Lakers na beira do abismo

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Uma imagem diz mais que um post inteiro do Bola Presa

Torcedor do Lakers é como nós, paulistas: Se acham o centro do mundo. Mas com uma diferença, os torcedores do Lakers não tem razão. Sempre depois de uma derrota, duas derrotas ou algumas partidas mal jogadas eles aparecem malucos, enfurecidos e perdidos exigindo uma explicação, como o Lakers pode estar perdendo? O que estamos fazendo de errado? Afinal o Lakers é o melhor time do planeta e ninguém pode nos vencer a não ser que a gente deixe.

Eu sou torcedor do Lakers, eu sou paulista, eu entendo como é isso. Mas simplesmente não é assim que funciona. Se vocês caçarem o histórico do blog, que acompanhou os três títulos seguidos do Oeste que Kobe e seus fiéis escudeiros venceram, irão encontrar uma enxurrada de críticas à equipe. Já que eu torço pra eles gosto de assistir aos caras jogarem e quanto mais você assiste, mais fácil é achar defeitos e qualidades. Escrevi muito sobre os defeitos deles. Em 2008 era a defesa que não acompanhava a boa produção ofensiva, em 2009 o time que tinha apagões constantes, em 2010 a ineficiência de furar defesas por zona. Nos três anos as inúmeras surras sofridas contra armadores velozes, os dias em que não tínhamos um arremessador confiável de três pontos e a eterna mulher de TPM que é o banco de reservas angelino. Isso sem contar as acusações de time soft, do Kobe forçar demais o jogo, das contusões do Andrew Bynum, da velhice do Derek Fisher, etc, etc, etc.

Não quero dizer que o Lakers é um time ruim, muito longe disso, posso mostrar uns vídeos do Minnesota Timberwolves se vocês querem ver um time ruim de verdade, mas não é porque eles ganharam títulos que isso apaga os erros. Aliás, só deixa o feito mais impressionante, já vimos times muito mais perfeitinhos como o San Antonio Spurs de 2005 ou 2007, o Boston Celtics de 2008 ou o Detroit Pistons de 2004 não conseguir sequer fazer duas finais seguidas, que dirá três e com dois títulos. Esse sucesso do Lakers se dá a uma qualidade essencial: Eles tem altos e baixos, mas jogam o seu melhor quando precisam. Foi assim quando viraram aquele jogo 1 quase perdido para o Spurs na final do Oeste de 2008, quando estavam tomando um pau do Phoenix Suns na final do Oeste do ano passado ou naquela série contra o Denver Nuggets em que parecia que Kenyon Martin, Nenê e Chris Andersen iriam cortar o garrafão do Lakers em pedacinhos e comer com azeite de oliva e pedacinhos de queijo. Foi contra a parede que eles acharam uma maneira de se safar e sair com a vitória. Vencer quatro vezes em sequência uma conferência, como o Lakers está tentando agora, é tão difícil que a última vez que um time fez isso a maioria dos nossos leitores nem tinha nascido! Foi o Celtics que venceu o Leste em 84, 85, 86 e 87.

Portanto, antes de mais nada, se o Lakers realmente perder para o Dallas esse é um dos motivos: É muito difícil para qualquer time manter o alto nível por tantos anos, sem encontrar pelo caminho nenhuma contusão, má fase, azar ou simplesmente um adversário que tenha assistido tanto ao Lakers vencer que tenha sacado uma nova estratégia para vencê-lo. No caso dessa série, eu apostaria muito nesse último caso.

O Dallas Mavericks tem um técnico da linha nerd-bitolado que tem dominado a NBA ultimamente. Rick Carlisle é conhecido por ter um livro do tamanho da envergadura do Lamar Odom de diferentes jogadas, ele estuda basquete e aos poucos transformou esse Dallas Mavericks de um time de jogadas de isolação (mais ou menos como é o Hawks hoje) em uma equipe cheia de variações que pode se adaptar a qualquer adversário. E que, isso é assustador de pensar, está sem Caron Butler, um cara que sabia atacar muito bem a cesta e dava ainda mais opções ofensivas para o time.

Mas sabe que apesar do massacre que o JJ Barea causou na defesa do Lakers no quarto período do último jogo (lembram do problema em marcar armadores velozes?), não é ali que a derrota está acontecendo. Tá, nem Pau Gasol e nem Lamar Odom são Gamarras defendendo o Dirk Nowitzki, o alemão acertou 9-16 arremessos contra Gasol e 8-16 contra Odom, mas é só ele que está deitando e rolando. Nenhum outro jogador tem média superior a 12 pontos por jogo nas duas primeiras partidas e a média de aproveitamento dos arremessos do Dallas está em 45%, não longe dos 44% a que o Lakers manteve seus adversários para ter a 5ª melhor marca da temporada regular.

É no ataque que o Lakers tem se complicado. E o motivo, por mais impressionante que isso pareça, é que o Mark Cuban, dono do Mavs, é um bilionário que não liga de gastar dezenas de milhares de dólares com pivôs. Na última offseason ele ofereceu uma extensão de contrato enorme para o Brendan Haywood, mas quando viu o Bobcats trocando o Tyson Chandler foi lá e conseguiu o cara quase de graça. Não importa que ele deixasse o milionário Haywood no banco e jogando só uns minutinhos por jogo. Agora são Chandler e Haywood que revezam minutos junto com Dirk Nowitzki para segurar Lamar Odom, Pau Gasol e Andrew Bynum. O Lakers quase sempre joga com uma escalação mais alta que a do adversário e toma vantagem disso, mas nessa série não é sempre que isso é possível. Quando Odom e Gasol formam o garrafão angelino contra o Nowitzki e Haywood, por exemplo, são mais baixos. Nos minutos em que o Lakers não é o time mais alto em quadra eles tomaram 43 pontos e marcaram 25 nesses primeiros jogos.

A combinação alta e de talento defensivo do Mavs tem feito o Lakers penar para marcar pontos dentro do garrafão. Kobe Bryant, por exemplo, tentou em média 7 arremessos perto do aro contra o New Orleans Hornets, contra o Mavs tem sido metade disso. E pior, de 58% de aproveitamento caiu para 28% nessas ocasiões. Outro número que mostra como o Mavs tem defendido bem o Lakers é o que mostra o número de vezes que o Andrew Bynum participou do jogo; ele esteve em quadra durante 78 posses de bola e apenas recebeu a bola em 15! Arremessou em 11 delas e acertou 8, um ótimo aproveitamento. Pau Gasol recebeu mais a bola, mas onde não devia. Nas posses de bola em que Pau Gasol recebeu a bola fora do garrafão, o Lakers como um todo acertou 6 de 16 arremessos, quando recebeu dentro da área pintada o aproveitamento foi de 7 em 10.

Para compensar a falta de jogo dentro garrafão, o Lakers tentou arremessar de longe e aí o bicho pegou. Tentaram 20 bolas de três pontos e acertaram duas, ambas quando o jogo já estava perdido nos minutos finais. O aproveitamento de 10% é o pior da história dos playoffs entre os times que tentaram pelo menos 20 bolas de três em um jogo. É pouca zoeira? Com dificuldades em marcar pontos perto e longe da cesta é de se surpreender que o Lakers não tenha tomado uma surra maior ainda.

Para a próxima partida, hoje, o Dallas tem uma estratégia simples: Mais do mesmo. Congestionar o garrafão, marcar por zona de vez em quando e continuar vendo por quanto tempo eles conseguem assistir ao Lakers errar arremessos de longe. Mas isso não impede o Rick Carlisle de dar um puxão de orelha em alguns jogadores, o Jason Terry precisa acordar. Contar que o JJ Barea vai fazer uma boa série em geral tudo bem, mas ele não é cara para decidir no quarto período sempre.

Já o Lakers precisa de uma pequena revolução. Primeiro de confiança e motivação, na última partida dava pra sentir no ar o desespero de não saber o que fazer, eles precisam da frieza que tiveram nos jogos importantes dos últimos anos. Só com essa frieza é que eles vão poder executar o seu ataque com a precisão necessária para chegar mais perto da cesta e conseguir vencer o duelo contra Haywood e Chandler. E se tiver dando errado não podem se contentar com arremessinhos forçados de meia distância, tem que forçar, tentar de novo, de outro jeito. É perto da cesta, com enterradas, bandejas e rebotes ofensivos que o Lakers ganha seus jogos. Admitir a derrota nesse duelo e tentar mudar o estilo de jogo é admitir a derrota em toda a série. Também é importante que Kobe pense assim, todos sabemos que ele pode acertar arremessos de qualquer lugar da quadra, o que não quer dizer que ele deve tentar arremessos impossíveis o tempo inteiro. O jeito mais fácil de abrir espaços no garrafão adversário é ter um jogador driblador que costure a defesa, Kobe precisa ser esse cara. Temos que ver se ele vai ser o Kobe frio que vai fazer tudo certo ou se vai ser o cara com cara de maluco que quer arremessar todas as bolas como se ele fosse o herói do universo.

Uma última notícia muito interessante que acabei de ler é que o Phil Jackson resolveu substituir o Ron Artest, que foi suspenso por essa falta no JJ Barea, pelo Lamar Odom no time titular! É muito, mas muito raro o Lakers jogar com Odom, Gasol e Bynum ao mesmo tempo. Phil Jackson percebeu que precisa do time mais alto e provavelmente vai usar os três para atacar a cesta e tentar pegar todos os rebotes ofensivos do mundo. Mas como fica a rotação? Odom joga mais minutos que o normal? E o entrosamento? Faz tempo que o Lamar Odom não joga na posição três. Medidas extremas para situações extremas, vai ser divertido de assistir.

E sobre o Artest: Foi uma falta dura, desnecessária e a punição até que é compreensível. Mas pegar todo o passado distante do cara e jogar na cara dele dizendo que “ele nunca mudou” é uma injustiça enorme. Faz anos que ele só aparta briga e não se envolve em nenhuma contusão, dessa vez fez uma falta dura e obviamente se arrependeu no mesmo segundo, dá pra ver na cara de bunda dele. Está suspenso, beleza, mas não cometeu nenhum crime e não merece a hostilidade que tem recebido da maioria dos torcedores e da imprensa.

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