O time do momento

>

A difícil vida de Blake Griffin

Não deixem a antepenúltima posição do Oeste e a 7ª pior colocação na NBA te enganarem, o LA Clippers é hoje um dos grandes times da liga. Talvez não dure muito tempo, a maldição está aí para acontecer a qualquer segundo e estragar tudo, mas temos que aproveitar o momento para enaltecer como esse time está jogando bem. E eu estou falando do time mesmo, não só do novo queridinho do público, Blake Griffin.

Se formos olhar no calendário e buscarmos os jogos desde exatamente um mês atrás, eles tem 11 vitórias e 5 derrotas nesse período, se lembrarmos que eles tem hoje 16 vitórias e 26 derrotas no total fica fácil fazer a conta e descobrir como o time era horripilante antes dessa boa fase. E a pergunta que não quer calar é o que diabos aconteceu para o time começar a vencer de lá pra cá?

Certamente não foi um calendário fácil como aqueles que motivaram o começo de temporada forte do Lakers ou aquela sequência de vitórias do Knicks, só lembrar que no meio do caminho eles bateram o Bulls, o Heat e o Lakers, sendo o primeiro em Chicago! E se você olhar os números, dá pra ver que eles melhoraram em tudo. O número de pontos sofridos caiu de 105 por jogo em novembro para 95 em dezembo, nesse período o número de pontos marcados caiu um pouco de 98 para 96, mas em compensação em Janeiro pulou para 106 por partida. O número de assistências também sobe mês a mês, junto com a dos tocos e tudo mais que pode ser mensurado em um jogo de basquete.

O primeiro instinto é celebrar a temporada maravilhosa que fazem dois jovens jogadores, Eric Gordon e Blake Griffin. O Eric Gordon é a estrela silenciosa da equipe, sem ninguém dar muita atenção pra ele (afinal joga no Clippers e tem a sombra colossal do Griffin) tem média de 24 pontos por jogo, o que faz dele o 8º cestinha da temporada atrás de Durant, Amar’e, Kobe, LeBron, Wade, Ellis e Rose. Ou seja, juntinho de todo mundo que está todos os dias aparecendo nas listas de MVP da temporada. Completando o Top 10 de cestinhas estão Dirk Nowitzki e Carmelo Anthony, o que faz de Eric Gordon, disparado, o cara mais desconhecido entre os grandes pontuadores da NBA na atualidade.

O Eric Gordon é mais um dos jogadores que chegaram cheios de confiança depois do mundial da Turquia vencido pelos EUA, junto com Russell Westbrook, Kevin Durant, Steph Curry e outros que vão ser exemplo por anos de como jogar na offseason pode render bons frutos ao invés de ser apenas risco de contusão. O Luis Scola já disse que jogar durante as férias ajuda ele a não perder o ritmo e eu não tenho dúvidas de que seria bom para o Tiago Splitter jogar pela seleção no pré-olímpico só para se mexer depois de tantos meses esquentando banco. Mas além disso, Gordon funciona no Clippers porque ele é o tipo de jogador perfeito para atuar ao lado de jogadores do tipo de Blake Griffin e Baron Davis. Ele é bom arremessador, abre espaços na quadra e não precisa ter a bola na mão o tempo inteiro para ser efetivo. Gordon já seria útil só arremessando, que era basicamente o que ele fazia até o ano passado, mas agora ele também está batendo pra dentro e se movimentando muito bem sem a bola. Com esse tipo de jogo você dificilmente vê ele forçando bolas idiotas, o que é raro para alguém que faz tantos pontos. É um daqueles casos de role players que são tão bons que são estrelas, mas com as características de role players. Confuso? É como aquela garota que nem é tão bonita, mas se veste tão bem e é tão engraçada que parece uma Miss Universo. Sim, você pensou naquela menina da sua classe e agora entendeu.

A verdadeira garota mais linda da escola é o Blake Griffin. Não dá pra descrever o impacto que o garoto está tendo na NBA e o quanto ele é espetacular. As enterradas impressionam mais do que tudo, é claro, daria pra fazer um Top 50 de melhores jogadas dele todas de altíssimo nível e só estamos no meio da temporada! Mas tem muito mais além disso, ele tem um bom arremesso de meia distância e sabe usar a tabela como o Tim Duncan, tem um giro para infiltrar que é muito eficiente, é rápido e, o que mais me surpreendeu, bate a bola como um armador, dribla como o bom e jovem Kevin Garnett. E se eu usei Duncan e Garnett para dar parâmetros do estilo e qualidade de jogo de um novato já deu pra sacar, ele é um absurdo de bom! Vale lembrar, para mostrar o nível do rapaz, como ele foi anulado por Gasol e Odom no primeiro tempo da partida contra o Lakers e voltou no segundo tempo com outro jogo, outras jogadas, outra estratégia e ganhou o jogo para o Clippers. Essa capacidade de adaptação para um novato é coisa de outro mundo.

Só pra não dizer que ele é perfeito e o melhor de todos desde já, como algumas pessoas insinuam, ele tem seus defeitos. Muitas vezes ele falha no posicionamento de rebote defensivo (embora no ataque seja fantástico) e para alguém com esse tamanho e impulsão a média de apenas 0.6 tocos por jogo é decepcionante. Como vimos ontem contra o cada vez melhor LaMarcus Aldridge, ele ainda tem uns macetes para pegar na defesa também. Mas sinceramente, é o tipo de comentário focado nos detalhes, uma coisinha ou outra para ajustar com o tempo e em poucos anos se tornar incontestável.

Um blog gringo que eu sempre recomendo aqui é o Basketbawful, que é sem dúvida o mais engraçado sobre NBA. Uma das características do blog, a principal na verdade, é apontar tudo o que de ruim acontece na liga, todo dia tem um resumo deixando claro as merdas que cada um faz. Mesmo quem é bom e joga muito tem aquele detalhe negativo exposto para o nosso entretenimento. Sem contar que eles são sempre céticos e pessimistas, não dão elogios de graça para ninguém além do ídolo máximo do blog, Larry Bird.

Porém, eis o que eles escreveram há poucos dias quando Blake Griffin marcou 47 pontos contra o Indiana Pacers, maior marca de um jogador nessa temporada:

“Pense em todos os jogadores que deveriam dar uma reviravolta no Clippers: Bill Walton, Danny Manning, Antonio McDyess, Michael Olowokandi, Lamar Odom, Darius Miles, Elton Brand, Shaun Livingston… tantos fracassos.

Mas o Griffin é de verdade. O garoto é impressionante. E eu digo isso mesmo sendo o mais cínico da blogosfera em relação a tudo dentro da NBA. Não é só o seu talento, mas a sua atitude também. Eu sou um fã de Blake Griffin, ele me fez assistir ao Clippers. E eu nunca achei que isso fosse acontecer. Nunca.”

Esse pequeno texto deixa claro como é difícil se destacar no Clippers, não basta ter talento. E foca também na atitude do Griffin. Ele não é medroso e aceita derrotas como todos dentro da franquia, ele é agressivo, encara depois da enterrada, infla os companheiros de motivação a cada jogada, chama o jogo no final das partidas (e com sucesso, ao contrário do DeMarcus Cousins). Foi essa atitude positiva do Griffin, a mensagem que ele passa de que é um jogador que tem talento e quer vencer, que provocou a grande mudança na temporada Clipperiana.

O recorde patético mudou para um dos melhores da NBA quando Baron Davis voltou ao time e começou a jogar o seu melhor basquete desde que ainda não brigava com Don Nelson no Golden State Warriors. No começo dessa temporada o B-Diddy foi afastado do time pelo técnico Vinny Del Negro por estar fora de forma e não ter treinado na offseason. Até fizemos piada aqui quando ele disse que quando era novo ficava em forma rapidinho e agora se surpreende em como demora para ficar magro, é duro ficar velho. Mas depois do período fora ele recuperou (um pouco) a boa forma e, mais do que isso, voltou a ter vontade de jogar. Baron Davis é um daqueles jogadores com o ego difícil de controlar e que se acha o centro do mundo, se as coisas não são do jeito dele, dá o fora, ignora. Quando o resto do time não era bom ele não se dava ao trabalho de tentar melhorar as coisas, simplesmente deixava pra lá, mas agora, vendo que esse elenco com Eric Gordon, Blake Griffin e outras promessas como Al-Farouq Aminu e especialmente DeAndre Jordan está jogando bem, quer fazer parte da festa.

Dá pra questionar suas atitudes, sua personalidade, mas não o seu basquete. Quando ele tem aquele arremesso de meia distância funcionado ele é imparável nos pick-and-rolls e quando não está bocejando pensando no que vai comer quando voltar pra casa pode defender como um dos melhores. É mais um como Lamar Odom ou Vince Carter, é um dos melhores, mas só se valer a pena o esforço e a fadiga.

Para esse ano provavelmente não vai dar para ir para os playoffs. No Oeste é provável que os times precisem de 48 a 50 vitórias para estar em oitavo lugar e o Clippers tem 16 vitórias faltando 40 jogos. Se eles conseguirem 32 vitórias em 40 jogos não só se classificam como já entram favoritos a ganhar de todo mundo, porque seria heróico. Mas não só fica a boa impressão para o próximo ano como vale a pena vê-los em ação só pelo prazer de ver um time que agora tem padrão de jogo, jogadas bonitas e jogadores criativos. O resto dos times bons você vê nos playoffs, para a temporada a melhor pedida é pegar o League Pass e procurar o jogo do Clippers. E, juro, não estou sendo irônico.

Os 47 pontos de Griffin contra o Pacers:

E só pra lembrar que o Eric Gordon faz mais do que só bolas de 3

Ah, o Clippers tem um lado sombrio que vai além da sua maldição de fracassos. O dono do time Donald Sterling, para saber mais dele vai ter um perfil do cara por aqui nesse fim de semana. E vocês sabem, promessa do Bola Presa… (é furada, mas vou me esforçar!)

Atualização: Me avisaram nos comentários que o Blog Grandes Ligas fez um texto sobre o Donald Sterling. É muito bom, conta bastante dos absurdos que esse cara faz por aí! Ótima leitura.

Como funcionam as assinaturas do Bola Presa?

Como são os planos?

São dois tipos de planos MENSAIS para você assinar o Bola Presa:

R$ 14

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

R$ 20

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo: Textos, Filtro Bola Presa, Podcast BTPH, Podcast Especial, Podcast Clube do Livro, FilmRoom e Prancheta.

Acesso ao nosso conteúdo exclusivo + Grupo no Facebook + Pelada mensal em SP + Sorteios e Bolões.

Como funciona o pagamento?

As assinaturas são feitas no Sparkle, da Hotmart, e todo o conteúdo fica disponível imediatamente lá mesmo na plataforma.