>Dor de cabeça adiada

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Chris Paul feliz em ver Ariza na sua frente

Vamos continuar hoje a falar da troca gigante que aconteceu ontem. Pra quem quer saber dos jogadores envolvidos, é só ler o post do Danilo, que analisou como Pacers, Rockets, Nets e Hornets ficam após trocarem alguns jogadores importantes. Hoje, nesse post, daremos mais atenção ao Hornets, que foi meio deixado de lado ontem porque merecia um texto só para ele. A história dessa troca, para eles, é mais demorada e envolve algumas questões mais complexas e até polêmicas.

Tudo começou com uma mudança radical no New Orleans Hornets. O presidente de basquete Hugh Weber mandou embora o ótimo treinador Byron Scott no começo da temporada passada. Tudo bem, dizem que a relação dele com alguns jogadores não era boa, mas para o lugar entrou o então General Manager Jeff Bower, que ficou no time até o fim da temporada com jeitão de técnico temporário. Aí logo depois do Draft, Weber atacou de novo. Mandou embora Bower dos cargos de técnico e GM ao mesmo tempo e chamou o ex-jogador Monty Williams para ter seu primeiro trabalho como técnico à frente do Hornets. (O leitor Lucas me corrigiu dizendo que o Weber primeiro demiriu Bower apenas como técnico, ele continuou como GM, nomeou Monty Williams técnico e aí sim foi mandado embora) Depois nomeou Dell Demps como novo General Manager. Embora Demps tenha experiência como vice-presidente de basquete no Spurs e até como olheiro do mesmo time, nunca havia trabalhado como GM, era outro estreante. Foi o bastante para enfurecer Chris Paul.
O armador já passou da fase de adaptação à NBA e não há duvidas de que ele está na elite da liga atualmente. Alguns podem preferir Deron Williams, Steve Nash ou até Rajon Rondo, mas não há uma pessoa que não coloque o Chris Paul como um dos três melhores armadores do mundo na atualidade. E ele está morrendo de medo de viver o auge da sua carreira em um dos times mais pobres da NBA, que faz trocas pensando mais em questões financeiras do que em basquete e que é treinado e gerido por dois novatos.
Uma vez eu vi o Chris Webber, ex-jogador, dizendo que os jogadores não tem problema em obedecer técnicos novos, mas que dificilmente confiam nele logo de cara. Nas palavras dele, “Jogadores que querem vencer querem ter em volta outros que já venceram antes”. Engraçado que todo técnico campeão tem que ter sido campeão pela primeira vez um dia, mas para os jogadores isso não existe, não querem se arriscar.
O CP3 foi até à direção do time e então exigiu uma troca. Foi o bastante para pipocarem rumores dele no Blazers, no Knicks, no Magic e, claro, no Lakers, o único time que está envolvido em qualquer boato mesmo quando não há qualquer chance de conseguir o jogador. E aqui é o primeiro tema polêmico. O que achar de jogadores que exigem ser trocados?
Eu acho esse um dos temas mais difíceis de ter uma opinião formada. Penso nisso faz tempo porque faz tempo que jogadores pedem para ser trocados, mas é complicado de decidir. Por um lado o jogador tem contrato com o time, acertou por uma quantia zilionária por muitos anos e faz parte do jogo estar em um time bom ou ruim, que tivesse escolhido melhor quando assinou o contrato. Por outro, dinheiro não manda em tudo, não é porque o cara é empregado que ele deve ficar quieto e aceitar tudo. Se ele sente que o time está sendo mal gerido, que foram por caminhos diferentes daqueles prometidos na época do contrato, ele deve ter o direito de contestar.
Pra sair de cima do muro, fico contra os jogadores na maior parte dos casos. Geralmente a razão dada é “quero jogar em um time vencedor”. Tá bom, e eu quero ser rico e comer a Alinne Moraes. Não dá pra ter tudo. A Alinne Moraes é uma só e só tem um namorado, a NBA tem 30 times e não dá pra todos serem bons, alguns jogadores tem que ficar nos ruins, faz parte da brincadeira. Faz mais sentido pedidos de troca como o que o JJ Redick já fez para o Magic, ele estava afundando no banco e queria ir para um lugar onde tivesse tempo de quadra, aí sim!
Tem ainda as consequências do pedido (ou exigência, depende do nível de educação e raiva do jogador). O time não é obrigado a trocá-lo porque ele pediu, mas e como fica o clima no time? Ele vai jogar no mesmo nível ou vai boicotar, como fez o Vince Carter quando estava doido para sair do Toronto Raptors e chegou a contar para um adversário como seria a última jogada do seu time em um jogo empatado?
Talvez a solução para isso esteja nos contratos. Assim como alguns jogadores (poucos) tem a opção de vetar trocas envolvendo eles, alguns jogadores poderiam colocar termos que dão a opção dele poder cobrar uma troca em tal período de tempo. Os times não gostariam, mas talvez jogadores do nível do Chris Paul conseguissem.
Outra polêmica foi o envolvimento do LeBron James, sempre ele, na história. Hoje em dia qualquer história polêmica tem o LeBron no meio, é um Alonso/Schumacher da NBA. Ele é grande amigo do Chris Paul, ficaram muito próximos depois que passaram bastante tempo junto nas Olimpíadas de 2008. E em conversas nessa offseason o LeBron teria (nenhum jornalista americano teve as bolas de afirmar com 100% de certeza que isso aconteceu) aconselhado o Chris Paul a exigir uma troca para não perder tempo em times sem chance de vitória.
Os dois tem, inclusive, o mesmo agente, Leon Rose, que também cuida da carreira de Carmelo Anthony, que junto com CP3 foi cogitado para ir para o New York Knicks no ano que vem para formar um outro trio de ferro com Amar’e Stoudemire. Esse envolvimento de outros jogadores e de outros times com o Leon Rose fez até a NBA soltar uma carta para todos os times dizendo que é proibido abordar um jogador que está sob contrato, deve-se negociar diretamente com o time.
De novo pode-se ver a história sob duas perspectivas. Ou você acha normal o LeBron aconselhar um amigo próximo sobre suas decisões na carreira, ou você acha um absurdo o LeBron ficar metendo o nariz em equipes de que ele não faz parte. Além de ser odiado em Cleveland, seria mal recebido em New Orleans também, que fase! Eu acho normal um amigo dar conselhos para o outro. Os dois são próximos, tem a mesma profissão e eventualmente querem ou precisam de um conselho. Se o Leon Rose ficou oferecendo e negociando com outros times antes da hora, aí sim é sacanagem, mas deixa o LeBron falar o que quiser para o Chris Paul, que é grandinho e vai saber decidir por conta própria.
O Hornets tinha a opção de trocar o Chris Paul e resolver logo essa dor de cabeça. Como o Danilo disse ontem, CP3 é bom, caro, todo mundo sabe disso e dava pra tentar conseguir uma coisa boa em troca, melhor do que conseguiram pelo Darren Collison. Mas isso é a teoria, como seria na prática? O que ofereceram por Chris Paul? Teriam que contar também com o prejuízo que daria perder um dos jogadores que ainda rende venda de camisas, ginásio cheio e jogos na TV. Tanto que para compensar a parte econômica, todos que tentassem Paul teriam que levar o contrato-monstro do Emeka Okafor junto.
Para a imprensa americana, chegaram três propostas de troca. Os times não confirmam que foram exatamente assim, mas as fontes são confiáveis:
1. Blazers: Eles teriam oferecido Nicolas Batum, Andre Miller, Joel Pryzbilla, Jerryd Bayless e a escolha 22 do último Draft pelo Paul. É a típica troca de quantidade por qualidade que o Hornets fez certo em recusar. Mas dizem que houve outra em que ofereceram Greg Oden ao invés de Pryzbilla e Bayless. Essa dava pra considerar, mas seria ainda trocar a certeza pela dúvida.
2. Knicks: Pelo o que dizem, as conversas não avançaram muito, mas o Knicks teria oferecido qualquer coisa do elenco deles com exceção do Amar’e Stoudemire. Isso antes de terem assinado o Ray Felton. Será que valeria a pena trocar Chris Paul por, digamos, Danilo Gallinari e Wilson Chandler? Ou Gallinari e Anthony Randolph? Os dois são bons, mas Ariza faz mais sentido para eles e veio por menos.
3. Magic: A oferta do Magic era de Vince Carter, escolhas de draft e mais alguns jogadores que ninguém sabe, talvez Brandon Bass e/ou Marcin Gortat. A oferta tinha que envolver Carter por causa dos salários e seria uma boa porque o contrato acaba no próximo ano. Ou seja, eles iriam trocar o Paul para usar o Vince por um ano e depois perdê-lo, razões econômicas, não técnicas.
Analisando as propostas que chegaram nas mãos do Hornets, deu para entender o que fizeram. Na teoria era bom trocar o Paul e em troca receber uma outra estrela de uma posição que eles precisavam mais, mas na prática ninguém tinha esse jogador para oferecer. Até porque para o Chris Paul aceitar a troca, ela tinha que envolver um time com potencial. O Pacers poderia mandar o Danny Granger, por exemplo, mas aí o Paul sairia de um time ruim para outro pior.
Outro motivo é que o Collison é pivete, não sabemos até onde ele vai, o Chris Paul já sabemos que é espetacular e pode levar mesmo um time limitado muito longe, como já fez com o mesmo Hornets há 2 anos. O elenco não era tudo isso e eles chegaram até um jogo 7 de semi-final de conferência, o cara é foda!
Depois de toda essa negociação e boataria, o Chris Paul decidiu se reunir com a nova direção da equipe para resolver sua situação. Ele não disse que saiu feliz da reunião, mas que iria dar um tempo com os pedidos de troca e esperar para o time fazer alguma coisa. Eis que ontem eles conseguiram Trevor Ariza e Marco Belinelli, que em uma troca paralela, veio do Raptors em troca do fracassado Julian Wright, um cara que chegou cheio de nome na NBA, mas que nunca teve espaço. Tá bom que quando teve não correspondeu à altura, mas sua grande chance foi no ano passado, quando o técnico Byron Scott disse que ele começaria a temporada como titular. Nove jogos depois Scott foi demitido e Wright afundou de novo no banco.
O italiano pode ser uma boa para o Hornets, mas não o bastante para animar o Chris Paul. Ele, assim como o provável titular Marcus Thornton, é um bom arremessador de longa distância, tipo de jogador que o Paul precisa para ter espaço para infiltrar.
Quem deve fazer mais diferença mesmo é o Trevor Ariza, que é uma espécie de Shawn Marion: tem todas as características de um role player, mas é tão bom, tão bom, que acham que é estrela. Mas não dá pra montar um time em volta do Marion, assim como não dá pra fazer com o Ariza. Em New Orleans ele vai render bem melhor sendo só a terceira, às vezes quarta, opção ofensiva e atuando mais em contra-ataques e se movimentando sem a bola. Vai fazer a festa recebendo bons passes e vai cometer bem menos erros e arremessos forçados do que no ano passado no Rockets.
O Ariza, além de deixar o ataque mais dinâmico, menos previsível e mais veloz, deve oferecer mais opções de contra-ataque e deixar a defesa de perímetro mais forte. Com Paul e Ariza dá pra esperar o Hornets como um dos times com mais roubos de bola por jogo na NBA.
O time ainda tem um garrafão forte com David West e Emeka Okafor. Nenhum dos dois é fora de série, o David West depende muito dos seus arremessos de meia distância e ajuda pouco na defesa e nos rebotes. Mas dá pra entender sua queda de rendimento no ano passado, ele funciona bem quando é bem usado pelo Chris Paul, sem ele não é a mesma coisa. Já o Okafor é um cara de lua, pode fazer 15 pontos, 15 rebotes e 5 tocos numa noite e ficar se ferrando com problemas de falta na outra. Um pouco de regularidade, mesmo sem os jogos espetaculares no meio, já seria um alívio para o torcedor do Hornets.
Não tenho dúvidas de que o time assim ficará bom. Tá bom, tenho um pouco de dúvida porque não conheço o técnico, mas mais importante do que isso é a competição no Oeste. Porque mesmo se o time ficar ótimo, o bicho vai pegar.
Pensa bem, dos oito classificados para os playoffs, qual ficou pior? Talvez o Suns, mas que mesmo assim não está fora da briga depois de trazer Hedo Turkoglu e Josh Childress. E além dos oito, o Warriors ficou bem melhor com David Lee, o Rockets está mais forte com a volta de Yao Ming, chegada de Brad Miller e um tempo maior para entrosar Brooks, Kevin Martin e Luis Scola. Ainda tem o Memphis, com o mesmo bom grupo do ano passado e o Clippers, com a estreia do Blake Griffin. Ou seja, é certeza absoluta de que mesmo bons times, com bons jogadores e que fizeram bons movimentos nessa offseason, vão ficar fora dos playoffs.
O Hornets melhorou e Trevor Ariza deve brilhar por lá, mas quanto tempo até o Chris Paul começar a choramingar por uma troca de novo? Ele disse com todas as palavras “quero lutar por títulos todos os anos”. Se ele pensa assim mesmo, o Hornets só adiou a dor de cabeça.
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