>Dwight Howard e eu: um caso de amor

>

Dwight é pego pelos bagos

Já faz muito tempo que não tenho medo de descer a lenha no Dwight Howard. Seus movimentos perto do aro são estabanados, lhe falta uma jogada de segurança, é completamente ineficaz fora do garrafão, incapaz de passar a bola para companheiros livres, tem dificuldade em se desmarcar, é um defensor muito fraco no mano-a-mano e tem escolhas bastante questionáveis de posicionamento nos rebotes defensivos. Mas o que mais incomoda não são todas as limitações, naturais para um jogador que chegou à NBA completamente cru, pirralho de tudo, mas sim sua incapacidade de evoluir. Durante as férias sempre surge um ou outro vídeo do Dwight treinando com alguém, de Patrick Ewing a Hakeem Olajuwon, mas é sempre algo curto, raro, e os movimentos que Dwight aprende nunca são utilizados durante as partidas de verdade. Vez ou outra ele dá um arremesso usando a tabela e todo mundo molha as calças de alegria de ver como ele evoluiu e se tornará o novo Tim Duncan, mas então ele passa o jogo inteiro sem tentar de novo. Sua cota de arremessos usando a tabela foi cumprida, aí ele pode voltar a ser o jogador sem habilidade que conhecemos até que volte a dar esse arremesso mais uma vez no ano seguinte.

Agora, finalmente, sou obrigado a mudar de ideia. Dwight voltou bastante diferente para essa temporada depois de uma série intensiva de treinamentos com o Olajuwon. Os arremessos usando a tabela são mais frequentes, os ganchos mais eficientes, e embora todos os times da NBA ainda tentem empurrá-lo para fora do garrafão, Dwight já consegue render nessas situações. Está conseguindo receber mais a bola e agora não é completamente ignorado no quarto período, quando o Magic inteiro se borrava de medo de entregar a bola em suas mãos e ver ele perdendo a bola de forma idiota vez após vez. Os problemas nos rebotes defensivos e sua dificuldade em passar a bola ainda estão lá, mas ver que Dwight evoluiu seu jogo me enche de alegria. Não tem nada mais ridículo do que um jogador que pode ser espetacular mas se considera “trabalho terminado” e quer dominar a NBA do jeito que está. Saber que ele, enfim, está treinando é o bastante para que eu lhe trate com um pouco mais de carinho.

Ontem, contra o Heat, pude comprovar a evolução no jogo do Howard, como se movimenta mais no ataque, recebe mais a bola e tem uma maior gama de possibilidades com a bola em mãos. Sorri de orgulho do meninão, até que o jogo se encaminhava para o final e desceram a porrada nele uma vez. Duas vezes. Três vezes. E o Dwight errou lance livre atrás de lance livre, enquanto a cada posse de bola o Heat chegava um pouco mais perto no placar. O que fazer, se você é um jogador do Magic? Dwight está chutando traseiros, destruindo o garrafão do Heat, e está completamente livre embaixo do aro. Mas se você passar a bola para ele, algum jogador do Miami vai pular no seu pescoço e o pivô do Magic vai cobrar mais lances livres, provavelmente errando as duas tentativas ou no máximo acertando uma delas. Se o Heat for para o ataque e converter, a diferença cairá novamente em pelo menos 1 ponto. E agora?

Quando a água começou a bater na bunda, o Magic simplesmente passou a fingir que o Dwight Howard não estava em quadra. Nada de lhe passar a bola no fim do jogo! Antes era porque ele fazia merda com a bola em mãos, agora é porque lhe enchem de porrada, ele não consegue finalizar com o contato e vai errar todos os lances livres. Sério, parece que um time com o Dwight sempre será punido por colocar a bola em suas mãos. A vitória em cima do Heat veio quando o Jameer Nelson resolveu colocar a bola no bolso, ignorar o pivô, e infiltrar naquele garrafão de manteiga do adversário.

É legal ver que o Dwight andou aprendendo e é um melhor jogador do que era na temporada passada, mas insisto: o Magic é muito melhor quando não passa a bola para ele. Deixem que ele se foque na defesa, nos rebotes ofensivos, no corta-luz para outros jogadores, em congestionar o garrafão. Quanto mais ele toca na bola, menos ela roda para os arremessadores do Magic e maior a chance de que ou cometa um desperdício ou sofra a falta. Talvez contra alguns times seja até legal que o Dwight sofra faltas para que o garrafão adversário tenha que se poupar no banco (como aconteceu com o Pacers, que estava se segurando na atuação fantástica do Roy Hibbert até que ele cometeu a quarta falta e teve que sentar), mas contra o Heat não adianta. Como todo o garrafão da equipe de Miami fede, tanto faz se estão em quadra Joel Anthony, Ilgauskas, Magloire ou Juwan Howard, então todo mundo ficou livre para dar uns pontapés no Dwight. Todo time que for esperto fará o mesmo, e o Heat só não empatou o jogo nos minutos finais porque se negou algumas vezes a fazer falta intencional toda vez que o Dwight tocasse na bola em qualquer lugar da quadra.

O pivô do Magic ainda é um grande jogador, mas nos jogos importantes e nos momentos decisivos ele torna seu time pior quando não se limita às coisas mais básicas. O Heat deveria ter explorado isso ainda mais, mas no momento estão preocupados demais em jogar algo que lembre minimamente basquete. Arrisco dizer que eles tem a pior defesa de pick-and-rolls de toda a NBA na atualidade, e se o Dwight tivesse ficado em quadra apenas fazendo o “pick” com o Jameer Nelson, o jogo teria sido muito mais fácil. Como aprendizado para o Magic, ao menos, tivemos Brandon Bass. Seus arremessos de média distância e seu ataque a cesta tornam o time mais versátil. Não importa se o Dwight é estrela ou não, simpático ou não,aprendendo ou não: seu papel precisa ser limitado, especialmente nos fins de jogos, e o Brandon Bass precisa ganhar mais espaço e mais minutos. A não ser, é claro, que o Dwight apareça na temporada que vem acertando tudo quanto é lance livre. Apenas me garanto o direito de não acreditar em contos-de-fada.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.