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Perkins vai mostrar sua elegância de terno no jogo 7 da final
Faltam poucas horas para o decisivo jogo 7 entre Lakers e Celtics e decidi vir aqui só para postar duas coisas: Um dado estatístico fantástico que encontrei e para comentar como será para o Celtics disputar a partida decisiva do campeonato sem o seu pivô titular, já que Kendrick Perkins machucou o joelho no jogo 6 e não poderá entrar em quadra.
Começo pela estatística. Ela foi publicada pelo David Biederman
no site do Wall Street Journal e fala das reclamações de falta na série final. Não, não fala das marcações de faltas ou do número de lances livres cobrados, mas de números que medem quanto cada jogador reclama a cada falta que comete. O que não dá pra medir é quanto essa estatística é genial. O pessoal do Wall Street Journal assistiu a todos os cinco primeiros jogos da série (o texto foi publicado antes do jogo 6) e analisou falta a falta a reação dos jogadores de cada equipe.
Ao fim da análise eles chegaram à conclusão de que o Boston Celtics gritou, reclamou ou saiu correndo em desespero com as mãos na cabeça (no caso do Rasheed Wallace) em 48% das faltas marcadas contra eles. Já o Lakers foi bem mais bonzinho e reclamou apenas de 36% das faltas marcadas contra o time. Essa “vitória” dos verdes não é surpresa, ou vocês esperavam algo diferente do time que tem os dois líderes em faltas técnicas na temporada, Perkins e Rasheed, e mais o Garnett, o jogador com maior média de palavrões por jogo na história da NBA? Mas o que surpreende é que eles também fizeram o cálculo individual para saber que jogador mais reclamou, e sabe quem ganhou? Ray Allen.
O cara é um dos jogadores mais calmos e educados da liga mas bateu todo mundo na hora de reclamar, marcar o Kobe Bryant durante 5 jogos tem dessas coisas. O Ray Ray reclamou de 73% das faltas marcadas nele. Não dá pra levar a sério quem reclama tanto. No Lakers os maiores reclamões foram Kobe e Gasol, empatados com 50% de chiadeira. Mas não tenho dúvida de que o Kobe seria o líder, com 100%, se os números fossem por reclamações para pedir faltas. Alguém já viu ele acertar um arremesso e não olhar para os juízes com uma cara de homicida para dizer que sofreu uma falta durante o arremesso? Esses jogadores ficam tão previsíveis depois de quase 100 jogos na temporada.
Entre os titulares o santinho foi Andrew Bynum, que reclamou de apenas 15% das faltas marcadas sobre ele. Não sei se porque ele é bonzinho, se tinha medo de faltas técnicas ou se era porque o Kobe já começava a resmungar antes mesmo do Bynum ter a chance de começar. Abaixo estão os números completos:
LA Lakers _36%
Kobe Bryant 50%
Pau Gasol 50%
Derek Fisher 38%
Lamar Odom 27%
Ron Artest 23%
Andrew Bynum 15%
Boston Celtics_48%
Ray Allen 73%
Kendrick Perkins 68%
Rasheed Wallace 65%
Rajon Rondo 50%
Paul Pierce 36%
Kevin Garnett 32%
…
O outro assunto que eu quero tratar é essa contusão bem séria do Kendrick Perkins. Pelo que os últimos exames indicam, a contusão dele é tão grave que ele teria sido declarado fora de toda a temporada mesmo se tivesse acontecido em dezembro do ano passado! Imagina a dois dias do próximo jogo como está o estado do joelho do coitado! Assim que ele caiu e fez careta deu pra saber que era sério, se tem um cara que não faz careta e não reclama de dor ou faz charme é o Perkins, ele é de pedra.
Essa contusão é triste não só pelo jogador, mas pela série também. Se o Celtics acabar perdendo esse jogo, não vai faltar torcedor do Celtics dizendo “Se a gente tivesse o Perkins…” assim como em 2008 não faltou torcedor do Lakers dizendo “Se o Bynum não estivesse machucado…”.
E na discussão sobre quanto falta fará Perkins nesse jogo, a resposta passa justamente pelo contundido de 2008, o Bynum. Todo mundo sabe que o joelho do pivô do Lakers não está grande coisa, ele está jogando com dores desde a série contra o Thunder e no jogo 6 nem atuou no segundo tempo por causa das dores, a situação dele é bem complicada também.
Provavelmente o Doc Rivers vai colocar o Rasheed Wallace no time titular e o revezar com o Glen Davis durante todo o jogo, com os dois revezando com o Kevin Garnett para formar a dupla de garrafão do Celtics. Shelden Williams só deve entrar em quadra se alguém tiver problemas de falta, mas mesmo assim será por poucos minutos. E o maior problema do Celtics é que nem Garnett, nem Rasheed e nem Glen Davis tem tamanho para marcar o Andrew Bynum. O pivô do Lakers mostrou isso em todos os jogos da série em que não se incomodou com o seu joelho. O único que conseguia pará-lo com consistência e o que o impedia de ser uma força nos rebotes ofensivos era o Perkins.
Portanto, se o Bynum superar as dores e jogar uma excelente partida, eu duvido que o Celtics consiga vencer a disputa no garrafão, a batalha dos rebotes e, logo, o jogo. Mas ainda há esperanças para o Boston, a julgar pelos últimos jogos e pelas dores do Bynum, a chance disso acontecer é bem pequena. O que é mais provável é que o Lamar Odom passe muito mais tempo em quadra fazendo dupla com o Pau Gasol, e aí pode estar o trunfo do Doc Rivers.
Durante essa série o Garnett começou bem mal mas depois melhorou bastante, só que mesmo com essa melhora eu ainda acho que o melhor jogador a marcar o Gasol durante toda a série foi o Rasheed Wallace. Ele foi perfeito tanto nos tocos como na hora de forçar o espanhol a não conseguir segurar o passe ao receber de costas para cesta. E esse matchup ainda deixaria o Garnett marcando o Odom, o KG é um dos poucos jogadores na NBA que consegue ser páreo para o Odom na combinação tamanho-velocidade-rebotes. Lembram de uma jogada no jogo 5 quando o Odom foi para o drible pra cima do KG, que quase ajoelhou no chão, bateu palmas e o marcou como se fosse o armador mais veloz do mundo? E ainda foi no mesmo jogo em que o Glen Davis, a outra opção do banco, dominou o Odom tanto no ataque quanto na defesa e nos rebotes.
Então defensivamente o Celtics pode não sentir tanta falta assim do Perk se o Lakers passar muito tempo usando o Odom, se o Bynum jogar bem é outra história. Mas e no ataque? O Perkins fazia muita diferença com bloqueios precisos e muitos rebotes ofensivos, o Rasheed nunca vai pegar um rebote de ataque porque se posiciona muito longe da cesta. Não ter esses rebotes pode ser desastroso para o Celtics, principalmente em momentos decisivos do jogo, mas nada que algumas bolas de 3 não compensem. Rasheed Wallace precisa estar com a mira precisa para não ser só um pedaço de carne ambulante no ataque. Se ele acertar serão pontos importantes e alguém do garrafão do Lakers sempre abrindo espaço para infiltrações para ficar de olho no Rasheed no perímetro.
Mesma coisa com o Glen Davis, já vimos nessa série como ele é capaz de mudar a cara de um jogo e logo depois zerar em pontos, vai depender de qual Big Baby vamos ver em quadra pra saber se o Celtics sente falta ou não do Perkins.
Para resumir, o Boston ainda tem muitas chances de vencer hoje. Muitas. Apesar da derrota destruidora no jogo anterior, o time não deve se abalar, afinal sofreu outras derrotas tão ou mais humilhantes nas séries contra Cavs e Magic e nas duas vezes ganhou a série. Mas é claro que a saída do Perkins deixa algumas perguntas em aberto, dúvidas que nenhum time gostaria de ter antes do jogo que vai decidir a temporada.
Em mais de um momento desses playoffs as transmissões da TV mostraram o Doc Rivers tentanto incentivar o seu time dizendo o seguinte: “Nós nunca perdemos uma série de playoff com esse quinteto inicial”, querendo lembrar que venceram tudo em 2008 e quando perderam em 2009 não tinham Garnett. Não que o Doc Rivers quisesse que fosse desse jeito, mas o quinteto vai continuar invicto.