>Enterradas para petiscar

>

Não se preocupe em decorar o nome de nenhum
dos dois nessa foto, eles só jogam na D-League

A sexta-feira do fim de semana das estrelas na NBA costuma ser meio morno, com o jogo das celebridades que ninguém conhece (nenhuma delas participou de Big Brother, não saiu pelada e nem faz novela, aí fica difícil) e o jogo dos novatos contra os segundo-anistas, que costuma ser divertido e tenta desesperadamente salvar a noite. Dessa vez a NBA resolveu rechear a noite com enterradas pra dar uma animada (o David Stern não sabe que para animar a torcida basta mulher e bebida), embora a maioria delas tenha acontecido ao mesmo tempo que o jogo dos novatos. Ou seja, o pessoal teve boas intenções, ideias interessantes, mas não sabem sequer fazer com que três simples eventos não aconteçam ao mesmo tempo. Com certeza deram a função de decidir os horários para o babaca que faz a tabela de jogos da temporada regular da NBA, já viram quantas vezes times enfrentam o mesmo adversário em dias seguidos, cada dia numa cidade? É como se os jogos de ida e volta da “Libertadores da América” fossem um dia depois do outro, não parece uma ideia excelente?

Enquanto o jogo dos novatos contra os segundo-anistas rolava solto, entrou no ar ao vivo pelo site da NBA o “Slam Dunk Showdown”, que era o campeonato de enterradas dos amadores. Aliás, a transmissão foi um tanto “ao vivo” demais, com direito a gente arrumando a quadra, teste de microfones e muita enrolação. Quando finalmente o campeonato ia começar, o tal de Drake começou a cantar uma música insuportável e interminável. O chat da transmissão começou a ficar inundado com mensagens cogitando suicídio, gente questionando o que diabos o Drake fazia lá e muitos desistindo daquela palhaçada. Alguém me explica o porquê de todo mundo achar que basquete e música tem tudo a ver? Como o Denis respondeu tão bem lá no “Both Teams Played Hard” (que não pára de receber perguntas nem por um segundo, estamos correndo o máximo que dá!), basquete e hip-hop só têm em comum o fato de que são duas coisas que os negros fazem melhor do que os brancos. Não entendo o motivo de todo evento da NBA ser recheado de música chata, se eu quisesse música chata eu baixa ilegalmente, quer dizer, eu ia no show ou então comprava meu CD legalmente numa loja credenciada.
Meus olhos se encheram de lágrimas quando o Drake parou de cantar, mas aí o LeBron entrou na quadra e começou a dublar a música enquanto o Drake voltava a cantar. Constantemente tenho uma sensação muito estranha com relação ao LeBron James, parece que ele é o Kobe querendo brincar de Shaq. O Kobe é divertido, é engraçado, mas não tem jeito, ele é um nerd de basquete, focado, competitivo, e não fica muito à vontade fazendo palhaçada na frente de todo mundo. Dizem que o LeBron é hilariante nos vestiários mas ele também é focado demais, sério demais quando existe para o resto do mundo e toda vez que ele tenta ser o Shaq e fazer essas palhaçadas em público fica um gosto amargo na boca, como se fosse fajuto, dá um pouco de vergonha alheia e a gente torce pra terminar logo.
Quando finalmente acabou e o LeBron sentou na mesa dos juízes para o campeonato de enterradas (o amarelão preferiu julgar do que manter sua palavra e participar), foi a vez do apresentador do espetáculo tentar me convencer a enfiar uns pregos na cara e pular pela janela. O sujeito é sem dúvida um dos caras mais chatos que eu já vi na vida, gritou o tempo todo, nunca parou de falar, desconcentrou todos os participantes, tirou a graça das enterradas com comentários idiotas, desanimou a torcida exigindo um monte de besteiras como braços para o alto, e só faltou simplesmente desligar a luz do ginásio e mandar todo mundo pra casa. Foi tão broxante a presença do sujeito que se eu ficar lembrando dele por muito tempo, minha vida sexual vai virar farofa. Alguns dos participantes ficaram constrangidos, pra não dizer “putos da vida”, quando tentavam alguma enterrada mirabolante e o apresentador ficava lá gritando coisas como “aaaah, ele errou, mais ainda tem tempo, ainda tem tempo, vamos ver o que ele vai fazer, vamos ver, vamos, estou louco pra ver, o que será, o tempo está acabando, ele vai correr?”.
É por isso que o Bola Presa faz um serviço de utilidade pública e coloca abaixo o resumo do campeonato amador – sem o áudio do animador! Basta assistir ao vídeo abaixo, ignorar todos os participantes, e ver o “Air up there” simplesmente dominar o mundo, cuspir na cara dos outros seres humanos e limpar a bunda com a gravidade:
É essencial avisar, no entanto, que o “Air up there” errou duas enterradas. Enquanto os outros competidores erraram trocentas vezes até acertar o que queriam, o “Air” acertou tudo de primeira – até tentar o seu famoso “720 graus”. Quando errou, ao invés de tentar de novo e de novo e de novo até nossos cérebros derreterem pelas orelhas, ele trocou por outra enterrada. Depois, errou a sua anunciada enterrada em que passaria a bola duas vezes por debaixo das pernas. Quando errou, trocou essa enterrada pelo 360 graus que termina num reverse, uma das coisas mais surreais que eu já vi e que ganharia fácil a imensa maioria dos campeonatos de enterrada “de verdade” que já aconteceram nas últimas décadas.
Esse lance de trocar de enterrada após o primeiro erro vai diretamente contra a famosa “escola Nate Robinson de enterradas”, que dita que o jogador deve tentar a mesma enterrada um ziribilhão de vezes até conseguir. No intervalo do jogo dos novatos contra os segundo-anistas, Eric Gordon (um arremessador de três pontos que não deveria estar ali e é um membro da escola Nate Robinson de enterradas) e o DeMar DeRozan se enfrentaram pela chance de ir para o campeonato de enterradas de gente grande, que acontece no sábado. O resultado foi bastante “bleh”, mas as enterradas do Eric Gordon foram bem melhores do que as do DeRozan. Quem diria que o arremessador conseguiria cravar com tanta força, o único problema é que ele tentou bilhões de vezes para acertar cada uma, o povo é burro na hora de votar e aí o DeRozan vai para o campeonato enquanto o Eric Gordon volta pra casa. Se alguém quiser ver a disputa entre os dois na íntegra, tem esse link aqui, mas eu não recomendo porque a maior parte dele é o Eric Gordon errando enterrada. Recomendo o resumão abaixo, que só tem a parte bonita, os acertos, a parte nobre, e a gente não tem que chorar pensando em como a humanidade faz um monte de besteiras. Ponto alto dessa disputa: não tinha nenhum apresentador enchendo o saco.
Quando o jogo dos novatos voltou a passar, foi a hora de começar o campeonato de enterrada da D-League, a liga de desenvolvimento da NBA. É para lá que a NBA manda os jogadores que precisam de uma forcinha e ainda não estão maduros para jogar de verdade. Ou, se me permitirem falar a verdade, é para lá que a NBA manda os jogadores que foram draftados, não prestam, mas despedir o cara vai dar muito na telha que a escolha de draft foi uma merda e os fãs vão cair matando. Ou seja, tem um monte de gente lá que poderia ser boa mas não é, e um monte de gente que acabou sendo ignorado pela NBA, pelo draft ou até por universidades querendo conseguir uma chance. É uma liga forte, com bons jogadores, mas ninguém dá a mínima porque eles são “o resto”. Nas enterradas, pelo menos, eles mostraram que são pra valer. Praticamente todas as enterradas foram melhores do que as dos amadores, pra mostrar que os profissionais estão mesmo em outro nível, mais o “Air up there” não conta, claro. A única enterrada da D-League que poderia rivalizar com o “Air” foi essa cravada alucinante do Dar Tucker em cima de um maluco de 2,11m de altura! Um absurdo, faz o Nate Robinson passar vergonha, o Carter ter boas lembranças, e o “Air up there” cheirar um confronto de verdade. Todas as enterradas do pessoal da D-League, incluindo a do Dar Tucker que foi surreal, dá pra assistir no vídeo abaixo:
Hoje, sábado, às 23h30 na ESPN, temos o campeonato de enterradas de verdade, além do campeonato de três pontos, desafio de habilidades e o desafio de quem-repete-o-meu-arremesso que eu convencionei traduzir como CAVALO (sei lá porque chamam de HORSE em inglês). Mas a noite de sexta teve sua dose de enterradas absurdas para dar um gostinho no meio da transmissão do jogo dos novatos. Teve também sua dose de apresentadores insuportáveis que me fizeram questionar meu gosto pela vida, mas disso a gente esquece rápido, as enterradas valeram. Só espero que, essa noite, as enterradas sejam ainda melhores.
Fique de olho nos eventos de hoje, apareça às 23h30 aqui no Bola Presa para acompanhar nossa cobertura em tempo real (e deixar perguntas e comentários), e descubra como você está se saindo na nossa promoção em parceria com a adidas. Depois dos eventos, durma direitinho e reserve seu domingo para assistir ao All-Star Game com a gente lá no O’Malley’s! Não se esqueça!

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