>Draftados em 2003 – parte 2

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O Gaines veio do Magic em troca de um pacote de bolachas Água e Sal

Continuamos nossa viagem pelo draft de 2003. Na primeira parte, alguns dos melhores jogadores da NBA na atualidade (e o gordo já esquecido do Michael Sweetney) figuraram nas 10 primeiras escolhas. Agora, na continuação, vamos analisar mais alguns nomes e rir na cara de alguns erros grotescos que vão ficar para sempre na história dos drafts.

11 – Mickael Pietrus (Golden State Warriors)

Quando foi draftado, alguns o chamavam de “o Jordan francês”. Bem, para a defesa deles, podemos dizer que o Pietrus é tão bom no basquete quanto o Jordan era no beiseball. Pietrus sempre foi atlético e, dizem, cravava em cima de todo mundo na França. Nos Estados Unidos deve ter comigo Big Macs demais e nunca foi exatamente especial no quesito enterradas, mas manteve em parte seu atleticismo e mostrou grande talento na defesa. Lembro que em seu segundo ano o Warriors fedia bastante, tomava sacoladas e ele foi publicamente dizer que seu time não se esforçava e que ele não queria jogar com perdedores, ressaltando que se aquilo se mantivesse, pediria para ser trocado. Troféu “Damon Jones” pra ele para o jogador mais insignificante da NBA que se acha em condições de pedir para trocar de time.

Desde então o Warriors mudou um bocado, foi para os playoffs sob comando do técnico Don Nelson e o Pietrus não é um jogador essencial mas tem seu espaço. Assim que o Don Nelson chegou, Pietrus era titular porque, segundo o Nelson, era o único na equipe capaz de praticar qualquer tipo de defesa. Com o tempo o Don Nelson foi ficando mais e mais gagá, deixando essas besteiras de defesa para lá, e o Pietrus agora vem do banco. É sólido, tem seus minutos, e o Warriors pode fazer estrago nos playoffs. Pra mim eles são o time mais divertido da NBA, são tão ofensivos que beira ao ridículo. São como um palhaço de circo: diversão descompromissada que ninguém leva a sério. A não ser o Dallas, claro.

12 – Nick Collison (Seattle Sonics)

O Knicks queria tamanho, confundiu com gordura, e draftou o Sweetney, que tem açúcar até no nome. Se tivesse draftado o Collison, as coisas teriam sido um bocado diferentes. O rapaz é grande, reboteiro e tem um jogo muito refinado no garrafão, cheio de ganchos, giros e essas coisas que os fracotes que não nasceram com o físico do Dwight Howard precisam saber fazer. No Sonics, sofreu bastante por ser continuamente improvisado como pivô, e ainda é obrigado a jogar nessa posição quase todo o tempo. Como o time é o mais novo da NBA e fede bastante, o Collison nunca vai ganhar muita atenção, mas bem que merecia.

13 – Marcus Banks (Memphis Grizzlies)

Eu até desconfio que ele seja bom, mas só desconfio. Foi trocado na noite do draft para o Celtics, onde nunca teve chances. Foi trocado de novo para o Wolves em que teve uma temporada regular mas de que eu sequer me lembro. E então assinou com o Suns, que não é lá muito fã de usar essa coisa esquisita conhecida entre os humanos normais como “banco de reservas”. Vi o Banks em quadra pelo Suns só um punhado de vezes e lembro de algumas boas atuações. É mais armador principal do que o Leandrinho e poderia ter mais minutos em quadra, deixando nosso Barbosa se preocupar menos em armar e mais em arremessar quando o Nash resolve sentar. Mas agora até o Grant Hill joga de armador principal às vezes, o negócio da moda em Phoenix é não usar reservas mesmo. Ainda assim, o Banks sempre vai ter grandes chances de ganhar um anel de campeão. Mas sem jogar não tem muita graça.

14 – Luke Ridnour (Seattle Sonics)

Na época do draft, lembro de ter lido, com essas palavras, que “o Ridnour não conseguiria defender nem uma cadeira”. Fazia sentido, afinal o Ridnour sempre pareceu frágil e delicado, alguém que deveria estar jogando xadrez ao invés de enfrentando gigantes suados. Mas no ataque ele faz sua parte com excelente visão de jogo, velocidade e inteligência elevadas. Para compensar sua defesa sofrível, o Sonics dividia os minutos da armação entre ele e Earl Watson, que é um defensor acima da média. Como a tentativa de fundir os dois jogadores em um único e monstruoso ser híbrido falhou, dividir os minutos foi a única opção. Mas Ridnour foi jogando cada vez menos, cada vez menos, se machucou algumas vezes e agora ninguém sequer se lembra dele em Seattle. Delonte West, vindo do Boston Celtics, é bilhões de vezes melhor que ele e acabou roubando os minutos na armação. Na época, draftar o Ridnour parecia uma boa. Agora, é nitidamente um desperdício. Mas tudo bem, foi uma escolha boa em 2003. Como veremos a seguir, poderia ter sido muito pior.

15 – Reece Gaines (Orlando Magic)

Que time não quer um armador sólido, com notável carreira universitária, que faz de tudo em quadra e pode jogar tanto como armador principal quanto de armador arremessador? Por isso, lá foi o Magic feliz da vida escolher o Reece Gaines. Ele não é excelente em nada mas sabe fazer de tudo, vai ser uma boa! Lembro que naquele ano o site NBA.com criou um jogo novo que consistia em escolher um novato por dia e ver quem adivinhava aquele que jogaria melhor. Na capa da página desse jogo estavam quatro fotos de novatos, de quem esperava-se bons números na temporada. O Reece Gaines estava nessas fotos e essa é a única memória que tenho dele.

Jogou um punhado de jogos, nunca conseguiu fazer coisa alguma, passou por 3 times em apenas 2 anos e foi parar na Itália sem que ninguém sequer soubesse quem ele é. Uma das piores escolhas de todos os drafts enquanto Josh Howard e Leandrinho ainda podiam ter sido escolhidos. Mas, por pior que o Gaines fosse, ele ainda assim não foi a pior escolha do draft daquele ano. Que tal tentar a próxima?

16 – Troy Bell (Boston Celtics)

Um dos melhores armadores do basquete universitário, o recordista de pontos da história do Boston College, líder vocal em quadra, destruidor nos minutos finais das partidas. Um baita de um jogador. Nunca ouviu falar? Ah, isso é porque ele só jogou 6 partidas na NBA. Se você achava que o Olowokandi era o maior desastre de draft que você conhecia, e se pensou segundos atrás que Reece Gaines poderia tomar esse posto, aqui está Troy Bell para mudar definitivamente seu conceito. A foto do Bell está do lado da palavra “fracasso” na Wikipedia. O que diabos aconteceu com ele? O que havia de tão errado em seu jogo que só permitiu que entrasse seis vezes em quadra e nunca mais conseguir emprego nenhum na NBA, fadado à Liga de Desenvolvimento e, agora, ao basquete italiano? Nunca iremos saber.

Para os torcedores do Boston, a única coisa boa sobre o Troy Bell é que ele foi trocado na mesma noite do draft. Ele e a outra escolha do Celtics, Dahntay Jones, foram trocados pelas duas escolhas do Grizzlies, Marcus Banks e Kendrick Perkins. Ou seja, uma troca completamente inútil mas que acabou rendendo o pivô titular do Celtics de hoje em dia. Melhor que o Troy Bell, pelo menos.

17 – Zarko Cabarkapa (Phoenix Suns)

Europeu, grande, branco, arremessa de fora e não sabe defender. Muitos times apostaram nesses desconhecidos vindos do Velho Mundo com esperanças de conseguir o novo Dirk Nowitzki. Pra mesma posição, o Suns poderia ter escolhido o David West, um ala de força com talento comprovado no basquete universitário. Preferiram o Zarko que virou o décimo homem vindo do banco do Suns e, depois, o décimo homem do banco do Warriors. Aliás, o Suns é perito em desperdiçar escolhas de draft. Imagina só se eles tivessem o David West hoje em dia para ajudar no garrafão vindo do banco.

18 – David West (New Orleans Hornets)

Conte para seus filhos que David West e Brian Cook eram os alas de força mais bem cotados do basquete universitário e eles irão gargalhar na sua cara: quem diabos achou que o Cook sabia jogar esse tal de basquetebol? Para a sorte do Hornets, draftaram o West e deixaram o Cook ser o fracasso de outro time. David West foi comendo pelas beiradas, aos pouquinhos, conquistando minutos vindo do banco, e agora é titular absoluto, chuta um monte de traseiros e na temporada passada cansou de ganhar jogos com arremessos de último segundo da cabeça do garrafão. O Hornets tem uma das melhores campanhas do Oeste e, se não tivessem o Morris Peterson, até seriam um time respeitável. David West é uma das peças centrais da equipe e um dia talvez até alguém perceba que ele existe. Ganhar um título costuma ajudar.

19 – Aleksandar Pavlovic (Utah Jazz)

O Jazz precisa de um arremessador de 3 pontos desde os tempos de Moisés e o Pavlovic parecia uma boa opção. O único problema é que ele fedia quando chegou na NBA, não acertava nem o dedo no nariz, e o Jerry Sloan afundou ele no banco. Nem ligaram quando o Pavlovic foi escolhido no draft de expansão pelo Bobcats, depois sendo trocado para o Cavs. Quando o Pavlovic começou a jogar bem em Cleveland, perguntaram para o Sloan o que ele achava de seu crescimento. A resposta foi: “O quê, o Pavlovic ficou mais alto?” Rá, o Sloan deve ser leitor do Bola Presa!

O Pavlovic não é completo, está aprendendo a bater para dentro aos poucos, mas pelo menos ele tem culhões. Na temporada passada, quando o LeBron estava no banco e ninguém tinha as bolas para dar um arremesso sequer, o Pavlovic chamava a responsabilidade e fazia um monte de merda, mas pelo menos fazia. Alguém lá no Cavs acredita nele, pagam uma boa grana, lhe dão a vaga de titular e esperam que ele se torne algo grande um dia. Enquanto isso, o Jazz ainda precisa de alguém que saiba arremessar de fora. Bem feito.

20 – Dahntay Jones (Boston Celtics)

Ele sabe defender. Ele sabe enterrar. Mais alguma coisa? Dizem que também sabe fazer baliza, mas é só. Ele tem aquilo que impressiona técnicos nos treinos: raça, defesa, obediência. Mas não tem aquilo que é essencial para entrar numa quadra de basquete: talento. Ainda assim, sempre haverá lugar para ele na NBA. O que não falta é um time precisando de um jogador defensor para compor o elenco e nunca entrar em quadra. Infelizmente para ele, o Celtics o dispensou rápido demais e ele perdeu a maior chance de ganhar um anel sem sequer jogar e esfregar na cara do Malone. Com o Kings, que o contratou recentemente, o anel não vai vir tão cedo.


Na futura terceira parte desse artigo, as últimas escolhas do primeiro round, incluindo Leandrinho Barbosa; as surpresas do segundo round; o “fenômeno” Lamp; e como seria essa lista se o draft pudesse ser refeito hoje em dia.

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