>Mavs desesperado

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Duncan olha para a bunda de Parker

Tive a mesma empolgação que o Danilo teve no nosso Twitter quando estava vendo ontem o jogo entre Dallas e San Antonio e percebi que o Mavs estava usando um bom e velho small ball, com Jason Kidd, JJ Barea e Jason Terry em quadra ao mesmo tempo. A empolgação passou um pouco depois quando eu parei e pensei em quantas vezes eu tinha visto o Dallas fazer isso durante a temporada: nenhuma.

A formação exata era Kidd, Barea, Terry, Nowitzki e Haywood. Deve ser o único small ball com dois jogadores de 2,13m, mas ainda assim era um small ball, tinham três armadores com menos de 1,90m em quadra e foi a forma do técnico Rick Carlisle marcar o Spurs com Tony Parker, Manu Ginobili, George Hill, Tim Duncan e Antonio McDyess.
O fato do Rick Carlisle ter que montar uma formação que nunca usou antes na vida para marcar o Spurs e não obrigar o adversário a usar um time diferente mostra quem está mandando atualmente na melhor série dessa primeira rodada. Depois do primeiro jogo em que o Nowitzki destruiu com todos os marcadores que colocaram na frente dele, parecia que ninguém ia conseguir pará-lo e que o Mavs ia ganhar fácil, a primeira parte é verdade, mas não está sendo o bastante. Sobre a atuação abaixo da média de Nowitzki no jogo 2 o Greg Popovich, técnico do Spurs, disse “A gente não fez nada de diferente”. E não fizeram mesmo, continuaram trocando de marcadores o tempo inteiro e foi só o alemão que não estava numa noite boa.
No jogo 3 houve sim uma pequena mudança na marcação do Nowitzki, ocorreram mais dobras na marcação. Mas como o Dirk é um ótimo passador, as dobras não aconteceram o tempo todo, mas sim em momentos certeiros do jogo e das jogadas. Quando a posse de bola estava acabando, dobravam, quando ele estava de costas para algum marcador, dobravam, quando ele parava de bater a bola, dobravam de novo. Foi impressionante ver a inteligência dos jogadores do Spurs ao saber exatamente quando era bom para eles deixar alguém livre para incomodar mais o Dirk. E a maior prova de que o Dirk não é amarelão é que mesmo muito bem marcado ele marcou 16 pontos só no 3º período, liderou a volta do Dallas depois de estar perdendo por mais de 10 pontos e foi o cestinha do jogo com 35 pontos.
Sem conseguir parar o Nowitzki, o Spurs partiu para o resto do time e tem tido enorme sucesso em parar todo o resto da equipe. O Jason Kidd está fazendo uma série irreconhecível, não ataca a cesta, não arremessa e passa pouco tempo com a bola na mão organizando o time. Está parecendo o Kidd de quando chegou a Dallas e encontrou um sistema ofensivo feito para o Devin Harris, não para ele. Criticamos a ida dele para o Mavs por causa disso mas hoje reconhecemos que ele fez uma ótima temporada, porque o time se adaptou ao seu estilo. No desespero e na marcação do Spurs, estão abandonando o esquema tático que deu certo por 82 jogos.
O desespero também ficou claro na ação do Carslile em montar essa formação bizarra que mencionamos no começo do texto. E não foi só isso, essa formação ficou quase o segundo tempo inteiro em quadra, o Caron Butler não jogou um minuto sequer de partida nos dois últimos quartos! Por pior que o Butler tenha sido no primeiro tempo, ele não é o tipo de jogador que você deixa de fora de um tempo inteiro de um jogo de playoff disputado. Assim como o small ball, barrar o Butler do time foi inédito em toda temporada.
Não saber lidar com a adversidade é culpa do Mavs, causar a adversidade é mérito só do Spurs. Não desanimaram com a derrota no jogo 1 e começaram a jogar como o time que era candidato ao título antes da temporada regular. Tem coisa mais Spurs do que fazer uma defesa tão chata que obriga o outro time a tentar as formações e esquemas táticos que elas menos gostam? É só lembrar do Suns tentando jogar basquete de meia quadra e tomando surra do Spurs, ou o Nets na final de 2003 sem seu contra-ataque, o Cavs sem conseguir isolar o LeBron na final de 2007 e tantas outras situações.
Se o Spurs não achou quem deve marcar o Dirk, o Mavs não tem idéia de quem deve marcar o Ginobili e nem Kidd, nem Terry, nem Barea e nem tiros de bala de prata estão conseguindo parar as infiltrações do Parker. Junte isso ao Duncan vencendo o duelo contra Dampier e Haywood e teremos o Spurs dos tempos vencedores. E lembra que passamos o ano inteiro pedindo a ajuda de mais alguém além dos três? No jogo 2 foi o Richard Jefferson que fez seu melhor jogo como atleta do Spurs, ontem foi a vez do George Hill ser a força além das três estrelas a ajudar o Spurs a vencer. E pra falar a verdade eu acho que o time é melhor quando o George Hill está inspirado do que quando o Richard Jefferson está, com o Hill o time fica melhor na defesa, com o Jefferson, no ataque. Mas do jeito que o Ginobili e Parker estavam atacando ontem, eles só precisam de defesa.
A torcida do Spurs já está super animada e achando que o time já é candidato a título de novo, assim como a torcida do Celtics, diga-se de passagem, mas os dois tem que tomar cuidado. Os dois times passaram a longa temporada regular inteira tentando se acertar e só foram times medianos e irregulares, é pensamento mágico achar que só porque é playoff todos os problemas acabaram. Essa série contra o Dallas tem tudo pra ser ainda muito longa e vão ter que continuar jogando bem como jogaram os últimos dois jogos para provar que houve mesmo uma evolução.
Minha maior expectativa para o jogo 4 é ver como o Dallas vai agir nos momentos mais complicados do jogo. Será que de novo o Rick Carslile vai achar um quinteto e manter ele por mais de um período inteiro achando que é o único que pode dar certo? Será que o Caron Butler volta para o jogo 4 motivado em mostrar que é titular de direito ou está bravinho com o treinador e não vai querer jogar? E na hora do aperto vão jogar a bola no Dirk e assistir ou jogar como jogaram o ano inteiro? Ou eles se acertam ou vai começar uma longa temporada de piadinhas com a cor amarela.
Ontem tivemos também o primeiro arremesso da vitória no último segundo, do Paul Pierce. Acho que foram os piores 10 segundos da história do Heat, não foram? Primeiro o Wade erra o arremesso da vitória e, ao cair, machuca a perna, aí ele sai do jogo, o Paul Pierce faz uma cesta no último segundo e agora eles perdem a série por 3 a 0. Lembra como uma semana atrás a série entre Heat e Celtics era a que todos consideravam a com mais chance do time sem mando de quadra vencer? As coisas mudam rápido!
Abaixo o vídeo com a cesta do Pierce.
Achei muito vacilo do Dorrell Wright nessa bola. O moleque jogou demais ontem, foi o principal ajudante do Wade até o Michael Beasley acordar e fazer 8 pontos seguidos no quarto período, mas vai ficar marcado por essa bola no fim do jogo. Em todas (TODAS!) as vezes que o Paul Pierce precisa de um arremesso, não necessariamente no fim do jogo, ele pega a bola de frente pra cesta, vai para a direita e dá um arremesso na parte direita da cabeça do garrafão. É a sua bola de segurança, como é a infiltração pela esquerda do Ginobili ou o pick-and-roll entre Nash e Amar’e para o Suns.
Pra quem duvida, olha o arremesso dele contra o Bulls nos playoffs do ano passado. E contra o Hawks nessa temporada. Sempre saindo do meio para a direita e soltando um fade-away. Não é fácil marcar, mas não precisa dar de graça!
E não é que o Dorrell Wright não só não evita essa jogada, ele também praticamente pede por ela! Ele dá o lado direito para o Pierce e fica assistindo ele ir para o arremesso, como se estivesse com medo de uma infiltração que nem tinha tempo para acontecer. E o Heat ainda tinha uma falta para fazer sem render lance livre, ou seja, poderia ter feito uma falta faltando 2 segundos para o fim do jogo e deixava o Celtics na situação de arranjar um arremesso em 2 segundos vindo de um lateral. Terrível atuação do Wright nessa posse de bola e agora o Celtics pode conseguir a primeira varrida dos playoffs.
Atualização!
O nosso leitor Leonardo Miranda colocou nos comentários um texto do DallasBasketball.com que diz que o Rick Carlisle usa a formação com Kidd, Barea e Terry ao mesmo tempo desde o ano passado. Eu nunca tinha visto essa formação ser usada além de em alguns momentos bem específicos, como o último minuto final de um quarto, e jamais por mais de 5 minutos em sequência, muito menos por quase um tempo inteiro, como ontem, mas os números mostram que é um pouquinho mais comum do que eu pensava. Foram 193 minutos de uso desse trio ao mesmo tempo na temporada passada e 195 nessa, uma média de 2 minutos por jogo.
Segundo a análise do site, a formação não deu muitos resultados no ano passado mas foi melhor nesse, e funciona melhor quando existe uma compensação: se é muito pequeno de um lado, não abre mão de Dirk e de um pivô do outro. Mas os números apesar de mostrarem isso, ainda são poucos. A formação com três armadores e um pivô no meio atuou por apenas 44 minutos em toda a temporada!
Agradeço ao Leonardo pelo link, quem quiser ler tudo é só clicar aqui!

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