eu já vi. Estão falando com um cara que não viu ET, Lagoa Azul, Gremlins, Alien e todos esses filmes que todo mundo já assistiu um dia na Globo. Bom, o importante do Pulp Fiction nessa história toda é que “Royale with Cheese” é o apelido (muito criativo) do nosso desconhecido desse mês, Royal Ivey.

Ivey é armador, está no Milwaukee Bucks e é um desconhecido. E ele é um daqueles desconhecidos mesmo, daqueles que ninguém sabe quem é, ninguém se importa e que, ao contrário do Mbenga por exemplo, não chama a atenção nem pela história de vida. Aliás ele é tão secundário que passou a vida inteira jogando com outros grandes jogadores da NBA e nem no high school o cara conseguia ser o fodão do time. Aposto que ele teve que se contentar em sair com aquela moreninha mais ou menos no baile de formatura enquanto o Luol Deng pegava a líder de torcida gostosona.

Pelo menos ele também dividiu escola com o Charlie Villanueva e, diz a lenda, como o Villanueva tem uma doença que o deixou sem pêlos no corpo, ele não pegava ninguém e era aloprado na escola. Então nesse caso o Ivey não era o melhor do time mas pelo menos não era uma aberração da natureza.

Na faculdade, em que não importa ser bonito ou o melhor do time pra pegar mulher (álcool é a explicação), Ivey mais uma vez não era o destaque da equipe. Ele foi para a forte Universidade do Texas (que nos últimos anos revelou Daniel Gibson, LaMarcus Aldridge e Kevin Durant) e lá era companheiro de time e amigo próximo do TJ Ford. Na universidade ele tem alguns recordes, mas, você terá que concordar comigo, são recordes de caras secundários. Ele é recordista em partidas como titular (126) e está empatado em terceiro em jogos (133). É tipo o Rubinho que vai, nesse ano, ser recordista da F1 em corridas disputadas.

No draft de 2004 o Atlanta Hawks pegou o Ivey na 37a colocação. Geralmente as escolhas de segundo round somem por aí, então temos que dar um mérito para nosso amigo Ivey por ter conseguido seu lugar no time, mesmo esse time sendo o Hawks em uma de suas piores fases. Alías, a fase do Hawks era tão ruim que logo no segundo ano de sua carreira Royal Ivey já era titular do time de Atlanta. De todos os 73 jogos que participou, foi titular em 66! Vocês têm noção do que é para um cara no seu segundo ano começar 66 jogos como titular na NBA? Ainda mais para um cara que veio do segundo round. Se vocês forem atrás de caras com números parecidos, só vão achar super estrelas como Boozer, Arenas e caras do tipo. Mas não, não estou doido, não quero dizer que o Ivey é um All-Star.

O que eu quero mostrar com esses números absurdos é que o Ivey na temporada 2005-06 era uma pequena aberração da NBA, não no sentido de aberração do Villanueva, o Ivey é feio mas nem tanto, ele era uma aberração porque era um caso único. Ele era novo, titular e tinha incríveis 13 minutos por jogo. O mais estranho era que a maioria desses minutos era no primeiro quarto, ou seja, ele começava como titular, jogava muito tempo, aí saia e não voltava mais, não importa como estava jogando. Essa situação inusitada fez o site da revista Dime nos EUA criar a expressão “Royal Ivey Award”, que era um prêmio dado a todo jogador que vivia situação parecida pelo menos por um dia.

E se você pensar bem, até dá pra lembrar de algumas vezes em que isso aconteceu. Já vimos o Eddie Jones começar pelo Mavs e depois sair e não voltar. O Finley no Spurs costuma voltar pro jogo mesmo depois que o Manu entra, mas também já teve seus dias de Royal Ivey.

Depois de três anos vivendo essa vida estranha no derrotado time do Hawks, Ivey assinou um contrato de um ano com o Bucks. A situação foi meio estranha no momento: primeiro o Charlie Bell disse que queria sair do Bucks, aí o Heat assinou um contrato com o Charlie Bell e enquanto todo mundo discutia se o Bucks iria igualar a oferta do Heat e ficar com Bell, eles assinaram com o Ivey. Pra todo mundo que acompanha NBA, isso foi um sinal claro de que o Bucks tinha aceitado perder Bell e já tinha coberto seu lugar no elenco com o Ivey. Errado. Eles pegaram o Bell de volta e ninguém entendeu merda nenhuma. Aliás, alguém entendeu alguma coisa que o Bucks tem feito com o time? Bobby Simmons? Apostar no Mo Williams ao invés do TJ Ford? Manter Bell e Yi depois deles implorarem pra dar o fora? É um time estranho com um logo de veado.

No começo da temporada, o Ivey não estava vendo a cor da bola. No mês de novembro inteiro não jogou mais de 20 minutos num jogo. Em dezembro foi ganhando um pouco de espaço e fechou o mês com 3 jogos seguidos com mais de 20 minutos, tempo de quadra que veio porque ele estava mostrando serviço. Serviço do estilo Ivey, claro. Nenhum grande número mas um técnico impressionado.

Pra começar janeiro, a notícia que me inspirou a colocá-lo como desconhecido desse mês foi que o técnico Larry Krwisjjhoasoidasoitovski decidiu que era hora de fazer algumas mudanças: “É hora de mudar as coisas um pouco. Não é uma ameaça a ninguém, é só o que qualquer um deve fazer quando as coisas não estão dando certo”. E a primeira mudança era aproveitar a contusão de Michael Redd e usar Ivey como armador principal e Mo Williams como shooting guard. Deu certo. Ivey jogou 37 minutos, Mo Williams fez o que ele mais gosta de fazer na vida que é arremessar, e eles venceram o jogo.

Na próxima coluna, veremos como ficou a sequência de jogos do Ivey como titular e como ficou a vida dele depois que o Michael Redd voltou de contusão. Até lá, veja se dá um jeito de assistir Pulp Fiction. Se não der, assista Cães de Aluguel, que também é do Tarantino e é um dos filmes favoritos do Ivey.

Para terminar, um vídeo de um momento bizarro na carreira do Ivey. Em um jogo pela Universidade do Texas, ele e TJ Ford vão atrás de uma bola que está saindo de quadra mas no caminho caem em cima de uma mulher grávida! O marido revoltado parte pra cima de TJ Ford, Ivey parte pra separar a briga e logo em seguida uma caralhada de gente de laranja pula em cima do marido doido e de TJ! Pastelão.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.