>O dia da volta

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Carter sempre fez isso em Toronto

Eu queria mesmo conhecer quem faz esse calendário da NBA. Não deve ser nada, nada fácil. O cara tem que colocar jogos bons para a televisão na quinta-feira para favorecer a TNT de lá, às sextas tem que ter os jogadores que a ESPN quer mostrar em jogos bons e ao mesmo tempo eles tem que fazer com que os times não tenham que fazer viagens insanas todos os dias. Isso sem contar os contratempos, como o Circo (Circo! E não é o Circo Espacial) que todo ano vai ao ginásio do Chicago no fim de novembro, ou quando tem rodeio no ginásio de San Antonio.
E no meio de toda essa palhaçada eles ainda conseguem fazer dias temáticos. Ontem foi o “Dia da volta para casa”. Então tivemos o Vince Carter voltando a Toronto, o Elton Brand enfrentando seu velho Clippers, Kevin Garnett jogando em Minessota e o Hornets jogando em Oklahoma City.
Comecemos com o melhor jogo da noite: Raptors e Nets. Foi um daqueles jogos pra você virar fã de todo mundo. Todos jogaram bem, todos mostraram o que sabem, os dois times beiraram os 130 pontos, foi uma festa, principalmente se você não torce para o Raptors. Se você torce para eles é um jogo a ser esquecido.
Jose Calderon finalmente está de volta à equipe e fez a festa com o Chris Bosh nos três primeiros quartos de jogo. Os dois estavam simplesmente brincando com a defesa do Nets de todas as maneiras possíveis e imagináveis e até o Andrea Bargnani, o melhor jogador da NBA com nome de menina, estava na melhor noite da sua carreira.
Aí tudo começou a desmoronar, começando pelo joelho do Jermaine O’Neal. Tava bom demais ele passar 12 jogos sem nenhuma dorzinha sequer. Depois do Yao, T-Mac e Baron Davis já terem perdido jogos por contusão, estava na hora do Jermaine estourar o joelho. E pode ter sido grave o negócio, não tem nenhuma notícia oficial mas a imagem foi bem feia.
Com um Jermaine a menos, o Raptors conseguiu desperdiçar uma vantagem de 18 pontos, sendo 7 deles nos últimos 25 segundos de jogo. Tudo por causa do Vince Carter, que fez 12 pontos seguidos no final do jogo para levar para a prorrogação. Os últimos três foram em um arremesso sensacional de muito longe com a marcação do Anthony Parker grudada nele, um arremesso histórico que o Carter comemorou como um doido, como eu não via ele comemorando há anos.
Ele estava comemorando por vários motivos, não era só porque foi um arremesso tão foda que você sairia pulando até se fosse naquela cestinha que você deixa atrás da porta do quarto, era porque foi contra o Raptors. De maior ídolo da história da franquia, ele se tornou o maior vilão depois de ter implorado para sair de lá, toda santa vez que bota o pé em Toronto ele é vaiado. Aposto que as camareiras do hotel vaiam ele, o motorista do ônibus vaia ele, a mulher dele deve vaiar ele na cama quando estão em Toronto. O Carter fez um dos arremessos mais fodidos da carreira dele com vaias e mais vaias na orelha, não é à toa que vibrou tanto.
Com o jogo na prorrogação, foi mais um show de grandes jogadas. Primeiro dois arremessos do Devin Harris sobre o Calderon para abrir uma boa diferença, depois o Chris Bosh acertou um arremesso de 3 para diminuir a diferença pra 1, e com a vantagem de volta a três pontos o Anthony Parker acertou um arremesso-Raja-Bell para empatar o jogo. Foi então a vez do Carter brilhar mais uma vez, agora vencendo o jogo contra o seu maior rival pessoal com uma enterrada de costas em uma ponte-aérea. Que tal? Cinematográfico o bastante? Foi o bastante para ser um dos melhores jogos da temporada até agora, ou pelo menos o com o melhor final.
Para quem gosta de números (eu!), dêem uma olhada no nível das atuações de ontem. Defesa? Coisa de viado!
Jose Calderon: 26 pontos, 15 assistências
Andrea Bargnani: 29 pontos, 10 rebotes
Chris Bosh: 42 pontos, 9 rebotes
Devin Harris: 30 pontos
Vince Carter: 39 pontos, 9 rebotes, 2 arremessos de último segundo e 1 torcida irada.
O Raptors não é um time ruim, mas sempre me dá a impressão de que eles podem mais do que fazem. Eles são bons o bastante para não desperdiçar com derrotas o segundo jogo de mais de 40 pontos do Bosh (ele fez 40 pontos e 18 rebotes contra o Orlando outro dia). Assim como são bons o bastante para não perder uma vantagem de 18 pontos contra o Nets.
Para as principais jogadas do jogo de ontem, tem esse vídeo aqui com os melhores momentos:
Mais sobre o Vince Carter:

Sempre questionaram (eu também) a motivação do Carter. Nunca pareceu que ele realmente se importava em vencer jogos, ele parecia querer se divertir, fazer suas enterradas e então ir pra casa. Quando pareceu que ele queria vencer, criou inimigos – foi quando cansou de perder no Raptors e exigiu ser trocado.
No Nets ele começou a ser criticado porque não ajudou o Nets a ser o time vencedor que seu elenco mostrava que poderiam ser, aí quando o Kidd foi trocado estava todo mundo esperando ele exigir sua próxima troca. Mas surpreendeu todo mundo dizendo que não queria ser trocado, que gostava da molecada do Nets e queria ser um líder em New Jersey.
Mas além dessa idéia de ser líder, estou gostando mais do Carter nessa temporada porque ele está jogando melhor mesmo. Talvez essa motivação criada por ele em ser o líder seja o motivo, não sei, mas o fato é que está tomando decisões melhores dentro da quadra. Ontem ele soube perfeitamente quando arremessar de longe, quando usar sua habilidade de outro mundo de ilfiltração e, mais importante, quando ficar de lado e deixar o Devin Harris jogar.
Nada contra o Knicks, mas se eu fosse o LeBron eu iria preferir ir para o New Jersey (Brooklyn?) Nets jogar com Carter e Devin Harris do que ir para Nova York jogar com o Chris Duhon e o Al Harrington.
Ah, além disso tudo que eu disse, o Carter é também um grande e gigantesco mentiroso:
“Minha atuação contra o Cleveland foi inaceitável. Eu me considero o líder desse time e preciso jogar bem. Não tem nada a ver com o lugar em que estamos jogando ou contra quem, tem a ver com jogar melhor para ajudar meu time.”
Tá bom. E se o Pitta não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim.
Já as outras visitas não renderam grandes jogos:
Com o Garnett em Minessota, a torcida o aplaudiu de pé antes do jogo, coisa que eu não teria feito se fosse torcedor do Wolves, pelo menos não depois daquele final de jogo no ano passado em Boston, vocês lembram? Mas eles esqueceram e ontem deram essas boas-vindas, com as quais o KG pareceu não se importar muito:

O confronto do Elton Brand com o Clippers pode ser definido em três partes:
1. Baron Davis: “Eu não tenho nada pra falar pra ele.”
2. O técnico Mike Dunleavy: “Tivemos 5 anos ótimos com o Elton aqui, eu amava ele. Mas agora existe um certo desapontamento porque eu não sei o que aconteceu, não sei porque ele foi embora. Nunca deixávamos passar 10 ou 15 minutos depois de uma mensagem ou ligação sem nos respondermos, de repente ele ficou em silêncio”.
3. Elton Brand faz a cesta da vitória no último minuto de jogo. Sixers 89, Clippers 88.

A volta do Hornets foi bizarra. Esse vai-e-vem de times é uma confusão difícil de entender. Aposto que muita gente em Oklahoma City torce para o New Orleans por ter visto os dois primeiros anos da carreira do Chris Paul, quando o Hornets foi para Oklahoma City jogar temporariamente devido ao furacão Katrina. Imagina ter dois times diferentes na sua cidade em tão pouco tempo, deve ser uma sensação muito estranha mesmo. Mas se alguém estava na dúvida para quem torcer, o jogo serviu para o cara se lembrar que o Hornets é bom e que o Thunder é o pior time da NBA. Eita joguinho sem graça.

Pelo menos não foi um jogo completamente inútil:

“Visitei minha filha e vim no meu restaurante favorito em Oklahoma City”.

Boa, Byron Scott. Alguma coisa de emocionante tinha que acontecer.

O Thunder, aliás, acaba de demitir o técnico PJ Carlesimo. Será que eles acham que a culpa do início de 1 vitória e 12 derrotas é por causa do técnico e não porque eles usam o Robert Swift e o Johan Petro de pivôs? Estranho.

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