>O novo Spurs

>

Josh Smith aprova este texto

Quando eu comecei esse blog pra falar de NBA com o Danilo, nunca pensei que um dia iria escrever isso, mas vai lá: o Atlanta Hawks é melhor que o San Antonio Spurs. Pronto, falei! Mudamos para o mundo bizarro da NBA e ninguém percebeu porque estávamos muito ocupados dizendo #comofas no Twitter.

Não queria admitir, ia esperar mais tempo pra dizer, mas não resisti a falar a verdade. Hoje o Spurs é ainda um time forte, cheio de talentos, mas que não mete medo em ninguém e está recheado de defeitos óbvios. O ataque é lento nas trocas de passes e acabam forçando jogadas individuais no fim da posse de bola, a defesa não chega nem perto da fortaleza que já foi e as contusões insistem em encher o saco. Não temos nem um mês completo de temporada e tanto Duncan quanto Ginobili e Parker já perderam jogos por lesão.
Não sou doido de dizer que eles não tem chance de título nesse ano. Qualquer time com um bom elenco, histórico vencedor e um bom técnico não pode ser deixado de fora depois de menos de um mês de temporada, mas se caírem na primeira rodada dos playoffs de novo eu vou achar bem normal.
Enquanto isso, o Atlanta Hawks é um time sólido, regular, de boa defesa e agora até com banco de reservas. Até banco de reservas! Vocês tem noção que em 12 jogos o Hawks venceu 10 e no meio disso tem duas vitórias sobre o Blazers, uma sobre o Nuggets e até uma sobre o Celtics em Boston? Bizarramente uma das duas derrotas deles foi para o Bobcats, a outra foi para o Lakers.
O time foi o Clippers do Leste por tanto tempo e agora eles tem banco de reserva. E eu achando que ver o São Caetano na final da Libertadores tinha sido a maior aberração esportiva da década.
A história desse time do Hawks é rara nos dias de hoje. Eles montaram essa equipe na base de Free Agency, draft e muita, muita paciência. Josh Smith, Al Horford e Marvin Williams vieram em draft. Mike Bibby e Jamal Crawford foram trocas, o Bibby foi para Atlanta numa troca com o Kings e o Crawford numa troca com Warriors. O Joe Johnson foi para lá quando virou free agent.
Não são poucos os times que sabem escolher jogadores bons no draft mas não tem saco para montar o time em volta deles. Ou então não montam um ambiente animador para o pivete, que na primeira chance parte para um contrato milionário com outra equipe. Mas o Hawks não, foi visionário ao ver que o Joe Johnson poderia sim liderar uma equipe. Decidir quem é o franchise player não é fácil para esses times menores, eles costumam pegar o melhor jogador que têm, pagar uma nota e não vêem que muitas vezes o cara é só bom, não espetacular. Só ver o Bucks com o Michael Redd, Warriors com o Monta Ellis ou o Kings com o Kevin Martin.
O Joe Johnson, ao contrário desses todos que citei, acabou se tornando um líder dentro do elenco, evoluiu para se tornar mais que só um arremessador e hoje é daqueles caras que pode ganhar um ou outro jogo sozinho, como já fez até nos playoffs.
Esse processo todo foi lento. O JJ não chegou do Suns já sendo uma estrela, ele não evoluiu mais rápido que Pokémon como o LeBron James. E nessa lentidão quem o acompanhou foi o Josh Smith, que de aberração física se tornou bom defensor, bom reboteiro e, mais importante, um jogador inteligente. Em entrevista recente à revista Dime, ele disse que não está mais chutando de 3 nessa temporada porque não é a área dele. Como não estava com bom aproveitamento, resolveu se focar no que é de verdade, um ala de força. Também disse que não liga em não ser o principal jogador do time, que apenas quer vencer e ajudar. Um cara com o ego do tamanho do mundo exigiria uma troca para ser uma estrela, afinal potencial pra isso o Josh Smith tem, mas ele foi esperto o bastante para sacar que pelo menos hoje em dia ele não é tão bom assim e que ganha mais ficando no Hawks. Ganha mais experiência, mais (e melhor) visibilidade, mais jogos.
Nessa temporada até o Al Horford está melhorando. Depois de ser ótimo como novato, ele desanimou todo mundo na temporada passada quando parecia ter estagnado. Foi só comodismo de segunda temporada, porque nessa temporada ele já está fazendo muitos pontos, com ótimo aproveitamento de arremessos (até porque quase nunca força o que não sabe) e até tocos está dando. Nada mal para um cara que nitidamente é improvisado como pivô.
Do Bibby acho que até comentamos algumas vezes na temporada passada. Não é o mesmo jogador que fazia muito estrago na época do Kings mas chegou para livrar o Joe Johnson de ter que bater o escanteio e ir cabecear (inventei essa agora!). O Bibby arma o jogo, dificilmente faz alguma asneira e ainda sabe arremessar de três, coisa que foi bem problemática para o Hawks por anos a fio.
A cereja no bolo foi a adição do Jamal Crawford. O banco do Hawks já tinha o esforçado (eufemismo para “ele compensa a falta de talento com vontade”) Maurice Evans e a piada pronta Zaza Pachulia para dar um gás na equipe, cobrir buraco. Mas não tinha alguém que chegasse pra mudar a cara de um jogo amarrado ou para simplesmente marcar pontos quando o Joe Johnson não estivesse na quadra.
O Jamal Crawford pode ter dificuldade para fazer mil coisas: para passar a bola, para ser bonito, para ter relações amorosas estáveis, para fechar Goldeneye 007 no nível “00 Agent”, para chamar a amiguinha da sala pra ir no cinema e tudo mais, mas não tem dificuldade em marcar pontos. Deus chamou ele antes dele vir pra Terra e disse “Você vai à terra para marcar pontos em uma atividade humana chamada basquete. Sim, sua vida é patética”.
Jamal topou o desafio e veio aqui fazer a vontade divina. O cara marca muito ponto, dribla fácil (Top 5 em dribles mais devastadores da NBA) e faz isso todo jogo. Por fazer só isso e nada além disso, no Bulls, no Knicks e no Warriors era visto mais como um câncer fominha do que como um bom jogador. Mas na verdade ele só estava na função errada. Colocar o Jamal Crawford para liderar o seu time é pedir para o Eddie House pensar antes de arremessar, nunca vai dar certo!
No Hawks a função dele é jogar poucos minutos, ser fominha, arrasar com os reservas adversários. Ele é a principal razão para que o Hawks seja o time que mais evoluiu em pontos por jogo em relação à temporada passada. Em 2008-09 eram 97 pontos por jogo, agoram são 107.
Os titulares então fazem tudo aquilo que estamos vendo há uns 3 anos pelo menos. Movimentação de bola bem lenta no jogo de meia quadra, jumpers de meia distância e infiltrações do JJ e do Josh Smith. Na defesa, agressividade e contra-ataque rápido, essa sim a melhor arma ofensiva deles. Se você viu o Hawks só naquela série contra o Boston Celtics dois anos atrás você sabe do que estou falando. Não mudaram em nada, a diferença é que agora não tem tantos altos e baixos entre um jogo e outro.
Paciência, evolução da meninada, um jogador principal calmo e técnico e um doido agressivo como sexto homem. O Hawks não é só melhor que o Spurs, é o Spurs do Leste.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.