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Todas as quintas-feiras a NBA tem no máximo três jogos, algumas vezes dois, culpa da TNT que guarda pra ela os jogos mais esperados da temporada e passa em rede nacional uma rodada dupla. Ontem, os jogos foram a revanche da final do ano passado entre Cavs e Spurs e mais uma rodada na rivalidade Lakers e Suns. O outro jogo, esse não transmitido em rede nacional, foi, porém, o que trouxe o melhor da noite. O pior ficou na costa Oeste, em LA, e tudo isso feito pelos coadjuvantes.
Comecemos pelo melhor, que foi a dupla Kleiza e Camby no Denver Nuggets. Se os dois jogassem assim sempre, Carmelo e Iverson seriam apenas bons coadjuvantes, porque é isso que foram ontem. Kleiza marcou 27 pontos só no primeiro tempo e terminou o jogo com 41. Não tenho a lista aqui mas se você pegar os jogadores que passaram dos 40 nessa temporada, só deve ter jogador de altíssimo nível como Iverson, Kobe, LeBron e Bosh. Kleiza entrou em um seleto grupo e ao mesmo tempo mostrou uma nova maneira que o Denver tem de jogar. Com Nenê fora (pelo jeito o tumor é benigno, pelo menos) a vaga na ala junto a Melo era de K-Mart. Com K-Mart também fora, ou a vaga era do esforçado garoto de Chiuaua, Eduardo Najera, ou o Denver ia no improviso. Foram no improviso.
Kleiza, que já chegou a ter minutos como Shooting Guard nessa temporada, começou como ala de força ao lado de Melo e deixando só Camby tomar conta de defesa. O resultado foi que Kleiza não parava de acertar arremessos e a infiltrar na defesa do Utah, Melo e Iverson fizeram o que fazem sempre e não foi surpresa ver o Nuggets chegando à marca dos 120 pontos.
O lado perigoso desse ataque do Denver é que eles acham que, já que se cansam muito no ataque, podem se dar ao luxo de não fazer nada na defesa. Ontem não foi tão diferente, mas um cara salvou a noite, Marcus Camby. Foram 24 rebotes e 11 tocos, ambos recordes na carreira dele. O que me revolta só é o fato de uma atuação dessa ainda resultar no time adversário fazendo 109 pontos. O Denver é um time empolgante, divertido, cheio de alternativas, só não podem depender de 40 pontos do Kleiza para conseguirem marcar mais pontos que o adversário. Mas se a estratégia é essa, então que usem o Kleiza mesmo de titular, porque o Kenyon Martin raramente passa dos 20 pontos, não acrescenta muito no ataque, e na defesa, onde ele costumava ser eficiente, não tem sido muito. Com exceção àquele jogo contra o Spurs em que o Nuggets ganhou jogando na defesa e, acho que pela primeira e única vez na temporada, ganhou um jogo marcando menos de 80 pontos.
Não quero que os torcedores do Nuggets, que imagino que sejam muitos, pensem que eu acho o time deles um lixo, não é isso, lixo é o Heat. O que eu acho é que se você pensar no elenco deles e até no bom técnico, eles ainda não atingiram nem metade do potencial que têm, talvez seja até um dos piores resultados levando em consideração apenas a relação talento/resultado. Com Melo, Camby, Iverson e coadjuvantes do nível de Nenê, K-Mart e até Kleiza, que se mostrou mais de uma vez um ótimo pontuador, eu não me contentaria com nada menos que o título.
O pior da noite, por outro lado, veio no jogo de Los Angeles. Nos dois primeiros jogos entre Lakers e Suns, Andrew Bynum tomou conta do jogo e acabou com o Phoenix, então o jogo de ontem serviria para mostrar do que esse Lakers sem Bynum é capaz e do quanto Kwame pode render como titular. O resultado?
Vitória do Suns. SETE turnovers para Kwame e, segundo alguns, “os piores dois minutos de um jogador na história da NBA”. Uma pequena descrição que eu achei em um fórum gringo:
“Ele desperdiça a bola. Próxima posse ele erra uma enterrada. Depois erra outra. Depois perde outra posse de bola. Por fim erra uma bandeja sem marcação.”
E não é exagero não. Ele realmente fez tudo isso em posses de bola consecutivas. Eu, pessoalmente, e não só porque sou torcedor do Lakers, morro de dó do Kwame. Só ver a cara dele depois de tantos erros, com a torcida vaiando ele muito alto como ontem, corta o meu coração. De verdade! Já aloprei muito ele desde que ele entrou na NBA, mas essa temporada não é a primeira que dizem que o Kwame está destruindo nos treinos e na hora H ele faz merda. Já disseram também, inúmeras vezes, que ele tem grandes problemas psicológicos, que basta uma jogada errada, um jogo ruim, para que a confiança dele fique mais baixa que a moral do Isiah Thomas na nossa última enquete.
E ontem foi o que aconteceu, ele errou uma bola, começou a ouvir as vaias e era visível que ele não tinha condição de continuar jogando. Phil Jackson, porém, não o tirou de quadra, o que é típico dele. Jackson tem o hábito de não pedir tempo e substituições em momentos óbvios, ele deixa o time se ferrar, gosta de ver como cada um se vira em situações adversas e acha que os jogadores podem crescer assim. Eu pessoalmente acho essa estratégia o máximo e depois de 9 títulos é até difícil discordar do Zen Master, mas ontem a situação do Kwame foi traumatizante, acho difícil ele jogar bem de novo (De novo? Pela primeira vez) pelo Lakers. O contrato dele acaba no fim da temporada, ele deve dar o fora e é candidatíssimo a ser um futuro desempregado.
“Foi definitivamente uma noite especial. Nunca vou esquecer dela para o resto de minha vida.” As palavras são de Linas Kleiza, mas pode colocar na boca de Kwame e de Camby que também se encaixam perfeitamente.
Notas:
– Para os torcedores do Lakers, uma ótima notícia: o próximo encontro é contra o melhor da noite passada, o Nuggets. Seguido por Spurs e Mavericks. Ouch!
– Para quem quer ver os dois minutos de horror do Kwame, tem um pouco nesse vídeo aqui, por volta dos 2 minutos de vídeo.