>Dia de Clippers

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A cara do Ray Allen explica a situação

Como conclusão ao jogo de ontem entre Magic e Celtics eu disse no Twitter que o Celtics estava vivendo o seu dia de Clippers, o time mais amaldiçoado da NBA em termos de azar, derrotas humilhantes e contusões. É estranho para o time mais vencedor a história da liga ter um dia desses, mas acontece nas melhores famílias.

O jogo começou com a série em 3 a 1 para o Celtics, que precisava de mais uma vitória fora de casa para se classificar para a final. Uma missão possível para um time que havia vencido seus últimos 4 jogos fora de Boston (2 contra o Cavs, 2 contra o Magic) e que claramente estava no domínio da série. Mesmo no jogo 4 em que o Magic venceu, não dá pra dizer que o time azul foi dominante. O jogo foi apertado, feio e decidido por alguns flashes de estrelismo de Dwight Howard e Jameer Nelson. O resto do Magic tinha jogado mal como em todos os outros jogos.
Mas dessa vez o Orlando começou diferente. Ou melhor, começou ruim igual aos outros, com três turnovers em menos de 2 minutos de jogo, mas passada essa marca, começaram a jogar bem demais. Vince Carter, Jameer Nelson e Rashard Lewis meteram bolas de 3 logo no começo do jogo e impulsionaram o resto do time a acertar suas bolas de longa distância. Foram 13 acertos em 25 tentativas. O Celtics ameaçou uma reação ainda no primeiro quarto, mas sempre a resposta vinha com bolas de três ou na defesa, com tocos espetaculares do Dwight Howard, que fez seu melhor jogo defensivo na série.
No ataque o Dwight estava bem, mas sendo bem menos envolvido do que nos jogos anteriores. Curiosamente é assim que o Magic joga melhor, quanto mais o Dwight pega na bola, menos o resto do time participa do jogo, menos a bola roda, mais o time é previsível e piores são os resultados. E chance para usar bastante o Dwight Howard não faltaram, já que a zica do Celtics começou quando o Kendrick Perkins, o único que consegue segurar o Dwight no 1-contra-1, foi expulso do jogo por duas faltas técnicas. Abaixo o vídeo das duas faltas com narração em chinês da saudosa Star Sports, nossa companheira dos tempos em que só dava pra ver NBA na internet com links bizarros da China.
A primeira falta técnica parece ter sido por causa de uma cotovelada depois que o seu braço escorregou e a segunda depois de uma reclamação exaltada. Duas faltas técnicas bem ridículas, mas justificadas em parte pelo histórico do Perk, líder em faltas técnicas nos playoffs e segundo colocado na mesma categoria na temporada regular. A segunda falta técnica causou a expulsão dele do jogo de ontem e teria causado também a suspensão dele para o próximo jogo, por ser a 7ª falta desse tipo na pós-temporada, mas hoje a NBA disse que ela foi retirada, garantindo o Celtics com seu quinteto titular completo para o jogo 6.
Dá pra analisar essa segunda técnica em cima do Perkins sob duas óticas: a primeira dizendo que ele foi injustiçado, já que além de ter razão em reclamar da marcação da falta, foi uma reação bem comum em um jogo da NBA. Por outro lado, porém, podemos dizer que não deveria ser uma reação normal em um jogo da NBA. Os juízes, cedo ou tarde, devem começar a ser mais duros com tantas reclamações e xingamentos que são obrigados a ouvir mesmo quando acertam as marcações. O ponto é que Perkins foi mais um chato reclamão ontem, grosseiro como é sempre, mas Dwight Howard, Vince Carter, Paul Pierce e o Rasheed Wallace também foram e não receberam falta técnica. Como diria o Arnaldo, “Faltou critério”.
Mas a noite do Celtics estava longe de acabar, esse foi só o primeiro problema. Se não bastasse o jogo mais apagado de Rajon Rondo em muito tempo, que estava sendo engolido pelo Jameer Nelson, Paul Pierce não acertava um arremesso e ainda quase se machucou feio em mais uma falta dura de Dwight Howard nessa série:
Depois dele foi a vez do Glen Davis ser mais uma vítima de Dwight Howard. Sem querer, o pivô do Magic atingiu o rosto do Big Baby com seu fraco e delicado cotovelo. O resultado foi um nocaute digno dos melhores dias de Mike Tyson.
Mas não é só isso! Na compra de uma expulsão e uma concussão você leva uma segunda pancada na cabeça totalmente de graça! Dessa vez foi Marquis Daniels, que foi pro jogo e meteu a cabeça no peito do Marcin Gortat, o homem com o peito mais duro do mundo.
O engraçado é que a jogada não parece tão forte assim, mas o coitado não conseguiu voltar para o jogo e dizem que é dúvida para o jogo 6 em Boston. Outra dúvida? Rasheed Wallace. O único homem capaz de ter mais faltas técnicas que Perkins na temporada regular saiu do jogo com 6 faltas mas também com fortes dores nas costas. Imagina se a NBA tivesse mantido a suspensão no Perkins e eles fossem para o decisivo jogo 6 sem Rasheed, Glen Davis e Perkins? Seriam obrigados a usar Shelden Williams, o homem com o formato de cabeça mais estranho da NBA, e Brian Scalabrine para parar Dwight Howard! Para sorte deles a suspensão é que foi suspensa e os dois machucados garantiram que estarão em quadra. Vamos esperar e ver.
Apesar do cenário Clipperiano, o Celtics ainda chegou no último período com uma diferença pequena atrás do Magic, que acabou aumentando drasticamente quando Jameer Nelson e depois Rashard Lewis entraram em ação. O armador já tinha sido o herói da vitória na prorrogação do jogo 4, mas o que foi horrível para o Celtics foi ver o Rashard finalmente se sentindo à vontade no jogo. Como disse antes, o jogo 4 não havia sido trágico para os verdinhos porque eles ainda pareciam no controle, mas aquela derrota acabou acordando muitos jogadores do Magic que estavam apagados. Rashard Lewis foi o destaque do último período e antes dele Matt Barnes e Jason Williams também tiveram boas atuações. Se você colocar na conta que o JJ Redick é um dos poucos bons jogadores desde o jogo 1, vai perceber que só falta o Vince Carter parar de parecer o Adam Morrison em quadra para o Magic voltar a ter força total.
O dia de Clippers acontece com todo mundo, provavelmente o Celtics não vai ter tanto azar e tantas coisas contra eles no mesmo jogo de novo, mas bastou acontecer uma vez para deixar o Orlando Magic (e meio mundo!) acreditando que pode ser o primeiro time da história da NBA a virar uma série de 0-3 para 4-3.
Razões para isso eles tem. Agora falta apenas uma vitória fora de casa para igualar a série e levar a decisão para casa, com o Celtics contra a parede com medo de entrar para a história pelo pior dos motivos. E para acreditar que dava pra vencer esse jogo 6 o Magic precisava ver o que viu ontem à noite: Rashard Lewis em forma, Jameer Nelson enfrentando de igual pra igual o espetacular Rajon Rondo, a movimentação de bola funcionando e o Celtics finalmente não parecendo um time perfeito e invencível. Tá bom, ainda falta o Vince Carter começar a jogar, mas alguém ainda acha mesmo que o Magic precisa desesperadamente dele? Eu acho que não, se ele jogar bem, ótimo, eles ficam ainda melhores, mas se ele continuar apagado basta que o trio Nelson-Lewis-Dwight jogue bem para que o time ainda fique em altíssimo nível e com chances de bater o Celtics.
Para o jogo 6 eu não aposto no Celtics abalado, acho que eles são experientes o bastante para lidar com essa situação e esse é um grupo que costuma atuar bem sob pressão. A grande diferença mesmo é que essa será a primeira vez desde o jogo 1 que o Magic não entra em quadra sem confiança, finalmente eles tem um jogo bom para se espelhar. Embalados, tem tudo para jogar seu melhor basquete. Não vou tentar prever resultados porque seria impossível e ridículo, mas essa combinação de Celtics sob pressão, Magic confiante e jogo decisivo para os dois lados tem tudo para render uma das melhores partidas dessa pós-temporada. Nada mal para uma série que parecia acabada há alguns dias, não?

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