O Lakers muda de rota

Todo ano o Danilo faz um texto aqui no Bola Presa para fazer um balanço de como foi a última temporada, quais os planos para a próxima e como iremos alimentar o blog durante a offseason. Esse post entra no ar no período entre o último jogo da Final e o Draft, que é como aquela semana sossegada entre o Natal e o Ano-Novo no calendário que as pessoas normais seguem. A NBA, porém, resolveu que FODAM-SE AS FESTIVIDADES! A liga não para e estes últimos dias estão deixando tudo de cabeça para baixo.

Primeiro o Boston Celtics mandou a 1ª escolha do Draft para o Philadelphia 76ers e logo tentou se engraçar com Jimmy Butler, que também recebia assédio do Cleveland Cavaliers, que decidiu não renovar com o General Manager David Griffin, irritou LeBron James e fez todo mundo pensar que a dispensa foi porque Griffin se recusava a trocar Kevin Love por Paul George, que disse nessa semana ao Indiana Pacers que planeja dar o fora para o Los Angeles Lakers quando o seu contrato acabar daqui um ano. O Lakers, por sua vez, também fez uma troca bombástica ao mandar D’Angelo Russell e Timofey Mozgov por Brook Lopez e a 27ª escolha do Draft desse ano. Ah, e mencionamos o LA Clippers varrendo o mercado para saber quando pagariam no DeAndre Jordan e que o Atlanta Hawks trocou o DWIGHT HOWARD por um punhado de feijões mágicos com o Charlotte Hornets? Pois é, essas são as ~FÉRIAS~ que a gente esperava. Até troca entre CONTAS DE REDES SOCIAIS TEVE. E como se não bastasse de notícia caótica, o Kawhi Leonard cortou suas trancinhas:

O balanço da temporada fica pra depois, a análise da troca do Dwight Howard e a dispensa do manager do Cavs também. Hoje é dia de tentar entender a razão que fez o novo presidente do Lakers, Magic Johnson, e o novo GM Rob Pelinka a chutarem da equipe o cara que era, até outro dia, a grande esperança de futuro do time. Vamos lá:

LA Lakers manda: D’Angelo Russell e Timofey Mozgov

Brooklyn Nets manda: Brook Lopez e a 27ª escolha do Draft 2017

Fora de um contexto maior essa troca parece uma derrota gigante do Lakers. Eles mandaram um jogador talentoso de apenas 21 anos, que está apenas começando a descobrir todo seu potencial e em troca receberam um Lopez aos 29 anos que nunca conseguiu ser decente na defesa e que entra em seu último ano de contrato. Perder Mozgov parece uma boa, já que ele jogou MUITO MAL na sua única temporada em Los Angeles. A escolha dada é uma das últimas da primeira rodada, não dá pra contar que vire algo decente. Nos últimos anos, ainda sob o comando do manager Mitch Kupchak, o time arrancou Jordan Clarkson, Larry Nance Jr. e Ivica Zubac de escolhas ruins, então até dá pra sonhar, mas está longe de ser garantia de alguma coisa.

Mas a questão dessa troca é justamente o contexto, e é aqui que a coisa começa a fazer sentido. Não sei ainda se concordo, mas é possível encontrar a lógica. No último ano, ainda com Mitch Kupchak como General Manager, o Lakers deu a entender que queria reconstruir o time com calma, através do Draft e apostando na pirralhada. Depois de anos tomando NÃOS constrangedores dos Free Agents que tentavam caçar, resolveram dar espaço para os mais jovens e gastaram o grande espaço no teto salarial para contratar os “adultos” que serviriam de mentores para a rapaziada. Foi assim que gastaram uma nota preta com Luol Deng e Mozgov, que receberam salários grandes demais para –na teoria– compensar a ideia de que estavam levando os últimos anos de suas carreiras num time fracassado.

Após um ano, o Lakers é outro. Outras pessoas no comando e um outro plano. Agora o time não quer nada dessa porcaria de reconstruir com pirralhos que nem sabemos que são bons mesmo e a dupla Magic e Pelinka mira os grandes Free Agents, os nomes DE PESO. O problema? Os contratos de Mozgov e Deng empacam as contratações. No ano passado reconheci que os contratos eram ruins, mas defendi que não eram absurdos. Foram feitos baseados na ideia de que o teto salarial iria subir ainda mais e que o time não iria mirar os Free Agents. Erro duplo: o teto salarial não deve subir tanto como o previsto nesta temporada e o time quer, sim, trazer qualquer nome famoso que você lembrar. O primeiro deles é Paul George, seja por troca agora ou por contratação direta, como Free Agent, em 2018.

Pode-se imaginar que o Lakers ainda irá dispensar Luol Deng (pela stretch provision, que deixa o time PARCELAR o pagamento no teto salarial ao longo dos anos), trocar Jordan Clarkson e então abrir 64 milhões livres para buscar dois Free Agents daqui um ano, quando Paul George, LeBron James, Russell Westbrook e DeMarcus Cousins estiverem no mercado.

O que me deixa com a pulga atrás da orelha, porém, é o timing: entendo a ideia de chutar o contrato de Mozgov para quem quiser assumir a bucha e ganhar espaço, mas por que agora? Qual a pressa de fazer um negócio na SEMANA do Draft? Essas trocas pré-Draft são raras até porque no dia das escolhas é mais fácil sentir o que os outros times querem, pegar alguém no desespero, entrar em contato com os managers lá mesmo e aí sim fazer alguma coisa. E se a ideia é visar a classe de 2018, por que não segurar Russell por mais tempo e analisar mais opções de troca? A única resposta é que Magic e Pelinka têm um outro negócio na manga para fazer até o dia do Draft e que essa escolha 27 e/ou Lopez são importantes para isso. Sem contexto a troca parece só errada, analisando a situação do time, suas ambições e principalmente os salários, ela é compreensível, mas ainda está incompleta.

Pelo lado do Brooklyn Nets, a troca é uma vitória monumental. Como já comentamos no passado, o Nets é um time condenado a não ter presente e nem futuro. Um all-in há alguns anos deixou o time praticamente sem escolhas de Draft (Boston Celtics agradece!) e com um elenco medíocre. Eles não atraem nenhum Free Agent e não têm como draftar os melhores jovens. O que fazer além de só esperar? Bom, o General Manager Sean Marks conseguiu usar o espaço salarial do time para aceitar o TERRÍVEL contrato de Mozgov, que ainda recebe cerca de 16 milhões por temporada pelos próximos TRÊS ANOS, e trazer junto o cara de mais potencial que o time conseguiu botar as mãos em muito tempo.

Eu, como torcedor do Lakers, tinha muita esperança de que D’Angelo Russell fosse ser o cara empolgante que parecia em Ohio State, o híbrido de Steph Curry e James Harden que tantos sonhavam, mas não rolou. O primeiro ano foi um desastre do começo ao fim: brigas com o técnico Byron Scott, nenhuma chance de se desenvolver ao lado da dominância de Kobe Bryant jogando sozinho e o infame caso de quando Russell filmou Nick Young confessando traições no casamento e publicou na internet. Como eu disse, UM DESASTRE. O ano seguinte começou bem, com ele e o Lakers voando sob o comando de Luke Walton. Mas aí Russell se machucou, o time desandou e sua volta não corrigiu nada. Ele teve vários problemas físicos, se mostrou um dos piores defensores da NBA e sua capacidade de infiltrar e fazer bandejas sobre marcadores altos é praticamente nula.

Mas mesmos com esses defeitos claros, Russell conseguia pontuar bem, mostrou flashes de ser o armador criativo que prometia ser, deu alguns passes impressionantes e quando seu arremesso de longe esquentava, parecia que finalmente o tal do franchise player estava chegando. Foram muitos altos e baixos, é claro, mas o que esperar de um moleque de 21 anos? Dizem que dentro do Lakers cada vez mais perdiam a paciência com sua falta de profissionalismo e maturidade –ele parece um bebêzão imaturo mesmo– mas, de novo, o que esperar de um moleque de 21 anos? Nem todo mundo é maduro nessa idade (eu não era!) e fica mais difícil quando você é um milionário morando em Los Angeles. O Lakers pode ter perdido uma bela oportunidade de lapidar um grande talento, e o trocou para se livrar de um contrato ruim que eles mesmos (embora sob outro comando) assinaram e para abrir espaço salarial para jogadores que podem nem vir!

Cabe ao Nets agora tirar tudo o que puder de Russell, é a única chance deles de investir num jovem de potencial nos próximos anos. Ele deve gostar de jogar em um dos times mais rápidos da liga e que adora arremessos de 3 pontos na transição e onde ele não será o único defensor ruim. Até imagino o técnico Kenny Atkinson montando uns small balls com ele e Jeremy Lin atuando juntos. Ainda vai ser um time perdedor, falta talento, mas pode ser divertido de ver jogar e o bastante para tirar o melhor de Russell que ainda não vimos. Perder o último ano do contrato de Brook Lopez e uma escolha de fim de 1ª rodada por essa chance saiu até barato.

Se essa troca nos ensina alguma coisa, mesmo que ela se transforme em ótimas contratações do LA Lakers no futuro, é como é caro e difícil mudar de plano no meio do caminho. A contratação de Mozgov sempre foi ruim, especialmente quando ele mostrou que não seria aquele da sua última temporada saudável em Cleveland, mas tinha ao menos um pouco de sentido no plano inicial. Russell tinha (tem!) muitos defeitos, mas eles eram aceitáveis num esquema a longo prazo. Quando o plano muda, os dois perdem valor e o time se vê obrigado a essa troca azeda. Aos poucos aprendemos o grande plano de Magic Johnson e torcemos para ele fazer sentido.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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