>
Eu choraminguei um bocado sobre a importância de Sam Cassell nas possibilidades de vitória do Boston Celtics. Bem, aí está, nosso armador com cabeça de alien finalmente está de volta e embora tenha jogado menos de 10 minutos na partida, sua atuação foi sólida o suficiente para deixá-lo com um sorriso na cara. Além de comprovar seu retorno às quadras pelo que, eu espero, seja o restante dos playoffs, trazendo liderança, sangue frio e capacidade ofensiva do banco de reservas, a volta de Cassell foi a coroação de uma noite em que os mais-ou-menos do Celtics é que fizeram a diferença.
Além do velho armador que, para mim, é um dos melhores que existem jogando de costas para a cesta, o Boston teve atuações poderosas de Kendrick Perkins, James Posey e, pra variar, Rajon Rondo. Sério, o Rondo não deveria ser ruim? Na temporada passada ele dava sinais de que seria um armador excelente no futuro, completo, mas mesmo assim ele não deveria estar salvando o Boston durante toda a temporada com arremessos decisivos, bandejas impossíveis e rebotes oportunos, muito menos agora, nos playoffs. É como eu sempre digo, o Rajon Rondo ser bom simplesmente não deveria valer.
O Kendrick Perkins também me assusta às vezes, principalmente no primeiro quarto das partidas. Quantas bilhões de vezes as primeiras jogadas ofensivas do Celtics nos jogos acabam com Perkins pontuando? Se as partidas fossem feitas apenas de “primeiros quartos”, o pivô do Celtics seria MVP. Mas na noite de ontem, seu jogo foi eficiente durante toda a partida e sua dedicação na defesa realmente incomodou o Pistons. Enquanto isso, James Posey teve uma partida agressiva tanto na defesa quanto no ataque e aí está, a soma de tudo isso é o bastante para Ray Allen e Paul Pierce poderem feder à vontade.
No entanto, alguém do Mc Trio (lanche, refri e batatas) precisava brilhar para garantir a vitória. Na noite de ontem, o astro foi Kevin Garnett. Ele dominou o jogo no ataque e na defesa e transformou o modo do Celtics jogar, com passes rápidos e precisos, até parecia às vezes que o Boston tinha jogadas ensaiadas. Embora Ray Allen tenha salvado o time um punhado de vezes e Paul Pierce tenha colocado o Jogo 7 contra o Cavs nas costas, o Celtics é mesmo o time do Garnett. É ele quem dita o ritmo na defesa e seu jogo é surrealmente constante. Os erros no quarto período também são constantes, mas se você é fã do cara como eu, você releva.
O quarto período, aliás, é a casa do Pistons. A noite foi terrível para os Pistões, deu tudo errado. Como diriam os Mamonas Assassinas, se desse uma chuva de Xuxa, cairia Pelé no colo do time de Detroit. Mas mesmo tomando um pau e perdendo por mais de 20 pontos, conseguiram encostar no finalzinho. Volto a lembrar, o Corey Brewer foi draftado antes do Stuckey? Estagiário do Bola Presa, confirma aí pra mim, quantos votos pra novato do ano o Stuckey ganhou? Bem, o estagiário está ocupado escaneando a nova Playboy, mas o Rodney Stuckey chuta uns traseiros mesmo. Arremesso inconsistente, alto e veloz para um armador principal, rei de fazer cestas enquanto sofre faltas. Acrescente aí umas “faltas fantasmas” e pronto, temos um Dwyane Wade depois da dengue.
Foi com Stuckey em quadra e mais uma atuação agressiva de Rip Hamilton que a diferença que foi de 24 pontos caiu para 9 nos minutinhos finais. Quem souber que tipo de defesa o Pistons estava usando ganha uma foto da Preta Gil autografada. Você disse “defesa por zona”? Então deixe seu endereço nos comentários para receber a foto. Só para variar, uma defesa aplicada e muito, muito agressiva (às vezes parecia que o Stuckey era amigo do Ryan Gracie) fez o ataque do Celtics parecer amador. Até o Billups, que fedeu o jogo inteiro e passou muito tempo jogando Game Boy no banco, escolheu o quarto período para cravar uma cesta de 3. Tudo flui melhor quando o Pistons joga no dado e decide defender pra valer.
O Billups parece ainda sentir a contusão no pulso, não é o mesmo de sempre, e o Pistons precisa de sua agressividade no ataque. Mas eu não tenho explicação para a agressividade na defesa só aparecer no final do jogo. Nessa série, parece que estamos assistindo dois times que só jogam quando estão afim, tipo garota mimada. A sorte, ao meu ver, é de Lakers e Spurs. Um deles vai para as Finais da NBA querendo jogar todos os jogos pra valer. Para Pistons e Celtics, contra o Oeste, jogar quando der na telha não será o bastante.