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Na longínqua (pelo menos para os torcedores do Heat) final de 2006, Dwyane Wade ganhou um anel de campeão, um troféu de MVP das finais, fama, contratos publicitários e um apelido nada agradável: ao invés de D-Wade, D-Whistle.
Para quem mata a aula de inglês do cursinho pra ir bater uma ficha no fliperama, “Whistle” é apito, tipo o famoso “apito amigo” do Milton Neves. Não estou aqui pra dizer que ele jogou mal naquelas finais, ele jogou muito, muito mesmo, mas a quantidade de vezes que ele foi para a linha de lances livres beirava o patético. E fuçando ontem no YouTube eu achei alguns vídeos do Dwyane sendo ajudado pelos juízes naquele série.
Aqui ele bate no Dirk e o juiz dá falta do alemão no Wade.
Aqui tem uma em que o Wade mostra todo o seu talento, acerta um belo arremesso e de repente cai sem ninguém enconstar nele. E marcam a falta.
Mas acho que a mais impressionante é a que ele bate pra dentro, acerta um “tear drop” no maior estilo Tony Parker, mas com a diferença de que ele ganha um apito junto, essa merece o vídeo aqui:
Mas porque eu estou falando do Wade se o coitado tá machucado e joga no pior time da NBA inteira? Por que eu não tenho piedade e deixo o cara em paz? Será que o Denis é um dos que gostam da teoria da conspiração de que a NBA fez o Heat ser campeão porque o Wade vende melhor imagem pra liga que o Dirk?
Não, não é isso. Acho que o Dallas vacilou grandão naquelas finais mesmo com as faltas absurdas marcadas a favor do Wade, e acho que isso também não é privilégio do armador do Miami. O que acontece é que quando um cara começa a se destacar por causa de seu próprio talento, ele cria uma imagem pra ele e os juízes, mesmo que seja de maneira inconsciente, compram essa idéia.
Então a coisa mais comum é ver o Wade, o Ginobili ou o LeBron recebendo apitos de falta quando batem pra dentro, isso é tão comum que o juiz já vê acontencendo antes mesmo de acontecer. A mesma coisa com o nosso Anderson Varejão cavando faltas. Ele tem o talento pra coisa, faz muito bem e faz tão bem, mas tão bem, que mesmo quando faz mal os juízes costumam marcar a seu favor, como se tivesse feito certo.
Um exemplo claro aconteceu no excelente jogo de ontem entre Phoenix Suns e Detroit Pistons. Já na prorrogação, o Shaq pegou um rebote ofensivo e a excelente defesa do Detroit tirou da mão dele, ou melhor, tirou a mão do Shaq fora. Foi uma falta grosseira que eu ouvi o tapa na mão do Diesel aqui do outro hemisfério. Na jogada seguinte foi a vez do Billups fazer uma falta de ataque no Nash, que com sua fama (justificável) de horrendo marcador, não levou o juiz, deram a cesta e mais o lance livre para o Detroit.
Claro que se o Suns ficar reclamando desses lances, vão falar que eles são chorões, que são os Valdívias e Botafogo da NBA e que não sabem perder. Tudo bem, podem até reclamar demais, mas têm o seu fundo de verdade. O Suns tem fama de pegar leve, de ser “finesse” e quando pegam mais pesado os juízes naturalmente marcam faltas; quando Pistons, Celtics ou Spurs pegam pesado, não é nada, é normal. E até acho que os juízes estão certos com esses times, tem que deixar o jogo rolar mesmo, tem que deixar os jogadores decidirem na quadra e não na linha do lance livre, mas que a regra seja as mesmas pra todo mundo. Para todos os times e todos os jogadores.
Falando em jogadores, que tal a dupla que briga pelo troféu de MVP?
Primeiro uma “falta” hilária no LeBron James. Se você assistir e não rir você não tem senso de humor algum!
E aqui o juiz não marca uma andada do LeBron James só porque queria ver ele enterrando depois. Pior que essa andanda só a do Dan Majerle.
E o Kobe, odiado por tantos, não é odiado pelos juízes. Aqui um vídeo no mesmo lugar da mesma quadra da falta fantasma no LeBron James.
Quem também concorda que você precisa ser uma estrela para ganhar uma ajuda dos juízes às vezes são os novatos. No jogo de domingo entre Lakers e Warriors o jogo foi decidido a favor do Warriors pelas bolas de 3 do Stephen Jackson e antes disso por muitos lances livres cobrados pelo Baron Davis e pelo Monta Ellis. Todas faltas marcadas corretamente, algumas eram uns tapões, outros apenas um pequeno contato, mas faltas. Em compensação, no final do segundo quarto, aconteceu a falta mais grosseira de toda a temporada. O Fisher quase decepou a mão do Brendan Wright quando ele tentava um gancho. E sabe o que está marcado nos números do jogo? Toco do Fisher. Pobres novatos. E se reclamam até os técnicos mandam eles pararem.
Só para ficar claro, esse não é um texto para chamar o Suns de coitadinho ou pra dizer que um time é mais favorecido que outro. É apenas uma constatação, recheada de vídeos para ilustrar, de algo que muita gente sabe mas que alguns ainda querem negar. Os juízes são influenciados pela fama do jogador, sim!
Ninguém tem fama sem talento, o Kwame Brown não ganhou os juízes por ser uma primeira escolha de draft, você tem que ir na quadra e mostrar que sabe bater pra dentro, que sabe cavar faltas e tudo mais, mas depois que prova isso pode ter certeza de que sua vida ficará bem mais fácil.
Acho que esse é o post do Bola Presa com mais vídeos em toda nossa curta história, mas acho que vale a pena assistir a todos. Mesmo que você ache que eu só estou falando bobagem aqui, os vídeos são engraçados. Pra terminar, mais um vídeo, este com uma das jogadas mais lindas de toda a temporada, uma jogada em que marcaram uma falta que não aconteceu nem a pau.