>Os quentes da vez

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Deron Williams aplaude sarcasticamente a mãe dele, que não votou no filho para o All-Star Game

O negócio é tão acirrado no Oeste que nenhum time consegue ser a “grande sensação da NBA” por muito tempo. O Blazers chutou o traseiro de todo mundo, chegou ao quarto lugar na tabela mas desde então teve partidas complicadas contra adversários de elite, perdeu ontem na prorrogação para o Nuggets e está agora fora da lista de 8 classificados para os playoffs. Além deles, o Lakers chegou ao topo da tabela mas o sucesso durou menos que o sucesso dos ganhadores do Ídolos, do SBT. Sem o Bynum, o Lakers tomou uma boa dose de realidade e voltou para o quinto lugar, aonde pertence. Outro que fez uma rápida visitinha ao topo para tomar chá foi o Hornets, mas não deu nem pra acabar de comer o bolinho. Outrora o time mais quente da NBA, perderam quatro seguidas incluindo um pequeno vexame para o Utah Jazz, o novo dono do título de sensação momentânea do Oeste.

Desde que foram draftados, a rivalidade entre Chris Paul e Deron Williams foi cultivada por todos os desocupados que comentem basquete. Qual dos dois armadores seria o primeiro a explodir? Qual dos dois seria melhor em 10 anos? Qual dos dois seria All-Star primeiro? Qual dos dois pegaria conjuntivite primeiro?

Como já escrevi num post mais antigo, minha religião não me permite ficar comparando jogadores, acho a maior perda de tempo. Então não vou entrar nos méritos de qual dos dois é o melhor, mas na partida de ontem entre Hornets e Jazz, o Deron Williams (como disse nosso leitor Guilherme) simplesmente colocou o Chris Paul no bolso. O negócio é que, talento bruto à parte, o CP3 costuma ganhar muito mais reconhecimento do que seu colega de draft. É claro que não dá para não se impressionar com os números do armador do Hornets, mas o Deron Williams está sempre logo atrás e com um grande diferencial: aproveitamento. D-Will é um dos raríssimos armadores que acerta mais de 50% de seus arremessos, incluindo o (para mim) arremesso de meia-distância mais mortal de toda a NBA.

Chris Paul teve sua vaga garantida de forma unânime no All-Star Game. Alguém sequer cogitou levar o Deron em suas listas de brincadeira apesar dos 19 pontos e 10 assistências que ele ostenta por partida? Nem a mãe dele. O armador do Jazz tem que ficar constantemente dando uns tapas na orelha de todo mundo para ser notado. O que ele fez defensivamente ontem contra o CP3 foi de dar pena, seu time deu uma baita de uma sova, e acho que esse foi um passo importante para que os dois armadores sejam tratados ao menos em pé de igualdade.

O Utah Jazz agradece a vontade do Deron de dar uns tapas na orelha, claro, mas os agradecimentos recentemente andam indo em direção de um outro companheiro de equipe: Kyle Korver. O fedelho com cara de surfista se encaixou perfeitamente na equipe, aprendeu direitinho o esquema do Jazz e impressionou o Jerry Sloan, que disse estar fascinado com a capacidade do Korver de se movimentar sem a bola. O Korver foi uma aquisição a que não se deu muita importância mas que mudou consideravelmente o poder da equipe de Utah. Me lembrou um pouco o caso do Ime Udoka indo para o Spurs, que eu achei algo grande mas falo disso num outro post, outra hora.

O shooting guard (ou seja, o armador designado para arremessar) do Jazz é o Ronnie Brewer, que vem tendo uma excelente temporada, é um grande defensor e ataca muito bem a cesta. Para se ter idéia, ele está em décimo lugar em número de enterradas na temporada, sendo de longe o jogador mais baixo do Top 10. Incrível, claro. Mas ele não acerta um arremesso nem se a vida dependesse disso. Na pré-temporada, Ronnie Brewer se contundiu em uma partida após apanhar pra burro no garrafão. Sobre isso, Jerry Sloan afirmou:

“Ótimo. Assim, quem sabe, ele percebe que precisa aprender a arremessar para se manter nessa Liga.”

Virou moda marcar zona contra o Jazz, obrigando o time a chutar de fora do garrafão, e assistir eles errarem arremesso atrás de arremesso rumo ao fracasso. Kyle Korver veio mudar isso rapidinho. Duas ou três bolas de 3 acertadas em uma partida são o bastante para colocar medo, fazer a zona pensar duas vezes, e deixar Carlos Boozer fazer a festa no garrafão. Com o Korver entrosado no time, são nove vitórias seguidas. Só não fico assustado porque em breve eles vão ser o mais recente ex-time quente e voltar lá pra nova, décima posição. Mas não tenho dúvidas de que eles são, agora, um time muito mais perigoso do que eram quando a temporada começou.

Na cola do Jazz, os dois times mais quentes do Oeste são o Kings e o Houston. Meu time parece estar finalmente nos eixos com Scola titular, Mike James e Francis fora da rotação dando espaço para o novato Aaron Brooks, e Novak tendo minutos em quadra, tudo como eu havia sugerido. A surpresa dentro do time, e que eu não sugeri porque nem imaginava, é o Carl Landry. O novato é atlético, enterra na cabeça de todo mundo e sabe pegar rebotes. Foi deixando o antigo titular, Chuck Hayes, cada vez mais de escanteio. Daqui uns meses é capaz que ele receba um convite a se retirar e esteja fazendo companhia para o João Kléber em portugal.

Já o Kings está quente desde que enfim conseguiu usar todos os jogadores titulares. Bibby, Kevin Martin e Artest passaram boa parte da temporada regular contundidos e Brad Miller, saudável, tinha se esquecido de como jogar basquete. Acontece que os Monstars resolveram devolver seu talento após perder uma partida para Jordan e o Pernalonga: nas três últimas partidas, Brad Miller tem dois jogos com pelo menos 20 pontos, 20 rebotes e 4 assistências. Nas últimas cinco partidas, as médias são de 19 pontos, 14.6 rebotes, 4 assistências, 1.4 roubos e 1.6 tocos, além de 50% de aproveitamento dos arremessos e 62% dos arremessos de 3 pontos. Ou seja, números de All-Star. Engraçado é que o Brad Miller já teve problemas com os Monstars antes, ele fedia quando foi All-Star em Indiana mas de repente recuperou o talento e foi All-Star merecidamente na sua primeira temporada em Sacramento. Os alienígenas incomodam muito o branquelo desde que o Shawn Bradley se aposentou.

Com o Miller jogando nesse nível e Bibby, K-Mart e Bibby saudáveis, dá dó demais de desmontar esse Kings. Será que o Artest vai mesmo embora? Será que os dirigentes de Sacramento vão mesmo trocar alguém? Não tem como ter certeza de nada, a não ser de que a sequência de vitórias não deve durar muito porque nunca o Kings consegue ficar saudável. Depois das boas atuações recentes, o Brad Miller conseguiu se contundir lavando a louça. Foram 9 pontos no dedo indicador lavando uma faca e ele agora é questionável para o jogo de quarta-feira. O Mikki Moore tirou um sarro:

“Você faz um 20 e 20 e aí corta teu dedo fora? Isso é realmente muito esperto.”

O Brad Miller já garantiu que o erro não se repetirá:

“É a última vez que ajudo com a louça.”

A senhora Miller que se vire com os afazeres domésticos. Na Conferência Oeste, em que nenhum time dura muito tempo na sequência de vitórias, perder alguém para uma faca de cozinha é inaceitável. Ele que contrate uma empregada. Ou ganhe uns neurônios.

– Vale dar uma olhada no Jamario Moon treinando para o campeonato de enterradas. A última enterrada do vídeo é uma piada, uma pegadinha, ou apenas o gostinho de algo que ele só quer mostrar inteiramente no fim de semana do All-Star? Se esse troço for real, vai ser tão impressionante quanto a enterrada do Michael Jordan do meio da quadra no Space Jam! Mas, felizmente, sem o Bill Murray.

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