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A foto é bonita mas ele errou o arremesso
Aconteceu tanta coisa ontem que é até difícil saber por onde começar, então começo dizendo que aconteceu tanta coisa que é até difícil saber por onde começar. Isso me permite começar o próximo parágrafo já com algum dado, sem precisar de alguma introdução.
Jerry Sloan, técnico do Utah Jazz, conseguiu ontem sua milésima vitória no comando do Jazz. Não são 1.000 vitórias na carreira somando os times que treinou (Bulls e Jazz), são só pelo Jazz, é insano! Eu não tenho mil vitórias nem somando todas as vezes que joguei International Superstar Soccer 64, e olha que eu dediquei toda uma adolescência a esse jogo. Mas para o Sloan foi só mais uma partida, ele ficou com aquela cara emburrada o jogo inteiro, disse que o basquete é um jogo de jogadores e não de técnicos, mandou todo mundo trombar uns nos outros, fazer pick and rolls e foi pra casa depois de mais um dia de trabalho. Ou foi porque ele já tinha feito a festa antes do jogo, afinal foi contra o Thunder, ele já sabia que ia ganhar.
Mais uma vez sem nenhum gancho eu mudo de assunto. Devin Harris estragou a estréia do Allen Iverson no Detroit. O Iverson nas suas primeiras duas jogadas pegou a bola, ficou driblando e finalizou com cesta, sem passar a bola – sem dúvida é uma nova era em Detroit. Ele nem foi tão fominha assim o jogo inteiro, mas achei o time muito esquisito, principalmente nos momentos em que usaram Stuckey, Iverson, Hamilton e Prince juntos. O Pistons usando o “small ball“, só com jogadores baixos em quadra, é uma aberração, não tem como isso dar certo. Eu não acho que vai ser um desastre, não é pra tanto, mas essa experiência Allen Iverson não dura mais do que uma temporada em Detroit. Ano que vem ele deve estar em algum outro time.
Ah merda, esqueci do Devin Harris! Ia falar dele e só falei do Pistons. Estou parecendo a transmissão de ontem do jogo, que só falava de Iverson, Iverson e Iverson enquanto o Devin Harris estava arregaçando com a defesa do Pistons e não tinha um Billups lá pra parar o garoto. O Devin Harris fez o que mais sabe, costurou a defesa, bateu pra dentro, fez milhares de bandejas e não passou a bola nunca. Grande garoto, aprendeu muito com o Iverson, sem dúvida.
A derrota do Pistons foi notícia ruim para os seus torcedores, mas quem saiu deprimido da rodada ontem foram os torcedores de Hawks e Spurs: Josh Smith e Tony Parker vão perder pelo menos duas semanas de temporada depois de torcer o pé. Sério, tem como as coisas ficarem piores para o Spurs? Ontem eles estavam sendo humilhados, em casa, pelo Heat. Sim, o Heat, o time que tem dois novatos e três alas de força no time titular (o Beasley é as duas coisas ao mesmo tempo). O Popovich estava tão puto com o seu time estar perdendo por 20 no primeiro tempo depois do Tony Parker ter torcido o pé que voltou do intervalo com uma escalação digna da Liga de Desenvolvimento da NBA:
George Hill
Roger Mason
Desmond Farmer
Anthony Tolliver
Tim Duncan
Não precisa gastar seu comentário do dia pra dizer que o Duncan não é de nível de Liga de Desenvolvimento, mas acho que ele não joga do lado de caras tão ruins desde o time de ginásio dele. Dava pra ver nos olhos do Duncan o esforço, cheguei a torcer pelo Spurs durante um período do jogo, mas o time era ruim demais, a única jogada que eles tinham era ficar passando a bola de lado até um deles decidir chutar de 3.
O Miami não é burro e cercou o Duncan de jogadores, implorando pra qualquer outro jogador realizar os arremessos. O resultado foi que o Spurs arremessou 35 bolas de três no jogo! Acho que nunca vi isso em San Antonio, nem nos dias em que eles tinham Stephen Jackson, Ginóbili, Brent Barry ou qualquer outro grande arremessador no elenco.
E coitado do Parker, logo depois de fazer 55 pontos num jogo ele torce o pé? Só não dá pra ter dó dele porque a Eva Longoria é só pixels no papel de parede do meu Windows, enquanto é de carne e osso na cama dele.
O curioso das contusões de ontem é que elas mostram como existem jogadores que correm riscos simplesmente pelo estilo de jogo. O Tony Parker se machucou ao tentar uma bandeja, algo que cedo ou tarde teria que acontecer, é tanto pé naqueles garrafões que uma hora o pezinho delicado do francês ia cair no lugar errado. Já o Josh Smith se machucou depois de uma tentativa de toco. Se eu não me engano, o Gerald Wallace já se machucou uma vez ao pular desesperado para um toco, caindo depois de mal jeito. Por essas e outras é que você nunca vai ver o Jaqcue Vaughn ou o Mark Madsen se machucando. Eles não correm riscos.
Mas pelo menos ontem o Atlanta não sentiu falta do Josh Smith e deu um sacode no Raptors. Sabiam que só tem três times ainda invictos na NBA? São Lakers, Jazz e Hawks! Meu deus, nunca achei que ia dizer isso, mas o Hawks é atualmente o líder do Leste! O nosso leitor Silvano Vianna perguntou se eles são cavalo paraguaio, eu vou responder depois em um post mais detalhado do Hawks, mas, até para minha surpresa, acho que não são não. São um bom time. Ser líder do Leste é temporário, mas espero uma boa campanha deles.
Uma pena que a invencibilidade deve acabar na quarta da semana que vem, quando pegam o Boston. Mas até lá dá pra vencer o Thunder (sempre dá) e o Bulls, fazendo o Atlanta começar sua campanha com um recorde de 6 vitórias e nenhuma derrota.
Quem lê o blog há um tempo sabe que a gente aqui no Bola Presa não é nada patriota. Gosto do Leandrinho porque ele é um grande jogador, não porque ele fala a mesma língua e nasceu dentro da mesma linha imaginária que a gente. É com essa liberdade de falta de patriotismo que digo com todas as letras que o Nenê dispara nessas primeiras semanas como principal candidato ao prêmio de jogador que mais evoluiu na temporda. É patético começar com especulações de prêmios depois de apenas duas semanas de jogos, mas o Nenê está jogando demais mesmo e não parece que seja só uma fase, têm sido atuações convincentes.
Se o Devin Harris roubou o brilho da estréia do Iverson, em Denver quem roubou o show do Billups foi o Nenê. O jogo de ontem do Denver com o Dallas foi espetacular. Teve atuação muito boa do Jason Kidd, jogadas lindas do Dirk e até o Gerald Green foi muito bem, ao mesmo tempo em que vimos o Denver com uma nova atitude em quadra, mesmo depois de apenas um treino do Billups com o time!
O Denver desistiu em parte da correria, dos arremessos preciptados e jogou um jogo mais de meia quadra. E ninguém saiu perdendo. Com as jogadas de isolação o Carmelo rendeu até mais do que rendia antes, e com algumas jogadas mais bem trabalhadas, sem a ânsia pelo arremesso, o Nenê teve a chance de enfrentar o garrafão do Mavs e se deu bem. Acabou o jogo com 19 pontos, 7 rebotes e 1 (bela) assistência, além de várias bandejas de mão esquerda e enterradas poderosas. Só deu medo quando o Dirk trombou com o brazuca bem no joelho operado do Nenê, que saiu mancando. Fiquei com medo que quarta tinha sido o dia das grandes atuações e sexta o dia dos contundidos, mas o Nenê voltou inteirão.
O Billups não fez grande atuação, errou muitos arremessos e até um lance livre quando o jogo estava para ser decidido, mas só sua chegada já rendeu um estilo de jogo menos suicida e algumas boas jogadas na defesa. Mas o que eu achei mais genial por parte do George Karl, técnico do Nuggets, foi usar o Danthay Jones como titular e não o JR Smith. Isso deixou o time titular ainda mais defensivo e possibilitou ao JR Smith continuar jogando na correria, que é o que ele sabe fazer e fez muito bem com seus companheiros reservas Chris Andersen e Linas Kleiza, eles lembravam mais o antigo Nuggets e o resultado foi muito bom.
É muito melhor você ser correria porra-louca por alguns minutos ao invés do jogo inteiro e deu ao banco de reservas uma função de botar fogo no jogo, desestabilizar a defesa adversária. De repente o Nuggets virou um time que tem opções de estilo de jogo, não é só aquela mesma coisa ridícula de antes.
Mas nem tudo é perfeito. Tomaram 14 rebotes ofensivos só no primeiro tempo, deixaram o Mavs arremessar de 3 quando eles quiseram e o Billups, mesmo com a fama defensiva e com alguns bons roubos de bola, tomou um pau no duelo individual com o Jason Kidd, que ficou a uma assistência de seu 101° triple double na NBA.
Foi uma bela rodada e ainda bem que foi numa sexta-feira, porque em qualquer outro dia eu não aguentaria ficar acordado até às 4h30 da manhã vendo jogo e em algum outro dia menos movimentado vamos analisar com mais calma tudo isso que começou ontem. O Hawks como time bom, os novos estilos de jogo de Detroit e Denver e, com muito gosto e só um pouquinho de dó, o martírio do Spurs.