>Efeito Dominó

>

Tyreke? Curry? Jennings? Eis o homem mais bem pago dos novatos de 2009

O efeito dominó é até bastante comum no mercado de Free Agents da NBA. Um time consegue o jogador mais desejado e os outros, que tentavam este, vão pegando os próximos da lista. Mas a história que eu vou contar agora é interessante porque não só envolve jogadores da mesma posição, são também quase do mesmo nível, não tem nenhuma estrela e nenhum pé rapado. A escolha de um time por um deles e as substituições podem mostrar mais do que a gente imagina sobre as equipes.
Vamos começar com o Boston Celtics, que tinha dois de seus shooting guards, os jogadores da posição 2, como Free Agents: Tony Allen e Nate Robinson. Os dois são bons, agressivos, mas pecam por não ter muita cabeça. Quando decidem ir pra cima, vão sem pensar nas consequências. Os dois são daqueles jogadores que podem te ganhar um jogo num dia e perder no outro pelas mesmas atitudes.
Já que o Celtics havia confirmado a permanência de Ray Allen, nenhum dos dois poderia ser titular. E quem escolher entre Allen e Robinson para o banco? Tony Allen não tem arremesso, é mais fácil o Ben Wallace acertar uma bola de 3 (merda!) do que ele acertar um jumper de meia distância sem marcação. Mas compensa com bons contra-ataques, infiltrações e marca bem até jogadores mais altos, basta lembrar dele enchendo o saco do Kobe nas finais. Já o Nate Robinson não defende grande coisa (embora seja bastante esforçado e dedicado), mas por mais de uma vez foi a única fonte de inspiração ofensiva do time verde nos playoffs. Em dias em que o Rondo não consegue suas bandejas e o Ray Allen está frio, é importante ter um desafogo como o Nate, que pode fazer bolas de três consecutivas a qualquer momento.
Para o Celtics o ideal era manter os dois, para ter mais opção, mas na hora da preferência, assinaram primeiro com o Nate Robinson, para garantir algum ataque no banco. O Nate também é mais útil porque pode brincar de substituir o Rondo às vezes, por pouco tempo, coisa que o Tony Allen não faz por ter menos controle de bola. Só achei que o Nate Robinson ficou dispensável quando eles assinaram o Von Wafer um tempo depois, mas melhor ter jogadores demais do que de menos.
Ao se ver sem espaço no Celtics, Tony Allen assinou um contrato com o Memphis Grizzlies. Disse que gostava de Boston, sabia que estava saindo de uma franquia vencedora para outra sem a mesma história, atenção e elenco, mas que lá poderia ter mais espaço e jogar mais. Isso é fato. O Grizzlies não confia em Mike Conley na armação e por isso está se esforçando para deslocar OJ Mayo para a posição 1. Na posição 2, concorrendo com Allen, está o novato Xavier Henry, que apesar de todo o talento que pode ter, ainda é um novato. Por fim o Grizzlies sentia falta de um especialista em defesa. Não será nada estranho se o Tony Allen não for titular mas ficar em quadra sempre nos finais de jogos para marcar o armador ou segundo armador adversário.
A necessidade de um defensor no Grizzlies era percebida claramente nos jogos e foi explicitada por uma troca que fizeram no meio da temporada passada e que acabou sendo um dos piores negócios já feito pelo time, incluindo ter mandado o Pau Gasol para o Lakers em troca de um cadarço de tênis. Eles mandaram uma escolha futura de 1ª rodada para o Jazz em troca do Ronnie Brewer. Aí ele chegou em Memphis, jogou exatos 5 jogos, se machucou, ficou fora do resto da temporada, virou Free Agent e deu o fora. Ou seja, uma escolha de 1ª rodada em troca de 80 minutos de jogo.
O Ronnie Brewer faz parte desse efeito dominó esquisito. Ele deixou claro que não queria ficar em Memphis e deu a entender que poderia ir para o Bulls ou voltar para o Jazz. Mas ficou num limbo esperando atitudes dos dois times. O Jazz ainda decidia se igualava ou não a proposta que o Portland Trail Blazers havia feito para o Free Agent restrito Wesley Matthews e o Bulls esperava para ver se o Orlando Magic igualava a oferta feita ao JJ Redick.
O Bulls deixou claro que estava em busca de arremessadores para essa disputada posição de shooting guard. Assinou primeiro com o Kyle Korver e depois foi atrás do JJ Redick, mais do mesmo. O Korver, aliás, era do Jazz (tá começando a virar enredo de Malhação, né?) e foi sua saída que motivou a dúvida frente à proposta milionária para o Wes Matthews, que a princípio nunca seria igualada pelo Utah.
O Orlando Magic surpreendeu todo mundo quando igualou a proposta de 19 milhões por 3 temporadas pelo Redick. Ele nunca foi tão bom para valer tudo isso e parecia pouco provável que o time pagasse isso para um reserva. Mas o técnico Stan Van Gundy, já pensando na provável perda do Matt Barnes e na possível saída de Vince Carter no ano que vem, pressionou, cobrou e conseguiu o seu jogador de volta. Apesar da saída do Barnes, acho que o Redick não tem chances de ser titular. A vaga deve ficar com Mickael Pietrus e o branquelo continua vindo do banco, o que dá pra esperar são mais minutos de quadra. Faz sentido pensar nisso se lembrarmos da ótima série que ele fez contra o Boston Celtics (foi o melhor jogador do time em diversos momentos de apagão) e, claro, se levarmos em consideração a pressão violenta que o treinador fez para a direção do time colocar a mão na carteira. Não que ele seja o salvador da pátria, mas para enfrentar Heat e Celtics no Leste o Magic vai precisar de toda e qualquer ajuda vinda do seu banco de reservas, foi um ótimo gasto exagerado.
O Bulls não ficou em desespero porque ainda haviam outras opções na mesa, e partiu para a oferta a Ronnie Brewer, que ainda contou com incentivos de Kyle Korver e Carlos Boozer, companheiros dele de Jazz que até usaram o termo “Chicago Jazz” para levar o rapaz pra lá. Tentado a abrir a franquia do Jazz no Leste, assinou um contrato de 12 milhões por 3 temporadas com o Bulls.
Apesar do time estar em busca de arremessadores, Brewer não vai fazer feio por lá. Ele tem um bom arremesso de meia distância (não tão bom quanto a do seu companheiro Luol Deng, no entanto), defende muito bem, tem bom aproveitamento em todas as bolas, comete poucos erros, é ótimo e inteligente em contra-ataques (especialidade do Derrick Rose) e saiu incrivelmente barato para o talento que tem. Aliás, li na gringolândia um artigo bem legal um tempo atrás (esqueci o link, perdão) questionando o porquê do contrato do Travis Outlaw (35 milhões por 5 temporadas) ter sido tão maior que o do Brewer. Um é uma eterna promessa de basquete individualista e o outro um jogador sólido, bom em tudo que faz, que não inventa e já consolidado na NBA. Contratos da NBA não são uma ciência exata, amigos.
Pausa pra respirar? Vamos resumir nossa estrada até aqui: O Celtics escolheu o Nate Robinson, que deixou o Tony Allen na mão, que foi para o Grizzlies, liberando o Brewer para o Bulls, que tinha conseguido o Korver e perdido o Redick para o Magic. Anotou tudo? Vamos continuar.
O Jazz ficou sem a volta de Brewer e sem Korver, o queridinho da torcida mórmon. O que fazer? A decisão mais óbvia seria manter o Wesley Matthews, jogador que não foi sequer draftado no ano passado e é mais um achado do Jerry Sloan. Em pouco tempo virou titular, se mostrou um defensor muito acima da média e ainda acertava seus arremessos. Por nem ter sido draftado, ganhou só um contrato minúsculo de 1 ano e logo virou Free Agent, abocanhado pelo Blazers por uma oferta de 34 milhões por 5 temporadas. Vocês tem noção de que isso faz do Wes Matthews o jogador que mais vai ganhar dinheiro entre todos os novatos do ano passado? Mais que Tyreke Evans, Steph Curry, Brandon Jennings, Blake Griffin e etc. Se você não lembra do jogo de Wes Mat, achei um bom mix no VocêTubo:
A proposta do Blazers parece ter duas motivações: a primeira é uma pequena vingança, já que no ano passado eles fizeram uma oferta gigante pelo Paul Millsap que eles tinham certeza que o Jazz não iria igualar, mas se enganaram feio. A segunda é que o Rudy Fernandez está implorando para ser trocado e deve ter seu pedido atendido. Quando ele sair o time fica sem reservas para Brandon Roy. Sem contar que o único reserva do ala Nicolas Batum é um novato que ainda não provou que pode ajudar, o Luke Babbitt, e Matthews poderia quebrar um galho na posição 3 também.
Apesar do preço exorbitante e exagerado, ele vai ser uma boa para o Blazers. Infelizmente é baixo para jogar o tempo todo de ala, mas vai ajudar muito na marcação e para acertar os arremessos de três que Martell Webster, Travis Outlaw e Rudy Fernandez não vão mais chutar.
Lembram do poema “Quadrilha” do Carlos Drummond de Andrade?
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história
O J.Pinto Fernandes da história é o Raja Bell. Esquecido em toda essa saga dos shooting guards, foi o responsável para não deixar o Jazz chupando o dedo. Ele passou toda a temporada passada machucado no Golden State Warriors mas se diz pronto e saudável para voltar a infernizar os adversários com sua boa defesa, trash talk, empurrões e cotoveladas marotas. O Kobe chegou a trocar uma idéia com o Bell para ele ir para o Lakers, mas contrato pequeno por contrato pequeno, resolveu pegar o do Jazz, onde ele já havia jogado nas temporadas 2003-04 e 2004-05. Com a diferença que naqueles anos o Jazz tinha um time horrível, era justamente o intervalo entre a era Malone-Stockton para a Deron-Boozer e Bell foi obrigado, por um tempo, até a jogar de armador principal, onde, por incrível que pareça, se saiu muito bem.
O Raja Bell não está mais na flor da idade, mas na única vez que teve problemas físicos tirou um ano inteiro de folga para se recuperar. Passou nos testes físicos, tem inteligência em quadra para saber como se movimentar no agitado esquema tático do Jazz e é um exímio arremessador de três, irá saber tirar proveito dos passes do Deron Williams e da atenção dada ao Al Jefferson no garrafão. Jerry Sloan é bom, mas é chato, se aceitou Bell de volta é porque gostou do tempo que treinou o jogador. Pagar 10 milhões por 3 anos para o Jazz foi muito mais inteligente do que igualar os 34 milhões para o Wes Matthews, até porque não custa lembrar que as trocas do Eric Maynor e do Ronnie Brewer no ano passado tiveram motivações exclusivamente econômicas, o Jazz tem sofrido com a falta de grana.
No fim das contas essa Quadrilha funcionou melhor que a do Drummond (até porque ninguém se suicidou). O Celtics tem alguém para incendiar o jogo, o Magic manteve o favorito do técnico, o Bulls conseguiu titular e reserva para sua posição mais carente, o Grizzlies o seu especialista em defesa, o Jazz uma opção tão útil quanto e mais barata que o Wes Matthews e o Blazers o reserva que procurava. A saga agora continua com quem parou, o Blazers. Para onde vai Rudy Fernandez? Dizem que o Knicks e o Raptors estão babando para ter o espanhol. Ou o Rudy vai ser a Lili que não ama ninguém?
O Wolves cansou de fazer estoque de armadores e resolveu fazer de jogadores de garrafão. Eles já tem Darko Milicic, Kevin Love, Michael Beasley, Kosta Koufos, Nikola Pekovic e agora contrataram o Anthony Tolliver, que estava sendo disputado também por outros times.
A contratação do fraco Tolliver só merece menção no blog porque ele a anunciou no maior estilo LeBron James. The Decision – Parte 2

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.