>"Kwame, você não sabe jogar"

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Provavelmente a única vez que riram um para o outro

Em janeiro de 2007 um homem chamado Alexander Martinez descia uma rua de Los Angeles com um bolo de aniversário enorme no valor de 190 dólares nas mãos. Era para uma gigantesca festa de aniversário que organizava em um local próximo. De repente ele encontrou Ronny Turiaf, então jogador do Lakers. Enquanto pedia uma foto com o ídolo, Kwame Brown viu os dois e sem mais nem menos pegou o bolo e acertou o pobre fã. Com a confusão montada, Kwame foi embora e recebeu uma ameaça de processo. Disse mais tarde que achou que o bolo era de Turiaf e quis só fazer uma brincadeira com o companheiro de time, fugindo assustado quando viu que tinha feito bobagem. Se sentindo mal, pagou um jantar caríssimo para o fã do Lakers no STAPLES Center. Ainda não ouvi uma história que defina melhor Kwame Brown.

Na última segunda-feira, um dia pouco movimentado na NBA, apenas uma notícia chamou a atenção. O Charlotte Bobcats contratou Kwame por um ano e o salário mínimo de veteranos, 1.3 milhão de dólares. As reações mais óbvias para essa notícia foram:

– Aff, até o Kwame arranjou time e o Iverson não!
– Esse cara é a maior enganação da história da NBA.
– Como tanto time é enganado por esse cara?
Não culpo quem pensa assim, principalmente porque eu mesmo, como torcedor do Lakers, fui um dos que mais xingou Kwame nos últimos anos. Reclamei como um doido quando o Lakers trocou Caron Butler por ele, perdi a voz de tanto reclamar em quase todo jogo sempre que aquelas mãos pequenas não seguravam passes perfeitos e confesso que saí correndo pela casa quando descobri (por uma mensagem de texto do Danilo) que o Lakers havia trocado ele pelo Pau Gasol.
Mas acreditem, o buraco é bem mais embaixo quando o assunto é Kwame Brown. Sua contratação pelo Bobcats é reflexo de uma história de 10 anos atrás, que por sua vez é resultado da história de vida do primeiro jogador vindo do colegial a ser a 1ª escolha em um Draft da NBA.
O Draft do ano 2001 teve o Washington Wizards com a primeira escolha, como nesse último ano, mas sem uma escolha óbvia como John Wall. Ao invés disso a discussão girava em torno de três jogadores de colegial que decidiram não ir para a faculdade: Kwame Brown, Tyson Chandler e Eddy Curry. Pau Gasol, apesar de ser facilmente o melhor daquele ano, corria por fora e foi escolhido na terceira posição. Todos estavam arrasando com os torneios colegiais, eram gigantescos e estavam babando para seguir os passos de Tracy McGrady, Kevin Garnett e Kobe Bryant, três dos maiores nomes jovens da liga na época e que tinham pulado a faculdade.
A decisão estava nas mãos do Wizards, mais especificamente nas de Michael Jordan e Doug Collins. O primeiro acabara de assumir seu primeiro cargo executivo na NBA, como presidente de operações de basquete do time, e o segundo era o técnico, escolhido a dedo pelo próprio MJ para liderar uma nova era de renovação na franquia. Ao ficar na dúvida entre Chandler e Kwame, resolveram levar os dois para um treino 1-contra-1 e resolver a parada. Viram Kwame, que tinha acabado de sair de uma última temporada de colegial com médias de 20 pontos, 13 rebotes e 5,5 tocos, simplesmente arrasar com seu concorrente em todos os aspectos do jogo. Ao ver aquele cara grande, jovem, atlético e muito superior a todos os jogadores de sua idade. a dupla da capital fez sua decisão. Querem ver como o mundo dá voltas? Enquanto os consagrados Jordan e Collins escolhiam Kwame, Isiah Thomas, então técnico do Indiana Pacers, alertava: “Vocês vão ficar chocados, ele não vai saber nada sobre basquete”.
Por mais incrível que essa frase pareça, Isiah Thomas tinha toda razão. Mas ele tinha falado a verdade pela metade, Kwame não só não sabia nada sobre o basquete como não sabia muita coisa sobre a vida, muito menos sobre como viver sozinho numa cidade grande.
O então pilar da reconstrução do Wizards era um moleque de 19 anos nascido na minúscula Brunswick, no Estado da Geórgia, uma cidade de 15 mil habitantes povoada por barcos de pesca e só. Kwame era de uma família muito pobre e com uma história que até beira o clichê de tão sofrida: sua mãe, filha de um pescador, conheceu um caminhoneiro mais velho e se casou com ele. Teve cinco filhos e passou a sofrer com a violência do marido. Quando o Kwame, o caçula, tinha 6 anos, seu pai foi preso por assassinar uma namorada de cerca de 20 anos de idade com um machado. Foi condenado à prisão perpétua e só assim deixou a família em paz. Mas não que o crime esteja fora da família, dois irmãos de Kwame estão presos, um por tráfico e distribuição de crack e outro por atirar em um homem. Os outros dois trabalhavam na época do Draft, um fritando hamburgueres e outro lavando carros.
Em um dia, pouco antes de decidir se iria para a NBA ou se jogaria pela Universidade da Flórida, seu carro foi acertado por uma bala perdida. Por pouco ele não foi atingido e foi o que fez com que decidisse por virar profissional. Com os familiares em situação difícil de vida, ele não poderia correr o risco de uma contusão, de fracasso na faculdade ou mesmo de morrer num incidente aleatório como aquele e deixar seus entes próximos sem o dinheiro para sair daquela vida difícil. Uma vez indo a um jogo do Wizards ele confessou a seu assistente pessoal Richard Lopez que um dos seus sonhos de infância era se sentir satisfeito depois de comer.
Richard Lopez foi o cara contratado pelo Washington Wizards para ajudar Kwame Brown a viver. Sério. E uma pequena lista de casos explica essa decisão:
– Em um restaurante francês pela primeira vez nada vida, Kwame se surpreendeu ao pedir um “French Dress” e ouvir que não tinham nada daquilo lá. Um “French Dress” é um tipo de molho parecido com o nosso molho vinagrete que ganha essa denominação com referência francesa nos EUA e na Inglaterra. Sem ter a menor idéia da expressão, achou que era obrigação de ter em um restaurante francês. Um erro tão caipira quanto o Chico Bento tomar banho na fonte do shopping.
– Mas isso era só o começo da ignorância gastronômica de Kwame Brown. Durante meses ele sobreviveu apenas de comer os frangos fritos da rede Popeye’s (quem assiste o NBA League Pass conhece aquelas propagandas de dar água na boca). O motivo era que ele não sabia fazer compras, escolher comida e muito menos cozinhar.
– Uma vez antes de um jogo do Wizards, Kwame ligou para Lopez e disse “Não tenho o que vestir”. Seu assistente chegou lá e viu um bolo de ternos sujos jogados em um canto do quarto. Todos estavam gastos e Kwame não sabia como lavá-los e muito menos onde levá-los para serem limpos.
E assim foi. Lopez foi quem comprou o carro de Kwame (uma Mercedes S500), seu celular, seu apartamento, o serviço de TV a cabo, seu cartão de crédito. A mãe do jogador até passou um tempo com o filho em Washington, mas eventualmente teve que voltar para casa para cuidar dos outros filhos menos afortunados. Depois disso um outro amigo de Kwame que estava morando com ele por fazer faculdade na região de Washington acabou se mudando para mais perto do campus. Pela primeira vez sozinho em uma casa, prestes a dormir sem ninguém perto como nunca havia feito antes, pediu para Lopez: “Você pode ficar por aqui hoje?”.
Se fora da quadra as coisas estavam malucas, complicadas e não indo tão bem, dentro não estavam muito melhores. Pouco antes do começo da temporada, Michael Jordan resolveu sair do seu posto de executivo do time para virar jogador. Essa mera decisão do His Airness transformou o time. De equipe jovem e montada para o futuro, se tornou um time focado em fazer de tudo para ser bom o bastante para ajudar MJ a voltar para os playoffs. Aí o time que deveria dar minutos aos novatos Etan Thomas, Kwame Brown, Brendan Haywood e Bobby Simmons passou a dar espaço para veteranos como Christian Laettner, Popeye Jones e Hubert Davis. No ano seguinte ainda chegaram ao cúmulo de contratarem Charles Oakley, Byron Russell e de trocar o jovem Richard Hamilton por Jerry Stackhouse.
Comparando com a NBA de hoje, seria pegar o Sacramento Kings, time jovem e focado em desenvolver seus jogadores para o futuro e, baseado na volta de um velho ídolo, mudar toda essa filosofia poucos meses antes de começar a temporada. A transformação minou a evolução do Wizards e nem foi bem feita o bastante para levar Jordan de volta à pós-temporada.
Dá pra dizer que o fracasso de Kwame Brown no Wizards começou antes mesmo da temporada começar. Não só com essa mudança repentina de filosofia, mas no primeiro dia de treinamento ele já deu o primeiro passo com o pé esquerdo. Kwame Brown ouviu de muitos “especialistas” que ele estava muito magro para a NBA, que precisava encorpar. Comendo mais (frango frito, provavelmente) e malhando, ganhou 9 quilos e apareceu para os treinos mais pesado do que o técnico Doug Collins esperava e queria.
Logo nos primeiros treinos Kwame Brown sofreu com dores nas costas e nas coxas. Na época, Doug Collins disse a ele: “Você deixa os treinos mais difíceis aparecendo fora de forma como está. Depois começa a jogar mal, perder confiança e vira um círculo vicioso”. Algum tempo depois, já no meio da temporada, Kwame teve problemas para respirar em um dos treinos e teve que parar. Foi diagnosticado com asma induzida por esforço físico, causada porque seus pulmões não estavam completamente desenvolvidos para o seu tamanho, provavelmente causado por nunca ter se esforçado tanto fisicamente quanto estava se esforçando naquele momento. Ele não estava pronto para o nível físico dos treinos da NBA.
Como se isso não fosse o bastante, a ignorância basquetebolística de Kwame começou a desesperar Doug Collins. Ele não sabia quando dar um passe por cima, quicado ou de peito, e seu jogo de pernas era primário. Tudo o que ele sabia de basquete havia aprendido sozinho, fazia instintivamente, qualquer coisa aprendida em um treino comum não era do conhecimento dele. Nas palavras de Doug Collins, “Como Kwame deveria aprender jogadas se ele nem sabia onde ficar em quadra? E não estamos falando do nível da NBA, mas de basquete em geral”. Ou como disse seu companheiro de time Popeye Jones, “É alguém tentando entrar no mundo das altas finanças depois de apenas duas aulas de economia básica”.
O que no começo era só o medo de uma escolha errada começou a virar desespero. Com o Wizards cada vez mais longe da zona de playoffs, começaram a cobrar o primeiro escolhido no Draft. A cobrança vinha da torcida, dos companheiros de time, de Jordan, de Doug Collins e da imprensa, não só a da cidade, que cobria o time, mas do país e do mundo inteiro. A decisão do Jordan de voltar à ativa transformou o Wizards num dos principais times da liga. Até jogos em rede nacional estavam tendo.
De repente Kwame começou a se afastar de todos e virar um cara solitário. Passava o dia inteiro em casa e quando voltava para sua cidade natal tinha que lidar com diversos parentes, amigos e praticamente todo mundo de sua cidade pequena que ia na sua casa atrás de fotos, autógrafos, pedir para sair junto e ser seu amigo e principalmente para pedir dinheiro. E quando ele não atendia o favor era tachado de estar se achando muito por ter ido para a NBA. Decidiu tirar a mãe de lá e colocar em uma casa maior nas redondezas enquanto ele se escondia na capital americana.
Como muitos adolescentes de 19 anos fazem em seus meios quando ficam sozinhos e sem sucesso, Kwame começou a achar que a NBA não era o seu lugar. Mesmo depois de seu primeiro bom jogo na liga, uma partida de 10 pontos e 12 rebotes contra o Spurs de David Robinson e Tim Duncan, o time perdeu e o clima no vestiário era pesado.

No dia seguinte Collins deu um treino forte e todos começaram a forçar Kwame a fazer alguma coisa, lhe provocando, empurrando, jogando fisicamente. Em determinado momento o pivô do time, Jahidi White, o derrubou forte no chão e disse: “Levante, você não está machucado”. Ele segurou as costas ainda com dor, começou a levantar e ninguém lhe ajudou. Até Popeye Jones, que era um dos que mais davam força pra ele, disse: “É hora de você crescer. Agora. Hoje. Levanta daí”. Collins emendou pedindo que Kwame fizesse flexões para compensar a demora, ao que o jogador respondeu dizendo que suas costas estavam doendo. Aí ouviu mais do treinador, “Pare de ser um bebê e comece a crescer e jogar para merecer o respeito dos seus companheiros de time. Eles estão cansados de você. Estão cansados de você cair e ficar jogado por aí. Estão cansados de carregar você nas costas. Você tem que entrar no vestiário e ser capaz de encarar qualquer um olho no olho”.

De cabeça baixa, Kwame só escutava e ao não responder a um intimidante “Você vai jogar ou não?”, foi expulso do treino. Ele foi chorando para o vestiário, pensando que a liga não era pra ele, que seus companheiros, técnicos e todo o resto lhe achavam horrível e que era isso que ele deveria ser no fim das contas. Subiu na esteira e correu por uma hora sem parar.
Algum tempo depois Jordan apareceu. O mesmo MJ que era um dos maiores críticos de Kwame, que pegava pesado com ele a cada erro e que já havia mandado o novato jogar com o pé torcido porque ele mesmo já havia jogado “com pés 45 vezes piores que esse”. Mas dessa vez Jordan apareceu para dar uma força, disse que tudo ia ficar bem e que “o Doug Collins é assim mesmo, duro, mas em alguns anos você vai perceber como ele é bom”. Conversaram por mais um bom tempo, com Jordan chegando a afirmar que ele e o resto do time inteiro sabiam da capacidade dele de virar um grande ala de força na NBA por muitos anos.
A queda de confiança do Kwame chegou a um ponto em que ele disse que seu principal objetivo nos jogos era não comprometer :“É jogar e torcer para que o cara que você está marcando não faça pontos e você não faça nada que te deixe envergonhado”. Quando a temporada começou a apertar e todos estavam desesperados pela vaga na pós-temporada, Doug Collins resolveu colocar Kwame na lista de contundidos. A justificativa oficial foi o músculo da batata da perna, na verdade ele queria tirar a pressão de cima do jogador. “O rosto dele estava arrasado, horrível. Eu precisava tirar a pressão de cima dele”. O time melhorou depois de sua saída e eles embalaram 9 vitórias em 12 jogos, mas o clima no time continou o mesmo. Em determinado treino, depois de broncas consecutivas, Kwame disse ao técnico: “Eu queria que você parasse de cobrar e só me deixasse jogar”, e ouviu em resposta: “Kwame, você não sabe jogar”.
Se tudo foi horrível no primeiro ano? Quase. Teve um jogo contra o Blazers, quando Rasheed Wallace foi para o seu tradicional trash talk “E aí garoto, me mostra porque você foi a primeira escolha”, e Kwame respondeu com um giro e uma enterrada. “Ok, tudo bem”, disse Rasheed já indo para o ataque. Mas foi só.
Depois desse primeiro ano desastroso, todos estavam arrependidos e haviam aprendido grandes lições. Arn Tellem, empresário de quem já falamos nesse post, disse que aprendeu mais sobre como lidar com adolescentes que nunca tinham vivido sozinhos antes. Doug Collins, ao fim da temporada, comentou a evolução difícil de seu pupilo: “Não vimos só o aprendizado de Kwame Brown, mas o aprendizado de Doug Collins também”. Perguntado se faria tudo de novo da mesma maneira, Collins disse que não, que não sabia no começo como Kwame estava despreparado para a NBA e que às vezes foi mais duro do que devia ser com o jogador, que entendeu mais da sua vida e de sua personalidade apenas depois. Mas o próprio jogador afirmou que entende que Collins sempre fez o que fez tentando fazer de Kwame um jogador melhor.
Isso foi só a primeira temporada e, pra mim, a que definiu quem era Kwame Brown na NBA. Ele nunca mais recuperou a confiança que tinha antes de entrar na NBA, fez poucos amigos dentro da liga e ainda não se sente à vontade dentro da quadra. No segundo ano de Jordan e na permanência de Collins até 2003, Kwame continuou jogando pouco. Virou motivo de piada na liga e de vergonha para os torcedores, que começaram a pegar no pé do jogador cada vez mais, principalmente depois que não tinham mais Jordan na equipe e que eles estavam de novo em busca de um novo ídolo.
Em 2005, último ano dele no Wizards, ele era vaiado pelos torcedores do próprio time toda vez que tocava na bola. A situação ficou constrangedora a um ponto nunca antes visto na NBA. Antes de um jogo de playoff contra o Bulls, o telão do Verizon Center chegou a exibir um vídeo do Gilbert Arenas pedindo que não vaiassem o jogador! Não que o Agent Zero fosse inocente, ele e Kwame brigavam tanto que logo depois desse jogo Brown deixou de ir para os treinos e foi afastado do time até o fim da pós-temporada. Em entrevista, Kwame disse que não entraria mais em quadra porque se ficasse ao lado de Arenas seria capaz de dar um soco nele.
Seus pedidos de sair de Washington foram atendidos quando o Lakers ofereceu Caron Butler para o Wizards em troca de Kwame. O time de LA estava em busca de um novo jogador de garrafão para compensar a saída do Shaq e todos achavam que Phil Jackson era o cara certo para mexer com a cabeça de Kwame e dele tirar todo o potencial do jogador. Não deu certo. A torcida do Lakers não aguentava aquele time fraco e jogava a culpa em Brown por ele ser mais conhecido do que os outros jogadores ruins do time. Isso minou a confiança dele, qualquer leigo via a insegurança em seus olhos em cada jogada.
Esse desastre culminou no que foi chamado de “os piores minutos da história da NBA“, uma sequência impressionante de erros nunca antes vista em um jogo. Kwame errou duas enterradas, uma bandeja, errou pelo menos uns dois ou três passes, perdeu a bola, tudo em posses de bola consecutivas e sem ser tirado de quadra. Phil Jackson achou que seria pior para ele sair e os jogadores continuavam dando a bola pra ele para que seu companheiro pudesse se redimir. Foi um desastre triste de assistir. Era o segundo time de Kwame na NBA e a segunda torcida que o vaiava sem dó. Menos de um mês depois ele foi mandado para o Grizzlies em troca de Pau Gasol.
Os minutos desastrosos de Kwame podem ser vistos em um vídeo em duas partes. A primeira, maior, está aqui embaixo, e a segunda pode ser vista nesse link.
Como todos já lembram, Kwame só serviu como contrato expirante no Grizzlies e nos dois anos que passou no Pistons mal entrou em quadra. Agora, como disse no começo do post, vai para o Bobcats, cujo presidente é justamente Michael Jordan.

Ir para o Charlotte foi uma escolha. Ele topou ir lá disputar vaga com DeSagana Diop, Erick Dampier e Nazr Mohammed em um time com chances de no máximo se classificar em oitavo, mesmo tendo recebido ofertas mais lucrativas de times com muito mais chance de playoff, como o Utah Jazz, o Phoenix Suns e o Atlanta Hawks. Esse último era uma opção bem óbvia, aliás, já que o novo técnico do time planeja usar o Al Horford cada vez menos como pivô e mais como ala de força.

Agora, por que Kwame recusou propostas de bons times para se juntar a alguém que o lembra tanto daquele começo de carreira desastroso? E por que Jordan quer se envolver mais uma vez com um cara que não deu em nada e tornou sua carreira como executivo da NBA uma piada?

Mark Bartlestein, novo agente de Kwame, explica como foram as negociações:
“Kwame realmente queria o desafio de jogar para Michael Jordan de novo. Os últimos anos foram difíceis para o Kwame e agora ele está atrás de uma nova oportunidade para provar alguma coisa para ele mesmo e para os outros. E Michael foi uma parte importante nesse negócio. Ele quis que isso acontecesse, correu atrás para dar uma nova chance ao jogador”.
Muita gente está julgando essa contratação como uma piada da offseason. O Jordan cometendo mais um erro ao contratar um jogador ruim e as pessoas criticando ainda mais o cara mais humilhado da NBA junto com Darko Milicic. Mas deu pra ver que existe uma história bem profunda e traumática que motivou essa reunião depois de quase 10 anos.

Acho que o Kwame não tem nenhuma habilidade ofensiva, mas compensa com boa defesa e isso deve bastar para ele ter espaço num time treinado pelo Larry Brown. Infelizmente não vai bastar para se redimir e fazer as pessoas pararem de se referir a ele como uma das piores escolhas da história do Draft. Mas pelo menos comigo ganhou muita moral, recusar propostas melhores para enfrentar um velho fantasma e se redimir com o Jordan foi um ato muito bonito e corajoso do Kwame. Assim como, para o Jordan, aceitar e dar uma nova chance ao jogador valeu tanto ou mais que aquela conversa no vestiário quando ele disse que as coisas iriam acabar bem. E, pense bem, ainda não acabaram.

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