>Exilado no Canadá

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Shawn Marion mostra o número de
meses em que jogará no Raptors
Existe um joguinho ocorrendo entre os dirigentes da NBA para se divertir um pouco que não tem necessariamente nenhuma relação com ganhar partidas de basquete. Numa espécie de “Jogo do Mico” da vida real, o último time que ficar com o Marcus Banks perde. O Celtics se livrou dele na grotesca troca com o Wolves pelo Olowakandi. O time de Minessota não renovou o seu contrato mas o Suns quis continuar a brincadeira (dirigentes são entediados, sabe como é), assinou o Banks e mandou ele para o Heat na troca do Shaq. Agora, Marcus Banks acaba de ser trocado de novo, dessa vez para o Raptors – junto com Shawn Marion. A equipe de Toronto, por sua vez, manda para Miami o Jermaine O’Neal e o campeão de força nominal, Jamario Moon.
O Banks praticamente não jogou em todas as equipes em que foi parar, mas seu valor como piada interna, como jogo secreto, é inegável. Talvez sem ele a troca não tivesse saído, já que era cogitada há muito tempo mas faltava alguma coisa para que finalmente ocorresse de fato. Resta agora saber para qual time o Raptors vai mandar o Marcus Banks, e quem vai morrer com o mico na mão. Aposto que alguns sites de aposta devem estar criando uns bolões agora mesmo. Levando em conta que os jogadores que vão para o Clippers costumam morrer ou encerrar a carreira, eu acho que o Banks morre nas mãos deles e todos os outros dirigentes da NBA vão se divertir e voltar aos seus afazeres normais (coçar a bunda, claro).
Dado meu palpite, é hora de falar dos jogadores secundários nessa troca: Marion e Jermaine O’Neal. Para o Heat, a troca era óbvia. O Shawn Marion não deu muito certo por lá, pra começo de conversa. Não que ele estivesse fedendo, longe disso, mas você não contrata a Monica Mattos pra ficar na sua casa lavando louça, por mais que ela deixe seus pratos brilhando. O Marion até fazia o serviço bem feito, mas o Heat trocou por uma grande estrela capaz de fazer estrago no Leste, coisa que não aconteceu. Como o contrato do Marion acaba ao fim dessa temporada, o Heat tinha duas escolhas: trocar o Marion por qualquer coisa, nem que fosse uma paçoca para não sair de mãos vazias, ou então renovar com ele e mantê-lo na equipe por vários anos. É como dizem, em time que está ganhando não se mexe, então o Heat – que não está ganhando porcaria nenhuma – não podia manter o mesmo elenco e achar que Joel “Quem?” Anthony iria tapar o buraco no garrafão. O mais irônico dessa história é que, com Dwyane Wade plenamente saudável, Mario Chalmers saindo melhor do que a encomenda, e Beasley melhorando seu jogo, tudo que o Heat precisava agora para ter chances no leste era de Shaquille O’Neal, aquele que estava em fim de carreira e eles trocaram por um Marion que não deu certo. O time do Heat é baixo, sem nenhum jogador no garrafão capaz de acertar o próprio nome, e sem defesa alguma debaixo da cesta. Como uma troca Marion por Shaq de novo seria admitir o fracasso, o jeito foi trocar pelo outro O’Neal, aquele que está sempre contudido e tem um contrato ridículo.
Eu era um baita fã do Jermaine quando ele chutava traseiros lá em Indiana, mas até para mim assinar um contrato de 126 milhões por 7 anos (uma média de 18 milhões por ano, mas que na verdade lhe paga 23 milhões em seu último ano de contrato) pareceu completamente débil mental. Havia potencial, ele era uma estrela, mas alguém se empolgou demais na hora de assinar os cheques. Com tantas contusões, lembrar quanto dinheiro o Jermaine vai enfiar nas orelhas beira o ridículo, mas ele ainda é um jogador impressionante, principalmente no setor defensivo. Infelizmente ele nunca mais recuperou o ritmo nos arremessos que uma vez teve no Pacers, mas ainda é ao menos competente na hora de pontuar. Acontece que ele e o Bosh na verdade têm estilos similares, ou seja, não gostam muito de jogar muito próximos da cesta, e o Raptors rende melhor quando apenas um deles está em quadra e a posição de ala de força vai para o Andrea Bargnani, que anda jogando cada vez melhor apesar do nome de miguxa.
Trocar o Jermaine era meio inevitável, portanto. O Raptors deu trabalho para o Orlando Magic na temporada passada e agora, após perder o porra-louca TJ Ford e adicionar Jermaine O’Neal (o que deveria ter melhorado o time, se o Universo fosse lógico), foi parar no grupo de piores times do Leste. E convenhamos, é mais difícil ser o pior time do Leste do que ser o melhor, porque a disputa é mais acirrada. Deixar como estava não podia, o Bargnani merece passar mais tempo em quadra, e o Jamario Moon não estava numa boa fase: após uma ou duas jogadas bastante idiotas, se queimou com o técnico e com o Chris Bosh, e chegaram a cogitar que ele perderia numa partida de damas para o Kwame Brown, dado seu intelecto não muito privilegiado. O Raptors, então, não sai perdendo muito e ganha uma possível estrela em Shawn Marion. Se ele vai ser o mesmo dos tempos de Suns não se sabe, mas se não funcionar o contrato dele acaba e pronto, dinheiro para o time de Toronto gastar contratando algum urso ou guarda florestal.
Boto uma fé no Marion por lá, no entanto. O manager do Raptors, Bryan Colangelo, foi o responsável por montar o Suns da era corra-por-sua-vida e parecia determinado a repetir a dose no Canadá. Com TJ Ford e Bosh, tinha as bases de um time veloz e desencanado dessa tal defesa, mas aos poucos o projeto foi se desvirtuando: o ex-técnico Sam Mitchell foi diminuindo a velocidade e o time quase que deu certo antes de desmoronar. Com a saída de Jermaine e Shawn Marion podendo jogar em sua posição natural, de 3, pela primeira vez nos últimos 50 anos, o Raptors tem tudo para impôr uma correria amalucada e é bem capaz que dê certo. Como todo jogador de basquete, o Marion vai querer escapar de Toronto bem rápido e jogar num lugar que exista de verdade, mas se tudo estiver dando bem certo por lá até consigo vê-lo reassinando com a equipe. O próprio Marion, que assim que ouviu a troca deve ter pensado em se matar, disse que agora está mais calmo e talvez renove seu contrato com o Raptors para a próxima temporada. Quer dizer, isso se alguém convencer o Bosh a ficar por lá também, já que vazou um depoimento dele praticamente contando os dias para se livrar do Canadá. O negócio é o seguinte: se o time de Toronto quer ser uma equipe minimamente relevante pela próxima década, essa segunda metade da temporada tem que ser perfeita. Tudo tem que se encaixar perfeitamente, em total sincronia, para Marion e Bosh continuarem por lá. Ou seja, acho que já era.
Os ares em Miami parecem bem melhores, em parte por causa de milhares de gostosas de biquini, mas também porque o Heat passa a ser uma força legítima no Leste se o Jermaine ficar saudável. Jamario Moon pode trazer defesa para a equipe se o Beasley continuar vindo do banco, mas mais para frente deve ser uma opção na reserva com Beasley titular. E Jermaine cuidará da defesa do garrafão – tudo que ele fizer além disso será lucro. Talvez seja um pouco tarde para contar com o Heat chutando traseiros nos playoffs, é preciso um pouco de química, de tempo, de saúde. Mas as chances nessa temporada são muito boas e, para a temporada que vem, talvez dê para considerá-los até um time de verdade. Só o que melhor fica por vir: o contrato do Jermaine acaba na já lendária temporada de 2010, então o Heat vai ter grana para reassinar o Wade com um contrato máximo e de brinde assinar outro jogador com um contrato similar. Se o Jermaine não der certo, abraço no cara e não esqueça de escrever. Ironicamente, em 2010 poderemos ver um Heat com Wade e Bosh, por exemplo. O que já dá para babar um pouco, e é bem mais realista do que feder por anos e ficar contando com a boa vontade do LeBron de mudar de time, não é mesmo, Knicks?

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