>Para não falar do Houston

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Iguodala, agora, já anda até de bicicleta sem rodinhas

Eu não vou falar do fim da sequência de vitórias do Houston. Não, não vou. Vamos ver, com que outra coisa posso ocupar minha mente hoje? A bolsa caiu, a economia dos Estados Unidos está em crise, as manifestações pela liberdade do Tibet ficam cada vez mais violentas, a poluição de Pequim vai impedir quebra de recordes nas Olimpíadas, qual a melhor receita de bolinho de chuva? Mas pensar no fim da sequência de vitórias do Houston, não.

Bem, para parar de pensar no meu time e na bizarramente difícil disputa no Oeste, preciso pensar em algo que seja completamente diferente. Dominó, física quântica, Paulo Coelho? Não, não, nada é diferente o bastante. Vamos, então, olhar para a conferência Leste da NBA. Nada poderia ser mais diferente do Oeste do que isso.

Olha lá o Sixers em sétimo lugar! Hoje em dia as chances de estar entre os oito melhores na conferência Leste são as mesmas de sair na Playboy caso você seja uma participante de Big Brother. Ainda assim, não posso deixar de demonstrar meu espanto. Eles deveriam estar perdendo! Eles deveriam estar se reconstruindo!

O Knicks, por exemplo, montou um elenco para vencer imediatamente. Tem salários bilionários, trocou por Zach Randolph, queria ir para os playoffs nessa temporada sem falta e surpreender por lá. Nos mesmos moldes, o Miami Heat acreditava em voltar às finais da NBA e, uns tropeços depois, resolveu jogar tudo pro alto, no maior esquema “pisou na merda, abre os dedos”. As duas equipes, Knicks e Heat, agora pensam única e exclusivamente no próximo draft.

O Pacers também vale uma menção por ser um time montado para vencer já há anos, se firmando em volta de Jermaine O’Neil, e que fez trocentas trocas para tentar conseguir o elenco ideal. O plano também deu terrivelmente errado, o time fede demais, mas ainda assim estão apenas 3 jogos atrás do Hawks, atual dono da oitava vaga. Culpa desse Leste asqueroso.

E o Sixers? O time da Philadelphia assusta porque é justamente o oposto. Assim que trocaram Allen Iverson, a intenção ficou óbvia: reconstruir o time, começar de novo, apostar em escolhas de draft, reduzir a folha salarial e então contratar outras estrelas em temporadas futuras. O único problema é que não deu tempo de colocar o plano em prática porque, ué, o time começou a ganhar agora mesmo! O Andre Miller é um dos casos mais interessantes dessa bizarrisse. Quando veio do Nuggets na troca do Iverson, muito se falou sobre uma futura troca para se livrar do armador “vovôzinho”, mandando-o embora por escolhas de draft ou jovens talentos. Passou-se uma semana, duas, uma temporada inteira, e agora ficou claro que Andre Miller não vai a lugar algum. Aquele lance de reconstrução foi para as cucuias e manter a estrutura da equipe virou o mais lógico a se fazer. Sorte do Sixers, que se tivesse mandando o Dre embora, teria feito uma baita cagada. Você consegue pensar em dez armadores melhores do que ele nessa temporada? Eu não consigo, e enfio ele sem muito trabalho no meu Top 10, com gosto.

Tendo assistido a poucos jogos do Sixers, me sinto incapaz de explicar como esse elenco um tanto suspeito conseguiu vitórias (categóricas) em cima de Spurs e Pistons na mesma semana. Uma das razões tem que ser Thadeous Young, o novato de que ninguém nunca ouviu falar mas que de repente passou a ser titular da equipe. Com apenas 2,03 de altura, vem jogando de ala de força e só começa no banco contra times muito altos, dando lugar para Reggie Evans. O Evans, aliás, é o único cara na NBA capaz de pegar 20 rebotes num jogo e não fazer uma cesta sequer, achando tudo tremendamente natural. O novato Young (trocadilhos linguísticos à parte) ora é titular, ora vem do banco, está produzindo bastante no último mês e é o símbolo de um Sixers mais baixo, mais rápido e mais desconhecido. Trata-se de um time sem estrelas, sem carisma, sem liderança, completamente subestimado. O Andre Miller chuta traseiros e nem sequer é lembrado, o Iguodala é o Pippen sem o Jordan, e todo o resto do elenco é limitado, com papéis bem definidos. Fora que todo mundo é comportado e não coloca os cotovelos na mesa, sem as polêmicas da época de Iverson.

Talvez essa seja a última moda em sucesso na NBA. Deu certo por uns tempos com o Blazers, e foi o jogo coletivo e desprovido de estrelismo que levou o Houston a 22 vitórias seguidas (merda, eu jurei não ia falar deles!). Um monte de gente, com isso em mente, adora apontar os dedos para Iverson e Yao Ming e dizer que seus times jogam melhor sem eles. Em alguns casos pode até ser verdade, mas os motivos são complexos demais. Sem as estrelas o jogo precisa ser mais dividido, exige mais esforço coletivo, mais comprometimento com a defesa e com os planos de jogo, menos ego. Com Iverson, os outros jogadores podem assistir mais, deixá-lo isolado e portanto não se comprometer tanto com o jogo. Mas aí a culpa é do Iverson ou dos outros jogadores que, quando ele está em quadra, acham que podem relaxar e jogar Game Boy? A melhora da defesa do Houston sem Yao é porque ele atrapalhava tudo ou porque seus companheiros não se esforçavam tanto em marcar quando ele estava em quadra? Jamison respondeu a essa pergunta quando disse que o Wizards estava se esforçando mais na defesa sem o Arenas em quadra. Então a culpa é do Arenas, de ser uma grande estrela e portanto deixar os outros jogadores tranquilos e preguiçosos?

É sempre necessário pensar nisso antes de apontar times que melhoram sem seus grandes astros. E, além disso, vale uma dúvida pertinente: como será que o Iverson estaria se saindo nessa Conferência Leste tão patética nessa temporada? Será que o Sixers não poderia estar ainda melhor? Na noite de hoje, o Nuggets de Iverson enfrentará o Sixers e sua falta de estrelas. Espero que algumas dúvidas sobre as duas equipes sejam respondidas, e também que o Iverson seja muito aplaudido na Philadelphia. Se for vaiado, deveria pegar a faixa de campeão do Leste pendurada no ginásio, colocar debaixo do braço, e ir embora pra casa.

Como me recuso a falar de ontem (stress pós-traumático), o Denis deixou algumas notas sobre as partidas de ontem à noite:

– Na semana passada, o Pistons deixou um time fazer mais de 105 pontos neles pela primeira vez na temporada e mesmo assim venceram, foi no jogo em que fizeram 116-109 no Bulls. Ontem, eles tomaram mais de 105 de novo, foram 120 do fulminante ataque do Nuggets. Mas a defesa do Nuggets é tão ruim, mas tão ruim, que eles levaram 136. Run and Gun em Detroit não é todo dia, aproveitem!

– O Heat venceu!!! Sem Wade, sem Haslem, com 8 pontos do Marion, e venceram! Parabéns ao Milwaukee Bucks pela façanha de se deixar ser dominado por Chris Quinn e Earl Barron, a nova versão de Stockton e Malone.
O Miami, aliás, é o único time a conseguir passar uma temporada inteira sem deixar ninguém fazer mais de 105 pontos neles, foi na temporada do seu único título.

– No jogo do Blazers contra o Suns aconteceu um duelo épico. Ou pelo menos foi o que pareceu às duas da manhã. Foi entre Shaquille O’Neal e Joel Pryzbilla. O jogo estava morno, o Suns estava abrindo uma boa diferença e aí os dois começaram a discutir, a falar merda um para o outro e o resultado foi o Shaq motivadíssimo dando tocos, partindo pra cima do Pryzbilla em ganchos, cumprimentando pessoas nas arquibancadas, errando lances livres e tudo isso que ele faz tão bem! Abaixo vai o vídeo da discussão:

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