>O Houston de Carl Landry

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O novato-sensação numa foto digna de passaporte

São quantas vitórias seguidas, mesmo? Quantas? Acho que perdi a conta. Nah, é claro que não perdi a conta. Mesmo se você lê o Bola Presa somente há cada vez que o Duncan dá um sorriso, já deve estar cansado de saber que eu sou torcedor do Houston. Deve ver a fotinho do post, ver o uniforme vermelho e já começar a xingar: “Merda, mais um post desses comunistas! Esse babaca não sabe falar de outra coisa?”

Oras, há muito tempo para se falar de outras coisas! Agora, a hora é dos três torcedores ocidentais do Houston aproveitarem a fase única na história do time: são 17 vitórias seguidas, ganhando 21 dos últimos 22 jogos, 5 em sequência sem Yao Ming e 8 jogos em sequência por 10 pontos ou mais de diferença. Que tal?

Sempre tem um manezinho pra pentelhar por aí, dizendo que o Houston só enfrentou time capenga nessa sequência. Bem, a culpa não é minha que o Nuggets às vezes fede e que o Nowitzki foi suspenso logo antes de jogar contra o Rockets por ter dado um ippon no Kirilenko. Meu time simplesmente venceu os oponentes um pouco mais capacitados e atropelou os fracassados. No começo da temporada o Houston teve uma das tabelas mais cruéis da Liga, enfrentando os melhores times da NBA justamente quando o time ainda tentava enteder do que diabos aquele tal de Rick Adelman estava falando, qual era a rotação, como jogar em transição. Agora o esquema ofensivo já está inteiramente absorvido, a rotação definida e a quantidade excessiva de armadores está enxugada. O time movimenta a bola, todo mundo é a Madre Teresa de Calcutá servindo aos companheiros, os contra-ataques funcionam que é uma beleza e o Rafer Alston descobriu seu papel no time (que, vale lembrar, não é ficar parado atrás da linha de 3 pontos e chutar há cada duas posses de bola). Com tudo funcionando direitinho, a temporada teria começado bem melhor e o Houston poderia (por que não?) estar no topo do Oeste. Teve que aprender do jeito mais difícil, deu azar nos confrontos, e agora com o conjunto bem azeitado está chutando os cachorros mortos. E todo mundo sabe que cachorro morto é coisa de chinês.

Eu sei, ninguém quer ler meus elogios à equipe de T-Mac pela nonagésima vez, mas é que tenho alguns pontos a comentar. O primeiro é que como torcedor apaixonado eu devo esses comentários a mim mesmo. Não tem coisa mais com gosto de pé do que post que fica em cima do muro só porque não é ético dar opinião, torcer para um time e achar o Duncan entediante. Não opinar é trabalho de estagiário, e os estagiários aqui no Bola Presa não postam porque estão sempre ocupados tirando xerox e fazendo café – mesmo que aqui ninguém precise de xerox e nem tome café, porque faz mal pra minha gastrite.

Outra coisa é que tem gente que, mesmo quando está sóbria, acha que o Houston é melhor sem Yao Ming. Acho que o Mao Tse-tung deu uma má fama para os chineses, porque o ódio que existe pelo Yao é surreal! Das 17 vitórias seguidas, 12 foram com o gigante chinês. O homem cria espaços, recebe marcação-dupla o tempo inteiro, passa bem a bola, não força o jogo. A defesa, que afunila em sua direção no garrafão, é muito favorecida por ter um pivô de tanta envergadura bem em seu centro, não importa quantas cravadas na cabeça ele tome. O que acontece com o Houston é uma espécie de “Síndrome de Wizards sem Arenas” (vou patentear esse conceito), ou seja, sem o Yao no ataque o resto do time percebeu que tem que ser muito mais inteligente e criar os espaços com passes mais rápidos. Na defesa, cada um teve que se esforçar em dobro para impedir as penetrações que antes ganhavam cobertura. Ou seja, com a água na bunda todo mundo de repente descobre que sabe jogar esse esporte esquisito, basta ter uma pequena dose de vontade.

E vontade é o que não falta justamente para o novato Carl Landry. Ele é simplesmente monstruoso mas é tipo a maconha que o Bush fumou na faculdade, ou seja, é um segredo texano. Só quem está assistindo os jogos do Houston constantemente está presenciando o que esse fedelho está fazendo. Ele arranca a bola das mãos dos jogadores adversários e crava em suas cabeças sem sequer notar que foi marcada uma bola presa antes, cava faltas, bate o tempo todo para cima da cesta, tem um jumper de meia distância confiável e não compromete na defesa. Na recente coluna do Denis sobre estatísticas, descobri que o Landry é o décimo segundo melhor jogador da NBA em eficiência utilizando-se uma conta maluca e que faz bastante sentido. Não quero dizer com isso que ele seja um dos 20 melhores da Liga, longe disso, mas ele certamente é um dos mais eficientes, é um dos que melhor utilizam seu tempo em quadra. Carl parece se doar inteiramente em cada segundo do jogo e não aguentaria ficar em quadra muito tempo nesse ritmo. Mas enquanto fica, o ataque do Rockets flui incrivelmente bem.

Sabe uma coisa que não entra na minha cabeça? No último draft, eu sabia que o Houston tinha que draftar um ala de força (Scola ainda não havia sido adquirido) e fiquei puto da vida quando draftaram um armador, porque era mais um pra completar a dúzia na feira. Mas aí Carl Landry foi draftado na primeira escolha do segundo round pelo Sonics e então mandado para o Houston em troca de uma futura escolha de segundo round. Peraí, o cara que foi eleito para a seleção dos melhores jogadores da Big Ten no basquete universitário, o cara que fez 24 pontos em cima do talento defensivo (e primeira escolha do draft) Greg Oden? Esse cara foi parar no segundo round, escolhido depois de Wilson Chandler e Jason Smith? Eu nunca, jamais, entendo o maldito critério para que esses caras sejam draftados tão depois. Mas a sorte foi do Houston, que agora colhe os frutos. Não se espante se Carl Landry ganhar uns votinhos e acabar como terceiro ou quarto melhor novato do ano. Baita roubada do Houston, mas nada que se compare ao assalto à mão armada que foi a troca do Gasol.

Também não se espante se o Houston continuar vencedo: no sábado enfrenta o Hornets, duelo complicado, mas depois disso serão apenas os fedidos Nets, Hawks e Bobcats. As 17 vitórias seguidas já são a sétima melhor sequência da história da NBA. Ao vencer o Hornets, meu time terá tudo para completar 21 vitórias seguidas, o bastante para a segunda maior sequência de todos os tempos. E aí, você acha que dá? O recorde seria uma boa antes de enfrentar em seguida Lakers, Celtics, Suns e o Hornets de novo. Amanhã, o resto do planeta Terra que me desculpe: não perco o jogo contra o New Orleans por absolutamente nada.

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