>Em busca de um contrato

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“Estou rico!

O Arenas já falou sobre contratos várias vezes no blog dele, principalmente na época do seu mais novo contrato milionário. Com os depoimentos dele e de mais outros jogadores que tenho ouvido com o passar desses anos acompanhando a NBA, deu pra sacar os momentos mais decisivos na parte financeira da vida de um jogador.
No começo todos querem apenas entrar na NBA. Em dia de draft o que não falta é neguinho dizendo que não importa que time o escolha, só quer entrar na liga. Claro que é um discurso político, correto, e que cada um deve ter sua preferência, mas dá pra ver nos olhos dos meninos o medo de ser esquecido, de se tornar o novo Maciej Lampe, Marcus Williams, Darrell Arthur, DeAndre Jordan, ou seja, os caras que todo mundo tem certeza que vão ser escolhas top de linha e acabam sendo esquecidas para o fim do primeiro round e às vezes até para o segundo.
Depois que o cara tem seu contrato garantido na NBA, é um alívio. Principalmente se ele foi drafado na primeira rodada, porque aí tem pelo menos dois anos de contrato garantido para mostrar a que veio. Se der tudo certo o time gosta desses primeiros anos e opta por continuar o contrato, que pode chegar em até 5 anos.
Pode chegar, mas geralmente não chega. Quando o cara é bom mesmo, o time dá um jeito de extender o contrato, com cifras milionárias, antes dele acabar, para não correr o risco do jogador ir embora ou ficar insatisfeito com o time. E é esse o segundo momento decisivo na carreira de um jogador, primeiro ele foi draftado e entrou na NBA, agora é a hora dele conseguir aquele contrato gordinho que vai definir a grana que ele vai ganhar pelo resto da vida. Muitos jogadores não duram na NBA até os 35 anos de idade, muitos não conseguem ou nem querem trabalhar em outra coisa depois do fim de sua carreira, então é esse contrato que define o dinheiro que eles vão levar por boa parte da vida.
Essa offseason teve esse momento decisivo para vários jogadores, a maioria são os draftados em 2005, que tiveram nesses últimos meses a brecha no contrato para assinar uma extensão. Foi então que o Chris Paul, Deron Williams, Monta Ellis e Andrew Bogut conseguiram extensões de contrato por mais 5 anos, todos os três ganhando mais de 10 milhões de verdinhas por temporada. Nada mal.
Mas os três foram as exceções, a regra nesse ano foi o fracasso nas negociações. O que quer dizer que esse será um ano chave para muitos dos jogadores draftados em 2005. Vamos dar uma olhada neles, quer dizer, na situação deles, neles eu não vou olhar nada porque eu não sou o Kassab.
Marvin Williams – Atlanta Hawks

Ele é um coitado. Pra sempre será “o cara que foi escolhido antes do Deron Williams e do Chris Paul”. O Bogut também foi e é pior que os dois armadores, mas pelo menos ele é um pivô bom (o que é raro) e dá conta do recado. O Marvin Williams, em compensação, sofreu pra ganhar a vaga de titular no Hawks e tem gente que acha que se o Childress continuasse por lá ele não merecia nem isso.
E estamos falando do Hawks, não do Corinthians, onde tem que ser muito bom pra ser titular, né, Carlos Alberto?
Mas o fato é que esse ano, mesmo que seja por falta de concorrência, ele é titular no Hawks e tem que mostrar a que veio. Ele tem vivência de NBA e tem os minutos em quadra, não tem mais desculpa pra dar. A qualidade da sua temporada é que vai decidir se ele ganha uma extensão de contrato à la Bogut, Deron e Paul, se ele ganha uma extensão de jogador mais ou menos ou se eles só deixam quieto e ano que vem o Marvin Williams está em outro time.
Raymond Felton – Charlotte Bobcats

Este está em uma situação complicadíssima. O time não extendeu seu contrato, draftou um cara da mesma posição que ele e ainda por cima contratou o técnico que mais implica com armadores! Como ele vai sair dessa?
Eu acho o Felton muito bom, o cara tem talento pra caramba e pode ter médias de uns 16 pontos e 8 assistências em qualquer lugar, mas será que isso basta para o Larry Brown? Não duvido nada que até o fim da temporada ele possa dar o fora e seja outro time que esteja pensando se deve ou não dar grana pro Felton quando o contrato acabar.
David Lee – New York Knicks

Ainda tem tempo para assinar essas extensões antes de começar a temporada. Ontem mesmo o New York Times fez uma matéria falando da extensão do David Lee e do Nate Robinson, ambos draftados em 2005, dizendo que pelo jeito o Knicks ainda vai dar um tempo e esperar essa temporada passar.
Primeiro eu pensei que era uma burrada. Os dois jogadores estão jogando bem na pré-temporada, parecem ser dois dos que mais vão se destacar com o D’Antoni e daqui uma temporada vão ter um preço bem mais salgado do que têm agora. Em época de crise financeira eles deveriam saber que você compra quando o preço das ações está em baixa, quando sobe fica mais difícil.
Mas pensando por outro lado, acho que consigo farejar o sentido disso tudo. Assinar uma extensão, mesmo que mais barata, significa ter contratos em 2010, o fatídico ano do LeBron como Free Agent que o Knicks tanto quer. Então acho que o Knicks quer ter certeza do que está fazendo; se é pra ter um contrato em 2010, que seja de um jogador realmente bom. Então é melhor ter o David Lee ganhando mais mas com certeza de que ele será muito bom do que ter o David Lee por menos mas com medo de que ele vire só mais um bom jogador de banco como foi até hoje na carreira.
Em resumo. Se é pra gastar, que seja com jogadores que impressionam o LeBron.
Channing Frye – Portland Trail Blazers

É a primeira metade do problema do Portland. A gente aqui no Bola Presa adora o Portland e já falamos bastante deles e como deu pra perceber, o que não falta por lá é jogador bom, a maioria jovens e esperando o seu momento de ganhar a extensão de contrato. Mas a verdade é que tirando o Roy, Oden e Aldridge, ninguém tem contrato garantido, estão todos lutando entre si pra ver quem fica com contrato gordo, quem fica com contrato de pedreiro e quem vai jogar no Thunder e nunca vai ganhar um título.

O Frye é um dos que menos impressionou no ano passado embora não seja ruim. Ele é mediano, tem um bom arremesso e quebra um galhão, mas sem dúvida o Rudy, o Bayless e o Outlaw chamam mais a atenção. Mas a diferença é que o Frye pode jogar de pivô, enquanto todos os outros jogam nas posições dos baixinhos. O Portland, então, gasta boa parte de seu valioso espaço na folha salarial com o Frye só porque é mais difícil achar um pivô? E corre o risco de ficar sem espaço de assinar o Outlaw, por exemplo? Ou deixa o Frye ir embora e se vira com os Pryzbillas da vida?
O Frye pode acabar com essas dúvidas se feder ou se chutar traseiros nessa temporada. Se for mediano mais uma vez, aí fica com o Portland a decisão.

Martell Webster – Portland Trail Blazers

A sexta escolha do draft de 2005 é a outra metade do problema. Ele finalmente saiu do banco de reservas na temporada passada e fez bons jogos, depois começou a pré-temporada com uma partida sensacional e aí se machucou e vai perder o começo da temporada.
Ele deve se dar bem na NBA, não sei se a ponto de ser um fora de série, mas vai ser bom. O problema é que será que ele quer ser bom no banco do Portland? O Travis Outlaw já disse que se for para não ter minutos no Blazers, ele vai jogar em outro lugar. Como os dois disputam a vaga de Small Forward no time, talvez tenha espaço para um só. Assinar o Webster com um bom contrato poderia significar, nas entrelinhas, dizer para o Outlaw que ele pode sair.
Claro que isso é só um ponto de vista, com muita conversa e negociação talvez até dê pra manter todo mundo ou nenhum dos dois, não é uma ciência exata. Mas a extensão do Webster é um capítulo importante nessa novela sem Flora e Donatela mas com alguns favoritos e nenhum Zé Bob pra contar a história.

Jason Maxiell – Detroit Pistons

Esse é o caso mais diferente de todos. O Pistons não tem nenhuma dúvida de que quer extender o contrato do Maxiell e não quer dar mais um ano para ele mostrar a que veio. Eles sabem que o Maxiell veio para enterrar na cabeça das pessoas e ter músculos do tamanho do fracasso do Kwame Brown.
O problema é que o Maxiell se acha melhor do que o Pistons acha. O Pistons ofereceu uma extensão de três anos no valor de 15 milhões de doletas, segundo minha professora de matemática isso daria mais ou menos uns 5 milhões de dinheiros por ano. Não é nada mal mas o Maxiell, vendo caras como o Turiaf receberem contratos parecidos, sabe que pode ganhar mais.
Se ele não tiver contrato extendido agora, na próxima temporada ele será um Free Agent restrito, ou seja, se o Pistons quiser ficar com ele, tem que oferecer o que o Maxiell pede ou correr o risco de ver outro time oferecer mais grana ainda e aí só poder igualar a oferta, pagando mais do que pretendia. O legal pro Pistons é o fenômeno do “ano de contrato”. Todo ano tem jogador em ano de renovar contrato e aí treina mais, joga mais, fica mais competitivo, tudo isso que o Maxiell já faz e poderia fazer em dobro! Isso já aconteceu com o Darius Miles, com o Erick Dampier e um monte de gente que depois dos milhões nunca mais voltou a jogar bem, mas por um ano pelo menos, é uma maravilha.
Andrew Bynum – LA Lakers

Chegamos na décima escolha daquele ano, o Bynum. O empresário dele já disse que queria ter fechado um contrato antes dessa temporada e que queria um contrato máximo. Mas veja bem, se você pensar direito, perceberá que em 2005-06 o Bynum quase não entrou em quadra, em 2006-07 jogou mais tempo, mas sem grande destaque e nesses seus dois anos o seu grande feito tinha sido apenas ter brigado com o Shaq.
Então no ano passado, na sua terceira temporada, ele jogou demais, teve média de double-double e arrasou com muitos jogos. Até ter uma contusão grave no joelho. Então em três temporadas na NBA ele jogou bem durante meia temporada e teve uma contusão de risco. Convenhamos, não é à toa que o Lakers quer esperar um pouco mais antes de assinar um contrato longo e gordo com o pivô.
Imagino que a idéia do Lakers é ver como o Bynum se sai nessa temporada e como o Odom se sai também, porque o Odom também é Free Agent na próxima temporada. De acordo com o desempenho dos dois, o Lakers pode tentar trocar o Odom no meio da temporada, pode deixar o Odom ir embora e dar um contrato máximo para o Bynum, pode tentar um contrato mediano com os dois, sei lá. Mas acho correto o Lakers esperar para ver o que o Bynum realmente pode fazer em quadra em uma temporada que ele entra como estrela, com responsabilidade nas costas e com um joelho operado.

Danny Granger – Indiana Pacers

Um dos apelidos mais legais da NBA (Granny Danger) e junto com o TJ Ford é, de longe, o melhor jogador do Pacers, o que deixa o caso dele ainda mais legal de se acompanhar.
Ninguém duvida da importância do Bynum pro Lakers, do Felton para o Bobcats e do Lee para o Knicks, mas nenhum deles é reconhecidamente e explicitamente o líder da equipe em quadra como o Granger é. Ele foi o melhor jogador do Pacers na temporada passada e na teoria é em volta dele que o Pacers deveria construir o seu time, mas parece que eles ainda têm algumas dúvidas.
Como estou bem humorado hoje, mais uma vez eu concordo com a escolha do time em adiar a decisão. O Granger tem jogado bem e tem muito talento, mas ele também está em um time horrível, onde não é muito difícil ser o melhor jogador. Então será que o Pacers pode realmente ir longe sendo liderados pelo Danny Granger? Tem gente que diz que não importa, que é melhor ele do que nada, mas eu discordo. Acho melhor ter um time horrível e conseguir uma boa escolha de draft do que ficar dando contratos gigantescos para jogadores medianos só com medo de passar vergonha.
Nada é mais broxante para um torcedor do que ter um time mediano com jogadores medianos. Você fica sem esperança de título, sem esperança no draft do ano seguinte, não tem de quem ser fã no time e às vezes o time é tão mediano que não tem nem quem odiar. Um saco.
Então deixa o cara jogar. Ele vai ter um bom armador do seu lado nesse ano, o TJ Ford, e é a chance pra ele mostrar se pode ser um líder. Se puder, ótimo, grana pra ele, se não puder, ofereça menos, se ele não aceitar, que vá para o Clippers.
Detalhe: Tente procurar por fotos do “Granger” no Google e você só vai achar aquela bruxinha firmeza. Harry Potter faz mais sucesso que o Pacers.
Coloquei aqui os casos que acho que vão ser mais legais de acompanhar, mas o draft de 2005 tem outros casos de jogadores que estão em busca da sua chance de continuar na NBA, como Linas Kleiza, Hakim Warrick, Johan Petro e o Tony Ramos do mundo bizarro, o Charlie Villanueva.
Bufunfa neles!
Vocês já viram o Barack Obama batendo uma bola? O Wizards poderia aproveitar que ele vai estar lá em Washington todo dia.

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