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Esse jogo 5, que finalizou a série, mostrou bem o que ela foi. O Denver é um time fantástico e o Dallas um time bom, que lutou bastante, mas que nunca seria capaz de vencer uma melhor de 7 contra o Nuggets. O Dallas fez o que dava com o time que tem e agora pensa se desmonta o time e recomeça do zero ou se dá mais uma chance à equipe que tem, dilema de pelo menos metade dos eliminados nessas fases mais avançadas dos playoffs.
Mas falemos do Denver Nuggets. Como vocês já devem ter lido por aí, é a primeira vez que o time do Colorado chega a uma final de conferência desde 1985, época da União Soviética, Zico, Jordan em temporada de novato e de um monte dessas coisas que estão voltando à moda por causa dessa mania idiota de revival da década mais trash do século passado.
Como isso faz muito tempo, dá pra entender a festa que estava no ginásio do Denver na última quarta-feira, foi um espetáculo. Mas pensando menos na franquia e mais em quem fez parte dessa campanha, a história fica até mais bonita.
Eles decidiram continuar, dar mais uma chance ao time que tinha sido humilhado pelo Los Angeles Lakers na primeira rodada dos playoffs, estágio que era o cemitério do time há tantos anos. A única diferença no elenco que começou a temporada era que eles tinham perdido o Marcus Camby e em troca tinham recebido apenas um cartão de Natal e um pacote de bolacha de maizena.
De repente tudo mudou quando, algumas semanas depois de começada a temporada, apareceu a troca de Allen Iverson por Chauncey Billups. Testemunhas dizem ter ouvido um “oooooh” seguido de um arco-íris e anjos na primeira vez que Billups entrou em quadra com seu novo time.
Kenyon Martin: Pra mim ele ia ficar pra sempre como mais uma viúva do Jason Kidd. Um daqueles jogadores limitados mas que até garantiu um All-Star Game porque jogava do lado de um dos maiores armadores da história nos seus melhores anos. Mas nessa temporada o Denver virou um time completo e ele, mesmo limitado, era útil porque só precisava fazer o que sabe: defender, pegar rebotes e finalizar pontes-aéreas.
Nenê: O brazuca já tinha conseguido a fama de um bom jogador que foi sortudo na hora de ganhar um gordo contrato mas azarado porque não conseguia jogar. Depois de machucar o joelho, que já é um fantasma na vida de qualquer atleta, a última coisa que ele precisava era de um câncer. Mas jogou essa temporada como se nunca tivesse tido problema de saúde algum e se tornou o complemento ofensivo de K-Mart no garrafão do time.
Os dois, que até já brigaram em treino, hoje formam uma das duplas de garrafão mais completas da NBA.
Carmelo Anthony: Estava começando a virar um Tracy McGrady depois de tantos anos sem passar da primeira rodada dos playoffs. Além disso, era indisciplinado dentro de quadra, onde não obedecia o técnico e não exercia a liderança que se exigia dele. Nesse ano virou outra pessoa. George Karl certa vez disse que não sabia se tinha sido pela experiência com a seleção americana ou pela influência do Billups, mas que hoje o Carmelo era outra pessoa e um jogador mais completo (ele até passa a bola!).
Chris Andersen: O Birdman para muitos (eu!) tinha encerrado sua carreira após ter sido suspenso da liga por uso de drogas. Geralmente caras secundários que perdem lugar na NBA não costumam conseguir voltar, mas o Denver apostou nele e deu certo. Hoje ele está lá pra pegar os rebotes e os tocos que o Camby dava, mas com muito mais estilo e gel no cabelo.
George Karl: Pessoas que acompanhavam o Denver Nuggets de perto diziam que ninguém respeitava o técnico George Karl dentro do time há um ano. Não obedeciam suas decisões táticas e suas jogadas. Simplesmente ignoravam ele e jogavam naquela correria mal organizada e sem defesa que todos devem lembrar. Um ano depois o Denver tem uma das defesas mais agressivas da NBA e funciona com perfeição no ataque liderado por um armador que é só elogios a seu líder.