>O time da criatividade

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Ball

Pessoal, antes de tudo foi mal pelos dias sem atualização. Como o Danilo disse no formspring, foi uma série de fatores que nos deixaram uns dias de longe, mas já passou e estamos de volta em ritmo normal. Durante a temporada, com coisas acontecendo de verdade, garantimos que vamos fazer de tudo para manter o ritmo de um post por dia, combinado? E se não cumprirmos, foi mal, não temos palavra.

E já que estamos sem postar faz um tempo e precisamos nos redimir, vou pegar um assunto popular, o Phoenix Suns, que apesar de ter chegado na final do Oeste do ano passado e ter ficado bem perto de bater o Lakers, mudou bastante seu elenco.
Duas contratações do time a gente já tinha comentado quando aconteceram, a do Hakim Warrick e do Channing Frye. Elas podem ser lidas aqui, mas resumo aqui mesmo: o Frye saiu caro para um cara tão limitado, mas o pouco que ele faz é perfeito para o Suns e pensando só em basquete, não em grana, é importante ter ele no time. O Warrick também é limitado, mas sabe atacar a cesta e saiu barato. Vai ser uma das poucas opções do time no garrafão.
Os dois foram só o começo e estamos aqui para falar de tudo o que mudou no Suns até agora, então segura firme que o post é grande.
Como todos sabem, Amar’e Stoudemire foi para o New York Knicks. Como muitos também devem saber, ele foi o principal cestinha do Suns nos últimos anos, a única opção de pontos entre os jogadores de garrafão (tirando momentos esporádicos do Robin Lopez) e o parceiro ideal do Steve Nash no famoso pick-and-roll, a jogada de segurança do time.
Ao lembrar disso tudo não tem como não achar que a perda foi desastrosa. Por mais que ele não seja perfeito, se encaixava perfeitamente no estilo do Suns, tinha ótimo entrosamento com o Nash e é um dos melhores jogadores ofensivos de garrafão da NBA. Perder ele e não receber nenhum jogador em troca faria qualquer time despencar de nível, por melhor que fosse o resto do elenco.
Eu fiquei triste com a saída do Amar’e principalmente porque achei que ele finalmente tinha achado o seu parceiro ideal de garrafão. Durante muito tempo ele foi o pivô do time e não só ele não gostava de ficar limitado a ficar embaixo da cesta, como lá era mais difícil dele usar seu bom arremesso de meia distância e a sua infiltração, uma arma bem poderosa para conseguir pontos fáceis ou lances livres. Para tentar resolver isso chamaram o Shaquille O’Neal, mas os dois não se deram bem juntos, o time ficou lento e Amar’e participava pouco. Na temporada passada tentaram o Channing Frye, mas ele era pivô só no box score, na prática ficava na linha dos três e o Amar’e era o pivô de novo. No meio da temporada então resolveram promover o Robin Lopez para o time titular. Foi quando o Suns deslanchou e quando Stoudemire passou dos 25 pontos por jogo de média. Não seria exagero dizer que o Amar’e estava entre os dois ou três melhores jogadores da liga inteira nos últimos dois ou três meses da temporada quando jogou ao lado de Lopez.
O Robin Lopez sai bastante do garrafão para fazer corta-luz ou só para rodar a bola, abrindo espaço para o Amar’e infiltrar, coisa que o Shaq não fazia. Mas ao contrário do Frye, por exemplo, o Robin depois voltava para o garrafão para pegar rebotes de ataque, assim como ficava no rebote quando o Amar’e saía para arremessar. Os dois também eram velozes o bastante para não empacar o jogo veloz (não tão rápido quanto aquele time de 2005 e 2006, mas ainda baseado na transição) do Suns. Acontecia até do Lopez ser o responsável pelo corta-luz do pick-and-roll do Nash e o passe acabar saindo pro Amar’e! Achei um mix com enterradas do Amar’e na última temporada e é legal ver as que o Robin Lopez está em quadra, sempre abrindo espaço para o STAT. Ah, sem contar que o Robin Lopez livrava a barra do Amar’e ao sempre marcar o cara mais forte do garrafão adversário.
Triste então que bem quando a dupla perfeita de garrafão do Suns foi encontrada, também foi desfeita. E pior, assim como Lopez fazia o Amar’e parecer melhor, o contrário também era verdade. Ter Stoudemire fazendo 25 pontos por jogo disfarçava o quanto o Robin Lopez é limitado no ataque, embora seja até melhor do que parecia quando chegou na NBA. Todos perderam.
Mas como ela já estava consumada e o Suns não estava afim de entregar a rapadura e pensar em uma reestruturação geral, partiram para trocas e contratações. Hakim Warrick e Frye são bons, mas seus contratos indicavam que deveriam ser reservas, eles precisavam de um novo ala de força, de um novo parceiro para Robin Lopez. Mas quem? Chegou-se a cogitar David Lee, mas logo ele fechou com o Warriors. Bosh nem cogitou ir pra lá, Nowitzki, dizem, pensou em se juntar de novo com Steve Nash, mas preferiu ficar no forte time do Mavs. Com os grandes nomes de fora, a solução foi inovar. De novo.
Em 2005 o Phoenix Suns revolucionou a NBA com o seu ataque chamado “7 segundos ou menos“. Era um sistema ofensivo em que o time tinha que definir a posse de bola em sete segundos ou menos, antes que a defesa adversária conseguisse se armar direito. Uma das coisas legais desse time era justamente usar o Stoudemire, um jogador relativamente baixo, como pivô, deixando o time mais veloz. No ano seguinte, com Amar’e machucado, o time foi além e usou Boris Diaw, que tinha sido contratado para ajudar o Nash na armação (absurdos de apenas 4 anos atrás!), como pivô! Era um time baixo, sem um cara de físico imponente e mesmo assim o melhor ataque da NBA.
Depois disso eles conseguiram surpreender ao encaixar com relativo sucesso caras que ninguém nunca apostaria que funcionariam em um sistema rápido, como Grant Hill e Shaquille O’Neal. Transformaram jogadores aleatórios em grandes arremessadores, como Jared Dudley e Channing Frye.
O Suns tem feito isso ano a ano. Sempre aparece uma dificuldade nova e eles vão arranjando as peças de reposição e organizando de maneira criativa, mantendo sempre o time rápido e ofensivo. Em alguns anos mais ofensivo e rápido que outros, mas existe uma base, um padrão. E o legal é que isso tem acontecido desde a chegada do Steve Nash e só ele sobrou daquela época! Já saíram todos os jogadores com exceção do canadense, mudaram de técnico umas três vezes e de General Manager duas. Dá até pra considerar que é o time, e não um ou outro lá dentro, que tem essa identidade. Sem as mesmas proporções, porque no exemplo que vou dar essas coisas estão acontecendo há muito mais tempo, mas me lembra um pouco o Barcelona no futebol. Mudam gerações, times inteiros, técnicos, dirigentes, mas existe uma filosofia básica que quem é contratado deve ter condição de seguir.
A base do Phoenix Suns eu definiria como velocidade, esquema de jogo ofensivo e mismatches.
Como disse antes, uns podem ser mais rápidos que outros, o esquema de jogo pode variar de acordo com as peças, mas todos são focados em fazer muitos pontos antes de pensar em defesa e sempre em velocidade. A exceção pode ter sido aquele time de 2007-08 que tentou virar o Spurs e ser certinho e só deu merda. E todos, com exceção desse mesmo time de metade da temporada 07-08, apelava para os mismatches.
Um mismatch é quando o time usa um jogador com alguma característica física ou técnica diferente do padrão para incomodar um adversário acostumado com o habitual. É colocar um armador alto para abusar dos baixinhos, um ala de força ágil para ganhar da maioria pesadona na velocidade, essas coisas. O Suns já usou Tim Thomas e Channing Frye para fazer pivôs pesadões saírem do garrafão para marcar bolas de três, fez armadores principais serem marcados por caras altos como Grant Hill, Shawn Marion ou Jared Dudley, colocou o ala Boris Diaw como um pivô passador, o mesmo Marion como um ala de força que puxava contra-ataque. E se puxar da memória dá pra achar outras bizarrices do tipo que sempre fazem o jogo contra o Suns ser diferente do normal para os adversários.
Nada mais justo, portanto, do que repôr a peça perdida em Amar’e Stoudemire com um improviso, um mismatch. Foi aí que o Suns enviou o brazuca Leandrinho para o Toronto Raptors em troca de Hedo Turkoglu.
Segundo diversos relatos de gente próxima ao Suns, a idéia é ter o Turkoglu para ele jogar na posição número 4, como um ala de força, por mais bisonho que isso possa parecer. Eles querem usar o time com Steve Nash, Jason Richardson, Grant Hill, Turkoglu e Robin Lopez para depois colocar aquele grupo de reservas que apavorou o Lakers nos playoffs da última temporada.
Turkoglu seria útil, nesse esquema, para enlouquecer os alas de força adversários, que acostumados a marcar gente com o estilo de Tim Duncan, Kevin Garnett e Zach Randolph, que são lentos e jogam perto da cesta, teriam que marcar um cara rápido, que sabe controlar a bola, driblar, passar e arremessar de três. É a velha idéia de colocar um time baixo para obrigar o outro a jogar baixo também, com a diferença que eles não estão acostumados a isso.

Outra idéia dita por lá é que com o Turkoglu em quadra, o Nash irá se desgastar menos. Durante alguns momentos do jogo, em especial quando estiverem fazendo ataques de meia quadra ao invés de transição, o Turkoglu será o armador enquanto o Nash irá se posicionar para fazer outra coisa que sabe muito bem: arremessar. Mas que fique claro, ninguém confirmou que isso vai acontecer, a idéia pode ser jogada no lixo depois de um mês se der errado.

Mas se eu tiver que apostar, acho que vai dar muito certo. Provavelmente não tão certo quanto manter o Amar’e Stoudemire e ter um cara que faça pontos no garrafão (isso vai fazer falta, pode ter certeza), não tão certo a ponto de brigar pelo título, mas o suficiente para fazer com que, de novo, a gente sinta aquela vontade de ver jogos do Suns ao invés dos outros times. Vai ser outro Phoenix Suns estranho, improvisado, criativo e inovador.
E uma coisa legal é que o Suns não perdeu quase nada para conseguir essa revolução tática que pode manter o time na elite do Oeste mesmo depois de perder sua estrela. O Leandrinho é bom, não me entendam mal, mas ele simplesmente não era mais necessário por lá. Até por isso a troca foi boa pra ele também! Com o crescimento alucinante do Goran Dragic, ficou desnecessário usar o Leandrinho como reserva do Nash. E com o Jason Richardson acertando tantos arremessos quanto o Barbosa, e o Dudley marcando bem melhor do que ele, sobravam apenas alguns minutos por jogo para o brasileiro. Mesmo quando ele jogava bem, era por poucos minutos. Ele foi um daqueles casos de bom funcionário que perdeu o emprego depois que ninguém sentiu falta dele nas férias.
No Toronto, Leandrinho provavelmente não vai ser titular, de novo não por falta de talento, mas porque o Raptors, sem esperança de ir longe, vai querer dar o máximo de tempo de jogo possível para a prata da casa e esperança do futuro, DeMar DeRozan. Mesmo assim ele terá mais espaço e menos concorrência lá do que em Phoenix. E tempo regular de quadra é só do que ele precisa para voltar a chamar a atenção da NBA. Ao voltar a fazer o que fazia antes, provavelmente vai conseguir um bom contrato quando virar Free Agent. Já estamos cansados de falar que o Leandrinho tem uma renca de defeitos no seu jogo, principalmente a defesa, mas ele pode muito mais do que fez na temporada passada. Um bom mundial pela seleção brasileira e um recomeço no Raptors pode ser o que ele precisava para voltar aos bons tempos. Mas vamos esperar que ele não fique muito bravo em perder, no Suns estava acostumado a ganhar e nesse ano o Raptors tem tudo pra ser saco de pancadas.
A última contratação do Suns para a temporada foi o Josh Childress, dono de um dos penteados mais legais da última década na NBA e que passou as últimas duas temporadas jogando na Grécia. Vi pouco o Childress jogar nos últimos anos se comparado ao que vi de jogadores da NBA, mas pelo que deu pra acompanhar ele só melhorou nos dois anos jogando na Europa. Childress é o exemplo perfeito para a definição “all-around player“. Faz um pouco de tudo e faz tudo bem, deve ser um coringa nesse time do Suns. Pode ser o segundo armador titular se o time precisar de mais defesa, pode ser o ala titular se eles preferirem deixar o Grant Hill como organizador do time reserva ou pode mesmo ser reserva, fazendo o papel de segundo responsável pela armação que o Turkoglu fará no time titular. Foi uma ótima contratação, jogadores completos e inteligentes como o Childress são essenciais em equipes que gostam de inovar em esquemas táticos.
A nota triste da offseason do Suns é que eles decidiram não renovar o contrato do Louis Amundson! Ter Nash, Amundson, Robin Lopez e Childress no mesmo time deixaria o Suns como o time com maior força capilar (parente não muito distante da Força Nominal) desde a seleção da Romênia da Copa de 98, quando todo mundo descoloriu o cabelo ao passar da primeira fase.

Minha aposta para o começo de temporada do Suns é a seguinte rotação:


PG: Steve Nash / Goran Dragic
SG: Jason Richardson / Josh Childress
SF: Grant Hill / Jared Dudley
PF: Hedo Turkoglu / Hakim Warrick
C: Robin Lopez / Channing Frye
Mas atenção para possíveis entradas de Warrick ou Frye caso a experiência usando o Turkoglu como point-forward não dê certo e também com a ameaça do Josh Childress sobre Jason Richardson e Grant Hill, nenhum dos dois são intocáveis no time titular.
Não gosto de dar nota para a offseason dos times como muitos sites americanos fazem, não acho justo. O Suns, por exemplo, já recebeu muitas notas baixas por ter perdido o Amar’e, mas eles ofereceram um contrato enorme pra ele, que simplesmente achou que era a hora de sair e tentar vida nova em Nova York, não dá pra culpar o time por uma atitude que foi totalmente do jogador. Então acho que apesar do time ter tudo para ser pior do que o do ano passado, principalmente por não ter força no garrafão, a offseason foi boa. Dentro das limitações salariais e frente à perda de um Free Agent, se viraram muito bem. Perderam apenas uma escolha de 2ª rodada e Leandrinho para ter os multi-uso Turkoglu e Childress, ótimos negócios.

Como primeiro passo foi muito bom e criativo, mas julgaremos de novo daqui uns meses quando as peças começarem a ser treinadas para formar um time.

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