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Rashard Lewis é baleado no ar
Volta e meia algum leitor desocupado aparece falando “faça um post sobre isso”, “faça um post sobre aquilo”, como se fossemos máquinas de fazer textos encomendados. Um aviso: ofereça uma quantia boa em dinheiro antes, depois peça o post, funcionará bem melhor!
Mas tudo bem, eu sei que vocês não vão parar de pedir e volta e meia os pedidos nos inspiram a fazer algum post. Dois pedidos nessa semana me deixaram com um ar de “É, eu deveria ter falado disso”. Então cá está um deles, o outro, um balanço sobre os novatos da temporada, fica para a semana que vem. E dois posts encomendados numa semana já é muito, se comportem!
O primeiro foi o pedido do João Inacio, que pediu pra eu falar sobre o jogo entre Orlando Magic e Cleveland Cavs na última quinta. Eu não falei do jogo porque estou preparando uma coluna “8 ou 80” que analisa todos os confrontos diretos entre os candidatos a título (Celtics, Cavs, Magic, Lakers, Spurs e Hornets), mas dou uma pitada porque a coluna pode acabar demorando e o jogo valeu a pena.
O Cavs começou massacrando o Magic com o LeBron infiltrando em cima de todo mundo como um lunático. Na defesa o pobre do Varejão fazia tudo o que podia para segurar o Dwight Howard, mas como ele não pode entrar na quadra com um trator ou uma arma de fogo, não estava conseguindo, mas pelo menos contava com uma boa ajuda do resto da equipe.
Mas a verdade é que o Cavs pulou na frente porque as bolas de 3 do Orlando não estavam caindo. O Cavs fazia montinho no Dwight no garrafão e tinham uma boa cobertura para quando a bola voltava pra linha de 3, assim a principal arma do Orlando não funcionava. Então eis que surge a grande arma do Orlando para essa temporada: a defesa.
Um ano atrás o Magic perderia por 20 pontos um jogo em que o Dwight fosse bem marcado e que as bolas de 3 não caissem, mas agora não, agora eles mantiveram o Cavs bem próximo durante todo o primeiro tempo. E foi no finalizinho da primeira metade que o Magic engrenou e cortou a diferença.
No terceiro quarto o jogo virou outra coisa. Primeiro o Cavs mostrou uma fragilidade que eu só tinha visto em um jogo, naquela derrota para o Lakers na semana passada. O LeBron não conseguia mais infiltrar, era obrigado a ficar arremessando (coisa em que ele é muito irregular) e os seus companheiros de time apagaram da linha dos três pontos. No primeiro tempo, quando tudo era festa e o LeBron conseguia entrar no garrafão, o Wally Szczerbiak fez 14 pontos em 11 minutos! A coisa tava tão fora de controle que o Cavs estava isolando o Wally contra o Turkoglu e estava tendo sucesso com isso! O Stan Vun Gundy foi obrigado a mandar o Mickael Pietrus sair do LeBron pra ir marcar o Wally Zoolander.
No segundo tempo, quando os planetas não estavam mais alinhados e o mundo voltou ao normal, o [Zãrbiake] jogou mais 10 minutos e não fez nada. E não só ele, o Varejão, o Ben Wallace, o Daniel Gibson e até o Mo Williams, que horas antes tinha descoberto que não era um All-Star e aceitou bem isso, jogando como um legítimo não-all-star.
O desastre ofensivo do Cavs foi igualzinho ao contra o Lakers e mostra algumas coisas:
1. O Cavs não é tão mortal fora de casa quanto é em casa. Eles tem que levar a temporada regular mais a sério que qualquer outro time porque se chegam nos playoffs com a melhor campanha e mando de quadra em todas as rodadas vai ser difícil pará-los.
2. Por mais que os narradores americanos quisessem dizer o quanto o banco do Cavs é bom, a verdade é que não é tão espetacular assim. Eles não são ruins, fazem o que tem que ser feito por um banco razoável, mas o Cavs não sobrevive sem seus titulares Delonte West e Zydrunas Ilgauskas contra os melhores times da liga.
3. O LeBron precisa que seus companheiros acertem arremessos de 3. Em dias ruins dele, os amiguinhos-adversários do LeBron fazem campo de força no garrafão e o LeBron vivendo só de jumpers de meia distância faz o outro time achar que está enfrentando um ala comum, não o jogador mais dominante da NBA.
Quando a defesa do Orlando funciona pra valer e eles puxam o contra-ataque, eles me lembram o Suns e o Knicks do D’Antoni. O time inteiro é leve, rápido e corre para o ataque. Sempre tem alguém correndo no meio que é uma ameaça iminente para a bandeja e pelo menos dois quebram as pernas da defesa ao correrem e pararem na linha dos três para os arremessos. Foi isso que eles fizeram em cada um dos erros de ataque do Cavs no segundo tempo e foi arrasador.
Tanto Turkoglu quanto Rashard Lewis acertaram só 3 das 10 bolas de 3 que tentaram, mas parece que as 6 foram uma em sequência da outra no momento em que o Cavs estava pior ofensivamente, o resultado foi que um jogo que o Magic liderava por 5 virou uma lavada histórica em cinco minutos. O quarto período começou com uma sequência de 22 a 2 pro Magic! Nesse mesmo período o LeBron chutou 7 bolas, errou todas e ainda errou dois lances livres.
O Magic tem pouca variação ofensiva mas uma coisa é fato: em algum momento do jogo as bolas de 3 vão começar a cair. E se a defesa faz o jogo ficar sempre parelho, no momento que as bolas começarem a entrar o Magic desanda para a vitória. É um time dificílimo de ser batido.
Na partida de ontem contra o Clippers, o Ilgauskas voltou da sua contusão e já meteu um double-double com 22 pontos e 11 rebotes. Tudo, como diz a Dime, sem dar um salto durante todo jogo. Difícil medir o quanto os arremessos e rebotes ofensivos do Ilgauskas são importantes para o Cavs, uma pena que ele não enfrentou o Lakers e nem o Magic, teriam sido jogos bem diferentes.
O legal desses jogos entre favoritos é ver o quanto os jogadores os levam a sério. É o que chamam de statement game lá na gringolândia, são os jogos em que os jogadores e times querem provar alguma coisa. O Lakers, por exemplo, tinha uma campanha quase perfeita, mas ela não valeria nada se eles não conseguissem vencer o Boston no dia de Natal, aquele era o jogo pra provar que o Lakers, além de time forte, era um time forte o bastante para vencer o Celtics.
São nesses jogos que vemos aquele clima de playoff, os jogadores levando tudo a sério e poucas risadinhas. Quem viu Cavs e Clippers ou o Lakers e Wolves de ontem sabe do que estou falando. O Lakers em especial jogou como se fosse um amistoso de pré-temporada, sempre com calma, conversando entre eles, com os juízes, dando risada, sabendo que iam ganhar quando quisessem. Às vezes dá errado e eles não ganham (vide jogo contra Bobcats e Pacers), mas o jeito de jogar é outro.
Se forem julgar um time, julguem por esses jogos contra adversários rivais, candidatos a título. São mais importantes do que o total de vitórias na temporada.
Próximo desafio da safra de favoritos para o Cavs: Lakers no domingo que vem.
Próximo desafio da safra de favoritos para o Magic: só no dia 18 de fevereiro contra o Hornets.
Mais uma coisa: Vocês preferem uma camiseta da NBA a uma puta luxo? Que tipo de pessoa lê esse blog?