O novo calendário da NBA

A NBA divulgou o seu calendário de jogos na última semana. Primeiro com os destaques da semana de estreia e a aguardada Rodada de Natal, depois liberando toda a lista com os 82 jogos das 30 equipes da liga. Em geral esses calendários só interessam dois grupos: os torcedores que já estão planejando que ingressos vão comprar; e as comissões técnicas que preparam suas planilhas de viagens, dias de descanso e dias de treino. Para a gente, tanto faz. O importante é ter jogo no League Pass todo dia e pronto, certo?

Meio certo. Há algum tempo que o assunto do calendário tem bombado e a razão é simples: 82 jogos são MUITOS jogos e muita gente está achando que isso está prejudicando a NBA. Seja pelas lesões, pelos jogadores cansados na parte mais importante da temporada –os Playoffs— ou até mesmo pela relevância dos jogos. É mais difícil vender ingressos ou a atenção dos telespectadores quando uma partida não é tão decisiva assim. São muitas partidas e no fim do ano mais times entram nos Playoffs (8) do que ficam fora (7) em cada Conferência, ninguém vai perder a cabeça por um jogo qualquer numa terça-feira em Janeiro.

A solução mais óbvia seria diminuir o número de partidas. Atletas mais descansados podem atuar num nível melhor e menos jogos fariam as partidas valerem mais, atraindo mais audiência e ganhando relevância. O problema é que os times acham que vão ganhar menos dinheiro se isso acontecer, seja pela venda de ingressos, seja pelas muitas menos horas de NBA na televisão. E até os jogadores, que em teoria seriam beneficiados, não são muitos fãs de jogar menos partidas. Quando questionados sobre isso, alguns apelam à “tradição dos 82 jogos” e outros simplesmente dizem que preferem jogar a cada dois dias, que sem isso perdem o ritmo de jogo. Meu palpite: eles não querem ter mais dias de treino!

A NBA, como tem acontecido bastante desde que Adam Silver se tornou o comissário da liga, tenta achar o meio termo e agradar todo mundo. Pela primeira vez o sindicato dos jogadores participou da elaboração do calendário e aqui estão algumas das mudanças mais importantes:

A temporada começará mais cedo. Será no dia 17 de outubro ao invés, mais ou menos 10 dias antes do que era normal.

A maior parte das mudanças travava na necessidade de mais tempo para espaçar os jogos. A solução achada foi limar vários jogos da pré-temporada, odiados pelos atletas e chatíssimo para os fãs. Essa foi a decisão mais fácil de todas, disparado. Até os técnicos tinham dificuldade de usar a pré-temporada como período de testes e treinos, já que tinham receio de deixar seus melhores jogadores em quadra por muito tempo. Se tem alguém que não deve ter gostado é a área de negócios internacionais da liga, que usava essa época do ano para fazer times viajarem pelo mundo fazendo amistosos.


Nenhum time irá disputar os temidos ‘4-in-5’, as sequências de 4 jogos em 5 noites. Nenhum time terá 18 ou mais jogos em um período de 30 dias

Na última temporada 20 dos 30 times enfrentaram essa bizarrice basquetebolística de jogar 4 vezes em 5 dias, todos apenas uma vez. Dá pra imaginar como estão as pernas e as mentes no quarto jogo dessa maratona? Pois é, das 20 partidas que fecharam essas sequências na temporada passada, 13 acabaram em derrotas para o time mais desgastado.

No caso menos extremo, o de 3 jogos em 4 noites, algo que ocorreu com mais frequência, só 11 dos 30 times da liga tiveram mais de 50% de aproveitamento no último jogo da sequência. Como critério de comparação, tivemos 17 times com mais de 50% de aproveitamento na temporada completa.


Em média os times terão 14.9 ‘back-to-backs’, que são os dois jogos em noites seguidas. No ano passado a média foi de 16.9

Acabar com os jogos em dias seguidos é praticamente impossível, especialmente durante aquelas viagens que os times fazem para o outro lado dos EUA, mas a NBA conseguiu diminuir alguns deles. Na verdade, essa vai ser a temporada com menos back-to-backs na história da liga! Os times que mais enfrentaram isso no ano passado foram Cavs, Hawks, Clippers, Bucks e Kings, com 18. Nesta temporada, Jazz, Grizzlies e Kings lideram com 16.

Isso significa mais dias de descanso e times mais preparados. É difícil cravar o quanto dias de descanso influenciam nos resultados, mas temos algumas indicações:

Times com 50% ou mais de aproveitamento no 4º jogo em 5 noites: 7 (de 20 times)
Times com 50% ou mais de aproveitamento no 3º jogo em 4 noites: 11
Times com 50% ou mais de aproveitamento no 2º jogo em 2 noites: 13
Times com 50% ou mais de aproveitamento com 1 dia de descanso: 16
Times com 50% ou mais de aproveitamento com 2 dias de descanso: 15
Times com 50% ou mais de aproveitamento com 3 dias de descanso: 21

Ou seja, quanto mais tempo de preparo entre os jogos, melhor o aproveitamento das equipes. Chega ao ponto de 21 times terem bom aproveitamento quando recebem 3 dias de descanso, e olha que não existem 21 bons times na NBA! É bom olhar os números gerais porque existem, claro, as aberrações: o Memphis Grizzlies teve 10 partidas como a 3ª em 4 noites, e venceu 8. Mas também teve 12 jogos com 2 dias de descanso e só venceu UM! Um dos times mais físicos da liga prefere jogar sem descanso?! Vai entender…

Exceções à parte, podemos esperar então menos “derrotas de calendário”. Esta excelente matéria da ESPN Magazine fala sobre esses jogos impossíveis de serem vencidos: por que eles são contra Spurs, Warriors ou Cavs? Não, por causa do sono. Eles contam que em 2011, o Boston Celtics contratou um médico especialista em sono para analisar o calendário deles, as viagens e identificar problemas. Ele apontou uma partida contra o Phoenix Suns, no Arizona, um dia após o time ter jogado em Portland e três dias depois de uma partida do outro lado do país, em Boston: “Vocês não vão vencer esse jogo, será como jogar basquete bêbado”, avisou. Pois uma das potências da NBA na época realmente foi lá tomou uma surra de uma das piores defesas da NBA naquele ano.

Essas “derrotas de calendário”, como chamam os técnicos, são quando as diferenças de fuso horário, sem tempo de sono e descanso, destroem um time. A ESPN consultou outros médicos, analisou o calendário de cada equipe antes da temporada passada e listou as partidas mais impossíveis de serem vencidas no ano. Essas eram as três piores:

  1. 29 de novembro – O Charlotte Hornets deixa Memphis, “perde” uma hora voltando para casa e finaliza uma sequência de 4 jogos em 5 noites enfrentando o Detroit Pistons.
  2. 3 de dezembro – O Los Angeles Lakers enfrenta o Grizzlies, em Memphis, um dia depois de ter enfrentando o Raptors em Toronto. Será a quarta partida do time em 5 noites, todas fora de casa.
  3. 6 de dezembro – Outro final de sequência de 4 jogos em 5 noites, dessa vez com o Miami Heat deixando sua casa na Flórida e perdendo uma hora de vida a caminho de Detroit para pegar o Pistons

Dito e feito. As previsões se concretizaram com derrotas em todos os casos.


Serão 19 jogos a mais em finais de semana, data que a NBA evitava para não competir com a NFL

A NBA está confiando no seu taco… ou pelo menos um pouco. A maior parte dos jogos de fim de semana foram para o sábado, um dia dedicado ao futebol americano universitário, não à NFL. Agora eles só precisam que todas essas mudanças façam com que os times deem menos descansos a seus jogadores, especialmente nos jogos que passam para rede nacional na televisão.


A NBA não mais deixa toda a montagem de seu calendário nas mãos de uma única pessoa, como faziam há pouco tempo. Hoje a liga conta com a ajuda de computadores e tecnologia para que tudo fique o mais equilibrado possível, mas não existe solução perfeita. São muitos jogos, times espalhados num país continental e sempre teremos as aberrações de uma equipe descansada em casa enfrentando uma exausta que está na estada há uma semana.

Mas colocadas as condições que ninguém se dispõe a mudar –em especial o número total de jogos e divisão entre Leste e Oeste (os times jogam 30 jogos contra times da outra conferência, 52 dentro da sua própria)– a NBA nunca fez um trabalho tão bom como nesta temporada em espaçar seus jogos. Méritos para Adam Silver, claro, mas MUITOS pontos para os técnicos, em especial Gregg Popovich. Nos últimos anos o treinador do San Antonio Spurs não teve nenhum PUDOR em descansar seus melhores jogadores, algumas vezes em jogos muito aguardados que iriam passar na TV em rede nacional, só para provar um ponto: o calendário é pesado e vou poupar meus atletas para os Playoffs. Isso causou alguns jogos feios? Sem dúvida. Irritou emissoras de TV? Demais! Mas trouxe o assunto para a mídia e para os torcedores. Anos depois, aqui estamos com mudanças reais acontecendo por causa disso.

A NBA vive um dos grandes momentos da história em termos de qualidade técnica, popularidade e, claro, GRANA. A soma disso tudo geralmente é a desculpa perfeita para ninguém querer mudar nada. É legal que eles continuem se mexendo para seguir melhorando.

Torcedor do Lakers e defensor de 87,4% das estatísticas.

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