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por Denis
Ontem eu perdi.
Meu Lakers foi derrotado e o Houston não só conseguiu sua VIGÉSIMA SEGUNDA vitória seguida como ainda é o líder do Oeste. Vamos começar a falar do jogo diminuindo a moral do adversário, pra ele não ficar se achando muito.
Nesses 22 jogos o Rockets só pegou 9 times com mais vitórias do que derrotas, o resto era tudo fracassado. Quando pegou os times fortes, deu sorte. Pegou Dallas sem Dirk, Hornets sem West e Lakers sem Bynum e Gasol. Mas acho que as críticas acabam por aqui, a verdade é que eles estão jogando muito.
Afinal, se o Lakers estava sem Bynum e Gasol, que pelo jeito ficará duas longas semanas fora, o Houston está sem Carl Landry e Yao Ming, deixando o confronto igualado em contusões e igualmente sem pivôs. O Lakers começou com o Turiaf como seu jogador mais alto e o Rockets começou com o Mutombo, mas não levou muito tempo até o homem de 90 anos sair e o Scola se tornar o único cara de garrafão, assim como depois o Turiaf saiu e o Lakers jogou uns bons minutos com o Odom como jogador mais alto. Foi um típico “small ball” digno de um Suns e Warriors, mas forçado por contusões.
O começo do jogo foi feio para ambos os times mas o Rockets pulou na frente com arremessos de três. Muitos deles do Rafer Alston, que eu gostava quando era “Skip To My Lou” na And1 e odeio desde ontem. O Lakers ficou no jogo graças ao Kobe, que estava concentrando o jogo nele e acertando boas bolas.
Mas tudo mudou no segundo quarto e eu resumo tudo em uma palavra e alguns tópicos: confiança.
1 – A confiança do banco do Houston. Todo mundo entrou com sangue nos olhos e batia pra cima da defesa do Lakers sem dó. Todo mundo jogou bem, começando por Bobby Jackson e indo até o recém-contratado Mike Harris. A quantidade de rebotes ofensivos foi de dar vergonha pro Lakers.
2 – A confiança da torcida do Houston. Depois de 21 vitórias seguidas eles acostumaram e parecia que sabiam que a vitória, cedo ou tarde, chegaria.
3 – A confiança nos companheiros. Enquanto o Houston trocava passes sem parar, realmente lembrando o Kings do Rick Adelman do começo da década, o Lakers era o oposto. Eram quatro caras sem movimentação alguma olhando o Kobe forçar arremessos como um demente.
E fazia tempo que eu não ficava tão bravo com o Kobe. Tava mais bravo com o Kobe do que os torcedores do São Paulo com o juiz depois dos três pênaltis ontem. O Kobe simplesmente estava ignorando os seus companheiros e, como resposta, eles estavam parando de se movimentar e de executar as jogadas. E não é a primeira vez que isso acontece nesse ano, não. Em geral, o Kobe tem jogado muito bem e chamado o jogo só quando necessário, mas no jogo contra o Celtics e no de ontem, dois jogos contra os “times do momento”, em rede nacional, o Kobe quis dar uma de fodão e tentou resolver tudo sozinho desde o primeiro quarto. O resultado foram 24 pontos em 33 arremessos. Péssimo.
O Lakers voltou pro jogo no terceiro período quando o time jogou como um time mesmo. Com muita defesa e ótimas trocas de bola que envolveram principalmente Odom e Fisher, o time voltou pro jogo. Mas na hora que era pra virar, entraram as bolas de 3 do Rafer Alston de novo. E no quarto e decisivo período foi a vez de Tracy McGrady, que passou quase 30 minutos do jogo zerado, chamar a responsabilidade e decidir o jogo, seja com pontos, seja com assistências. Mais uma vez, assim como no jogo contra Hawks e Bobcats, o Rockets não fez grande atuação mas fez o que devia na hora em que devia. Era só o Lakers ameaçar que o Rockets metia bolas de três, bandejas, rebotes ofensivos. Jogaram como um time vencedor, que mesmo nos piores momentos estão focados em vencer.
Agora o Houston tem uma sequência de jogos terrível! Pega o Celtics em casa e depois pega fora Hornets, Suns e Warriors. Acho que em algum momento desses jogos a sequência de vitórias acaba, mas também acho que eles têm time e confiança para se manter nas primeiras posições do Oeste por um bom tempo. Quem deve cair é o Lakers, que sem pivô não tá jogando nada, e como o Spurs sabe bem, é fácil cair de primeiro para sexto no Oeste em menos de uma semana.
Mas se o Lakers e Rockets foi um jogo emocionante e divertido, apesar de nenhum dos dois times estarem lá muito inspirados, teve um outro jogo em que um time estava inspirado até demais…
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por Danilo
… trata-se da partida entre Nuggets e Sonics. Extasiado com a vitória do meu Houston, assisti a esse outro jogo histórico, mas que foi o exato oposto: rápido, fluido, mas também completamente sem emoção.
Todo o ritmo do jogo, que acabou com o placar de 168 a 116 para o Denver, pode ser resumido na atuação do Marcus Camby. O pivô do Nuggets pegava um rebote defensivo e, ao invés de passar para um companheiro de equipe (em geral o armador) levar a bola para o ataque, resolveu que tudo isso era muita frescura e que ele podia cuidar de tudo sozinho. Camby pegava o rebote, saia correndo para o ataque como um participante de BBB no cio, e então arremessava ou passava para alguém embaixo da cesta. O resultado? Foram 13 pontos, 15 rebotes e 10 assistências em apenas 26 minutos para o primeiro “point center” (ao invés de point guard) que eu já vi jogar.
Se a impressão era de que o Camby estava brincando, desrespeitando o Sonics (principalmente quando, tentando puxar contra-ataques, perdeu duas bolas seguidas e nem se importou), isso não era nada perto do clima geral da partida. Foi como se os dois times tivessem se encontrado antes do jogo e concordado com algumas regras:
“Vamos fazer assim, não vale defender, tá bom? Não poder ter ninguém grande embaixo do garrafão de defesa! Quem tomar cesta tem que repor a bola em jogo imediatamente tacando pro meio da quadra, e quem pegar a bola tem que correr. Se algum time levar mais de 10 segundos pra arremessar, perde o jogo. Que tal? Vai ser divertido, não vai? Não vai?”
Bem, divertido até que foi. Os dois times correram demais, atacaram demais, o placar parece piada de estagiário do site da NBA.com, e ninguém parecia estar se importando com absolutamente nada. Foi só quando o Nuggets parecia perto de quebrar recordes (tanto Celtics quanto o Suns já fizeram 173 pontos no tempo regulamentar há decadas atrás) que o negócio até ficou emocionante, com os reservas jogando para entrar no livro de história. Foi um espetáculo ofensivo, foi divertido, mas foi um pouco demais para o meu gosto. É tipo comer tanto chocolate que sua língua parece que vai cair e você tem vontade de vomitar. Lá pela quinta ponte-aérea completada do Nuggets, ainda no primeiro quarto, eu já estava começando a ficar irritado. Quando o Atkins errou uma bola de três pontos no estouro do cronômetro que poderia ter deixado o Nuggets com 51 pontos ao fim do PRIMEIRO QUARTO, eu já estava com saudades de assistir um Pistons e Spurs.
Espero que o fato de o Sonics ter o pior garrafão defensivo da NBA não faça todo mundo esquecer que a defesa do Nuggets também foi uma piada. Os dois times jogaram com as mesmas regras, com a mesma defesa risível e esburacada, e se o placar teve 52 pontos de vantagem para o time de Denver ao final do jogo, foi só por simples questão de talento ofensivo: Iverson e Carmelo são potências no ataque, e o Johan Petro do Sonics tem talvez o arremesso mais feio que eu já vi numa quadra de basquete.
Quando o Nuggets fica quente (sem trocadilhos culinários), não tem como segurar o time. Eles passam por cima, atropelam, porque fazem mais pontos do que o placar pode computar e quando um dia eventualmente chegarem a quatro dígitos, vai dar um bug e o universo vai implodir. O problema é que basta a noite não ser tão boa assim para que sua defesa seja incapaz de garantir o jogo. Como o Houston provou nos três últimos jogos, você pode estar em dias ruins, pode jogar mal, pode não acertar nem o pé dentro da meia, mas a defesa vai garantir o resultado. Aí, quando o dia é bom e as bolas caem, você ganha sem maiores dores de cabeça. Do jeito que está, o Nuggets pode ter médias de 163 pontos por jogo e vai continuar como se encontra: fora dos playoffs.