Vai você, Granger!
Principalmente por figurões como o Gilbert Arenas e o DeShawn Stevenson, o Wizards deve ser um dos times que mais foram citados aqui no Bola Presa. Nessa temporada, sem Arenas e sem vitórias, eles ficaram um pouco de lado. Mas vou dizer, eu gosto desse time, espero falar mais deles na temporada que vem e gosto porque eles têm alguns dos jogadores mais legais da NBA. Não dá pra torcer contra.
Veja essa declaração do Caron Butler na semana passada, por exemplo:
“Eu sei, pessoalmente, que estarei na melhor forma da minha vida. Na melhor condição física que já estive. Fisicamente, mentalmente, eu vou estar melhor do que nunca, vou ter a melhor temporada da minha carreira. Estou botando isso no papel, vou ter o melhor ano da minha carreira dentro e fora da quadra. Estou falando sério.”
Ele também disse que planeja usar o seu verão de férias para treinar com dois ex-companheiros de time, dois frangotes chamados Kobe Bryant e Dwyane Wade. Quantas vezes vemos jogadores comprometidos a trabalhar tanto nas suas férias?
Talento o Caron Butler tem de sobra. Não para ser o próximo Kobe ou o Wade, mas ele é bom o bastante para fazer muito estrago na NBA, ainda mais com essa motivação toda e um ótimo preparo físico. Mas como uma andorinha só não faz verão (disse essa enquanto fazia tricô e guardava a dentadura), o Butler espera o mesmo dos seus companheiros de time:
“Eu acho que todo mundo estará sedento como eu nesse verão. Nós não temos tempo a perder, nosso momento é agora.”
E ele tem razão. O Antawn Jamison tem 32 anos, o Arenas tem 27, o próprio Butler tem 29 e o Brendan Haywood também. Seguindo a teoria de que o atleta da NBA está no seu auge por volta dos 28 anos, o Wizards está no momento certo para brilhar. A questão é se eles precisam de mais alguém para que esse brilho signifique chance de título.
Para o Caron Butler eles precisam de alguém sim, mas que ele espera que esse alguém não seja um pivete qualquer conseguido com a terceira escolha do draft. Segundo o Butler, ou o Wizards garante a primeira escolha do draft e leva o Blake Griffin pra casa ou é melhor trocar a escolha por algum veterano.
Eu estou de acordo. Ficar pegando pivete pra cuidar quando a intenção do time é ganhar agora simplesmente não vale a pena. Eles já fizeram isso anos atrás quando trocaram sua quinta escolha (que veio a ser o Devin Harris) pelo Antawn Jamison e deu resultado, com o Jamison virando um all-star enquanto o Devin Harris ia pegando o jeito das coisas em Dallas. O Blake Griffin parece ser um cara bom o bastante pra assumir a posição 4 e dar conta do recado, qualquer outro novato acho que é melhor o Wizards trocar mirando times que tem muito talento e que estão buscando renovação, como o Suns, o Clippers e o Mavs.
Mas voltando à questão da vontade de melhorar do Butler, acho que isso faz muita diferença na NBA. Se no campeonatinho da escola o moleque que é o melhor não está afim de jogar, ele é o melhor mesmo assim e o time dele ganha, na NBA tem tanta gente boa que são nessas coisas que o Parreira chamaria de detalhes que um time ou um jogador é melhor que o outro.
O Kobe chegou na NBA como um grande jogador de colegial com ótimo físico e arremesso irregular, assim como o JR Smith e Gerald Green, mas ele é tão bitolado em basquete e tão obstinado a ser o melhor (deve ser um cara muito chato por isso, é verdade) que ele acabou conseguindo virar o que é. Eu não tenho dúvida de que o JR Smith tem o talento necessário para ser um jogador com média de 25 pontos por jogo, mas ele quer isso? Ele quer melhorar o jogo 1-contra-1 dele? Quer treinar jogadas no pick-and-roll? Quer ser uma ameaça como passador para conseguir mais espaço? Quer ser melhor defensor para garantir a vaga de titular? Para isso o cara tem que passar horas e horas treinando, tem que contratar treinador particular e tudo isso sem a certeza de que alguém irá perceber a mudança e jogar um biscoito pra ele.
Essa discussão nos leva a um dos prêmios que eu mais gosto na NBA, o de “Most Improved Player”, o jogador que mais evoluiu em relação à temporada passada. O prêmio é dado a quem mais evoluiu, não importando os motivos que os levaram para tal evolução.
Hoje estava vendo a lista dos principais candidatos a jogador que mais evoluiu na temporada lá no NBA.com e eles listam o Nenê, o Kevin Durant, o Jeff Green, o Danny Granger, o Devin Harris e o Paul Millsap, todos candidatos fortíssimos.
O Nenê na verdade sempre foi bom, o que aconteceu foi que nesse ano juntou que ele estava finalmente saudável, mais maduro e com um armador ótimo do lado. Acho que foi mais a situação que melhorou do que ele. Parecido é o caso do Millsap, que evoluiu o jogo ofensivo dele mas que foi com a contusão do Boozer e o maior tempo em quadra que definiu esse status de candidato ao prêmio.
Também podemos colocar o Devin Harris nos que melhoraram porque a situação mudou. No Nets ele é a base do ataque e assim tem mais liberdade pra mostrar seu jogo. Mas não vejo ele atacando a cesta muito melhor do que já fazia em Dallas, apenas faz mais frequentemente e com menos medo de ir parar no banco quando errar. Devin Harris é o mesmo jogador mas mais à vontade e com um esquema de jogo feito pra ele.
O Kevin Durant eu já disse aqui que evolui a cada passo que dá, a cada noite de sono bem dormida, a cada empada de palmito que come. Simplesmente a cada jogo que ele joga o cara parece melhor e mais completo. Pensando por esse lado eu daria o prêmio a ele, mas pensando por outro lado eu acho natural demais que um jogador de segundo ano melhore bastante depois de apanhar no ano de novatos.
Não é à toa que o seu companheiro de Thunder, o Jeff Green, também esteja na discussão. Mas assim como eles, o Mike Conley está melhorando demais, o Joakim Noah, o Spencer Hawes, o Thaddeus Young, o Rodney Stuckey, o Nick Young, o Wilson Chandler, o Aaron Brooks e por aí vai. Se eu pudesse inventar uma regra pra deixar nesse prêmio seria que só vale para jogadores que estão em pelo menos seu terceiro ano na liga, quando a evolução técnica é menos esperada.
Talvez essa mudança não fosse legal porque o prêmio teria que se chamar “Most Improved Player with at least 3 seasons played in the league” e a sigla MIPWAL3SPITL não iria pegar entre os fãs da NBA. Mas pelo menos iria premiar o jogador que evoluiu seu jogo quando é mais difícil, quando a maioria está estagnada, acostumada. Por isso eu daria nesse ano o meu voto para o Danny Granger.
O nosso querido Granny Danger foi draftado em 2005 e não parou de melhorar o seu jogo até hoje. Começou bem, melhorou no ano seguinte, aproveitou quando foi abrindo espaço no seu time e nesse ano ele não só evoluiu ainda mais como evoluiu a parte mais difícil, que é deixar de ser só um grande jogador para ser espetacular.
É mais fácil passar de 10 pontos por jogo para 18 do que de 20 para 25. Para chegar aos 18, 19 pontos por jogo, basta você ser bom ou ter um bom armador do lado, para chegar aos 25 de média você precisa ser muito bom e ter uma variedade de jogadas ofensivas que façam com que você tenha jogos de muitos pontos contra qualquer adversário, e é isso que o Granger desenvolveu.
Desenvolveu com treino, com vontade de jogar basquete melhor mesmo depois de assinar um bom contrato. Mais ou menos como o Butler está disposto a fazer.
Hoje o Granger chuta de 3, de 2, infiltra e vai quase 7 vezes por jogo para a linha de lance livre. Pode jogar como um shooter, se posicionando para o arremesso, ou com a bola na mão. Jogador fora de série!
Danny Granger, meu palpite para esse ano. Caron Butler para o ano que vem.