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Eddie House, em um momento Manu Ginobili, finge ser atingido por uma granada

A NBA tem dessas coisas: às vezes, os times mais meia-bocas é que têm exatamente a fórmula perfeita para vencer as melhores equipes da Liga. Na temporada passada, Gilbert Arenas e Baron Davis tiveram uma conversa telefônica sobre as chances de cada um nos playoffs. Arenas dizia que o Warriors poderia até pegar a 8a vaga no Oeste mas que eles não conseguiriam avançar para a próxima rodada. A resposta do Baron Davis foi categórica: “Se enfrentarmos o Mavs, podemos ganhar.” O Arenas achou engraçado, quis saber o motivo, mas o Baron Davis não soube explicar. “Eu não sei, a gente simplesmente sabe como ganhar deles.” Poucos meses depois, a profecia de Davis se mostrava real. Por algum motivo qualquer, o Warriors era especialista em vencer o Dallas Mavericks. Poderiam perder para qualquer um, mas para eles o time de Dallas era mamata.

Do sucesso do Golden State Warriors, muita coisa conseguiu ser absorvida por outros times, como o modo de marcar Dirk Nowitzki, por exemplo. Marcá-lo muito de perto, de maneira física, impede Dirk de arremessar imediatamente e o obriga a coloca a bola no chão, passando ou batendo para dentro. Assim, suas principais virtudes são anuladas e suas deficiências são exploradas. Stephen Jackson faz essa marcação com maestria, esfolando o pobre alemão, mas as outras equipes da NBA, agora, tentam fazer o mesmo.

Nessa temporada, o Blazers é que tem a fórmula perfeita para vencer o Jazz. O motivo responsável, diz a lenda, é uma impecável defesa por zona que obriga o time de Utah a arremessar de fora. Das 4 partidas entre os dois times, o Blazers ganhou 3. Aliás, eles não aguentam mais jogar um contra outro, graças a esse calendário mequetrefe da NBA que coloca trocentos jogos entre as mesmas equipes num intervalo ridiculamente curto de tempo. Mas, deixando isso de lado, podemos dizer com certa segurança que o pavor que o Mavs sofreria ao ver que teria que enfrentar o Warriors nos playoffs de novo seria exatamente o mesmo do Utah descobrindo que enfrentará o Blazers. Tem coisas que não se explica.

Talvez ainda seja cedo para arriscar, mas ouso dizer que o time mais-ou-menos que descobriu a forma para enfrentar o Celtics é, dentre todos os times possíveis, justamente o Bobcats. Mas eu não faço nem idéia de qual fórmula é essa. Da primeira vez em que as equipes se enfrentaram, o Celtics só ganhou graças a uma falha bizarra do Jason Richardson e uma cesta espírita do Ray Allen no estouro do cronômetro. Agora, da segunda vez, Ray Allen estava contundido e o Celtics precisou do outro Allen, o Tony, aquele que é tão burro que se contundiu seriamente na temporada passada numa enterrada em que o jogo nem estava mais valendo. Comparar o Ray Allen com o Tony Allen é como comparar a beleza da Alinne Moraes com a beleza do Vinícius de Moraes, por exemplo.

O Bobcats resolveu usar dois armadores principais (se é que o Jeff McInnis pode ser chamado de armador, ou de jogador, ou de ser humano) e teve uma atuação monstro do Jason Richardson com 34 pontos, provavelmente tentando compensar a cagada do último confronto. Mas quem realmente deitou e rolou em cima do time de Boston foi, quem diria, o Nazr Mohammed. Bem, eu avisei que ele iria chutar uns traseiros agora que se livrou do banco amaldiçoado do Pistons, e é justamente o que está acontecendo. Nos últimos 5 jogos, suas médias são de 17 pontos e 11 rebotes. Se você escutou o que o titio Danilo te disse, seu time de fantasy está colhendo os frutos agora do mesmo jeito que o Bobcats colheu a vitória em cima do Celtics.

O pessoal em verde agora finalmente descobriu que é humano. Um time fracassado pode vencê-los, pode ter um estilo de jogo que encaixa perfeitamente com as fraquezas do Boston. Assustados depois da derrota, passaram um sufoco desgraçado para virar o jogo contra o Nets no último período. E, em seguida, perderam para o Wizards num jogo em que ninguém nos dois times acertaria nem o dedo no nariz. Parece que a humanidade do Celtics começa a ficar óbvia e eles deixam de ser os monstros do começo da temporada. Eles sofrem, como a maioria dos outros times, com a falta de profundidade na hora das contusões. A derrota para o Bobcats foi sem Ray Allen, a para o Wizards foi sem o Rajon Rondo. Nas duas, Tony Allen estava lá para incomodar o nariz de todo mundo, fedendo pra burro. Que o Celtics é de botar medo, ninguém ainda duvida, mas fica cada vez mais claro que eles precisam de todo mundo saudável. Que eles podem ser vencidos. E que estudar fitas dos jogos contra o Bobcats é indispensável.

O time de Charlotte, aliás, depois de vencer o Celtics, ainda levou o jogo contra o Pistons para a prorrogação e a partida contra o Cavs para a segunda prorrogação. Contra o Pistons, era a vingança de Mohammed. “Ah, eu poderia estar sendo All-Star no Leste e vocês me deixaram aqui aprisionado, com a bunda afundada na marca que o Darko deixou na cadeira?” Os 19 pontos, 13 rebotes e 3 tocos do Mohammed vão garantir que o Pistons se lembre dele por algum tempo, enquanto as aquisições Brezec e Herrmann mal tiveram chance de participar da brincadeira. Se gostam de suas carreiras, é melhor que dêem o fora de Detroit rápido.

Já contra o Cavs, os 21 pontos e 15 rebotes do Mohammed quase garantiram a vitória se não fosse por partidas insanas de LeBron e Varejão. Foram 31 pontos, 8 assistências, 3 tocos, 4 roubos e 19 rebotes para LeBron. Dezenove. Vá lá, releia os números do senhor James, eu espero. Pronto? Esse é o tipo de partida que faz a gente se beliscar enquanto está assistindo, e que faz alguns blogueiros baterem a cabeça contra a parede de arrependimento por não terem visto o jogo. Não tem sensação mais frustrante do que acordar no dia seguinte, abrir o boxscore e descobrir que você perdeu o LeBron fazendo chover e o Varejão com 16 pontos e 18 rebotes. É como perder o Big Brother justo naquele dia em que uma das gostosas “paga peitinho”.

O LeBron pode não ser humano, mas o resto do Cavs é, e a ajuda do Varejão é mais do que “uma forcinha”, é essencial para qualquer esperança do time em repetir a campanha da temporada passada. Se alguém em Cleveland ainda se lembra da “polêmica Varejão”, vai fingir que esqueceu e ficar bem quietinho na platéia para não ser linchado. O Varejão voltou numa forma física tão impecável que até parece que o tempo longe da equipe foi melhor para seu condicionamente. Eu também queria melhorar o físico não jogando, afinal ficar deitado no sofá é minha especialidade.

O Cavs parece enfim engrenar e mostrar melhoras, enquanto o Celtics se mostra um time defensável. Vai ser legal ver como os dois estarão quando chegar a hora de se enfrentarem nos playoffs. Mas, pessoalmente, depois de ter vibrado loucamente naquela série história entre Mavs e Warriors, eu não vou torcer para assistir um Cavs e Celtics. Vou torcer é pelo milagre do Bobcats conseguir a 8a vaga no Leste, e aí ver que tipo de coisa Mohammed e seus amigos são capazes de aprontar contra o elenco mais assustador da NBA.

– Numa nota triste, nosso brazuca Nenê Hilário anunciou que se afastará do Denver Nuggets por tempo indeterminado para cuidar de um problema médico ainda não revelado. Pelo tom do Nenê, do técnico e de seus companheiros de equipe, a coisa parece séria mas Nenê se mostrou grato de ter descoberto a tempo de iniciar um tratamento. Acho que todos nós meio que podemos adivinhar do que se trata, portanto. Piadas sobre peso à parte, o Nenê abriu as portas da NBA aos jogadores brasileiros, foi um desbravador, e seu boicote à seleção brasileira, seguido por seu retorno recheado de críticas à comissão técnica, abriu caminho para a chegada de um técnico gringo à nossa seleção. Numa hora difícil dessas, acho essencial que o Nenê possa ler, durante sua recuperação, mensagens de carinho e admiração que o levem a acreditar numa melhora e num retorno às quadras. Mensagens para ele podem ser enviadas nesse link aqui e acho que todos nós temos algo a dizer para aquele que fez tanto pelo nosso esporte favorito. Dizer que ele é bem melhor que o Kenyon Martin já é um começo. Vamos lá, não custa nada escrever. Da nossa parte aqui no Bola Presa, enviamos os mais sinceros votos de melhoras para o Nenê. Tomara que o Denver não tenha que usar o Najera por muito tempo.

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