>Draft de 2001 – Segunda rodada (fim!)

>Chegamos, finalmente, ao fim desse longo especial sobre o Draft de 2001.
Hoje veremos os principais nomes da 2ª rodada daquele Draft e, para celebrar e criar polêmica (um jeito apelativo de ganhar comentários durante o locaute), terminamos com o Draft Revisado. Afinal, como seria o Draft de 2001 se os times soubessem no que cada jogador iria se transformar 10 anos depois?

Aqui as outras partes do Especial Draft 2001:

O Top 3
O Top 10
Escolhas 11-20
Escolhas 21-28

….
29- Trenton Hassell (Chicago Bulls, SG)


Para os novatos em Bola Presa pode soar estranho, mas quem é old school lembra: nós já fizemos um especial sobre a carreira do Trenton Hassell! No nosso primeiro ano de blog tínhamos uma seção chamada “Desconhecido do Mês” onde pegávamos um jogador que ninguém conhecia e contávamos sua história ao mesmo tempo que acompanhávamos o seu desempenho jogo-a-jogo durante aquele mês. O Hassell estava no Wolves e durante seu mês de Desconhecido foi para o Nets, rendeu dois posts: Parte 1 e Parte 2.

Se realmente estiver interessado na carreira dele (tem louco pra tudo lendo isso) é só ver esses posts.

30- Gilbert Arenas (Golden State Warriors, PG)


Passei horas matutando o que escrever sobre Gilbert Arenas. Afinal, dá pra escrever um livro sobre a carreira desse cara. Nesses 10 anos ele teve passagens épicas, deploráveis, situações absurdas, já jogou bem a ponto de ser MVP e mal a ponto de ter o pior contrato da liga. Já foi o cara decisivo que nem precisava olhar para saber que fez o arremesso da vitória e já perdeu série de playoff por amarelar nos lances livres. Também já teve o blog mais famoso da NBA e, como Trenton Hassell, foi assunto de posts aqui no Bola Presa. Se vocês digitarem “Arenas” na nossa busca aqui na barra lateral irão encontrar uma porrada de textos sobre ele.

Resolvi separar três pontos que ao todo conseguem mostrar um lado importante, embora pequeno, de sua incrível personalidade e movimentada carreira.

Revanche: Gilbert Arenas guarda mágoas. Ele escolheu usar o número 0 porque dizia que era o número de minutos que as pessoas achavam que ele teria na NBA. Queria usar o número para nunca esquecer que não acreditavam nele, Arenas queria dar uma resposta. Ele tem até um comercial da adidas sobre isso!

Anos depois, em 2006, já consagrado como um grande jogador, ele foi escolhido para participar dos treinos com a seleção norte-americana que se preparava para o Mundial daquele ano. Mas na hora dos cortes, Arenas ficou de fora. Ele não perdoou e jurou vingança a Mike D’Antoni e Nate McMillan, assistentes da seleção e então técnicos de Phoenix Suns e Portland Trail Blazers. Ele disse que faria mais de 50 pontos contra as duas equipes. Deu certo contra o Suns de D’Antoni, quando ele fez 54 pontos e venceu o jogo, mas marcou apenas 9 e saiu derrotado da partida contra o Blazers. Arenas ainda lamentou publicamente o fato de não ter chances de jogar contra a Universidade de Duke, do técnico da seleção Mike Kryzewski.

Bolas decisivas: Gilbert Arenas tem algumas bolas decisivas históricas em sua carreira. Foi um arremesso seu no último segundo que parou uma reação devastadora do Chicago Bulls e garantiu a vitória no jogo 5 de uma série complicada de playoff em 2005. A primeira vencida pelo Wizards em mais de 10 anos!

Em sua temporada mágica, a de 2006-07, chegou a ter uma marca insana de 100% de aproveitamento em bolas em final de quartos ou jogos. E não era só acertar, era com estilo: Contra o Bucks foi de muito longe, contra o Sonics ele fez questão de deixar a camiseta no centro da quadra após a partida (segundo ele, sonhava que a torcida fosse invadir a quadra para levar o souvenir. Não aconteceu). E, por fim, a minha favorita, quando contra o Utah Jazz até se virou de costas antes mesmo da bola cair. Uma das cenas mais legais que eu já vi na minha vida de NBA e que é a primeira do vídeo abaixo:

Mas nem tudo são flores. No jogo 6 da série de playoff contra o Cleveland Cavaliers em 2006, Gilbert Arenas teve dois lances livres para abrir 3 pontos de vantagem a 15 segundos do final e assim ficar perto de garantir uma vitória que levaria a série a um jogo 7. Mas LeBron James chegou na sua orelha e disse “se você errar o jogo é nosso”. Arenas errou os dois lances, na última posse de bola Damon Jones acertou uma bola de 3 pontos e o Cavs ganhou a série. Mas vale a pena lembrar de uma coisa: Isso tudo aconteceu na prorrogação, que por sua vez só aconteceu porque a 2 segundos do fim o Arenas acertou uma bola de 3 quase do meio da quadra.

Inconsequente: Gilbert Arenas não pensa duas vezes antes de falar ou agir. Foi legal quando largou sua camiseta no meio da quadra do Sonics, muito mais legal ainda quando resolvia contar causos da sua vida no seu blog. Lembram quando ele contou da primeira vez em que foi titular de um jogo? Ele começou a partida sendo marcado por um dos melhores defensores da sua posição na história, Gary Payton, e depois de perder a bola algumas vezes e suar para passar do meio da quadra, disse que estava rezando para ser substituído. Quantas vezes um atleta profissional já confessou isso sem a menor vergonha?

Por outro lado ele também não pensou duas vezes na hora de provocar seu companheiro de Wizards Javaris Critentton em um jogo de cartas. Também não pensou duas vezes na hora de se ameaçarem (na brincadeira, diz ele) com armas de fogo dentro dos vestiários. E nem passou pela cabeça dele contar a verdade para os policiais que investigavam o caso, falou que só ele tinha armas e quis poupar o garoto. Intensão boa, até, mas resultado desastroso que resultou em suspensão de Arenas pelo restante da temporada. O caso das armas em 2009 foi o símbolo da decadência de Arenas. Jovem promissor de 2001 até 2005, depois um dos melhores jogadores da NBA (e certamente o mais divertido) para, após uma série de contusões no joelho e declarações desastradas, um jogador polêmico, caro e pouco eficiente.

34- Brian Scalabrine (New Jersey Nets, PF)

Aposto que 99% de quem já viu o Brian Scalabrine jogando pensou “Eu poderia estar lá no lugar dele”. Afinal o cara é um branquelo desengonçado com aparência meio fora de forma e que não parece saber fazer nada direito. Outra coisa que todos já pensaram é “Como diabos esse cara chegou na NBA?”.

A resposta é perturbadora, mas bem simples: Jogando muito bem. Quando jovem, Scalabrine sonhava em ser técnico de basquete, mas logo percebeu que era grande e poderia sim jogar. Fez uma boa carreira no colegial e acabou indo para um Community College sem tradição alguma com basquete, mas onde ele poderia jogar. Ao vencer títulos menores com essa faculdade, chamou a atenção da USC, essa sim uma faculdade tradicional que já revelou jogadores como DeMar DeRozan, OJ Mayo, Cliff Robinson, Paul Westphal e até o lendário Harold “Baby Jordan” Miner. Lá, com todas as bolas de três que você pode imaginar (muitas em jogos e momentos importantes), se tornou ídolo local e o 6º maior cestinha da história da Universidade.

Apesar de não parecer um jogador de basquete na aparência e estilo, nada mais normal do que arriscar um bom arremessador na segunda rodada dos playoffs, certo? O Nets tentou e o Scalabrine, apesar de ter perdido quase toda sua primeira temporada com o pé machucado, foi ficando com resultados satisfatórios. Bons arremessos, salário baixo, todos o adoram no vestiário, é ídolo cult da torcida. Por que não, né? Deu certo com o Celtics, que apostou nele anos depois e foi campeão com o Scalabrine no elenco. Ele até deu entrevista coletiva cheio de marra após a conquista. E ainda puderam se divertir vendo ele fazer algumas das piores jogadas da história da NBA:

37- Mehmet Okur (Detroit Pistons, C)


Lembra que em um dos primeiros posts dessa série eu disse que no começo dos anos 2000 todos os jogadores europeus eram vistos só como arremessadores? Não erraram tanto ao ver isso no Mehmet Okur, apenas menosprezaram muito sua capacidade de fazer algumas coisas além disso e ao pensar que não se adaptaria tão rápido ao basquete norte-americano. O Pistons, sem muito a perder na 37ª escolha, arriscou pegar o Okur e esperar um ano até que ele terminasse seu contrato na Turquia para que ele fosse para a NBA.

No seu primeiro ano, em 2002-03, Okur chamou a atenção mas jogou pouco. Participou mais no seu segundo ano, a temporada 03-04, quando foi peça chave nos playoffs, inclusive na final contra o Lakers. Okur era usado como pivô e fazia a festa da linha dos 3 pontos porque Shaquille O’Neal se recusava a sair do garrafão para defendê-lo.

O problema do sucesso de Okur em rede nacional foi que, por ser um jogador de segunda rodada, seu contrato era curto e logo após ser campeão o pivô se tornou um dos Free Agents mais procurados da NBA. Sem espaço salarial, o Pistons não teve condição de igualar a oferta de 50 milhões por 6 anos feita pelo Utah Jazz. No glorioso estado dos mórmons e dos fãs mais divertidos da NBA, Okur teve carreira sólida, fez boa parceria de garrafão com Carlos Boozer e em 2007 até arranjou um lugarzinho no All-Star Game, foi, aliás, o primeiro jogador do seu país a participar do jogo das estrelas. Hoje, por causa do locaute, Okur está de volta à Turquia no Türk Telekom.

41- Bobby Simmons (Washington Wizards, SF)

Conhecem aquilo que na música é chamado de “one hit wonder”? É quando uma banda fica muito famosa por causa de uma música e depois disso some do mapa. Simmons é uma espécie de one hit wonder da NBA.

Ele chegou na liga de maneira discreta. Foi razoável pela Universidade de DePaul, entrou quase no fim da segunda rodada, foi trocado no dia do Draft do Sonics para o Wizards e pouco jogou (apenas 30 jogos) em seu primeiro ano. No ano seguinte ele esteve envolvido na troca que levou o Richard Hamilton para o Pistons e o Jerry Stackhouse para o Wizards. Simmons foi envolvido como peso morto, para compensar salários, e logo em seguida foi dispensado pelo time de Detroit.

Foi então que de forma mágica o decadente Los Angeles Clippers resolveu apostar no jogador. Sei lá porque, mas deram um contrato de 2 anos para o rapaz! Inexplicavelmente deu certo. No primeiro ano em
LA ele foi um bom reserva, no segundo atuou 38 minutos por jogo, teve média de 17 pontos por partida, 6 rebotes e 43% de aproveitamento nas bolas de 3 pontos. Foi aclamado com toda a razão como o jogador que mais evoluiu na temporada 04-05. Como o Clippers é o Clippers, o contrato do cara acabou e ele foi embora, assinou com o Milwaukee Bucks por uma bolada de 29 milhões por 3 anos, uma loucura, ainda mais quando lemos isso em tempo de locaute.

Foi ladeira abaixo a partir daí. No Bucks ele nunca deu certo, não se firmou e todos os seus números foram despencando ano após ano. Os 17 pontos caíram para 13, 7 e depois 5. Ele ficou fora de forma e não conseguiu espaço nem no Nets quando eles tinham um dos piores elencos da liga. No ano passado até se arriscou na D-League. Muitos chamam o Bobby Simmons de jogador de ano de contrato, um daqueles caras estilo Erick Dampier que só jogam quando estão prestes a assinar um contrato novo. A crítica faz sentido, é claro, mas não sei se é bem assim. Se fosse só questão de vontade ele teria jogado melhor no Wizards antes de ser dispensado e no seu tempo de Nets quando precisava de um time novo.

Sei lá quais foram as razões, mas Simmons deve ser o jogador com carreira menos relevante a já ter ganho um troféu individual na NBA.

……..
É isso, pessoal. Teria como falar de mais gente que teve carreira na NBA, mas aí ficaria ainda maior. Na posição 39 teve o Earl Watson, em 52º o irmão gêmeo do Jason Collins, Jarron. Teve também gente que só brilhou na Europa: Jeff Trepagnier, Robertas Javotkas, Omar Cook e o grego Antonio Fotsis foram todos escolhidos na 2ª rodada. Já na nossa Força Nominal, ninguém levaria o prêmio das mãos do pivô camaronês Ruben Boumtje-Boumtje.

Agora o momento mais esperado. O Draft de 2001 revisitado!
Cornetem minhas decisões nos comentários, mas é assim que eu acho que deveria ter sido o Draft 2001 se os times soubessem o que iria acontecer no futuro.

1- Washigton Wizards – Pau Gasol
Um bom pivô para jogar com o Jordan? Poderia ter dado playoff ao mesmo tempo que era investimento no futuro.

2- Chicago Bulls – Joe Johnson
Iria demorar um pouquinho pra vingar, mas quando desse certo o Bulls teria seu All-Star sem precisar esperar quase uma década pelo Derrick Rose. 

3- Vancouver Grizzlies – Tony Parker
Será que ele renderia tanto sem o Popovich? Aqui eu aposto que sim.

4- Chicago Bulls – Gilbert Arenas
Imagina ele do lado do JJ, que dupla legal demais de armação? Duas personalidades opostas e um poder ofensivo de dar medo em qualquer adversário. Melhor esse Baby Bulls do que o com Chandler e Curry.

5- Golden State Warriors – Jason Richardson
Deu certo, não teria porque mexer.

6- Vancouver/Memphis Grizzlies – Gerald Wallace
Para jogar na correria com o Tony Parker e o cara provou que rende em franquias recém-chegadas à NBA.

7- Houston Rockets – Mehmet Okur
Escolha perfeita. Poderia ser o pivô titular por todos os momentos de adaptação do Yao Ming, que chegaria no ano seguinte, além de jogar em todos os jogos que o chinês iria perder machucado. Os dois até poderiam jogar juntos, com Okur de ala de força.

8- Cleveland Cavaliers – Tyson Chandler
A bola de cristal iria dizer que um pivô forte ajudaria muito o ainda colegial LeBron James.

9- Detroit Pistons – Zach Randolph
A mesma bola de cristal diria que o investimento só daria resultado muitos anos depois. Mas seria quando o time campeão tivesse se desmontado, valeria a paciência e o prejuízo no refeitório.

10- Boston Celtics – Richard Jefferson
Coloque Paul Pierce na posição dois e finalmente alguém para marcar pontos naquele time além do próprio Pierce e do pouco confiável Antoine Walker.

11- Boston Celtics – Troy Murphy
Eles usavam o Walter McCarty e o Antoine Walker na posição 4. Que pelo menos tivessem um que, além de arremessar de 3, conseguisse pegar rebotes.

12- Seattle Supersonics – Shane Battier
Imagina que pesadelo defensivo ter Gary Payton e Shane Battier no mesmo time! E a combinação continuaria dando certo depois com a chegada de Ray Allen. Aliás, onde Battier não daria certo?

13- New Jersey Nets – Eddie Griffin
Ele iria jogar com o Jason Kidd, ir para a final da NBA e se consagrar ao lado do melhor armador daquela época. Menos chances de ficar deprê e afundar a própria carreira.

14- Golden State Warriors – Jamaal Tinsley
Ele não é rápido, mas fazia os outros correrem e adora um improviso. Seria no mínimo divertido para um time que já flertava com o esquema de Don Nelson antes mesmo dele chegar.

15- Orlando Magic – Trenton Hassell
Com a ausência do eterno machucado Grant Hill aquele Magic tinha dificuldades para parar os adversários, um especialista em defesa poderia ajudar.

16- Charlotte Hornets – Eddy Curry
Ah, vai que dá certo, né? O seu parceiro Tyson Chandler só começou a jogar bem quando foi para o Hornets.

17- Toronto Raptors – Kwame Brown
Um jovem pivô defensivo para aprender com o Antonio Davis. E em uma franquia que não tem pressão de torcida e escolhido numa posição que a imprensa não fica em cima pressionando. Dentro de suas limitações teria muito mais chance de ter dado certo.

18- New Jersey Nets – Jason Collins
O cara foi para a final com o Nets, pra que mudar?

19- Portland Trail Blazers – Brendan Haywood
O visionário que fez o Draft iria saber que o Blazers teria todos os seus 700 pivôs machucados nos anos seguintes e iriam precisar de mais reservas para a posição.

20- Cleveland Cavaliers – Vladmir Radmanovic
Bons arremessadores nunca são demais, poderia prevenir o Cavs de anos depois gastar dinheiro com o Donnyell Marshall.

21- Boston Celtics – Raul Lopez
22- Orlando Magic – Samuel Dalembert
23- New Jersey Nets – Rodney White
24- Utah Jazz – Brian Scalabrine
25- Sacramento Kings – Bobby Simmons
26- Philadelphia 76ers – Jeff Trepagnier
27- Vancouver/Memphis Grizzlies – Omar Cook
28- San Antonio Spurs – Earl Watson 

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