>Liberdade ainda que tardia

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Stephen Jackson quebra suas correntes

Antes da temporada começar, Stephen Jackson havia pedido para ser trocado do Warriors. O time perdera Baron Davis, conseguiu o Maggette no lugar, e aparentemente o Stephen foi o único que sobrou no elenco capaz de levar basquete a sério. Era o responsável por defender as estrelas adversárias, fossem armadores ou pivôs, o responsável por decidir os jogos, por arremessar de longe, e inúmeras vezes por iniciar as jogadas ofensivas no papel de armador principal. Já jogou em todas as posições, topou todas as furadas que o técnico Don Nelson bolou, já foi para os playoffs com a equipe e já foi o pior time da liga. Ao ver que o Warriors virou um circo, um laboratório de ciências, que os jogadores entram e saem da escalação de um dia para o outro, cada hora com uma função, Stephen Jackson quis é dar o fora. Como o Denis escreveu um tempo atrás, ele pediu para ser trocado quando falava com a imprensa, foi multado por isso, e desde então parou de tocar no assunto, sem no entanto tentar esconder sua frustração em quadra. O problema é que ele só pediu para ser trocado depois de topar uma extensão milionária de contrato com o Warriors, o que não apenas é um pouco sacana como também torna mais difícil encontrar algum time disposto a abraçar o salário do rapaz.

Mas existe um time na NBA que nunca desiste de fazer trocas, um time que está decidido a transformar o elenco inteiro com uma visão em mente. Esse time é o Bobcats, que deu ao técnico Larry Brown carta branca para montar o time como ele bem entender. O velhinho pentelho se livrou do Okafor, do Jason Richardson, do Matt Carroll, e montou um time focado na defesa e sem espaço para o individualismo. O resultado é uma equipe que estreiou na temporada marcando 59 pontos contra o Celtics, com claras dificuldades de passar dos 80 pontos a cada jogo. O time agora tem Raja Bell e Boris Diaw, jogadores capazes de pontuar, mas nenhum deles é um pontuador nato. O papel do Bell é defender e converter seus arremessos de três pontos, função que ele desempenhava muito bem. Mas, para ter um jogador capaz de defender múltiplas posições e que seja capaz de pontuar constantemente, Larry Brown resolveu abrir mão até mesmo do seu queridinho.

Stephen Jackson chega ao Bobcats mantendo o foco da equipe, se focando na defesa e pontuando sem ser estrelinha. Ele sabe o que é ser jogador secundário graças ao tempo que passou no Spurs, se orgulha de defender mesmo jogando no Warriors (que provavelmente dá umas surras depois das partidas nos jogadores que ousaram tentar defender) e tem tudo para se dar bem com o Larry Brown. Do jeito que o técnico odeia os armadores da equipe (tanto Raymond Felton quanto o anão do DJ Augustin), é bem possível que o Stephen Jackson até assuma a posição em alguns momentos durante os jogos (se até o boris Diaw já foi armador nesse Bobcats!). Mas também é possível, dizem os fofoqueiros por aí, que ele seja trocado rapidinho para outro time. Não dá para descartar essa possibilidade, afinal o Bobcats está insatisfeito com o que tem e cansado de feder esperando uma boa escolha de draft. Já faz uns anos que todo mundo espera eles finalmente acordarem no tranco e irem aos playoffs, então não tem mais desculpa pra ficar tendo o traseiro chutado por aí. Stephen Jackson se encaixa nessa postura, no planejamento, na filosofia de jogo, e tem tudo para se encaixar bem na equipe. Não deve dar muito resultado, convenhamos, mas o Bobcats continua tentando. Ao menos eles sabem o que querem e se movimentam com uma intenção, não é a porra-louquisse do Warriors que parece trocar só por esporte, pra ver se vem de brinde um Mega Tazo.

Em troca do Stephen Jackson e do Acie Law, que é um armador que nunca deu certo e que o técnico Larry Brown deve comer com granola no café da manha, o Warriors recebeu Raja Bell e o Vlad Radmanovic, que nem fede nem cheira. O Bell traz defesa para o Warriors, e depois dessa afirmação vamos todos tirar uns minutinhos para rir à vontade. Até parece que alguém que cuida dessa equipe mequetrefe se preocupa em instituir uma filosofia defensiva, mas provavelmente eles estão dispostos a pelo menos fingir um pouquinho.

Contra o Brandon Jennings, que marcou 55 pontos, o negócio foi muito feio. Ao rever a partida no meu League Pass (calma, calma, a gente resenha o serviço ainda essa semana), percebi que a maioria dos pontos do Jennings saiu em uma jogada simples de corta-luz na linha de três pontos. Não havia ninguém do Warriors capaz de grudar no garoto, a jogada funcionou à exaustão, e quando eles ficaram muito desesperados de passar vergonha, começaram a dobrar nele depois do corta-luz e o resultado foi o Andrew Bogut recebendo uns passes para ponte-aérea, já que o pivô do Warriors durante quase toda a partida foram o Stephen Jackson ou o Maggette. Aliás, grande parte do mérito pela atuação do Jennings tem que ser dado ao Bogut, que atormentou tanto o garrafão do Warriors que a linha de três ficou completamente livre. Quer dizer, a linha de três do Warriors já é completamente livre, mas ficou pior a ponto de render 55 pontos para o novato. Para critérios estatísticos, a pontuação do Jennings deveria valer só a metade – quando ele tentar algo assim contra o Celtics a gente faz uma estátua e uns sacrifícios humanos pro guri.

Quem ganha com a troca é o Stephen Jackson, que agora terá um técnico capaz de apreciar o que ele traz para as quadras, mas o problema é que o time fede pacas e rapidinho é bem capaz que ele comece a ficar insatisfeito de novo (ou que o time continue insatisfeito e troque de novo). O Warriors deve piorar um pouco com a sua saída, mas o que é um peido para quem já está cagado? Outros jogadores podem continuar pontuando como malucos e talvez o Raja Bell seja capaz de impedir outros jogadores de fazer 50 pontos, o que por si só já seria um lucro, evitando que o Warriors se torne essa anedota estilo Ari Toledo que tem sido nos últimos anos. Da próxima vez que o Jennings for enfrentar o Warriors e tentar quebrar seu recorde de pontos, o Raja Bell estará lá. Sozinho, é verdade, mas lá.

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