>Draftados em 2001 – Escolhas 11 a 20

>Depois de ler os posts que fizemos sobre o Draft de 2001, um sobre o Top 3 e o outro sobre o resto do Top 10, você pode pensar que esse foi o pior Draft da história. Certamente não foi um dos melhores, mas é curioso que o que salva ele da lista de piores é o que iremos começar a ver agora. Os 10 primeiros escolhidos são realmente de nível duvidoso, mas depois começam a aparecer nomes que salvam esse ano. Aos poucos chegamos neles, vamos lá, vocês vão ver.

11- Kedrick Brown, SF (Boston Celtics)


Esperem, esperem, o filet mignon do Draft 2011 está realmente mais para trás, não começa logo na escolha 11. O Kedrick Brown é considerado por alguns como uma das piores escolhas da história do Boston Celtics. Logo após escolherem o Joe Johnson, os verdes tiveram outra escolha e dessa vez erraram feio. Em 3 anos que jogou (pouco) pelo Celtics, Brown mostrou-se atlético, rápido e só, nada de basquete. Não se destacou e acabou sendo trocado assim que o Danny Ainge assumiu a direção do time, indo para o Cavs junto de Tony Battie e Eric Williams em troca de Ricky Davis, Chris Mihm e Michael Stewart. No Cavs durou pouco e depois, no Sixers, jogou apenas 8 jogos.
Hoje Brown joga no Bornova Belediye da Turquia, mas é curioso que em 2009 ele chegou perto de voltar ao Celtics quando se destacou jogando pelo Anaheim Arsenal, um time já extinto da D-League. Na liga de desenvolvimento da NBA ele teve média de 18 pontos por jogo e ameaçou uma volta à liga, mas acabou não sobrando espaço pra ele, que voltou para a Europa. Brown é até hoje o primeiro e último jogador da Okaloosa-Walton Community College a chegar na NBA. Certamente não ficou uma boa impressão.

12- Vladmir Radmanovic, SF/PF (Seattle Supersonics)



Ah, Radmanovic! Saudade dos tempos dele no Lakers (só que ao contrário). Hoje em dia acho que o ala sérvio não seria escolhido tão cedo, mas naquele tempo os grandes arremessadores europeus estavam em alta. O Peja Stojakovic estava vivendo grande momento, Dirk Nowitzki era conhecido apenas como arremessador e essa era a imagem dos europeus em geral. Com exceção talvez de Arvydas Sabonis e Vlade Divac, pivôs, o resto dos atletas do velho mundo eram conhecidos por serem chutadores com pouco físico e nenhuma defesa. Um pouco desse estereótipo dura até hoje, aliás.

O Radmanovic abraçou o estereótipo e aceitou seu papel de arremessador. Em parte, talvez, porque não era bom o bastante para mudar seu jogo como Pau Gasol ou Dirk Nowitzki, em parte também porque foi escolhido por um time que vivia dos arremessos de longa distância e incentivava isso de seus jogadores o tempo todo. Em seu primeiro ano no falecido Sonics, jogava com o ainda bom Gary Payton e dividia bolas de longa distância com um jovem Rashard Lewis. Mas depois Payton foi trocado por Ray Allen e aí o time abraçou de vez as bolas de longa distância. Em 2004-05, com Allen, Lewis, Luke Ridnour, Antonio Daniels e Radmanovic, o time era fora de série nos 3 pontos e mesmo sem bons pivôs fez boa temporada, o que levou o time até o jogo 6 da semi-final do Oeste com o futuro campeão Spurs. Com 11.8 pontos por jogo e papel importante em um bom time, pode ser considerado o melhor ano da carreira de Radmanovic.

Com o desmanche daquele time, Vlad Rad foi para o Clippers, onde jogou pouco e depois foi como Free Agent para o Lakers. Lá ganhou destaque na temporada 2007-08 quando Trevor Ariza se machucou e o sérvio sobrou como titular em um time que foi até a final da liga. Lá vimos os limites do jogador. Como um arremessador que entra e dá uns chutes, ele é ótimo, teve mais de 40% de aproveitamento dos 3 pontos nos seus anos de Lakers, mas quando teve que jogar minutos importantes e marcar Paul Pierce na final se mostrou limitado demais e acabou comprometendo.

Curioso que o que acabou queimando o Radmanovic no Lakers não foi sua defesa ruim ou recursos limitados, mas quando ele machucou o ombro no meio da temporada e mentiu sobre a razão. Disse que havia escorregado e caído com o ombro no chão, mas com a consciência pesando ele foi atrás de Phil Jackson e contou que havia saído para viajar e fazer snowboard. Daí o ótimo apelido “Slalom Radmvanovic”. Hoje, com 30 anos, Radmanovic joga pouco e faz pouco pelo Golden State Warriors.

Abaixo um vídeo em que o Radmanovic diz que os primeiros 10.000 torcedores que chegarem à KeyArena para assistir Sonics x Hawks irão ganhar… um cobertor? Não é à toa que o time acabou

13- Richard Jefferson, SF (Houston Rockets)
Trocado na noite do Draft para o New Jersey Nets em troca de Eddie Griffin



Aqui a lista vai começando a melhorar, acreditem. A imagem que o Richard Jefferson tem com os fãs mais novos não deve ser muito boa, ele foi mal no seu ano de Bucks, terrível na primeira temporada com o Spurs e apenas razoável no ano passado, apesar de ótimo começo de temporada. Mas saibam que antes disso ele teve uma carreira muito boa pelo New Jersey Nets, muito boa mesmo, chegou até a impressionantes 22 pontos e 7 rebotes por jogo na temporada 2004-05, quando quase foi para o All-Star Game.

O que aconteceu é que lá ele estava na situação perfeita. Ele chegou no Nets quando eles haviam acabado de trocar Stephon Marbury por Jason Kidd que, no auge da carreira, fazia qualquer ser humano que  soubesse andar e levantar os braços parecer o cara mais espetacular do mundo. Aquele era um time que tinha forte defesa e fazia pontos de contra-ataques, Jefferson era muito bom nas duas coisas e acabava parecendo até melhor do que era de verdade. É um caso tradicional de cara que só funciona no lugar certo, e ele teve sorte de começar a vida de NBA no lugar certo, a troca pelo Eddie Griffin pode ter salvado sua carreira.

14- Troy Murphy, PF (Golden State Warriors)

Não é estranho como agora a lista começa a ter mais nomes conhecidos do que o fim do Top 10 com DeSagana Diop e Rodney White? Troy Murphy, seguindo a lei que leva o seu sobrenome, teve o oposto da sorte de Richard Jefferson. Apesar de boa carreira, sólidos números e poucas contusões ao longo dos anos, só foi disputar nesse ano, aos 30, sua primeira série de playoff! Quer dizer, sua passagem pelo Celtics foi tão apagada que mal se pode considerar isso, ele só entrou em um jogo da pós-temporada e atuou por 3 minutos. Ele não é mais o bom jogador que impressionou no começo da última década.

Pelo Warriors atuou 5 temporadas e meia e passou dos 10 rebotes de média em 3 delas, nunca deixando de contribuir em pontos (geralmente na casa dos 15 por jogo) e muitas bolas de 3 pontos. Durante alguns anos era um jogador muito valorizado nos jogos de fantasy porque era um dos poucos alas de força que contribuíam em bolas de 3 e rebotes ao mesmo tempo. O resto do jogo não se destacou, o que é engraçado já que no basquete universitário ele até que ganhou certa fama por ter um bom jogo de costas para a cesta e pelo bom passe, mas nunca chegou perto de mostrar isso entre os profissionais.

Ao sair do Warriors continuou a fazer a mesma coisa no Indiana Pacers, que estava em momento péssimo, diga-se de passagem. Manteve os bons números até a temporada retrasada, mas ano passado perdeu espaço no Pacers, foi trocado para o Nets, conseguiu um buyout e então assinou com o Celtics na esperança de finalmente atuar por um time vencedor. Mas chegou no meio da temporada e não teve muito espaço atrás de Kevin Garnett e Glen Davis. Em um Draft com poucos talentos, Murphy foi um que tinha qualidade, mas foi mal aproveitado.

15- Steven Hunter, C (Orlando Magic)

A ilusão do pivô gigantesco no meio do Draft. Uma dica aos General Managers que certamente leem o Bola Presa: Se o cara tem o físico perfeito, a altura perfeita e sobrou até a sua 15ª escolha é porque provavelmente ele não sabe jogar basquete. Com raríssimas exceções de especialistas em defesa (tipo Kendrick Perkins e DeAndre Jordan) os pivôs escolhidos a partir da metade da primeira rodada costumam ser fracassos enormes. Mas toda garota acha que é ela, só ela, que vai transformar o bad boy em príncipe. Não funciona.

O Magic escolheu Steven Hunter para cobrir uma posição que naquele ano de estréia dele era dividia entre o já velho (e baixo para a posição) Horace Grant, o ridículo Andrew DeClerq e, acreditem, Patrick Ewing e seus joelhos castigados por 16 temporadas de NBA. Acreditem, foi triste ver Ewing acabar o ano com média de 6 pontos e jogando em câmera lenta, mas bem melhor do que ver Hunter não fazer nada.

O pivô, pelo seu tamanho e uma suposta boa defesa (que eu nunca vi), ainda conseguiu jogar 3 anos pelo Magic e depois em Phoenix, Philadelphia (onde foi mais relevante, até sendo titular muitas vezes), Denver e Memphis, seu último time em 2009-10.

16- Kirk Haston, PF (Charlotte Hornets)



Outro dia li uma análise de um cara que dizia que o Hornets foi o time que melhor draftou jogadores nos últimos 10 anos. A primeira posição certamente não foi por causa de Kirk Haston e sua aparência de jogador dos anos 50. Ou melhor, ele não é a cara do Phil Dunphy da série Modern Family?

Apesar da boa carreira universitária, poucos acreditavam que ele seria um bom jogador profissional. Não tinha o físico para sua posição de ala de força e muito menos a velocidade para compensar isso. Mas foi nessa temporada que a NBA liberou a defesa por zona e os times começaram a procurar jogadores que soubessem jogar contra essas defesas. Na época comentou-se que Haston, que tinha bom arremesso de meia distância, seria um bom nome para punir times que fechassem o garrafão com uma defesa por zona. Acabou sendo um exagero, já que quase ninguém naquele ano usou essa defesa e Haston não pôde usar seu trunfo.

Acabou ficando só duas temporadas na NBA, jogando 15 jogos na primeira e apenas 12 na segunda! Péssimo para um jogador escolhido no meio da primeira rodada. Ele foi então mandado para a Liga de Desenvolvimento da NBA, onde tinha boa média de 17 pontos e 8 rebotes até machucar feio o joelho e perder suas chances no basquete dos EUA. Ele ainda tentou em 2005 jogar na Itália, mas nova contusão no joelho acabou com as negociações. Hoje Haston é técnico do time da escola onde ele fez o colegial.

17- Michael Bradley, C (Toronto Raptors)

Se estiverem com preguiça de ler é só considerar que a história do Michael Bradley é a mesma do Hunter com um pitaco de Kirk Haston. Se tem um time que, ao contrário do Hornets, nunca foi conhecido por ir bem em Drafts, esse é o Toronto Raptors. E aqui eles também caíram no conto do vigário do pivô dando sopa. Tá bom que Bradley chegou a ter médias de 20 pontos e 10 rebotes no seu último ano de Universidade de Villanova, mas se mesmo com números expressivos ele foi ignorado por todo mundo é porque daí não ia sair nada mesmo.

Ele chegou a ter boas oportunidades nos seus primeiros anos de Raptors, mas o máximo que conseguia ser é aquele pivô que entra para pegar alguns rebotes enquanto o titular toma uma água e se prepara para voltar. Mais discreto e dispensável, impossível. Seu melhor momento na NBA foi seu segundo ano, quando chegou aos 20 minutos por jogo. Mas, precisamos dizer a verdade, era mais porque o titular da posição era o Jerome Williams do que por talento do Bradley.

Depois de passagens por Espanha, Alemanha, Lituânia e Dinamarca ele abandonou a carreira de jogador e hoje é técnico de um time de jogadores colegiais.

18- Jason Collins, C (New Jersey Nets)



Tantos pivôs ruins escolhidos em sequência, um recorde? O recorde de pivôs ruins escolhidos em uma única edição do Draft certamente é desse ano de 2001, chega a dar raiva. E dentro dessa lista de péssimos jogadores até dá pra achar que o Collins é um cara de grande talento e carreira vitoriosa.

Ao lado do outro novato do Nets, Richard Jefferson, Collins teve importância naquele time que chegou às finais contra o Lakers, jogando 18 minutos por jogo. Claro que nas finais sempre entrava em quadra só para tomar uma surra do Shaq, mas com quem era diferente naquela época, certo? E no ano seguinte ele até ganhou a posição de titular do time (que foi de novo para as finais) e se segurou entre os titulares do Nets até a temporada 2007-08. Com números baixos em todos os quesitos possíveis e imagináveis, muita gente sempre o questionou, mas Collins é um desses caras que não são favorecidos pelas estatísticas.

Apenas uma vez lembro que o site 82games.com fez uma lista de números complicadíssimos que tentava mostrar os melhores defensores da NBA e Collins estava entre os primeiros. Com o avanço do plus/minus, que mostra o desempenho do time com cada jogador em quadra, Collins também começou a ser mais reconhecido. Hoje ele é, ao lado de Kendrick Perkins, o cara que melhor consegue marcar o Dwight Howard, o pivô de maior destaque da atualidade.

O pivô do Nets, que depois passou por Grizzlies e hoje está no Hawks, era, porém, um freguês de Yao Ming e outros pivôs mais técnicos. Seu forte é mesmo marcar caras mais físicos e com menos recursos. Apesar de limitadíssimo, poderia ter recebido mais reconhecimento por sua defesa ao longo da carreira.

19- Zach Randolph (Portland Trail Blazers)



Falei que o melhor estava para depois! Dos 7 jogadores desse Draft 2001 que já foram para All-Star Games, Randolph é apenas o terceiro que já apareceu na nossa lista (Gasol e Joe Johnson foram os outros), para vocês verem como a nata ficou muito para trás.

Os novos leitores podem não ter percebido, mas o Zach Randolph é uma espécie de ídolo/piada/mascote/símbolo do Bola Presa. O zoamos muito quando era um gordo preguiçoso e fominha, ele já venceu Prêmio Bola Presa de pior jogada do ano e suas gordurinhas foram um dos assuntos mais discutidos dos nossos posts. Mas ele se redimiu, virou um grande jogador e nos últimos playoffs só não fez mais diferença que Dirk Nowitzki. Quem quer saber mais da história de Z-Bo pode ler esse post que fizemos para oficializar que nosso gordinho favorito não era mais uma piada, mas sim um dos melhores jogadores da NBA atualmente.

20- Brendan Haywood (Cleveland Cavaliers)
Trocado para o Orlando Magic e logo depois para o Washington Wizards antes mesmo da sua primeira temporada na NBA



Eu não estava brincando quando falei do recorde de pivôs! E quando Jason Collins e Brendan Haywood estão entre os melhores da lista é porque a coisa foi braba. O Haywood é um dos exemplos que eu gosto de usar quando questiono se é realmente interessante para um time escolher jogadores muito novos, mesmo que esses pareçam bastante promissores. É inegável que o Haywood teve bons momentos no Wizards e que bons pivôs são difíceis de achar, mas será que valeu a pena investir e esperar durante quase 6 ou 7 anos até que ele começasse a jogar em real alto nível?

Suas primeiras duas temporadas foram na sombra daquele time que o Michael Jordan montou as pressas para tentar chegar aos playoffs. Não era o ideal para um jogador crescer, mas depois ele teve espaço e foi pouco a pouco melhorando o seu jogo. Em 2007-08 apenas é que ele se estabeleceu como pivô titular e passou a jogar bons e consistentes minutos por jogo. Mas dois anos depois, buscando uma reconstrução, Haywood foi usado como moeda de troca ao lado de Caron Butler na troca que fizeram com o Dallas Mavericks. Quer dizer que finalmente quando o cara começa a jogar bem a relação está tão desgastada que é hora dele ir embora? Isso quando o jogador não pede para sair quando vira alguém.

No Mavs ele fez uma boa primeira temporada, o que rendeu uma extensão de contrato bem gorda. Mas então surgiu a chance do Mavs conseguir Tyson Chandler e eles não se incomodaram em pagar muito para Haywood ser reserva. Na sombra de Chandler ele fez temporada discreta e hoje é campeão da NBA.

…..
No próximo post da série fechamos a estranha 1ª rodada de 2001 que teve só 28 escolhas. Mais All-Stars a caminho, aguardem!

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.