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No Oeste as coisas são mais inconstantes do que mulher com TPM. Perca duas ou três partidas seguidas e você é um total fracasso, motivo de piedade, se segurando com as pontas dos dedos para não cair fora do grupo de oito classificados para os playoffs. Ganhe três seguidas e seu time é sensacional, uma máquina, no topo da Conferência, com mando de quadra e um dos favoritos para a hora do mata-mata.
Trata-se, então, de uma questão de consistência. O meu Houston experimentou 22 seguidas, depois tomou duas surras de bambu, e agora está ali no meio da tabela, no quinto lugar mas com mais vitórias que o quarto, mando de quadra nos playoffs e, portanto, na prática, em quarto mesmo. Enquanto isso, o Spurs perdeu 3 partidas seguidas, o continuum do espaço-tempo quase se rompeu, e agora após 3 vitórias seguidas eles amargam uma sexta posição, flertando tanto com o topo quanto com o fim da tabela.
Nesse sobe e desce infindável, dois times parecem estar em sentidos opostos. Justamente os dois que brincaram com trocas polêmicas recentemente. Quem adivinhou que estou falando de Suns e Mavs deu a resposta certa e vai ganhar 1 milhão de reais em barras de ouro, que segundo o Silvio Santos valem mais do que dinheiro.
O Suns conseguiu o que queria, vencendo o Spurs com um jogo mais cadenciado de meia-quadra, e desde então não perdeu mais. Chutou uns traseiros de times ruins mas isso a gente releva, o que mais impressiona é a versatilidade adquirida pela equipe, a capacidade de mudar o estilo de jogo. Exatamente algo que eles nunca puderam fazer. Agora eles são capazes de jogar no garrafão contra o Spurs e alguns dias depois correr como birutas em quadra, com seu ataque leve, livre e solto de sempre, contra times como Warriors, Kings e Sonics. O Shaq passa mais minutos sentado no banco, comendo pipoca, assistindo o show, e quando o jogo exige um pivô ele está lá para trucidar, matar e destruir. Palmas para o técnico Mike D’Antoni que, quem diria, sabe variar seu esquema tático, sabe alterar suas idéias de acordo com o time adversário, e soube encaixar o Shaq perfeitamente na equipe. Sei muito bem porque, depois de ver o Suns jogar uma pelada com o Sonics só atacando sem parar, eles chutaram meu Houston com uma defesa empenhada e Shaq e Amaré fazendo obcenidades com o garrafão do Rockets. Algum mané aí na platéia ainda acha que o Houston não sente falta do Yao? Ou que o Shaq deveria estar no bingo?
Vendo a maestria com que o Shaq é utilizado ou não em cada partida, permitindo diferentes esquemas de jogo, fui pensando no prêmio de melhor técnico do ano. O Doc Rivers está sendo considerado para ganhar o prêmio graças ao seu trabalho no Celtics que, para mim, é a mesma merda que era na temporada passada mas dessa vez com jogadores de talento em quadra. Nâo há mudança tática aparente, não há nada comparado ao que o D’Antonni fez em um punhado de semanas com o Shaq no Suns. Dar o prêmio de técnico do ano só porque o time tem 40 milhões de vitórias é mais uma daquelas besteiras que só as votações da NBA podem dar pra gente.
Enquanto isso, o Dallas parece estar se afundando com o Kidd no elenco. Quanto mais vejo o Mavs jogar, mais fico indignado em ver como o Kidd é mal utilizado. Nada foi mudado na equipe pensando nele, apenas colocaram um dos melhores armadores de todos os tempos no buraco do Devin Harris, como se ele fosse um cara qualquer. Suas qualidades não são exploradas, suas potencialidades são ignoradas. As jogadas do Mavs ainda são as mesmas de antes, e uma imensa quantidade delas consiste no Kidd ter que passar a bola para o lado e ver outros jogadores atuarem. O Kidd passa pouco tempo com a bola na mão e se ele ainda assim consegue ter boas partidas, é culpa do talento, não da tática. O Avery Johnson pra mim é o D’Antoni do mundo bizarro: enfiou defesa no Mavs, diminuindo o poder ofensivo, e não soube fazer as alterações devidas com o jogador novo que veio da troca. Os dois são perfeitos opostos, com algumas coisas em comum. Eu bem que queria ver os dois saindo na mão no pay-per-view.
O Suns tá lá em terceiro lugar no Oeste, graças a uma sequência de 7 vitórias seguidas. Já o Mavs perdeu as últimas três partidas e está em sétimo lugar, apenas um jogo na frente do oitavo colocado Warriors e dois jogos na frente do nono colocado Nuggets. Com a água batendo na bunda, o clima em Dallas esquentou e Avery Johnson e o dono mais sem noção de um time da NBA, Mark Cuban, tiveram uma discussão acalorada recentemente, segundo a revista Contigo do Texas. Para amenizar os ânimos, Mark Cuban assistiu a partida de sua equipe contra o Spurs hoje utilizando uma camiseta com os dizeres “Time do Avery“. Classudo.
O problema é que o time do Avery perdeu e, pior, viu Dirk Nowitzki sair contundido com uma lesão na perna que vai saber por quanto tempo vai deixá-lo de fora das quadras. Aliás, a fase é tão ruim que, se me permitem, vou jogar um palpite aqui. O Nuggets, que tinha tudo pra ficar de fora dos playoffs, deve conseguir se classifcar. Junto com o Warriors. E um time que ninguém nunca iria imaginar deve ficar fora da brincadeira. Estou falando do tal do “Time do Avery”. Alguém concorda? Não acho difícil que eles não se classifiquem e, caso a equipe não vá pros playoffs, será q o fanático do Mark Cuban ainda vai deixar sua franquia nas mãos de um cara que parece não saber usar o Jason Kidd? Algo me diz que a camiseta usada hoje não deve durar por muito tempo…