>O confronto que não acontecerá

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Josh Smith tem um derrame cerebral no meio de uma enterrada

Às vezes alguns times se esquecem de que no basquete ganha quem fizer mais pontos. Não adianta dar uma de Santos, pegar o futebol-arte e jogar na privada, tirar todos os atacantes, fazer um time só de volantes, ter três jogadores expulsos e segurar resultado. Na pior das hipóteses, como nos ensinaram Spurs e Pistons campeões da NBA, dá pra jogar o basquete na privada por três quartos – e aí atacar com eficiência nos minutos finais. Por isso o Billups naquela equipe estava sempre com aquela postura de “O quê, nós assassinamos o basquete e os olhos das pessoas estão sangrando? Tudo bem, daqui a pouco a gente arruma”, ao invés desse Nuggets medroso que é personificado na figura do JR Smith: só jogam bem quando já estão na frente.

Mas quem esqueceu de atacar não foi o Nuggets, mas o Bucks. O time até que sofreu mais do que estava acostumado para marcar o Hawks e deixou o Mike Bibby livre trocentas vezes – porque quando a equipe está preocupada em defender o garrafão, costuma deixar de lado armadores com mais de 60 anos de idade. Mas ainda que o Bibby tenha punido o Bucks um bocado, no geral a defesa foi eficiente, física e pentelha. Só não adianta nada se na hora de marcar pontos, o time parecer que ainda está defendendo. Era capaz deles conseguirem roubar a bola e aí devolver para o Hawks, “tó, tenta de novo”, como um goleiro místico daquele desenho de futebol em que todo mundo parece ter poderes mágicos, o “Super Campeões” (o goleiro em questão defendia os chutes do Tsubasa apenas para colocar a bola nos pés dele de novo pra provar que ele era fodão). É bem óbvio que o Bucks se sente mais à vontade defendendo do que atacando. Se fosse futebol, eles ficariam realizados de poder ir para os pênaltis.

Torcer pra time que não sabe defender (tipo o Warriors e o Knicks) é um saco, a diferença no placar favorecendo o adversário nunca diminui, mas você sabe que na próxima posse de bola teu time vai pontuar e pelo menos diminuir um pouco. Torcer pra time que não sabe atacar é muito pior, cada posse de bola no ataque é um parto, tudo é dor, sofrimento, pessoas trombando contra uma parede. Dá uma sensação de que é tão difícil, mas tão difícil, que seria melhor se todos eles desistissem daquilo e fossem tentar uma atividade mais prazeirosa, como regar flores ou comer algodão-doce. Quando o placar se alargou para uma derrota por 20 pontos no quarto período e começou a entrar aquele pessoal do fim de banco, foi um alívio incrível. O pessoal do Bucks tá mais do que contente, enfrentaram um Jogo 7 mesmo sem Bogut e Michael Redd, tiveram chance de fechar a série no Jogo 6, e ninguém vai dar risada das Renas Roxas na temporada que vem.

Para o Hawks, a sensação nem foi tanto de alívio, foi mais é de vergonha. Não que o Bucks fosse ruim demais, mas é que quando você passa um baita de um sufoco, correndo o risco de ser eliminado um jogo antes, e aí chega na hora e vê que o Bucks fede e dá pra vencer por 30 pontos, fica aquele clima de “ah, era só isso?”. Confesso que me surpreendi positivamente com o Hawks, em especial com o Josh Smith, apesar do sufoco que passaram contra as renas. O Josh Smith chegou a arremessar 152 bolas de três pontos na temporada 06-07 com um aproveitamento ridículo de 25%. Alguém disse para o rapaz que ele era armador e o coitado acreditou. Com 2,06m de altura ele está mais para um ala pequeno mesmo e sempre tentou se focar nesse papel, arremessando sem critério. Aos poucos foi diminuindo os arremessos, mas sempre flertando com as 100 bolas de três por temporada. Até que, nessa temporada, deu apenas 7 arremessos de fora! Sete! É uma diminuição de, sei lá, trocentos por cento! O mais engraçado é que ele errou todas as sete bolas, então finalmente percebeu que é um homem de garrafão que só deve arremessar de três nas horas de desespero – exatamente como qualquer outro homem de garrafão comum, não chamado Okur. O jogo de costas para a cesta do Josh Smith está muito refinado, ele tem um arremesso bastante confiável de média-distância, e não vai mais deixar a altura confundí-lo de em que posição deve jogar. Com Mike Bibby inspirado nas bolas de três e Joe Johnson e Jamal Crawford excelentes nos arremessos, eles precisam desesperadamente que o Josh Smith fique ali mesmo na área pintada e jogue com garra, força e agressividade (o resto do Hawks é meio molenga demais e deveria estar jogando vôlei). Tá bom que ele andou arremessando mais de fora nos playoffs (até acertou duas bolas contra o Bucks), mas é só porque a defesa de garrafão da equipe de Milwaukee é mostruosa. Ou assim espero.

O Josh Smith está pelo menos aprendendo a atacar a cesta e jogar com energia sem, no entanto, exagerar nas faltas ou forçar o jogo. Contra o Bucks ainda cometeu muitas faltas bobas, mas mais por mérito da Lady Gaga (nosso querido Ersan Ilyasova) do que por culpa de sua imaturidade. O único problema no Josh Smith que continua desde que eu conheço o rapaz é seu repertório de caretas. Ele confunde “jogar com energia” com “fazer cara de quem mata crianças e bebe seu sangue com um canudo”. Pior é que as caras de assassino do Josh Smith parecem caricaturas bizarras do Kevin Garnett, parece que ele está imitado o Garnett com dor de barriga, prisão de ventre ou tendo um derrame. Não é nada bonito. Se Hawks e Celtics se enfrentarem, é capaz do Garnett dar um murro na cara do Josh Smith só por achar que ele está tirando sarro!

Mas eu falei só por falar, bater no teclado é de graça e é fácil, porque é claro que o Hawks não vai enfrentar o Celtics. Amanhã postaremos o perfil da série entre Hawks e Magic, mas se eu for o responsável pelo palpite vou acabar tacando um 4 a 0. Acho pouco provável que o Hawks roube uma partida sequer. E do outro lado, o Celtics vai ter muito trabalho para ter chances de passar para a próxima rodada e pegar o vencedor de Magic e Hawks.

Quando fizemos a análise da troca que levou Garnett e Ray Allen para o Celtics, ainda no comecinho do blog, eu dei 3 anos de vida para essa formação atual antes dela virar poeira. Bom, esse é o terceiro ano do Boston com esse elenco, então pelos meus cálculos não sobra muito gás nessa brincadeira. É claro que isso não quer dizer nada, afinal no mesmo post eu chutei que o Wolves ia se reestruturar rapidinho e surpreender a NBA logo, coisa que só deve acontecer nos meus novos cálculos lá pelo ano de 2089. Mas a verdade é que o Celtics realmente caiu de produção esse ano, a defesa despencou, eles viraram o pior time em rebotes, e a gente aprendeu a não levar eles tão a sério. Na primeira partida contra o Cavs na segunda rodada dos playoffs, ao menos mostraram que estão vivos. O Garnett teve um primeiro tempo genial, que me fez lembrar do que eu gostava tanto nele no Wolves, e o Ray Allen voltou a meter as bolas de três pontos rápidas em contra-ataque. Mas no segundo tempo acabou a pilha e o Cavs assumiu o jogo, primeiro com o Mo Williams acertando arremessos ridículos e fazendo 10 pontos seguidos com o LeBron ainda no banco (foi exatamente pra isso que ele foi contratado), e depois o LeBron voltou só pra finalizar com o jogo. Saiu dizendo depois da partida que o time estava tão bem no ataque que ele conseguiu descansar bastante e se focar só na defesa. É verdade, ele defendeu muito bem o Paul Pierce, que só acertou 5 em 17 arremessos, mas como diabos alguém que se foca “só” na defesa sai de quadra com 35 pontos? Não sei se isso é sinal de que o time é uma merda, então quando ele pode descansar tem só que fazer “35” pra garantir a vitória, ou se o LeBron é simplesmente alienígena e marca 35 pontos contra o Celtics dormindo. Quanto será que ele marcaria se estivesse tentando só pontuar? M-e-d-o.

Talvez parar o LeBron seja impossível, mas seria uma boa ideia (pelo menos para nós, fãs do basquete) se o Celtics conseguisse segurar os outros jogadores do Cavs. Se o Mo Williams não tivesse marcado 10 pontos seguidos, saído de quadra com 20 e dado uma enterrada na cara do Paul Pierce, talvez o LeBron tivesse suado um pouco, se esforçado. Segurar o resto do time pode ser a possibilidade de que o Cavs não consiga se recuperar a tempo numa partida, ou ao menos que LeBron não possa se focar na defesa e Paul Pierce terá mais liberdade no ataque. Ou seja, o mais importante, mais importantíssimo de tudo, de tudo nesse universo, essencial de verdade, é que não deixem o Mo Williams dar outra enterrada dessas – pega muito mal, foi a primeira dele jogando pelo Cavs (e provavelmente não enterrava desde o basquete universitário). Ele enterrar foi tão bizarro que o técnico Mike Brown teve até que usar umas drogas psicotrópicas para se recuperar:

Se o Celtics impedir isso, terá mais chances de que não achemos eles uns velhinhos que cansam fácil. Dá pra acabar com o jogo ainda no primeiro tempo se a defesa apertar depois disso e o LeBron James não conseguir salvar o mundo a tempo. Não resta muito combustível para o Celtics, então eles precisam vencer agora. O Cavs vai ter o próximo século inteiro para ganhar uns anéis, os verdinhos precisam dar um jeito de passar para a próxima rodada imediatamente. Onde não enfrentarão o Hawks, pode ter certeza.

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