>Fim da classificação

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Os chineses mostram seu único talento no basquete em cadeira de rodas: fazer filas

Para ter chances de se classificar para as quartas-de-final, a seleção brasileira de basquete em cadeira de rodas precisava chutar o traseiro da Grã-Bretanha e depois vencer a seleção da China. Bem, 50% dos requisitos foram alcançados, mas é que encarar a seleção bretã era tarefa difícil. Do ponto de vista psicológico, Brasil e Grã-Bretanha eram exatos opostos: os brasileiros arrasados por perder no finalzinho para a Austrália, uma das melhores seleções do mundo, e precisando vencer desesperadamente; os bretões eufóricos por terem acabado de vencer a seleção dos Estados Unidos – uma das maiores zebras do esporte paraolímpico. Com isso, Simon Munn dominou o jogo e o garrafão defensivo, com 26 pontos e 21 rebotes, e nosso destaque solitário foi Írio Nunes, com 11 pontos e 10 rebotes.

Para não sair da fase de classificação sem nenhuma vitória, o jeito era chutar a bunda dos chineses. Curioso é que a estrela da China é o pivô Hai Ding, único de sua seleção com experiência internacional (joga no campeonato espalhol) e que ostenta médias de quase 13 pontos e 9 rebotes por jogo. Seriam as semelhanças com o pivô do Houston Rockets mera coincidência? Até o nome “Hai Ding” parece uma versão esquisita de “Yao Ming“, de modo que tudo me leva a crer que seja uma cópia do gigante chinês, só que “made in Taiwan“.

Contra o Brasil, Ding carregou sua seleção nas costas, com 24 pontos e 13 rebotes. Mas o resto do elenco fede, o Brasil dominou tanto nos rebotes quanto no jogo de garrafão, e os chineses não tiveram muitas chances. O pivô Leandro Mirando anotou 19 pontos e 18 rebotes, enquanto o armador Everaldo Lima fez 20 pontos e deu 8 assistências. Foi uma boa atuação para tirar um pouco da cabeça o peso de não ter vencido ainda, de não ver os resultados aparecendo apesar do esforço, do projeto e do planejamento.

A fase de classificação já era mas o torneio ainda não acabou para o Brasil. O quinto classificado de cada grupo enfrenta o sexto colocado do outro grupo. Depois, os dois vencedores se enfrentam para decidir o 9o e o 10o lugar enquanto os dois perdedores se enfrentam para decidir o 11o e o 12o lugar. Então hoje, quinta-feira, às 22h, o Brasil enfrenta a seleção da Suécia, última colocada no Grupo B. Arrisco dizer que os suecos, assim como os brasileiros, não mereciam a colocação que tiveram. Deram trabalho para todas as outras seleções e perderam para a África do Sul num jogo disputadíssimo que tacou eles no fundo do poço. Estatisticamente o time é bom nos rebotes e o armador Hussein Haidari é fora de série: tem médias na competição de 18 pontos, 6 rebotes e quase 8 assistências por jogo, além de quase nunca sentar. Quer dizer, sentar no banco de reservas – sentado na cadeira de rodas ele passa mais de 37 minutos de bola rolando por jogo. Alguém, por favor, arruma um reserva pro rapaz.

Um pouco mais tarde, os chineses enfrentam a seleção da África do Sul. O Hai Ding não deve ter muitas chances de vitória, o que é uma pena porque caso o Brasil ganhe da Suécia, seria a maior mamata enfrentar a China de novo. Em todo o caso, vale nossa torcida para uma vitória brasileira hoje. Mesmo que a fase de classificação não tenha sido como os jogadores e a comissão técnica esperavam, garantir a 9a colocação já seria algo importante para o nosso esporte. Sem esquecer, claro, que a seleção já conquistou o respeito que merecia – sem contar coisas muito mais importantes apenas de estar por lá, nas Paraolimpíadas.

O único problema é que nossa torcida, pelo jeito, vai ter que ser meio espírita: a gente fecha os olhos, torce, e fica imaginando o que diabos estará acontecendo em Pequim. Tudo porque a cobertura televisiva tem sido bem mequetrefe. Uma estatística do Grupo Bola Presa conclui que você tem 600% mais chances de ver a Mari Alexandre pelada cutucando o nariz na TV do que de conseguir assistir a um jogo da seleção brasileira através dos três veículos oficiais (SporTV, Portal Terra e a transmissão oficial). Mas o Bola Presa é teimoso pacas (mas se estivermos numa entrevista de emprego, ao invés de “teimoso” preferimos “persistente”) e vamos manter a esperança de encontrar a partida contra a Suécia hoje na internet. Se não rolar, o que é bastante provável (somos teimosos mas não somos burros), ao menos deve ficar mais fácil de assistir aos jogos das quartas-de-final. Tá certo, não tem a seleção brasileira, mas dá pra aprender mais sobre o esporte paraolímpico e dar uma olhada nas grandes seleções como Canadá, Estados Unidos e Austrália. Essa fase de mata-mata começa às 22h da sexta-feira e mergulha madrugada a dentro. Se você não estiver fazendo nada, pode acompanhar aqui, em nosso chat.

Nossa cobertura do basquete em cadeira de rodas vai ficar de olho nos jogos decisivos e só vamos descansar quando alguém tiver uma medalha de ouro pendurada no peito, momento em que provavelmente entraremos em crise existencial esperando a pré-temporada da NBA começar. Não estranhem se ficarmos por aqui perguntando coisas como “de onde viemos” e “para onde vamos”, trata-se apenas de falta de basquete e de uma offseason na NBA em que a coisa mais bacana acontecendo é uma troca do Marko Jaric. Pensando melhor, às vezes é até melhor ver a Mari Alexandre pelada cutucando o nariz, não é mesmo?

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